3 de Março de 2022 archive

8 cêntimos na gasolina e 7 no gasóleo… e vai tudo a pé trabalhar.

 

O preço dos combustíveis deverá disparar na próxima semana. A confirmar-se, será o 10.º aumento este ano e aquele que terá um impacto mais significativo nas carteiras dos professores que todos os dias se deslocam dezenas e centenas de quilómetros para ir trabalhar. Já para não falar nos milhares de outros trabalhadores portugueses que sofrem do mesmo destino.

É a guerra… e antes da culpa ser da guerra era dos mercados, da taxa de câmbio, do aumento dos custos de produção… Enfim. Se ao menos os ordenados dos portugueses fossem compatíveis com a compra de um carro elétrico? Muitos nem para um “bike” dão.

Paga e cala.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/8-centimos-na-gasolina-e-7-no-gasoleo-e-vai-tudo-a-pe-trabalhar/

Os nossos alunos têm medo do desemprego, de não terem dinheiro, medo de viver na rua… mais, ainda do que do COVID

 

Vou filmar no interior de Portugal e preciso de uma rapariga de 10, 11 anos, para entrar no meu filme. Decidi procurá-la só no interior do país. O papel é muito difícil, por isso na minha selecção fiquei só com as que falam bem, lêem bem e que intuo sejam inteligentes e sensíveis. Terei visto perto de quinhentas, e a cerca de duzentas pedi um vídeo com três coisas: que lessem um excerto de um livro à sua escolha, e que respondessem a duas perguntas: o que é que as fazia mais felizes e o que é que as preocupava mais no futuro.

A lua está morta, morta; mas ressuscita na primavera*

Vou filmar no interior de Portugal e preciso de uma rapariga de 10, 11 anos, para entrar no meu filme. Decidi procurá-la só no interior do país. O papel é muito difícil, por isso na minha selecção fiquei só com as que falam bem, lêem bem e que intuo sejam inteligentes e sensíveis. Terei visto perto de quinhentas, e a cerca de duzentas pedi um vídeo com três coisas: que lessem um excerto de um livro à sua escolha, e que respondessem a duas perguntas: o que é que as fazia mais felizes e o que é que as preocupava mais no futuro.

Mas o que mais me espantou foi a pandemia não ter sido, nem de perto nem de longe, o assunto mais referido.

A esmagadora maioria das respostas tinha que ver com o medo de um futuro desemprego. E medo de não terem dinheiro para ter uma casa, medo de não conseguirem vir a ter um trabalho de que gostassem, e até medo de ficarem a viver na rua sozinhas por não poderem pagar as contas. Lembro: 10,11 anos. Nos vídeos consigo ver uma nesga das casas, casas que me pareceram confortáveis. Uma nesga dos quartos que me pareceram acolhedores.

Em plena pandemia, este trabalho foi feito nos últimos quatro meses, as crianças de 10 anos, do interior, estão angustiadas com a possibilidade de virem a ser desempregadas. Talvez as das grandes cidades também, não perguntei.

 

Estas crianças, a uma semana da celebração do abandono das máscaras nas escolas, à beira do fim de todas as medidas restritivas causadas pela pandemia, acordam para ouvir que desde a Segunda Guerra Mundial que não se vivia um momento tão perigoso na Europa. Estive com elas agora, já depois de a guerra ter começado. Todas me disseram que a guerra era pior do que a pandemia. Uma disse-me que a pandemia não devia ter acabado, e quando eu lhe perguntei porquê, ela disse que se ainda houvesse pandemia, havia o confinamento e por isso não podia haver a guerra.

Ouviram falar de armas nucleares, ouviram talvez até falar de Terceira Guerra Mundial. Viram já imagens da guerra na televisão, vão ver mais. Talvez tenham até perguntado aos pais o que é um ditador, como há dois anos perguntaram o que era um vírus.

Algumas têm colegas ucranianas na escola.

Não sei sequer se vão acreditar que a guerra não vem para aqui.

Quando eu era criança, o que entrava pelas casas a dentro era a liberdade e o fim da guerra colonial.

Temos que saber aproveitar o privilégio da paz no nosso território, o tempo que se tem em paz, para não desvalorizarmos os sentimentos das nossas crianças e para as ouvirmos.

Temos que as deixar falar do que as preocupa. Não me parece que seja facultativo, nem me parece que seja uma coisa que possa esperar. Não lhes podemos atribuir angústias e preocupações que elas talvez nem tenham, têm de ser elas a dizer-nos o que as preocupa.

Temos o dever cívico de fazer alguma coisa urgente, e em larga escala, pelas crianças do nosso país. Sem estudos infinitos nem burocracias, só urgência, para devolver a alegria e a confiança às nossas crianças.

Uma parte do dinheiro do PRR para a educação, ou de onde for, tem que servir para isto.

Por exemplo, entreguem câmaras de vídeo nas escolas, deixem as crianças fazer os seus próprios filmes, contar as suas próprias histórias, falar do que as preocupa. Contratem gente do cinema para dar uma ajuda. Que as crianças possam fazer teatro em todas as escolas. Contratem actores e encenadores. Deixem as crianças aprender a tocar um instrumento, a aprender a tocar em grupo. Contratem músicos para darem aulas em todas as escolas. Dêem mais atenção ao desporto, aos desportos em grupo. Deixem as crianças escrever textos livres, falar sobre o que escreveram. Se for necessário, por uma questão de horário escolar, não tenham problemas em deixar cair disciplinas curriculares que podem esperar. Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais.

Defender a ideia de que vamos devolver a alegria e a confiança às nossas crianças com um psicólogo em cada escola é deitar a toalha ao chão antes sequer de se ter tentado alguma coisa. O psicólogo pode lá estar, e estará muito bem, mas como um complemento de todas as outras coisas.

Sem burocracias, e com vontade, é um plano que se organiza num instante.

Crianças que cresçam assim ainda vão a tempo de poder ser adultos mais confiantes, mais afirmativos e felizes. E mais felizes serão mais produtivos e menos doentes.

Mais empáticos e solidários.

E seriamos um país melhor.

As nossas crianças precisam da nossa ajuda. As nossas crianças de 10 anos do interior estão a pensar em desemprego, e nas contas de futuras casas que talvez não possam pagar. No fim da água potável. E nesta guerra que ainda agora começou.

Não sei a quem pedir, mas peço que alguma asa mágica proteja as crianças ucranianas de todas as bombas, e as crianças vítimas de todas as guerras e as que morrem de fome e de doença em todo o mundo todos os dias.

E em antecipação, peço também proteção para as crianças russas, porque, quando crescerem os movimentos pela paz nas ruas e praças da Rússia, Vladimir Putin não terá nenhum problema em mandar atirar sobre o seu povo.

Temos mesmo que saber dar valor à paz em que vivemos, e usá-la em favor de tudo o que pudermos.

* de um poema de García Lorca

LER TEXTO COMPLETO AQUI

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/os-nossos-alunos-tem-medo-do-desemprego-de-nao-terem-dinheiro-medo-de-viver-na-rua-mais-ainda-do-que-do-covid/

Iniciativas das Escolas em Solidariedade com o Povo Ucraniano

Chegaram-me bastantes iniciativas promovidas pelas escolas em solidariedade com o povo Ucraniano. Deixo algumas imagens, textos e links para estas iniciativas das escolas.

Projeto Europa+/Clube Europeu

AEAS – Agrupamento de Escolas de Alcácer do Sal

Man did not learn from the past to protect the present and the future…

 

1.º Ciclo- Maçãs de D. Maria (Alvaiázere)

 

Na AEC “Filosofia para Crianças” ouvimos o hino da Ucrânia e lemos a letra. Depois, os alunos pintaram a bandeira ucraniana e assinaram o pedido “Não à Guerra!”. Finalmente, colámos na parede da sala para não esquecermos os ucranianos heróicos.

professor Sérgio Alves

Amplexos para eles, ósculos para elas…

Agrupamento de Escolas de Secundária de S. Pedro do Sul

Escola Gualdim Pais, Pombal

 

Hoje, no intervalo da manhã, os alunos do AE Gualdim Pais, Pombal demonstraram o seu apoio ao povo ucraniano. Ao som de uma música ucraniana, gritaram palavras de força e coragem em ucraniano e penduraram corações em origami com frases de apoio, força e coragem.
Também estamos a fazer uma recolha de bens para enviar na próxima segunda-feira.

Escola Secundária D. Manuel Fernandes

Agrupamento de escolas de Santa Maria da Feira

Escola EB 2,3 do Maxial- Torres Vedras

Agrupamento de Escolas Sá da Bandeira – Santarém

 

 

OUTROS TRABALHOS SEM IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/iniciativas-das-escolas-em-solidariedade-com-o-povo-ucraniano/

A narrativa falaciosa de que aprender não exige esforço

A partir do momento que as retenções passaram a ser apenas em casos excecionais, estamos a inverter o papel que devia ser o da escola: promoção do empenho e da dedicação, valorizando o mérito.

Na última década, mas sobretudo nos últimos anos, tem-se generalizado a ideia de que para os alunos aprenderem não necessitam nem de esforço, nem de empenho, nem de comprometimento. Não haverá narrativa mais errónea a transmitir, sobre o processo ensino-aprendizagem.

A narrativa falaciosa de que aprender não exige esforço

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/a-narrativa-falaciosa-de-que-aprender-nao-exige-esforco/

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: