15 de Agosto de 2022 archive

É uma espécie de diretriz para aumentos salariais de 8,5%

Ainda quero ver se esta diretriz, também, vai ser seguida pelo governo português ou se é para ignorar…

Os funcionários das instituições da União Europeia deverão receber um aumento salarial até 8,5% no próximo ano, em resposta à subida do custo de vida registado no espaço comunitário. É uma espécie de diretriz para o conjunto dos Estados-membros, depois de em junho ter sido registada uma taxa de inflação média na UE de 9,6%, segundo o instituto de estatísticas europeu, Eurostat.

 

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Está a esgotar-se o tempo dos professores – José Afonso Baptista

 

Ao pôr título a esta crónica, não pude deixar de relembrar António Nóvoa e a sua tese de doutoramento sobre o tempo dos professores[1]. O fantasma que hoje nos ameaça é saber se esse tempo está para durar ou se está a chegar ao fim.
Vivemos num clima de agressão aos professores. Exagero? Quando um professor é obrigado a lecionar a 300, 400 ou mais quilómetros da sua residência sem qualquer remuneração compensatória, é o quê? Quando tem de procurar uma segunda residência sem qualquer ajuda, é o quê? Quando é afastado compulsivamente do cônjuge e dos filhos, haverá maior forma de violência? Quando tem de deixar os familiares idosos a envelhecer solitários, sem ajudas, é o quê? Os vencimentos dos professores, licenciados, mestres e doutores, ganhando menos do que tantos profissionais com habilitações de baixo nível, ou ganhando um terço, ou menos, do que ganham licenciados de outras áreas, isto é o quê?
Se os professores desertaram não foi por causa dos bons tratos, mas pela desvalorização galopante a que foram submetidos, pela desvalorização da escola e da educação. E voltamos a uma nova etapa em que “para professor qualquer serve”. Vão ser contratados, como professores, milhares de candidatos que não o são, milhares de pessoas sem outro arrumo na vida que não seja exercer uma atividade para a qual não tiveram nenhuma formação.
E vem-me à memória um episódio vivido há 30 anos, em África, numa ação de formação de inspetores e diretores de escolas, alguns a lecionar uma classe. Um deles levantou-se e disse: “Professor, eu odeio os alunos. Quando entro na sala e vejo aqueles olhos todos em cima de mim, à espera, e eu sem saber o que fazer, a minha cabeça só tem ódio para lhes dar”. Estávamos no período que se seguiu à libertação e independência, com a deserção de milhares de professores europeus que se viram forçados a partir, e com as empresas a recrutar todos os que sabiam ler e escrever, deixando as escolas à deriva. Nas devidas proporções, enfrentamos um problema da mesma natureza.
Para entrar na carreira docente, eu fiz uma licenciatura de 5 anos, com apresentação e defesa de dissertação, um curso de Ciências Pedagógicas com 5 unidades curriculares, um estágio em Liceu Normal, 4 estágios de verão em universidades francesas, no total mais de 500 horas de formação especializada, e outras tantas horas em dezenas de retiros semanais de formação com especialistas internacionais em Portugal. Sim, foi o período das vacas gordas com financiamento estrangeiro, como sempre. Não, a formação desse tempo não é a mesma que requerem os professores e alunos de hoje. Eu só queria que hoje se olhasse para a educação com o mesmo empenho e investimento que teve e deixou de ter. E mais: nunca tive de pagar matrículas ou propinas para a formação especializada, nem mesmo o doutoramento. Só queria que os meus colegas de hoje tivessem as mesmas oportunidades e os alunos de hoje os mesmos benefícios. Nenhuma terra produz se não se lhe lançar a semente.
O ambiente natural para a socialização, educação e aprendizagem dos alunos é a escola. Em comunidades educativas e ambientes de aprendizagem. Este é, por agora, o meio natural das relações humanas. E é também o meio natural para a formação e aprendizagem dos professores. A formação em contexto de trabalho, em comunidades de aprendizagem, com assistência às práticas dos professores na sua relação com os alunos, e a análise, reflexão e partilha de saberes em torno das práticas observadas, este é por enquanto o melhor caminho que conhecemos.
A verdade é que este modelo vai sendo sistematicamente substituído pela formação online, com estágios profissionais exclusivamente online, por vezes com leituras obrigatórias de há 30 anos atrás. Acompanhei recentemente o estágio de um parente próximo numa conceituada universidade estatal, todo online, todo a cheirar a mofo, com estratégias de aprendizagem e avaliação vexatórias. Dá vontade de procurar emprego em todo o lado, menos numa escola.
Eu sei, generalizar é sempre um risco e uma injustiça para quem ainda sabe trabalhar a formação em moldes adequados ao tempo, à ciência e às tecnologias de que hoje dispomos. Indispensáveis. Mas as políticas que vejo e observo parecem todas inclinadas para a queda desamparada no online, por incapacidade ou inexistência de docentes em regime presencial. Oxalá me engane e que os deuses não me oiçam.
[1] Novoa, Antonio, Le temps des professeurs. Analyse socio-historique de la profession enseignante au Portugal, XVIII-XX siècles. Lisbonne: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1987.
José Afonso Baptista

 

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Todas as licenciaturas vão permitir dar aulas

Todas as licenciaturas vão permitir dar aulas

O Governo vai permitir que licenciados sem componente pedagógica depois do processo de Bolonha, ou seja, desde 2006, possam também dar aulas. Até aqui, esta possibilidade de lecionar apenas com a chamada habilitação própria só existia para quem tivesse tirado o curso antes de 2006. 

O decreto-lei da execução orçamental deste ano (nº 53/2022), publicado na sexta-feira em ‘Diário da República’, revela que “no ano escolar de 2022/2023, a seleção de docentes com habilitação própria (.

 

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Apuradas 2027 vagas para Norma Travão 2023 (após a CI)

Após a saída das colocações na CI, foi possível apurar 2027 vagas para a Norma Travão do próximo ano. Este número deverá ser maior se considerarmos os temporários equiparados a anual dos anos anteriores e as colocações das próximas reservas de recrutamento.

Após o início das atividades letivas publicaremos uma lista colorida com os candidatos que estarão em condições de vincular por este mecanismo.

A tabela apresenta essas vagas distribuídas por grupo de recrutamento e QZP.

 

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Voltaremos aos professores acabados de sair do Ensino Secundário?

 

Até aí nada de novo. Nos idos anos 80 e 90 do século passado já aconteceu.

A massificação do ensino levou a uma falta de professores tal que qualquer um com o 12.º ano podia dar aulas na sua área de “especialização” do secundário. Não era incomum encontrar um “professor” acabado de sair do Secundário ou do serviço militar obrigatório à frente de uma sala de aula.

Em 2018 escrevi sobre o que nos esperava, mas, é claro, poucos foram os que leram com atenção e muitos os que não se acreditaram que estávamos à beira do abismo.

Na última sexta-feira, o ministro da educação revelou os números da colocação em mobilidade interna e contratação inicial de professores para o próximo ano letivo. Referiu que as escolas tinham colocados quase todos os professores necessários para o arranque, mas tal não se verifica.

O Ministério da Educação parte do princípio que todos os professores, do quadro, colocados cumprem os critérios de componente letiva máxima, 25 horas para os da Educação Pré-escolar e 1.º ciclo, e 22 horas para os do 2.º, 3.º ciclo e secundário, mas tal não acontece devido à redução da componente letiva que advém da idade. Esta situação, só por si, desmente os números apresentados em conferência de imprensa. O ministro também só referiu que os ” 97,7% dos horários pedidos pelas escolas tinham professores atribuídos” não referiu que as escolas tinham essa percentagem de alunos com professor a todas as disciplinas.

As escolas, só dia 18 de agosto, ou no dia 1 de setembro vão ter a noção exata de quantos professores mais necessitarão. O envelhecimento docente leva a cálculos desfasados da realidade, porque a plataforma de concursos tem essa grande falha e não interessa resolve-la ou o bonito das conferências não seria tão bonito.

O cerne da questão é que faltam muitos professores e a situação irá continuar a piorar nos próximos anos. Já em 2018 escrevi que, “ Ser professor já não é uma profissão atraente e quem ainda envereda por ela, cedo ou tarde, verifica que este país não é para professores.” e continua a não ser.

Por essa razão foi anunciada uma revisão das habilitações para a docência. Essa revisão trará de volta às escolas “professores” sem componente pedagógica no currículo das suas licenciaturas ou mestrados que, depois, poderá ser, ou não, realizada através da profissionalização em serviço.

Mas que é o engenheiro informático que quer ser professor? Com a falta de profissionais na área e com os ordenados que as empresas estão a oferecer, quanto irão enveredar pelo ensino? Não será pelos faustos vencimentos e pela valorização profissional, de certeza. E na área da Geografia? Quantos se têm formado? Para professor de Inglês haverá muitos professores acabados de completar uns módulos numa das muitas escolas particulares da língua. Matemática será mais complicado, terão mesmo que convencer os engenheiros de uma dessas engenharias vetadas ao desemprego ou gestores e administradores de empresas que não existem.

O que é necessário para que isto não aconteça? Todos o sabemos, mas não h+a vontade de o fazer. O certo é que estas soluções avulsas sairão muito mais caras ao país e às futuras gerações do que valoriza, hoje a profissão de professor.  

Acabo com o mesmo parágrafo de 2018, “restar-nos-á o exemplo do que está a acontecer em alguns municípios do Reino Unido, com professores de Educação Física, formados em Portugal, a lecionar Matemática e Ciências, por na sua formação base terem uma ou duas cadeiras sobre essas matérias. Serão estes os professores do futuro?” Serão com certeza.

 

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