A pergunta do Sr. presidente caiu muito mal entre os professores e acabou por o deixar mal na fotografia.
Depois de no ano passado ter andado a pôr panos quentes nas negociações entre sindicatos e governo, de ter vetado o diploma 2,9,18 em dezembro, vem agora com uma espada encostar os professores à parede.
Isto do “ou comes o que te servem (fel), ou não comes nada (vinagre), faz-me lembrar uma “mãe” a falar com os seus filhos, à mesa, quando eles lhe dizem que não gostam do que têm no prato. Hoje em dia as “mães” têm a possibilidade de substituir uma refeição por outra mais agradável e não necessitam de recorrer ao “ou é isto ou passas fome”.
Sr. Presidente, os professores não são crianças e certo tipo de discurso não é aceitável, muito menos quando se fala para uma classe das mais cultas do país.
Os professores não estão a exigir nada a que não tenham direito e que não considerem justo. Porque é disso que se trata, de Justiça.
Por outro lado, entendo que queira passar a “bola” à Assembleia da República o mais depressa possível e sacudir a areia do capote, mas escusava de sacudir a areia para os olhos dos professores. O discurso foi mal escolhido. A nós, neste momento, também interessa que a AR resolva a situação que o governo não quer resolver (interessa, mas com reticências). Uma explicação, com mais pormenor, sobre as razões pelas quais quer passar a pasta, seria aceitável e cairia muito melhor.
Os professores não estão dispostos a aceitar nenhuma das opções por si enumeradas. Estão dispostos, sim, em continuar a lutar pelo que têm direito e pelo que é justo. Estão dispostos a dar o exemplo aos seus alunos e a não desistirem de uma causa justa. Ser professor também é isso.
Se promulgar o diploma do governo, como deverá fazer, não espere que os professores baixem a cabeça e aceitem. Peco-lhe, apenas, que escolha as suas palavras com mais cuidado quando o fizer.
Tal como o Sr., os professores sabem que o próximo passo passa pela AR, mas têm alguma esperança que os partidos da oposição os “acarinhem” com uma proposta de consenso, mais justa que a do governo.
Sr. Presidente, faça o que acha que tem que fazer. Os professores agirão da mesma forma.