Cuidado com o 1.º Ciclo!, por Felisbela Lopes

 

Cuidado com o 1.º Ciclo!

A partir de segunda-feira, vamos começar a sair progressivamente de casa. Os riscos para a saúde pública são colossais, porque o perigo de contágio mantém-se semelhante àquele que existia quando decidimos ficar em casa.

Há um grupo que deveria suscitar cuidados acrescidos: as crianças. Os mais pequenos não são capazes de adotar medidas de proteção, algo vital neste contexto pandémico. E isso poderá ter efeitos fatais.

Reconheço que temo bastante a preparação que os ministérios da Educação e do Ensino Superior estarão a fazer, neste momomento, para o próximo ano letivo. Cada grau de ensino apresenta dificuldades particulares: no Ensino Superior, há que resolver o problema das aulas com mais de 50 alunos, lecionadas muitas vezes em anfiteatros pouco ventilados; cuidar bem da integração dos estudantes Erasmus e ponderar melhor as deslocações ao estrangeiro dos investigadores… Nas creches, é preciso ter uma atenção redobrada com os dormitórios, os brinquedos partilhados e o chão por onde circulam os bebés… Nos 2.0º e 3.0 ciclos, bem como no Ensino Secundário, a dimensão das turmas também será um quebra-cabeças e a higienização permanente dos espaços uma obrigação a cumprir com regularidade. Para todos, impõe-se o uso da máscara. Não será fácil viver esta nova vida, mas será no 1.0 Ciclo que se situa a população estudantil mais difícil de gerir. Porque é já bastante autónoma, mas não sabe proteger-se.

Quando entram na escola, as crianças entre os 6 e os 10 anos já não estão sob o olhar permanente da educadora. Têm espaços de liberdade. Quem tem filhos nessa idade, como é o meu caso, sabe que esses alunos brincam em permanente contacto físico: empurram-se, rebolam uns por cima dos outros, dão as mãos, falam com uma proximidade excessiva relativamente aos seus interlocutores. Quem pensa que é possível impor-lhes o uso de máscaras engana-se. Eles vão tirá-las, deixá-las cair ao chão, pô-las de lado e, posteriormente, pegar naquela que estiver mais à mão e que poderá não ser a sua…

Trazendo para a escola o respetivo quotidiano familiar, estas crianças transportarão depois consigo todos os contactos que tiveram ao longo da jornada escolar e partilharão isso com aqueles que as forem buscar: na maioria dos casos, os seus avós, que, neste tempo, tanto queremos proteger. São eles quem habitualmente as esperam à porta da sala de aula, as abraçam e, de mão dada, as levam para casa.

Este é o tempo das decisões difíceis, mas pensar o regresso a uma nova realidade implica ponderar tudo. Para que não seja necessário retroceder, arrastando fatalidades que podem evitar.

In JN

 

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9 comentários

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    • Luluzinha on 1 de Maio de 2020 at 11:43
    • Responder

    Mas quem será esta Floribela? Neste blog qualquer pindérica serve para nos impingirem artigos de opinião. Credo.


    1. Floribela?, pois… deve ser a única que conhece, essa sim a pindérica que começou por fazer programas infantis…
      Felisbela Lopes, é professora universitária e comentadora, às 5ªs na RTP2. Bons comentários, por sinal!

        • Mariana on 1 de Maio de 2020 at 12:55
        • Responder

        Gosto bastante de a ouvir aos sábados na RTP1 na revista de imprensa. Concordo em absoluto com a opinião manifestada.

      • Maria Maria on 3 de Maio de 2020 at 19:11
      • Responder

      Tenho a maior admiração pela Felisbela Lopes.
      É das melhores comentadoras do Jornal 2.
      Já aprendi muito com ela.

    • Manuel on 1 de Maio de 2020 at 11:55
    • Responder

    Felisbela é o nome da senhora que tem bastante razão, não há necessidade de ser rude,…Luluzinha.


  1. Esta sra é uma conceituada professora da faculdade do Minho….ignorância!!!!

    • AnabelaM on 1 de Maio de 2020 at 12:36
    • Responder

    O que me está a escapar? O 1º ciclo não vai abrir, pois não?

    • Filipe on 1 de Maio de 2020 at 22:51
    • Responder

    “…porque o perigo de contágio mantém-se semelhante àquele que existia quando decidimos ficar em casa.” Completamente errado ! Agora , o perigo está aumentado de forma abismal e de efeitos incalculáveis a partir de Maio . Porque , quando encerraram as escolas provavelmente existiam no máximo 1000 casos de infetados em Portugal . Agora , existem pelo menos mais de 22.000 casos distribuídos por todo o Portugal , apenas 1.000 casos em hospitais . Pensem assim , se quiserem perder uns segundos … os Chineses e outros países criaram somente hospitais de campanha para onde conduziram os infetados menos graves , graves e muito graves . Ninguém foi posto com teste Positivo em casa particular . Lembram-se de início ainda não haviam casos em Portugal e falava-se muito em quartos de pressão negativa ? Ora , como Portugal tem meia dúzia de quartos destes abandonaram a ideia e espetaram o pessoal infetado a distribuir vírus ( milhões ) todos os dias pela casa de onde habitam . O vírus sai para fora da casa por correntes de ar e deslocações de pessoas … vejam este estudo ( 1 ) que mostra como e embora os Chineses tenham tido o maior cuidado na desinfeção e pressão negativa nos hospitais que criaram , após algum tempo e onde não haviam doentes foram encontrados vírus a mais de 4 metros dos doentes e em certas zonas onde nem lembra o Diabo de lá meter o vírus . Daqui se conclui que o uso de máscara é como um preservativo roto na prevenção do HIV e apenas um acessório de cosmética com vista a enganar o povo e o levar ao suicídio assistido brevemente .
    1.https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/26/7/20-0885_article

    • Paulo Pereira on 5 de Maio de 2020 at 1:07
    • Responder

    A Floribela ignora que quem vai lidar com as crianças e adolescentes é uma classe profissional envelhecida em que muitos dos profissionais estão no grupo de risco.

    Falar dos assuntos sem equacionar as diferentes perspectivas do problema é, convenhamos, pouco profissional.
    Por mais predicados académicos e projecção mediática que a fulana tenha.

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