O título deixado pelo Público não é novidade alguma para os leitores do Blogue e já muitos estudos foram aqui feitos dando conta dos mesmos resultados..
Temos uma classe envelhecida. Cada vez mais “velhos”, fartos, desmotivados financeiramente e com muito, mas mesmo muito mais “carga laboral”.
No dia 20 deste mês, mais uma vez, foi travado o rejuvenescimento da classe. E a “fotografia” da classe está cada vez pior. Já só 1,4% dos docentes têm menos de 30 anos e a maior fatia é a dos que têm mais de 50 anos, 39,5%…
Estamos cada vez mais “velhos”…
Hoje no Público vieram à luz novos dados…
De acordo com o relatório da DGEEC, o nível etário com mais peso entre a classe já é o dos professores com mais de 50 anos, representando 39,5% do total dos que ensinam nas escolas nacionais. Juntando o escalão imediatamente anterior (40 aos 49 anos), verifica-se que 77,3% dos docentes estão nas duas faixas etárias mais velhas.
Esta questão já me foi feita várias vezes e há dúvidas se um docente QZP que obteve colocação em Mobilidade Interna em 2015/2016 e posteriormente efectuou pedido da MPD e teve deferimento é obrigado ou não a concorrer este ano à Mobilidade Interna ou se regressa à escola de colocação da MI de 2015/2016.
A Nota Informativa de hoje não responde directamente a esta questão mas responde de forma indirecta e já lá vamos.
Agora imaginem que obtiveram colocação em MI no ano 2015/2016 e foram colocados em MPD noutro agrupamento através de uma nova Mobilidade. Quem ficaria no vosso lugar a substituir-vos? Podia ficar outro docente QA/QE/QZP ou contratado. Se ficasse um docente do quadro ele também ficaria colocado em horário anual numa colocação plurianual. Nesse caso será esse docente a ter preferência por continuar no lugar visto estar também a ocupar uma vaga anual. Podia-se aqui questionar se não seria a graduação que teria de ser verificada para ver quem poderia dar continuidade.
E aqui entra o palavra chave de tudo, continuidade.
O docente que foi colocado em MPD não iria dar continuidade, que é a principal fundamentação para a colocação ser plurianual.
B.2.1. Os docentes QZP que obtiveram colocação por concurso até ao final do primeiro período, em horário anual, mantêm a colocação obtida de modo a garantir a continuidade pedagógica desde que subsista um mínimo de 6 horas de componente letiva, conforme estipula o n.º 4 do art.º 28.º do DL n.º 132/2012, na redação em vigor, caso tenham exercido funções nesse AE/ENA;
Indirectamente encontra-se aqui a resposta à questão do título deste artigo. Mantêm a colocação na escola de colocação caso tenham exercido funções nesse AE/ENA e exista um mínimo de 6 horas.
Como passaram a exercer funções noutro agrupamento em MPD não podem regressar à escola de colocação de 2015/2016 e terão de ir a concurso de MI, mesmo que concorram novamente à MPD.
Já aqui foi lançada uma versão experimental com um documento para apoio às preferências dos professores contratados e também do quadro.
A explicação do documento pode ser lida no link anterior, mas deixo-o novamente aqui para vos apoiar nesta fase.
Volto a chamar a atenção que a distância calculada no documento é feita de forma linear e não tem em consideração as reais distâncias por estrada, mas sempre ficam com uma ideia aproximada dessas mesmas distâncias a um determinado ponto de partida.
Os códigos das escolas já estão aqui colocados, pelo que nem vale a pena mostrar outros trabalhos aqui feitos com os códigos das escolas.
Para terem uma noção mais real das distâncias podem também ver o mapa seguinte elaborado aqui o ano passado, e que para além das distâncias entre escolas também mostra os diferentes percursos possíveis para se chegar a um determinado agrupamento tendo como ponto de partida a vossa casa.
Se quiserem integrar este mapa no vosso telemóvel de forma a vos guiar até um determinado agrupamento podem ver este artigo.
No seguimento do post anterior, apresento agora o ranking dos agrupamentos onde mais candidatos poderão obter renovação.
Tenham em atenção que na maioria das escolas TEIP/ Autonomia os valores pecarão por defeito, uma vez que as contratações em BCE NUNCA foram tornadas públicas (desculpem-me a insistência neste ponto, mas acho grave a ocultação – deliberada ou não – destes dados, porque perdemos a oportunidade de perceber melhor o “monstro” criado pelo Crato)
A tabela seguinte apresenta o TOP 15 das escolas com mais potenciais renovações.
(Se clicarem na imagem terão acesso acesso ao ranking completo em pdf, com os candidatos distribuídos por grupo de recrutamento). NOTA: Os dados resultam da soma dos candidatos que obtiveram renovação no ano anterior + Contratação Inicial e RR1 e RR2 (em completo e anual)
(28-07-16) NOTA2: Algumas colocações não tinham sido contabilizadas, mas essa falha já foi corrigida.
Este estudo apresenta uma previsão das renovações para o próximo ano.
Mais de metade dos potenciais candidatos à renovação estarão no QZP 7, distribuídos principalmente pelos grupos 110 e 910.
Relembro que se trata de uma previsão, uma vez que tanto a escola como o candidato podem decidir não proceder à renovação e também não são consideradas as contratações em BCE, porque NUNCA foram tornadas públicas.
Os dados consideram os candidatos que reúnem condições para a renovação:
foram alvo de renovação do ano letivo anterior – Quadro I;
ficaram colocados na Contratação Inicial e nas RR1 e RR2 em horário completo anual (as únicas que saíram antes de 21 de setembro) – Quadro II;
No quadro III é apresentada a soma dos dois quadros anteriores, dando uma visão mais clara da “coisa”.
Os professores são uma comunidade objectivamente esmagada por políticas e acordos, uns expressos, outros implícitos, entre PS e PSD. Vítimas de mitos sobre a qualidade da Educação, alvos de mentiras cuidadosamente fabricadas pelo politicamente correcto, a maioria trabalha no duro e não tem voz. Os problemas que encaram há mais de uma década não se resolverão com os mesmos que sempre os apontaram como a causa de todos os males. Assim fez o PS de Sócrates, assim continuou o PSD de Passos, assim, disfarçadamente, retoma o PS de Costa.
Nascem constantemente estudos, baterias selectivas de dados estatísticos e observatórios para os interpretar segundo os interesses dos donos. No início deste mês, disseram-nos que em 2014/2015 reprovaram menos 37.000 alunos que no ano passado. E que em 2013/2014 já tinham reprovado menos que em 2012/2013. Mas, e isto é a estatística, as melhorias, aparentemente favoráveis a Nuno Crato, têm por referência os números de 2012/2013 (o segundo ano do seu ministério), que foram os piores da década anterior. Assim, os valores de hoje (9,7% de retenções), que Crato implicitamente aplaudiu como fruto das suas políticas (longa entrevista ao DN de 17/7/16), são piores que os 7,5% que recebeu, no fim de 2010/2011, quando entrou. Como diria o inefável comentador Marcelo, uma coisa é a melhoria da subida das retenções, outra, bem diferente, é a melhoria da descida das retenções.
Conhecidos os resultados dos exames, que temos? No 9.º ano, tomando o ano passado por referência, a taxa de reprovações subiu em Matemática e baixou em Português e as notas desceram em ambas as disciplinas (falando de médias, descida de 48% para 47% em Matemática e de 58% para 57% em Português). A junção dos resultados dos exames (que contam 30% para a classificação final) aos resultados das classificações de cada uma das escolas deu 8% de resultados negativos a Português (10% no ano passado) e 34% a Matemática (32% no ano passado). No ensino secundário, as médias das notas dos exames desceram ligeiramente em Português e Matemática e subiram em Geologia, Física e Química e Biologia. Quanto a reprovações, em Matemática subiram quatro pontos percentuais (15%) e em Português um (7%). Sobre isto, que disse o ministro? Que existem “correlações positivas bastante acentuadas entre as classificações internas atribuídas pelas escolas e as classificações obtidas pelos alunos nas provas finais de Português e de Matemática, respetivamente, muito semelhantes ao ano transato”. Faltou-lhe, e é grave que tenha faltado, ressalvar que são coisas diferentes: a classificação interna considera domínios que não são vistos nem achados nos resultados das classificações externas.
Este contexto tem sido pano de fundo para um recente teatro de sombras, onde os figurantes usam, sem pudor, máscaras de hipocrisia. A primeira cobriu o rosto de Nuno Crato, na entrevista supracitada, quando rejeitou a manipulação da realidade “eliminando avaliações, ou baixando o nível dos exames e das provas”. Ele que, via ensino vocacional precoce, retirou 28.000 alunos problemáticos do ensino regular, logo dos exames e das estatísticas em análise!
A segunda máscara assentou que nem uma luva em Maria de Lurdes Rodrigues, que teve o topete de criticar (PÚBLICO de 15/7/16) o comportamento do seu sucessor, como se ela não tivesse feito idêntica limpeza das pautas com os CEF (Cursos de Educação e Formação).
O terceiro lugar no pódio da hipocrisia pertence a Hélder de Sousa, o patusco ex-diácono dos exames. Foi grotesco vê-lo defender as provas de aferição, com igual convicção e a mesma coluna mole. Só a hipocrisia levada ao extremo pode chamar individuais a relatórios obtidos em massa, mediante um programa informático que distribui pelos alunos frases previamente construídas em “eduquês” reabilitado. Como se a avaliação das aprendizagens, essa sim, individualizada, não fosse feita pelos professores, dia a dia e não numa só prova. Como se os professores não fossem suficientemente competentes para identificar e comunicar, ao longo do ano, as dificuldades dos alunos. Como se não tivéssemos já uma inflação de relatórios produzidos na escola. Como se esta manobra de propaganda barata, feita a propósito de provas desacreditadas e sem continuidade, pudesse ter alguma utilidade.
E assim chegamos ao progresso hipócrita do actual Governo, construído sobre um programa de combate ao insucesso de duas nebulosas vias únicas: ou passam todos ou a culpa é dos professores – enquanto as escolas não têm dinheiro para pagar a água e a electricidade que consomem; enquanto o PS, hipocritamente, votou ao lado do PSD e CDS/PP contra os dois projectos de resolução, recomendando a aposentação sem penalização dos docentes com 40 anos de descontos; enquanto se determina a inclusão em cada turma de vários alunos com necessidades educativas especiais; enquanto se impõem 30 alunos por turma em escolas que irão receber alunos de colégios onde os contratos de associação foram cancelados; enquanto, numa palavra, se promove, hipocritamente, o que se censurou aos outros.