Nas últimas semanas têm sido alvitrados alguns nomes, supostamente ministeriáveis, para a Pasta da Educação do futuro Governo… Mas o entusiasmo que se poderia sentir por algo supostamente novo ou diferente rapidamente tende a desvanecer-se…
Seja quem for o indigitado para o cargo de Ministro da Educação, não parece plausível que se prenunciem alterações significativas ao que foi implementado nos últimos seis anos…
Alguém acredita que quem vier a desempenhar o cargo de Ministro da Educação queira e/ou consiga realizar mudanças visíveis ou drásticas face ao que foi implementado pelo seu antecessor ao longo de seis anos, sabendo também que, depois do 25 de Abril, ninguém permaneceu por tanto tempo nesse cargo?
Alguém acredita que as medidas dos últimos seis anos possam ser “terraplanadas” pelo próximo Ministro, sobretudo tendo em consideração que a futura Legislatura decorrerá sob a égide de uma maioria absoluta, sustentada pelo mesmo partido político que governou o país nas últimas duas Legislaturas?
Ao que tudo indica, o próximo Ministério da Educação não deixará de pautar-se por uma política educativa de continuidade, alinhada com a anterior… Quanto mais não seja por uma questão de lealdade política e institucional relativa ao anterior titular do cargo porque em política costumam existir algumas cumplicidades inultrapassáveis…
Será escusado alentar a expectativa de que algo mudará pela acção do próximo Ministro da Educação porque a probabilidade de tal se tornar uma realidade será muito reduzida ou mesmo impossível:
Por tudo o anterior, não será expectável a revogação dos principais normativos legais em vigor, como os subjacentes às Aprendizagens Essenciais, à Flexibilidade Curricular, ao Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, ao Modelo de Administração e Gestão Escolar, à Avaliação de Desempenho Docente ou ao Projecto MAIA, entre outros…
Quando muito, alterar-se-ão algumas pequenas coisas, para que, na realidade, tudo fique na mesma…
No que respeita à Educação, o mais provável é que os próximos quatro anos se traduzam por mais uma “travessia do deserto”, semelhante a tantas outras do passado recente…
Um “deserto” cada vez mais inóspito, estéril e hostil, em termos de sobrevivência…
E mesmo que, em teoria, o próximo Ministro da Educação seja muito bem intencionado, na prática, não se verificarão as necessárias e desejáveis alterações ao que foi previamente concretizado e instituído…
Os “lobbies da teoria educativa vigente”, criados nos últimos anos, estão enraizados e não parece crível que o seu domínio e influência diminuam ou que simplesmente desapareçam…
Como Álvaro de Campos tão bem descreveu, resta-nos, talvez, procurar algum consolo e prazer nas coisas mais simples da vida: comer chocolates, poderá ser uma delas…
Pudéssemos, nós, ser como a “pequena” do poema Tabacaria:
“Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates”…
E poderíamos, talvez, ter alguma Esperança e Optimismo…
Só que nós não somos a “pequena” ingénua do poema, alheada dos problemas em seu redor, e também nem todos gostarão de chocolate…
(Matilde)