Os Professores Portugueses e o Legado Político (2005-2022)
O legado político dos sucessivos governos tem sido carrasco e verdugo para os professores entre 2005 e 2022. Perda de direitos do ECD, perda de tempo de serviço congelado e na transição carreiras/escalões, o desinvestimento na Educação nos OE, de Sócrates a Costa, da Troika à geringonça nos últimos 17 anos. Os dados são oficiais: INE, PORDATA, Polígrafo (“as despesas do Estado na Educação em percentagem do PIB estão em queda contínua desde 2013, dados compilados na PORDATA”), Education at a Glance. A OCDE afirma que em média entre 2005 e 2020 os salários diminuíram 6%. (Fonte: Relatório 2021).
Em 2022 a perda de poder de compra dos professores vai em 23% e em 2023 pode cifrar-se acima dos 25%. Inflação. É urgente e impõe-se uma atualização salarial. O professorado vai empobrecendo com “roubo de Estado”. A austeridade vai agravando com a despesa total consolidada da Educação prevista no OE para 2023 baixar, reduz 7,6%, sendo de 6,9 mil milhões de euros (6933,3 milhões de euros – menos 569 milhões de euros do que a despesa consolidada em 2022). Também a verba do pré-escolar desce de 706,6 milhões de euros para 653,9 milhões de euros, um corte de menos 52,7 milhões de euros. A falta de investimento do Estado na Educação é gritante, dados oficiais de 2011 a 2015 e de 2016 a 2019: 2011-6,1%; 2012-5,4%; 2013-5,5%; 2014-5,3%; 2015-5,1%; 2016-4,8%; 2017-4,6%; 2018-4,4%; 2019-4,5%. (Fontes/Entidades: INE, PORDATA; última atualização: 2022-09-23).
Donde, durante o período da Troika, com Passos Coelho em austeridade, de 2011 a 2015, os OE em percentagem do PIB gastaram 27,4% em Educação. Com António Costa, a geringonça e o alegado fim da austeridade, de 2016 a 2019, em percentagem do PIB os OE gastaram apenas 18,3% em Educação. Em plena Troika e período austeritário, em percentagem do PIB, foram gastos mais 9,1% em Educação. Há um agravamento no desinvestimento na Educação com a esquerda, a geringonça e o governo maioritário socialista de António Costa. Os números falam por si, são evidências.
Professor na Escola Secundária Dr. João de Brito Camacho, Almodôvar.
Dirigente sindical do SDPSul / FNE, Beja.
3 comentários
Pois mas a maioria dos professores vota na esquerda porque é quem mesmo assim vai devolvendo eaumentando alguma coisa…
Ó Calixto da FNE, há tantas maneiras de fazer as contas… Até concordo contigo quanto à tendência de desinvestimento, apesar de misturares alhos com bugalhos, mas tinhas que acabar a escrita a mostrar o cartão do psd, a dar um xoxo no passos coelho e a bater na esquerda como a responsável pela desgraça da classe docente.
O que vale é que todos percebem a que dono emprestas a voz e todos nos lembramos do que perdemos e do que ganhámos no recibo de vencimento ao passar da hera passos-portas para a da geringonça.
É claro que estamos num momento histórico em que ou nos levantamos de vez ou soçobramos. Mas desse reconhecimento resulta a aposta na luta determinada, cuja eficácia o passado mais ou menos recente se encarregou de demonstrar, seja perante medidas da direita ou da esquerda, e não essa canção de embalar como se o futuro da classe estivesse nessa musiquinha de “ó tempo volta para trás”.
Falta referir, que no tempo de Passos Coelho, foi dado mais dinheiro ao ensino privado (o mesmo aconteceu na Saúde) do que a Troika proponha. Portanto, nessa época, o ensino privado gozava de uma situação privilegiada relativamente ao Ensino Público.