31 de Agosto de 2022 archive

Quem Falou na RR1 em Agosto Foi o Próprio Ministro da Educação

Este artigo estava agendado para o último minuto do dia 31 de agosto, mas não acredito no milagre das listas saírem depois das 21 horas.

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Mais Importante que as Vagas de Acesso É Saber Quantos têm Ficado Presos nos Escalões

Já todos percebemos que as vagas a abrir para acesso ao 5.º Escalão representam cerca de 50% dos docentes que estão presos na lista de acesso e 1/3  para os docentes presos na lista do 6.º escalão.

Todos os anos estes docentes tem prejuízo do tempo de serviço, pois para a lista conta todo o tempo de serviço de permanência no escalão e começa novamente a contar o tempo de serviço a partir do dia 1 de janeiro para o 5.º ou 7.º escalão, caso o docente entre nas vagas de acesso.

Quem deveria subir em Fevereiro (é o meu exemplo) vê logo perdido 330 dias de serviço, mesmo que esse tempo exceda o necessário para estar dentro das vagas de acesso ao escalão seguinte. Também perde o tempo de serviço faseado de 339 dias entregues em 1 de junho de 2021 (é também o meu caso). Ou seja, só aqui são quase dois anos de serviço perdidos e nada garante que seja o suficiente para progredir ao 5.º escalão com efeitos de tempo de serviço ao dia 1 de janeiro de 2022, mas apenas com efeitos remuneratórios ao dia 1 de fevereiro de 2022 (aqui mais um mês perdido, mas de salário) .

Se vale a pena estar na carreira de professor?

Não, claro que não.

E daqui até mudar é só encontrar vontade para procurar um novo caminho profissional.

Este ano serão quase 6 mil docentes que vão ter de aguardar pelo menos mais um ano para progredirem.

 

 

 

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A caminho de um país sem língua, mas com algoritmos

 

Fala-se muito de conhecimento, mas o conhecimento, por si só, não traz dignidade à vida. São as políticas que o aplicam que promovem essa dignidade. É a utilização que dele se faz que promove justiça ou desigualdade, bem-estar ou indignação, harmonia ou conflito.
A secretária de Estado Patrícia Gaspar invocou um algoritmo para concluir que a Serra da Estrela devia ter ardido mais. A ministra Mariana apresentou a terra queimada como uma benesse para o futuro de quem dela vivia. Ficou lançado o mote para Marta Temido aumentar os quilómetros que as grávidas devem percorrer até parir e João Costa regressar ao passado, como fatalidade inevitável de um futuro que vai cantar, dirigido por inimigos do saber, cuja missão é construir um país sem língua, mas com algoritmos, sem alma, mas com ecrãs cheios de vacuidades.
Por simples despacho de interposto secretário de Estado, o ministro da Educação começou por terraplanar leis vigentes (veja-se o art.º 3º do DL 79/2014, que fixa, imperativamente, a indispensabilidade da habilitação profissional para o desempenho da actividade docente), implodindo os grupos 200 e 230 (Português e Estudos Sociais/História e Matemática e Ciências da Natureza). Para os leccionar, começou por dizer, serviria a licenciatura generalista em Educação Básica. Ter-lhe-á ocorrido que tal licenciatura é grosseiramente insuficiente, por exemplo, para garantir qualidade científica ao ensino da História no 2º ciclo desse nível de ensino? Depois, em segunda versão cheia de incongruências, adoçou o disparate inicial, sem que tenha deixado de corporizar mais um menoscabo pelo ensino do Português, que se soma à desvalorização da literatura no ensino secundário e reforça o contributo do ME para afastar os jovens do conhecimento mínimo sobre as raízes da nossa cultura e do acto de pensar. Não será uma aberração a ministerial cabeça aceitar que uma licenciatura em Psicologia sirva para ensinar Matemática, ou que créditos de formação em História sirvam para ensinar Português (e vice-versa) ou créditos em Ciências da Natureza constituam mínimos para leccionar Matemática (e vice-versa)? Sim, o sistema de ensino está confrontado com uma situação de carência de professores. Mas a carência não deve abrir portas à diminuição da exigência, porque existem formas de a superar sem baixar a qualidade da docência.
A Educação vive um momento de retrocesso. Estamos a assistir ao gradual esboroar da qualidade do sistema de ensino. Estamos a pagar o preço de reformas que não se fizeram e de estratégias mal pensadas. E perante tudo isto, dir-se-ia que os professores caíram num lamentável conformismo, já que não se revoltam, pelo menos de modo eficaz, ante tantas propostas perversas e prosperidades armadilhadas. Os próprios sindicatos assemelham-se a laboratórios de conformismo. Conformismo protestante, mas inoperante, porque submisso a um sistema de ensino cinzento, injusto, afogado em burocracia, políticas de escaparate e clichés.
Ainda que confrangedor, torna-se assim natural ver a facilidade com que hoje se responsabilizam os professores por tudo o que se passa dentro e fora da escola, enquanto, paradoxalmente, lhes é, cada vez mais, retirada autoridade e prestígio. Por isso, muitos estão desesperançados e saber como reagrupá-los para operar a mudança é o desafio do momento. Os professores carecem de lógicas de agregação que ultrapassem os alinhamentos partidários ou sindicais. Lógicas construídas a partir da responsabilidade social, da deontologia e da ética. A decidir, temos um ministro insuportavelmente doutrinário do ponto de vista pedagógico, com quem a discussão assume uma natureza redutora, dicotómica, algo extremada entre o certo e o errado, o tradicional e o novo, o analógico e o digital. Um ministro que não entende que não tem autoridade para determinar que pedagogia é correcta ou não, que o que interessa não é se a pedagogia é nova ou tradicional, mas sim se resulta e produz aprendizagem, que as chamadas novas tecnologias são meios e não fins e que não devemos substituir práticas e métodos testados por uma outra qualquer intervenção, só porque é inovadora. Um ministro perito em ignorar a realidade para criar expectativas, cujo conceito de inclusão foi criar uma escola de exigências mínimas, obrigatória para todos, aprendam ou não.

In “Público” de 31.8.22

 

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Dúvidas Houvesse Quanto à Aberração das Quotas

… que serviu de moeda de troca para a eliminação da barreira de acesso a Professor Titular.

O Ministério da Educação vai relembrando de quem foi a culpa desta barreira no acesso ao 5.º e 7.º escalão.

 

Considerando ainda que estão reunidas as condições para, à semelhança do ocorrido em anos anteriores, poder ser considerado como referência o acordo celebrado em 2010 com as estruturas representativas dos docentes, definindo assim para 2022 um número de vagas que correspondam, tendencialmente, a 50 % de docentes em condições de transitar para o 5.º escalão e 33 % de docentes em condições de transitar para o 7.º escalão;

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Vagas de Acesso ao 5.º e 7.º Escalão

Despacho n.º 10574/2022

 

Fixa, para o ano de 2022, as vagas para a progressão aos 5.º e 7.º escalões da carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário.

 

1 — São fixadas, para o ano de 2022, as seguintes vagas para a progressão aos 5.º e 7.º escalões para os docentes a quem tenha sido atribuída a menção qualitativa de Bom na respetiva avaliação de desempenho e, cumulativamente, cumpram o requisito da formação:

a) Para o 5.º escalão, 2709 vagas;

b) Para o 7.º escalão, 1484 vagas.

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Vamos lá a pedir, todos, este subsídio

Ministro da Administração Interna recebe subsídio de alojamento

José Luis Carneiro pediu subsídio por ter residência a mais de 150 quilómetros de Lisboa. Valor da compensação é de 750 euros mensais.

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