Os ministérios da Educação e da Saúde “estão a trabalhar” nas normas que as escolas devem adoptar no próximo ano lectivo relativamente à pandemia, devendo ser as mesmas com “adaptações residuais”, disse hoje a ministra da Presidência.
Na conferência de imprensa no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros, a ministra de Estado e da Presidência foi questionada se vão manter-se no próximo ano lectivo as regras que vigoraram no último como forma de prevenção do contágio com o novo coronavírus, por exemplo quanto ao distanciamento ou uso de máscara por alunos, professores e auxiliares.
“Relativamente ao ano lectivo, o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, e os seus serviços, estão a trabalhar nas normas que serão comunicadas às escolas antes do regresso dos professores às escolas no dia 1 de Setembro”, afirmou Mariana Vieira da Silva.
De acordo com a ministra, serão “as regras gerais que eram conhecidas, com as adaptações residuais que sempre se fazem” quando se volta “a olhar para um documento”.
A propósito de um despacho governamental que passou a limitar a venda de produtos alimentares nas escolas, um debate “acesso” ocorreu nos últimos dias, em que muitos defenderam e outros criticaram o mesmo, utilizando os mais diversos argumentos. Nessa “luta” de razões, foram escritas diversas opiniões, umas contra e outras a favor da medida em causa (que, fundamentalmente, apenas veio confirmar o que já está disposto desde 2012, mas que muitas escolas ainda não cumpriam). E acabou-se, mais uma vez, quando o assunto toca naquilo que eu costumo chamar de “direito de ser feliz por maior que seja a asneira que eu faça a mim mesmo e que não prejudique o meu próximo”, ou seja e no caso, quando toca no direito de cada um comer o que bem entende e ter os quilos que quiser, por desviar-se as atenções do fundamental. Vou tentar recentrar as coisas, apesar das lacunas da minha escrita e do estapafúrdio pensamento que todos os que têm a paciência de ler as minhas baboseiras já conhecem.
O que está aqui em causa, fundamentalmente, é o seguinte: deve ou não uma escola comercializar produtos a crianças e jovens que, cientificamente comprovado através de diversos estudos, não fazem bem à saúde? Sim ou não? Parece-me que a resposta é demasiado evidente, por mais que possamos discordar dos meios ou das formas utilizadas para chegar a esse fim. De realçar apenas o seguinte: a proibição não se estende a quem resolver munir em casa as suas crianças de dois “bollycaos” e um pacote da batatas fritas para depois comer na escola: é apenas vedada a venda por parte das escolas de alimentos que a OMS considera prejudiciais à saúde.
Dito isto, gostaria de dizer o seguinte: todos temos o direito, desde que não afectemos o nosso próximo, de fazer o que bem entendermos. De ter os hábitos alimentares ou de prática desportiva que consubstanciam um estilo de vida saudável ou de ter os vícios que quisermos. E aqui entramos num campo em que, mais uma vez, há quem misture as coisas, considerando que todos os que criticam a obesidade ou um estilo de vida pouco saudável (fumar, beber em excesso, não praticar nenhuma atividade ou exercício físico) está a criticar quem tem a liberdade de fazer o que bem entender com o seu corpinho e com a sua saúde. Pior: tenta-se meter no mesmo saco distúrbios obsessivos compulsivos, sejam eles de que natureza for, como se todos fizessem exactamente o mesmo mal à saúde. Fumar, beber em excesso ou comer feito um desalmado faz muito pior à saúde do que ser obcecado em ter uma alimentação regrada ou em ser “fit” ou mesmo ser um viciado-devorador de livros (sim, também existe quem seja viciado de tal forma na leitura que acaba por ter problemas relacionais e de outras índoles). Reforço, estas últimas obsessões poderão ter implicações negativas à saúde mas nunca tão perigosas para a mesma do que o vício de comer mal e em excesso, fumar ou beber em demasia.
Daí que, se me permitem a sugestão, tentem levar uma vida regrada, sem excessos mas também sem privações (por exemplo, exactamente das maravilhas que a gastronomia nos oferece). Leiam bastante e pratiquem atividade física regularmente. Enfim, tentem ser felizes, sendo adeptos de bons hábitos e não através de péssimos vícios.
A opção de chumbar um aluno para que consiga melhorar os resultados tem “baixa eficácia”, segundo dois estudos nacionais divulgados esta sexta-feira que mostram pouca diferença na recuperação de negativas entre estudantes retidos e os que passam de ano
Os estudos realizados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) analisaram os resultados escolares dos alunos dos 2.º e 3.º ciclos, ou seja, do 5.º ao 9.º ano de escolaridade.
Olhando para os alunos que passaram de ano com negativas na pauta, a maioria conseguiu recuperar no ano seguinte e em alguns casos a taxa de sucesso chegou quase aos 90%.
Numa comparação entre o efeito de reter o aluno ou deixar que passe de ano, as diferenças nos resultados também são poucas, segundo os dados dos dois relatórios, que analisam as notas de oito anos letivos (entre 2011/2012 e 2019/2020).
Por exemplo, entre os alunos que no 8.º ano tiveram negativa a Ciências Sociais, mas que passaram de ano, 87% conseguiram ter positiva à disciplina no ano seguinte, em 2019/2020.
Já entre os que chumbaram e por isso voltaram a ter aulas a Ciências Sociais – disciplina a que tinham tido negativa -, a taxa de sucesso foi de 88%, ou seja, apenas mais um ponto percentual em relação aos que passaram com negativa.
A exceção é a disciplina de Matemática nos 6.º, 8.º, e 9.º anos de escolaridade, onde recuperar aprendizagens e ter sucesso parece ser mais difícil.
Por exemplo, entre os alunos do 7.º ano que tiveram negativa a Matemática apenas 31% teve positiva no 8.º ano no ano letivo de 2019/2020.
As vantagens de passar os alunos parecem ser mais notórias no 5º ano, quando não reter os estudantes tem um efeito positivo na recuperação das negativas a todas as disciplinas. Também neste ano, a exceção volta a ser Matemática, disciplina em que, segundo o Ministério, passar ou chumbar tem um “efeito neutro”.
Em comunicado, o Ministério da Educação considera que os resultados dos estudos confirmam “a baixa eficácia da retenção como medida para a melhoria dos resultados, sendo de estimular outras intervenções”.
Nos últimos oito anos, notou-se uma tendência de melhoria das notas e de menos negativas a todas as disciplinas. Para o Ministério da Educação, este fenómeno “mostra uma melhoria progressiva e consistente do sistema educativo português”.
Os estudos destacam ainda as disciplinas de Educação Física e de Educação Musical, por serem aquelas em que os alunos conseguem melhores resultados, com taxas residuais de negativas e cerca de 70% dos alunos com notas entre o 4 e 5 (em que cinco é a nota máxima).
A DGEEC apresenta a atualização das séries dos principais indicadores de resultados escolares, por disciplina, nos 2.º e 3.º Ciclos, nas quais são analisados o desempenho escolar dos alunos em cada disciplina do ensino básico geral, em escolas públicas de Portugal Continental. Esta publicação incluiu novos apuramentos por sexo e apoio social escolar (ASE).
Resultados escolares por disciplina – 2.º ciclo do ensino público geral – Portugal Continental – 2011/12 – 2019/20 [PDF] [XLSX] [ODS]
Resultados escolares por disciplina – 3.º ciclo do ensino público geral – Portugal Continental – 2011/12 – 2019/20 [PDF] [XLSX] [ODS]