São bastantes as escolas que estão a promover iniciativas de solidariedade com a Ucrânia, desde a recolha de alimentos, roupas, medicamentos ou outro tipo de apoio para com o povo ucraniano.
No Agrupamento de Escolas de Constância os alunos fizeram esta bandeira que colocaram nas grades da escola.
Todas as escolas que queiram mostrar as suas iniciativas aqui no blog podem enviar imagens para geral@arlindovsky.net
Enquanto as exigências mínimas vão descendo ao nível dos jardins-de-infância, o vazio criado pela ausência de soluções sérias para um sistema de ensino em desagregação é preenchido pela alienação provocada por pedagogias mágicas. Como se em Educação existissem formações ou poções milagrosas que resolvam a falta de vontade de aprender por parte dos alunos ou substituam o trabalho abnegado, longo e aturado dos professores. Trabalho em que poucos reparam e os mandantes não reconhecem. É principalmente por isso que o deslumbramento com os resultados anunciados por fancarias ocas e palavrosas é perigoso.
1. Na novilíngua pedagógica, que quer banir a diferenciação por género na linguagem usada nas escolas, a palavra “mãe” ficará proscrita e substituída por “progenitor”. “Rapazes”, “raparigas”, “filho” ou “filha” serão vocábulos simplesmente varridos e trocados por uma designação neutra: estudantes. Dos formulários de matrículas é sugerido que sejam removidas as designações “feminino” ou “masculino” e do vestuário as características distintivas tipicamente femininas ou masculinas. Finalmente, estas e outras iniciativas na mesma linha “inclusiva” devem ser formalmente acomodadas num código de conduta que, não sendo respeitado, impedirá o acesso às escolas. O argumento central do discurso é que “um número crescente de jovens está a identificar-se como não binário, e a educação precisa responder a isso”.
Tranquilize-se o leitor que o cenário da acção sintetizada é o Reino Unido (The Telegraph de 14.2.22). Mas a quem conheça o detalhe programático da nossa disciplina de Educação para a Cidadania e algumas desastradas interpretações que o mesmo tem permitido, não causará surpresa se a bizarria for importada.
2. Um psicólogo eminente, uma associação de pais e uma editora, apoiados por um friso de personalidades públicas, lançaram um projecto assente na necessidade de tornar as escolas “amigas” das crianças. Ser-me-á legítimo deduzir que promotores e acompanhantes pensantes admitem que existem escolas inimigas das crianças?
3. Foi recentemente notícia um projecto de “formação socio-emocional” para professores, organizado pelo “Programa Gulbenkian Conhecimento”, com o apoio do Ministério da Educação. Trata-se de uma iniciativa piloto, com intenção de ser alargada no futuro a todos os profissionais da educação, que curiosamente se segue a uma outra da mesma índole, mas dirigida aos alunos, conhecida por “Programa Escolas Ubuntu”. Como se a profissão docente não tivesse, desde sempre, a cooperação e o profundo relacionamento humano como princípios fundadores e necessitasse agora de doses formativas de reforço.
4. Nos tempos que correm, nascem estudos constantemente, cujas métricas, mais do que o rigor técnico usado e a fiabilidade das conclusões, logram atrair a atenção da comunicação social. Desta feita, dois investigadores da Universidade do Minho, patrocinados por uma empresa multinacional (Promethean World Ltd.), com interesses comerciais dominantes no mercado das tecnologias digitais, inquiriram 2.580 docentes de um universo de 130.430 existentes, para concluir que o grande problema é a falta de formação dos professores. Sucede que quem conhece o dia-a-dia das escolas portuguesas sabe duas coisas: que não existe genericamente hardware ou software por aproveitar por falta de competência funcional dos professores, tenha ela sido adquirida em acções formais pagas à instituição a que pertencem os investigadores, ou a congéneres, ou resultado de autoformação, de iniciativa própria; que sendo importante a tecnologia digital, mais importante é a “tecnologia” humana.
5. Logo que foi conhecido o aliviar das restrições relacionadas com o combate à pandemia, pais e directores de agrupamentos de escolas, secundados pelo parecer de vários especialistas, manifestaram desagrado face à manutenção da obrigatoriedade de uso de máscara nas salas de aula, recordando a barreira à comunicação que o seu uso provoca entre professores e alunos.
Talvez fosse altura de o Ministério da Educação considerar a adopção de medidas técnicas, de eficácia provada, (ventilação mecânica, sistemas de purificação e monitores de dióxido de carbono) para promover e controlar sistematicamente a qualidade do ar que se respira no interior dos espaços fechados escolares.
O oficio de professor está se transformando : trabalho em equipe e por projetos, autonomia e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre os dispositivos e as situações de aprendizagem…
Este livro privilegia as práticas inovadoras e, portanto, as competências emergentes, aquelas que deveriam orientar as formações iniciais e continuas, aquelas que contribuem para a luta contra o fracasso escolar e desenvolvem a cidadania, aquelas que recorrem à pesquisa e enfatizam a prática reflexiva.
Dez grandes familias de competências foram escolhidas e desenvolvidas : 1) organizar e dirigir situações de aprendizagem ; 2) administrar a progressão das aprendizagens ; 3) conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam ; 4) envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho ; 5) trabalhar em equipe ; 6) participar da administração da escola ; 7) informar e envolver os pais ; 8) utilizar novas tecnologias ; 9) enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão ; 10) administrar a própria formação continua.
Pode-se utilizar este livro como um referencial coerente orientado para o futuro, um guia destinado àqueles que procuram compreender para onde se encaminha o ofício de professor.
ISBN 85-7307-637-2
Sumário
Introdução : Novas competências profissionais para ensinar
1. Organizar e dirigir situaçôes de aprendizagem
Conhecer, para determinada disciplina, os conteùdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem
Trabalhar a partir das representações dos alunos
Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem
Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas
Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento
2. Administrar a progressão das aprendizagens
Conceber e administrar situaçôes-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos
Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino
Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem
Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa
Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão
Rumo a ciclos de aprendizagem
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação
Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma
Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto
Fomecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades
Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo
Uma dupla construção
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho
Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação
Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos
Oferecer atividades opcionais de formação
Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno
5. Trabalhar em equipe
Elaborar um projeto em equipe, representações comuns
Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões
Formar e renovar uma equipe pedagógica
Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais
Administrar crises ou conflitos interpessoais
6. Participar da administração da escola
Elaborar, negociar um projeto da instituição
Administrar os recursos da escola
Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros
Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos
Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem
7. Informar e envolver os pais
Dirigir reuniões de informação e de debate
Fazer entrevistas
Envolver os pais na construção dos saberes
” Enrolar “
8. Utilizar novas tecnologias
A informática na escola : uma disciplina como qualquer outra, um savoir-faire ou um simples meio de ensino ?
Utilizar editores de texto
Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino
Comunicar-se à distância por meio da telemática
Utilizar as ferramentas multimídia no ensino
Competências fundamentadas em uma cultura tecnológica
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão
Prevenir a violência na escola e fora dela
Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais
Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta
Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula
Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça
Dilemas e competências
10. Administrar sua própria formação continua
Saber explicitar as próprias práticas
Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação continua
Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede)
Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo