O envelhecimento “crescente e constante” do corpo docente e o desequilíbrio de género são evidências, recentemente abordadas em “Recomendação” do Conselho Nacional de Educação. [1] São estas professoras, a uma década ou menos da reforma, que tratam, na parte que lhes cabe, do futuro das crianças e jovens deste país, o que é muito.
Elas têm, hoje, mais horas de aulas do que quando começaram a trabalhar, foram gato-sapato de todas as experiências com o sistema de ensino, foram vítimas da normalização e do improviso, da burocratização e da desvalorização. Sabem-se muito longe deles e delas: durante muitos anos da sua vida não souberam o que era um computador e viveram as suas experiências escolares entre o Estado Novo e a jovem democracia (vá-se lá ver quais pesaram mais nas suas autorreferências). O que são ou deixam de ser, sem progressão, sem avaliação séria e com a escola cada vez mais anichada, na verdade, não interessa para nada. Há de tudo: as que resistem, as que insistem, as que desistem; as competentes e as incompetentes; as democratas e as autocratas. Às autocratas nada acontece, até porque o esvaziamento da democracia nas escolas, sendo transversal, as legitimou.
O envelhecimento é um bloqueio do sistema com efeitos mal avaliados sobre professores/as e alunos/as. Ele duplica os seus danos quando, à distância evidente e difícil entre gerações, se acrescenta o discurso radicalmente pessimista sobre os e as jovens. Quando o “poder da idade” se consagra em discurso tonitruante que faz de qualquer adolescente um estranho hostil – “eles e elas não sabem”, “não querem saber”, “não são” isto e aquilo, “não chegarão a lado nenhum”. Isto faz sentido, 40 anos depois de Abril? O senhor Ministro da Educação invocará a escola republicana, olhando de frente para estes problemas.
(clicar na imagem) in Público by Cecília Honório
11 comentários
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Totalmente de acordo!
Leiam esta postagem pois ela responde a estas inquietações
http://www.arlindovsky.net/2016/07/20-de-julho-regime-especial-de-aposentacao-discutido-na-ar/
http://www.fne.pt/pt/noticias/go/atualidade/audi-o-sobre-regime-especial-de-aposenta-o
http://www.sindep.pt/Imagens%20sindep/Regime_aposentacao_docentes.JPG
Obrigada, Cecília Honório!
O envelhecimento do corpo docente é uma vergonha que afeta os proprios docentes mais velhos, as escolas, os alunos e os docentes mais jovens ….
O Sistema de Ensino está completamente bloqueado
http://www.arlindovsky.net/2016/07/20-de-julho-regime-especial-de-aposentacao-discutido-na-ar/
…e mesmo 36 ANOS a aturar meninos é OBRA…….
Pois. Vamos ver o que acontece dia 20 com a discussão da petição sobre o regime especial. Ao contrário do que já vi por aí escrito, não há aprovação de uma petição. Os partidos é que poderão propor iniciativas legislativas que vão ao encontro do texto da petição.
Como vários sindicatos a promovem, esperemos que os partidos ditos de esquerda (BE, PCP e Verdes) tenham alguma iniciativa neste sentido para passarem das palavras aos atos )o que não aconteceu até aqui).
O Arlindo ou o Rui sabem de algum rumor nesse sentido?
Já agora, é bom que este assunto continue a ser discutido neste blogue para ver se a comunicação social – que se inspira aqui muitas vezes para notícias da educação – aborda o assunto, pois tem estado arredado dos principais meios de comunicação social.
Abatam os velhos: tenho ouvido comentários de colegas sussurando “o que é que andam aqui estas carcaças velhas a fazer”? Algumas sê-lo-ão, como em qualquer profissão, outros têm uma sapiência científica, pedagógica, em novas tecnologias e uma “saber estar” que merecem ser dignificados e olhados com respeito pelos colegas mais jovens a quem poderiam passar o testemunho e estes (com humildade q.b) deveriam retirar lições de vida.
Concordo, RB. Mais vale abatê-los, porque os jovens querem trabalhar.
A forma como está a ser colocada a questão é vergonhosa.
Até porque se os alunos ainda respeitam alguém, são precisamente os professores mais velhos.
Os mais novos, quando arriscam ter filhos ( o que está a ser cada vez mais raro), logo os entregam aos avós que, para isso, já servem, não é? Além disso, quem pagará as reformas dos que se querem aposentar com elevadas pensões?
Se os professores mais velhos querem reformar-se que o façam, mas com metade do seu vencimento atual. Tenho a certeza que, se fizerem esta proposta, os nossos governantes não levantarão qualquer obstáculo às reformas antecipadas.
Eu sou um desses “carcaças velhas”. Minha cara Sandrinha, se me oferecerem 50% como pensão de aposentação hoje mesmo entrego os papeis para me ir embora.
Quanto aos professores ditos “jovens” acho que constituem uma massa amorfa, passiva, conformada e formada à bolonhesa. A agravar este quadro temos os piagês, as esinhas, as fernandos pessoas, as lusófonasinhas, os institutosinhos disto e daquilo…enfim…um deserto …
Não percebeu que eu estava a ironiza? eu só estava só a dar seguimento ao texto da RB.
Eu considero de os professores mais velhos muito importantes nas escolas e de muito valor. É, por isso, que acho esta forma de abordagem muito triste: querer que os professores mais experientes se reformem só porque são mais velhos e para os mais jovens poderem trabalhar… é lamentável.
No entanto, também sei que há muitos professores que querem reformar-se, mas não o fazem, porque querem continuar a usufruir dos mesmos rendimentos. O que é economicamente inviável, como todos sabemos. É apenas isso que eu critico.
Cara colega Sandra
Eu como referi se me propuserem uma pensão de aposentação com 50% do valor do salário atual, aceito de imediato.
Se a proposta for inferior a este limiar vou por aquele ditado/ provérbio do povo que diz o seguinte “quem me comeu a carne, que me roa os ossos”.
Tenho muita pena, mas vai ser assim…
Espero que a petição que será votada dia 20 de Julho, aqui referenciada:
http://www.arlindovsky.net/2016/07/20-de-julho-regime-especial-de-aposentacao-discutido-na-ar/
…seja apoiada por todos os Grupos Parlamentares porque o País só tem a ganhar com isso.
Esta questão entre “velhos e novos” colocou-se nos anos 90 ao nível empresarial, em Portugal, por influência de outros países, nomeadamente, USA. Entretanto, os teóricos dos recursos humanos (ao nível empresarial) foram chegando à conclusão que equipas heterogéneas ao nível da faixa etária (portanto, novos+velhos) obtinham resultados mais eficazes. Daí, recomeçarem a contratar quadros seniores, também. Não entendo, porque razão, na Educação, se insiste numa “fórmula” que noutros contextos profissionais está ultrapassada.