22 de Agosto de 2021 archive

Resultados Escolares por Disciplinas – 2.º e 3.º ciclos – 2019/2020 – Informação a partir dos resultados das escolas

 

Resultados Escolares por Disciplinas – 2.º e 3.º ciclos – 2019/2020
Informação a partir dos resultados das escolas

Desde 2016, o Ministério da Educação tem investido na produção de indicadores que permitem uma análise mais integrada do desempenho do sistema educativo. Afastando-se de um olhar circunscrito aos resultados de provas de avaliação externa, como os exames, têm vindo a ser coligidos dados que permitem aferir qualidade, equidade, comparação entre coortes e entre disciplinas.
Este trabalho sistemático tem permitido analisar não apenas taxas absolutas de sucesso/insucesso, mas também o perfil de cada disciplina ou a variação entre anos. Com base nestas análises, tem sido possível estabelecer linhas prioritárias de atuação de que constituem exemplo as medidas orientadas para a promoção do sucesso escolar junto dos alunos mais desfavorecidos ou as medidas curriculares na área da
matemática. Em conjunto com as provas de aferição que, desde 2016, cobrem as diferentes áreas curriculares, existe hoje informação muito mais detalhada sobre o comportamento das diferentes disciplinas, permitindo intervenções mais pormenorizadas, sem uma concentração apenas em duas disciplinas.
Os estudos da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), agora publicados, analisam os resultados escolares por disciplina nos 5.º e 6.º anos e nos 7.º, 8.º e 9.º anos, do ano letivo 2019/2020, tendo sido incluída, pela primeira vez, uma análise por género e escalão de Ação Social Escolar (ASE).
Da análise do estudo, destacam-se os seguintes resultados:
• Intensificação, em 2019/2020, da tendência de subida das classificações médias e de redução da percentagem das classificações negativas, a todas as disciplinas, observada desde o início da série (2011/2012), o que mostra, à semelhança do que acontece em estudos internacionais, uma melhoria
progressiva e consistente do sistema educativo português;
• Matemática permanece como a disciplina com uma classificação média mais baixa e com uma percentagem de notas negativas mais elevada (ainda que com melhoria significativa face a 2018/2019);
• Educação Física e a Educação Musical são as disciplinas que registam um valor mais elevado, com taxas residuais de classificação negativa e cerca de 70% dos alunos com nota de 4 e 5;
• As classificações médias das raparigas são ligeiramente superiores às dos rapazes, em todas as disciplinas, exceto a Educação Física, na qual ocorre o oposto;
• As classificações médias dos alunos sem ASE são superiores às dos alunos com ASE-B e as destes superiores às dos alunos com ASE-A, em todas as disciplinas;
• As diferenças de médias em função da ASE são ligeiramente superiores em Matemática, Inglês e História e Geografia de Portugal;
• Entre os alunos que transitaram com classificações negativas no ano anterior, mais de metade conseguiu obter positiva este ano, com a exceção da Matemática no 6.º, 8.º e 9.º anos;
• Mais de 90% dos alunos retidos têm uma classificação negativa a Matemática;
• A percentagem de alunos que recuperaram classificações negativas do ano anterior varia pouco com o facto de terem transitado ou repetido o ano (no caso do 5º ano, aliás, a transição teve um efeito positivo na recuperação da classificação negativa a todas as disciplinas, exceto a Matemática, em que o
efeito foi neutro).
Este último resultado merece particular relevo, na medida em que atesta, uma vez mais, a baixa eficácia da retenção como medida para a melhoria dos resultados, sendo de estimular outras intervenções, conforme tem sido promovido no âmbito do Programa Nacional para a Promoção do Sucesso Escolar e nas medidas previstas no plano de recuperação das aprendizagens 21|23 Escola+.

 

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Despesas a dobrar e famílias separadas. Professores de casa às costas à procura de estabilidade

Despesas a dobrar e famílias separadas. Professores de casa às costas à procura de estabilidade

 

Docentes precisam de três anos de serviço completos consecutivos para poderem concorrer à norma-travão e entrar nos quadros do Ministério da Educação.

De Bragança a Castro Verde, Beja, são seis horas de distância. A frase que lembra a mítica música da banda Xutos e Pontapés Para ti Maria tem sido a banda sonora da vida de Cristina Magalhães, de 53 anos, professora de Educação Visual e Tecnológica, nos últimos anos. Ficou colocada a 650 quilómetros de casa, mas recusa que a vejam como uma “coitadinha”.

“A decisão foi minha. Tomei-a de livre vontade. Vou ganhar mais um ano completo e, se no próximo ano conseguir novamente, já poderei vincular”, explica. Contudo, a decisão não foi fácil, até porque o filho, de 15 anos, não a vai acompanhar. “Vai para o 10.º ano. É importante a estabilidade e, por mais que a distância me custe, estou a fazer isto por nós, pela nossa futura estabilidade financeira”, reforça.

“Futura” porque, para já, o que vai ganhar “apenas dá para pagar as despesas”. “Tenho duas casas para pagar, internet, água, luz e gás a dobrar. Apesar de ter sido minha opção, não posso deixar de sentir uma grande injustiça por não termos direito a ajudas de deslocação. Eu acho que, tal como os governantes têm direito a um subsídio, nós também deveríamos ter. Os deputados têm… a nós não nos dão nada. Houve uma petição que esteve para ser aprovada em Assembleia da República e foi chumbada. Faço as viagens no meu carro e ninguém me dá um tostão. Eu também vou prestar um serviço público. Vou educar as crianças, vou contribuir para o desenvolvimento do país, e não há qualquer apoio”, lamenta.

Em mobilidade interna, neste concurso, foram apenas disponibilizados horários completos, o que levou alguns diretores de agrupamento a acrescentar horas para garantir docentes nesse primeiro momento do concurso.
Foi o caso de Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, Póvoa de Varzim. “Usei crédito de horas para completar alguns horários. Neste momento ainda tenho quatro horários incompletos para concursos. Estou a contar poder atribuir na primeira reserva de recrutamento, no início de setembro”, explica. Em relação à mudança na mobilidade interna, que apenas contemplou horários completos, o responsável afirma tratar-se de uma “medida injusta”. “Já não acontecia desde 2017. Desde então, têm sido atribuídos horários incompletos a professores do quadro. Poderá vir a criar algumas injustiças em relação à reserva de recrutamento 1. Professores que tenham ficado mais longe agora podem ver outros com menor graduação a ficar com horários mais próximos das suas áreas de residência.”

 

Continua

 

Reportagem de Cynthia Valente

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