9 de Março de 2022 archive

Próximos quatro anos: mais uma “travessia do deserto”…

 

Nas últimas semanas têm sido alvitrados alguns nomes, supostamente ministeriáveis, para a Pasta da Educação do futuro Governo… Mas o entusiasmo que se poderia sentir por algo supostamente novo ou diferente rapidamente tende a desvanecer-se…

 Seja quem for o indigitado para o cargo de Ministro da Educação, não parece plausível que se prenunciem alterações significativas ao que foi implementado nos últimos seis anos…

 Alguém acredita que quem vier a desempenhar o cargo de Ministro da Educação queira e/ou consiga realizar mudanças visíveis ou drásticas face ao que foi implementado pelo seu antecessor ao longo de seis anos, sabendo também que, depois do 25 de Abril, ninguém permaneceu por tanto tempo nesse cargo?

 Alguém acredita que as medidas dos últimos seis anos possam ser “terraplanadas” pelo próximo Ministro, sobretudo tendo em consideração que a futura Legislatura decorrerá sob a égide de uma maioria absoluta, sustentada pelo mesmo partido político que governou o país nas últimas duas Legislaturas?

 Ao que tudo indica, o próximo Ministério da Educação não deixará de pautar-se por uma política educativa de continuidade, alinhada com a anterior… Quanto mais não seja por uma questão de lealdade política e institucional relativa ao anterior titular do cargo porque em política costumam existir algumas cumplicidades inultrapassáveis…

 Será escusado alentar a expectativa de que algo mudará pela acção do próximo Ministro da Educação porque a probabilidade de tal se tornar uma realidade será muito reduzida ou mesmo impossível:

Por tudo o anterior, não será expectável a revogação dos principais normativos legais em vigor, como os subjacentes às Aprendizagens Essenciais, à Flexibilidade Curricular, ao Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, ao Modelo de Administração e Gestão Escolar, à Avaliação de Desempenho Docente ou ao Projecto MAIA, entre outros…

 Quando muito, alterar-se-ão algumas pequenas coisas, para que, na realidade, tudo fique na mesma…

 No que respeita à Educação, o mais provável é que os próximos quatro anos se traduzam por mais uma “travessia do deserto”, semelhante a tantas outras do passado recente…

 Um “deserto” cada vez mais inóspito, estéril e hostil, em termos de sobrevivência…

 E mesmo que, em teoria, o próximo Ministro da Educação seja muito bem intencionado, na prática, não se verificarão as necessárias e desejáveis alterações ao que foi previamente concretizado e instituído…

 Os “lobbies da teoria educativa vigente”, criados nos últimos anos, estão enraizados e não parece crível que o seu domínio e influência diminuam ou que simplesmente desapareçam…

 Como Álvaro de Campos tão bem descreveu, resta-nos, talvez, procurar algum consolo e prazer nas coisas mais simples da vida: comer chocolates, poderá ser uma delas…

 Pudéssemos, nós, ser como a “pequena” do poema Tabacaria:

 “Come chocolates, pequena;

Come chocolates!

Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates”…

 E poderíamos, talvez, ter alguma Esperança e Optimismo…

 Só que nós não somos a “pequena” ingénua do poema, alheada dos problemas em seu redor, e também nem todos gostarão de chocolate…

 

(Matilde)

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/proximos-quatro-anos-mais-uma-travessia-do-deserto/

Exames de acesso ao E.S. mantém-se, Exames do 9.º ano com novo objetivo e P. de Aferição regressam

 

A recomendação da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) já seguiu para o Governo e mantem a orientação que vigorou nos dois últimos anos letivos por causa da pandemia: os alunos do ensino secundário devem realizar apenas os exames que são requeridos nos cursos superiores aos quais desejam concorrer e não terão de os fazer às restantes disciplinas. E tal como aconteceu nos dois últimos anos, o Executivo deve seguir esta recomendação, podendo aprovar o respetivo decreto-lei já no Conselho de Ministros de quinta-feira.

Com o final do primeiro período e o início do segundo período uma vez mais condicionados pelo evoluir da pandemia – janeiro registou um recorde de infeções, nomeadamente entre as populações mais jovens, com centenas de milhares de alunos a irem para isolamento à vez -, a CNAES entende que devem ser mantidas as “medidas excecionais e temporárias” que vigoraram em 2020 e em 2021.

“O regime geral de acesso ao ensino superior para o ano letivo 2022-2023 deve, igualmente, ser ajustado às atuais circunstâncias e atender à necessidade de minimizar eventuais impactos discriminatórios que delas possam resultar”, justifica-se na recomendação, aprovada por unanimidade no seio da CNAES.

Se a proposta for aprovada pelo Governo nestes termos, os exames nacionais não têm de ser realizados para a conclusão das várias disciplinas do secundário, nem entram para as notas finais das cadeiras, que assentam exclusivamente nas classificações atribuídas internamente, pelos respetivos professores. Os exames são apenas utilizados para efeitos de acesso ao superior, como provas de ingresso, podendo ainda ser realizados para melhorias de nota.

Um aluno de Ciências, por exemplo, não terá de realizar o exame nacional de Português, se os cursos para os quais tenciona concorrer não o exigirem.

A recomendação da CNAES refere ainda a necessidade de aprovar “medidas excecionais para garantir o acesso ao ensino superior a estudantes oriundos dos sistemas de ensino secundário onde se tenha determinado o cancelamento” das provas que existem nos seus países.

Os exames nacionais também repetirão a estrutura que foi modificada nos anos da pandemia, com a inclusão de um conjunto de questões opcionais, aumentando a possibilidade de um aluno conseguir classificação máxima nalguns grupos, mesmo errando ou não respondendo a algumas perguntas devidamente identificadas. Outras são de resposta obrigatória.

Esta determinação já tinha sido anunciada no início do ano letivo pelo Instituto de Avaliação Educativa, responsável pela realização destas provas.

Repetindo-se estas adaptações, os alunos que iniciaram e vão concluir todo o secundário em pandemia, terão as mesmas regras que os colegas que acabaram nos dois últimos anos.

Exames do 9º ano regressam, mas diferentes

Situação diferente é a que se coloca no ensino básico. Os exames nacionais do 9º não se realizaram em 2020 e em 2021 e são retomados este ano. Mas segundo avançou o “Público” esta terça-feira, as notas que os alunos obtiverem nas provas nacionais de Matemática e de Português não contarão para a classificação final destas duas disciplinas.

Esta alteração consta de um projeto de decreto-lei a que o diário teve acesso e é justificada pelo Ministério da Educação com a necessidade de avaliar o que os alunos estão ou não a aprender, mas admitindo que este voltou a não ser um ano letivo normal. Por isso, deixam de ter o peso de 30% para o cálculo da nota final da disciplina, como sempre aconteceu.

Já as provas de aferição, que não contam para nota mas precisamente para perceber como estão as aprendizagens, deverão ser retomadas normalmente.

Os representantes de diretores e pais que foram ouvidos esta terça-feira pelo ministro da Educação concordam genericamente com estas adaptações, caso se venham a confirmar. No caso do Conselho das Escolas, por exemplo, uma recomendação aprovada no final de fevereiro sugeria mesmo o cancelamento este ano quer das provas do 9º ano, quer das provas de aferição e a manutenção das regras adotadas nos dois últimos anos letivos para os exames nacionais do secundário.

“Este ano letivo foi tão ou mais complicado que os anteriores, já que as turmas quase nunca estiveram completas. O importante agora é aplicar o plano de recuperação das aprendizagens, avaliar o que ainda é preciso fazer e garantir a equidade entre alunos”, defende o presidente deste órgão consultivo, António Castelo-Branco.

Também a Confederação Nacional das Associações de Pais entende que os alunos que estão agora a sofrer o terceiro ano de impacto da pandemia devem ser sujeitos às mesmas regras que os seus colegas que terminaram o básico ou o secundário nos dois últimos anos. “Não é a importância da avaliação que está em causa, mas o impacto que poderia ter”, esclarece o presidente da Confap, Jorge Ascenção.

Expresso

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/03/exames-de-acesso-ao-e-s-mantem-se-exames-do-9-o-ano-com-novo-objetivo-e-p-de-afericao-regressam/

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: