A ANVPC apresentou um documento de trabalho, elaborado sobre a égide de Um Sistema Público de Ensino de excelência em prol do sucesso educativo dos Alunos, que sistematizava propostas de algumas linhas orientadoras para os concursos de contratação de professores do Ensino Básico e Secundário, para o próximo ano letivo. As propostas apresentadas têm por escopo a procura da valorização, reconhecimento e dignificação da profissão docente, promovendo o rigor, a qualidade e a excelência da Educação (e da administração educativa) centrada no sucesso educativo dos alunos; aumentando, paralelamente, a qualidade operativa da máquina concursal dos serviços centrais do MEC, diminuindo, nessa medida, muitos dos problemas e injustiças detetados nos últimos anos (com especial incidência nos anos letivos de 2013/2014 e 2014/2015).
A melhoria da qualidade do serviço educativo e das aprendizagens, bem como a valorização e o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, são condições essenciais para o prestígio e dignificação da Escola Pública e da profissão docente, e para a promoção de um ambiente de estabilidade, confiança e colaboração ativa na escola. A realização deste desígnio é de interesse nacional e deve constituir-se como fator aglutinador através do intercâmbio de ideias e de experiências entre todos os agentes educativos.
Foi neste quadro conceptual que a ANVPC lançou para apreciação e análise conjunta, entre outras, as seguintes temáticas:
1) A aplicação do n.º 2 do art.º 42º do D.L. n.º 83-A/2014 de 23 de maio (vulgarmente designado como “norma travão”) e os necessários imperativos de equidade e de igualdade de oportunidades entre professores contratados;
2) O requisito de admissão de discriminação positiva para a vinculação extraordinária dos professores que têm desempenhado predominantemente funções no Ministério da Educação e Ciência;
3) A alteração ao Concurso de Bolsa de Contratação de Escola (BCE) para o ano letivo 2015/2016 e consequente adaptação do Concurso Nacional de Professores;
4) A contratação de Técnicos Especializados apenas para lecionar disciplinas que sejam efetivamente técnicas, e cujos docentes não possam ser enquadrados em nenhum dos grupos disciplinares já existentes;
5) A Avaliação de Desempenho Docente (ADD) e o atraso recorrente no mecanismo de permutas.
A ANVPC deixou patente que a qualidade da Escola pública, preconizada no Estatuto da Carreira Docente, não é possível ser atingida com a instabilidade e insegurança no trabalho, nomeadamente com a consequente precariedade laboral de professores que têm desempenhado funções docentes para o Ministério da Educação e Ciência no decurso dos últimos 10, 15 e mais anos. Esta associação profissional demonstrou ainda a sua contínua disponibilidade para a reflexão conjunta em prol do rigor, da qualidade e da excelência da Escola Pública, da consecução das expetativas e necessidades dos nossos Alunos, e da defesa dos direitos dos mais diversos Atores Educativos, com o objetivo central de consecução de um futuro mais sustentável para Portugal.


9 comentários
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Será que esta reunião com o MEC vai alterar alguma coisa ainda para o concurso deste ano?
Caro César,
Julgo que seria de todo o interesse acrescentar um ponto que enquadre requisitos como habilitação profissional para possibilidade de atribuição de disciplinas/áreas a docentes com horário zero. Ao abrigo da dita racionalização de recursos não pode valer tudo como seja a atribuição de disciplinas a docentes sem habilitação profissional condizente. E existem demasiados exemplos reais dessa situação.
Continuação de bom trabalho.
Espero que a ANPC tenha sido suficientemente convincente de modo a acabar com a vergonhosa vinculação semi- automática.
Será um escândalo verificar-se a vinculação de professores menos graduados e ver professores mais experientes, com mais tempo de serviço, no desemprego só por terem tido AZAR NA COLOCAÇÃO do(s) último(s) ano(s)…
Todos sabemos que é o tempo de serviço / graduação que permite a ascenção na carreira docente ( no caso dos professores efetivos); que permite o acesso à aposentação, etc
Por que é que o mesmo não acontece com a vinculação????
Exigimos uma vinculação justa – UMA VINCULAÇÃO PELA GRADUAÇÃO.
Faço minhas as suas palavras “Exigimos uma vinculação justa – uma vinculação pela graduação”!!!
NADA PELA CUNHA, TUDO PELA GRADUAÇÃO, VINCULAÇÃO E CONTRATAÇÃO. LIMITAR A AUTONOMIA DAS ESCOLAS PQ TUDO VAI ATÉ UM CERTO PONTO E, A PARTIR DO MOMENTO EM Q OS DIRETORES ABUSAM DO PODER QUE TÊM PARA FAVORECER CONHECIDOS, TIRA-SE-LHES O PODER. NÃO SÃO COMPETENTES NESTE ASPETO E N PODEM PREJUDICAR MILHARES DE PROFESSORES PARA FAVORECER UM QUE É SEU CONHECIDO. GRADUAÇÃO SEMPRE SEMPRE SEM EXCEÇÕES E PARA TODOS.
O decreto 83 vai ficar mesmo assim?
Será que poderemos conhecer esse documento?
NÃO À NORMA-TRAVÃO!!!
Caro César Paulo, como professora contratada, pela minha experiência e pelo que vou conversando com os meus colegas, penso que se o concurso de contratação funcionasse apenas por um única lista (de graduação) até final do ano, ficando excluídos dessa lista apenas os horários inferiores a 8 horas (que ficavam para CE) uma boa parte dos problemas dos docentes contratados terminava. Não podemos andar ao sabor de 150 critérios de escola cuja justiça e transparência é aquela que todos conhecemos. O Senhor Ministro diz que nas escolas quer apenas os melhores professores; neste sentido julgo que a habilitação profissional adequada, o tempo de serviço, as muitas formações que vamos fazendo (por mim falo, que este ano já vou com 40 horas), a tao eficaz ADD (em que esses senhores tanto insistem), são critérios mais do que suficientes para ordenar de forma justa os docentes, não prejudicando a qualidade do ensino público. Não podemos ficar à mercê de uma colocação que obtivemos por via da BCE, perdendo outras oportunidades, para afinal o diretor da escola nos dizer que respondemos mal aos critérios que afinal eram dúbios e nos levaram muitas vezes a responder de forma errada (pelo menos para quem concorreu a mais do que um GR), terminando assim o contrato. Também não podemos deixar que a qualidade do ensino seja afetada pelos atrasos de colocação resultantes de haver docentes colocados em várias escolas ao mm tempo. Por muito que andem alguns espertos a dizer que a descentralização é que é, eu penso que ao nível da colocação de docentes tem de continuar a haver centralização…