As coisas más não desaparecem só porque se evita falar delas, pelo que a eventual existência de “bulliyng” entre Professores não poderá ser um tema interdito ou visto como um tabu, que não deva ser falado ou discutido, por poder causar algum tipo de melindre, desassossego, incómodo ou desconforto…
Na Escola Pública não parece aconselhável nem sensato que existam temas proibidos ou assuntos indiscutíveis, por conseguinte, e apesar de não ser fácil nem aprazível a abordagem deste tema, susceptível de causar alguma celeuma, controvérsia ou polémica, não poderá deixar de se questionar:
– Há ou não “bullying” entre Professores?
A propósito da violência em contexto escolar, ultimamente ilustrada por graves agressões verbais e físicas entre Alunos, afirma-se com alguma frequência, sobretudo em cenários informais, que entre Professores também existirão certas atitudes e comportamentos, que resvalarão para algo que muitos apelidam de “bullying”…
Numa altura em que se ouve falar de “bullying” praticamente todos os dias, ao mesmo tempo que se assiste a uma certa banalização do uso desse termo, por vezes, até, de forma abusiva, importa, antes de mais, considerar o significado da expressão “bullying”:
– De forma resumida, o conceito de “bullying” remete para um comportamento agressivo, intencional e repetido ou reiterado, muitas vezes expresso por agressões psicológicas e/ou físicas, em que o agressor apresenta uma determinada ascendência sobre a vítima, impondo, por essa via, intimidação, humilhação e medo…
– Pela definição anterior, uma situação de conflito que oponha duas ou mais pessoas pode não configurar como “bullying”…
Muitas vezes se refere que a Classe Docente é particularmente propensa a conflitos internos e a lutas fratricidas, sendo que os próprios Professores costumam assumir essa condição, tantas vezes traduzindo-a pela afirmação: “O pior inimigo de um Professor é outro Professor”…
Se o pior inimigo de um Professor for mesmo outro Professor, é possível que em algumas escolas existam certas ocorrências compatíveis com quadros de “bullying” entre Docentes?
Haverá em alguma escola Professores que se sejam alvo de comportamentos agressivos, intencionais e repetidos que resultam em humilhação e intimidação, perpetrados por algum dos seus pretensos pares?
Se existir “bullying” em alguma escola, entre Professores, estaremos perante um problema grave que não poderá ser ignorado, nem escamoteado:
– O “bullying” exercido por adultos torna-se ainda mais odioso e perverso, não sendo possível acreditar que o mesmo não seja praticado com plena consciência das maldades perpetradas e do que isso implicará para as respectivas vítimas…
– A baixeza de carácter atinge o seu apogeu, quando alguém, de forma expressa ou subreptícia, envereda pela prática de “bullying”, fazendo uso das estratégias mais ardilosas para atingir determinados objectivos pessoais, de modo a sentir-se “superior”, “muito competente” ou “vencedor”…
– O “bullying” entre adultos, nomeadamente em contexto laboral, é muitas vezes responsável por sintomas de “burnout”, de depressão ou de acentuada ansiedade nas vítimas, sendo essas as consequências mais visíveis e imediatas do comportamento abusivo e persistente, evidenciado pelo(s) agressor(es)…
Um “bully” tanto pode ser alguém em “nome individual”, como uma “entidade colectiva”…
Um “bully” está quase sempre convencido da sua invencibilidade, mas dificilmente conseguirá esconder aquilo que melhor o caracteriza: uma indisfarçável cobardia e uma imensurável deslealdade…
Um “bully” é, acima de tudo, um cobarde…
E como “a cobardia é a mãe da crueldade” (Michel de Montaigne), um “bully” também é irremediavelmente perverso, tirânico e maléfico…
Um “bully” aposta quase sempre no medo, no silêncio ou na fragilidade das vítimas, muitas vezes “atormentadas” pelo receio de “arranjar ainda mais problemas” ou de continuadas e devastadoras represálias ou retaliações…
Um “bully” tem que ser denunciado, por todos os meios possíveis… Não pode haver complacência, nem cumplicidade, face a tal tirania…
O Código Penal Português prevê, de resto, uma moldura penal para “crimes contra a liberdade pessoal” (Capítulo IV) que, entre outros, se poderão verificar num quadro de “bullying”, designadamente:
– Ameaça (Artigo 153.º), Coacção (Artigo 154.º) e Perseguição (Artigo 154.º-A)…
De referir que nessas três situações “o procedimento criminal depende de queixa”…
Quantos Professores terão apresentado queixa, em virtude de se sentirem ameaçados, coagidos ou perseguidos por pretensos pares, numa determinada escola?
Acredito que muito poucos…
O medo de que as coisas piorem ainda mais, leva, no geral, ao silêncio sufocante… E a aparente quietude dos que sofrem em silêncio é uma condição verdadeiramente atroz…
As duas “soluções” mais comuns para tentar escapar e sobreviver ao(s) agressor(es) acabam por ser, quase sempre, meter baixa médica por incapacidade temporária e/ou mudar de escola assim que seja possível, mas dificilmente será apresentar queixa…
E com isso, os putativos agressores lá continuarão sem sofrer qualquer punição pela sua malvadeza, obviamente crentes e confiantes na própria impunidade…
A prática de “bullying”, sobretudo entre adultos, é a antítese do respeito pela Liberdade Individual e pela Dignidade Humana… E também é a ausência de Solidariedade e de Cidadania…
– Há ou não “bullying” entre Professores?
Sinceramente, gostaria de afirmar que não há, mas duvido que não haja…
Fica uma “corrosiva” metáfora de Padre António Vieira (Sermão aos Peixes), que talvez possa ilustrar a desumanidade vigente em alguns lugares:
“A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros.”
Paula Dias
25 comentários
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Existe bullying entre professores.
Professores que têm casos com diretores e os mesmos com medo que colegas os denunciem fazem queixa. O diretor faz marcação serrada ao professor durante anos. Tudo termina em tribunal.
Sofrimento durante anos!
Ninguém faz nada!
República das bananas!..
E quando é da parte de um membro da Direção de um Agrupamento?…
O bullying não é só dos diretores. É principalmente de outros professores.
Professores que humilham e ridicularizam outros, quando podem, às vezes até perante alunos.
Destratar, ridicularizar, rir-se nas costas, quando assumem posições de liderança boicotam o trabalho dos outros, ou até o impedem.
Quando dão aulas com os outros, destratam-nos e desconsideram-nos perante os próprios alunos.
Já foi aqui escrito noutros posts que há várias escolas onde estão dois professores na mesma sala de aula com alunos, ou em salas diferentes, mas com alunos de dois grupos diferentes da mesma turma.
Na segunda situação gera-se conflito pela competição que um desses docentes imprime aos trabalhos com alunos. Afirmações do tipo “Eu já acabei a matéria. Tu não?”, ou “Ainda estás aí?”, ou “Comigo eles fazem muito mais do que contigo.”, revelam uma competição e um destratar escandaloso.
Já na primeira situação chega-se ao ponto de colocar um dos professores ao ridículo perante os alunos todos.
É inaceitável.
Em todas as escolas cada professor deveria dar aulas aos seus alunos, sendo estes todos os alunos da sua turma, sem haver um segundo professor a lecionar na mesma disciplina à mesma turma.
Nos cursos profissionais também se vê disto. Em Lisboa conheço uma escola onde professores de Informática estão a dar aulas ao mesmo tempo, na mesma sala aos mesmos alunos.
Ou então dividem os alunos em dois, e fica cada um na sua sala. Mas no final, têm os dois de andar ao mesmo ritmo, porque os alunos são da mesma turma, o que, obviamente, dá asneira e destratamentos par a par.
Mas não é só em Lisboa que acontece. Há outras escolas onde este tipo de comportamentos se faz.
Só dá asneira e põe em causa as aprendizagens dos alunos. Mas parece que as direções não querem saber e o ministério até aplaude.
https://www.spms.min-saude.pt/2024/07/assedio-laboral-combater-e-prevenir/
Infelizmente existe bullying entre professores.
Eu no ano letivo passado sofri perante a representante de grupo e depois de dar conhecimento ao diretor, nada alterou, antes pelo contrário.
A solução foi concorrer e sair da escola em questão.
Tudo aconteceu por eu ter alertado para o não cumprimento da legislação no que diz respeito ao DL 54 e haver preferência de horários para certos professores em relação ao bem estar dos alunos.
Segundo sei tudo continua na mesma e toda a gente critica nas costas mas ninguém enfrenta.
Enfrentei e encostei às boxes e fui embora.
Há professores que pensam que sabem tudo e nunca se enganam. Falta é muita humildade….
Não são os únicos, mas quem põe em causa solicitações ou procedimentos, mesmo que absurdos e inúteis , sujeita-se.
Assédio moral. Atribui-se serviço desgastante, turmas com alunos problemáticos, o horário que calhar, (dias livres à 2ª:hahahahaha). Rapidamente se passa para a pressão sobre a avaliação que dão aos alunos, recorrendo às estratégias cobardes que todos conhecemos. Também há os que têm trabalho suplementar em julho… Trata coisa, istod ava pano para mangas.
Conheci quem me contasse que tinha medo real ( mais do quem uma vez) de fazer alguma coisa “ilegal/incorreta” que pudesse ter consequências disciplinares .
Bullying dissimulado, topes de sadismo e perseguição. Há os que aguentam e os que não. Os que não aguentam passam a ser questionados diretamente em publico em reuniões e humilhados. E só não vê quem não quer ver. É um clima fétido.
O pior inimigo de um professor é outro professor.
Se for um professor que é encarregado de educação, já não inimigo, mas sim um vilão!
Se for um professor que é encarregado de educação, onde lecciona o coitado do professor, já não é inimigo nem vilão, mas um guarda dos antigos campos de concentração nazi!
É verdade que situações gravíssimas de abuso de poder ou de pequenos poderes acontece quer se possa chamar bullying ou não.
Como é que pessoas que usam e abusam da profissão e dos colegas podem ser professores? Mas as práticas da ADD potenciaram e materializaram as consequências desse ambiente de perseguição organizacional.
A ADD é um cancro para a escola. Piorou tudo.
Diretor do Agrupamento de Escolas Silvessul » considera os docentes deste agrupamento sua propriedade e não respeita a integridade pessoal da maior parte deles.
Espero que o Ministério Público investigue.
Os resultados do inquérito do Movimento Escola pública são chocantes. E alarmantes.
Sabíamos que havia. Alguns de nós tinham sido vítimas. Ou colegas que contavam que eram.
Choravam. Entravam em burnout. Mudavam de escola.
Mas , pelo relatório, o bullying/ mobing tornou se
endémico nas escolas portuguesas.
É cultural talvez neste momento, em certas escolas.
Muito por causa do modelo de gestão autocrático e pelo modelo de avaliação de professores …
Grave. Muito grave.
O ministro tem que accionar o ministério público.
E quando um diretor prolonga artificialmente o calendário escolar para além da sua definição ministerial? Isso é o quê, além de ilegalidade?
E há quem lhe faça a vontade por razões ocultadas!!! É o quê, para além de burrice?
Não me digas que é como na minha escola. O calendário escolar termina as aulas, mas a direcção obriga alguns a continuar a dar aulas para certos grupos de alunos locais! E com interferências parentais!
Há sim bullying de docentes , muitos são efetivos com os mais vulneráveis:os contratados! Ao ponto, de obrigar estes ultimos a mudar as notas com a cumplicidade dos lambe botas…Não imaginam o que se passa nos bastidores, a realidade vivida de alguns docentes sobretudo os precarios que apesar de serem profissionalizados ainda se encontram como contratados e gozados.
Tenho de dizer que na escola onde estou é exatamente o contrário.
O diretor deu muita força a uns nojentos lá da escola. Esses nojentos dão muita força aos contratados para tratar mal os outros efetivos que lá estão.
Ou seja, há um grupinho que maltrata, ridiculariza e humilha vários efetivos que lá estão, e que são ótimos profissionais, com uma folha de serviços longa e que mostra trabalho a sério.
É isto o que se passa nas escolas.
Apenas posso dizer que é na cidade capital.
E diretores que mandam mudar notas de colegas?
Sim, há billying, o que se torna tanto mais vergonhoso quanto, de entre todos, envolve professores. Há pessoas idiotas, ponto. Mas normalmente acabam por tropeçar. Não posso dizer que tenha sido vítima, exceto uma coisa ou outra em início de carreira e uma ex-coordenadora que resolveu tomar-me de ponta, mas a Direção acabou finalmente por me dar a mão e essa gaja também foi chatear para outro lado. Ninguém precisa de mau ambiente. Ah, e houve um caso em que fui ilegalmente ultrapassado à última da hora pela namorada do chefão no concurso, até parece mentira, mas ainda bem. Também só me faltam uns anitos… Os cabrõezitos, quero que se f… todos.
E bullyng sobre os que estão velhos!!!
É ver os novos instigados pelas direcções a desejar catástrofes aos mais velhos. Só para completar horários ou porque o diretor lhes disse que havia alguém muito moribundo (incómodo que não lambe botas) à mercê de uma praga para partir uma perna!
Creio que na maioria das escolas portuguesas há um ambiente muito tóxico pelas conversas que tive com colegas de várias escolas. Na Covilhã há uma escola em que quem não for familiar, do PS ou macaco voador do director, está mesmo muito mal e vai esperenciar perseguição, manipulação , maus tratos psicológicos, etc.
Como se não bastasse ele e a respectiva mulher, instiga alguns a fazerem o mesmo.
Boa noite,
Eu fui vítima de bullying pela parte de um elemento da escola ( coordenação), fui perseguida, ameaçada, denegrida, e muito mais……………. não tinha a quem me dirigir para pedir ajuda. Só quando caí numa cama num profundo burn out, fui informada por um colega de outra escola que eu podia fazer a queixa ao IGE, escrevi para lá, ninguém me respondeu, vim a saber passado uns tempos que tinham falado com a pessoa em causa, a mim ninguém me ouviu. Não tive direito a ser ouvida pelo IGE, nem a ser indemnizada pelos 3 meses que passei acamada, recebendo uma parte ínfima do meu ordenado. Aconteceu á pouco mais de 1 ano, recomecei este ano letivo ainda muito em baixo e com a minha saúde ainda fragilizada. Essa mulher que quase acabava comigo, continua no mesmo cargo e a espalhar a sua maledicência sobre os professores. Eu continuo a saber que mais professores se queixam e metem baixa porque não aguentam os maus tratos e ameaças dessa coordenadora. Como uma pessoas dessas que sofre de problemas mentais continua a prejudicar quem trabalha á volta com ela????
Se há!!! E tão graves que é difícil imaginar como há mentes tão perversas capazes de destruir colegas só porque sim!!!!
Que ninguém tenha dúvidas.
Existe bulliyng e não é pouco, principalmente dos elementos das direções que acham que mandam em tudo e em todos.
Esqucem-se que os mandatos acabam e depois são iguais aos outros.
É uma vergonha nacional e ninguém faz nada!
O pior é que os mandatos não acabam. Arranjam sempre truques de fusões e confusões para se manterem. E iguais não são porque formam uma espécie de corporação entre eles para rotular e perseguir pessoas. A inspecção não lhes faz nada e ainda ganham mais!
Há bullying entre professores e de todas as formas e feitios. Aforma mais grave reveste-se de perseguições a colegas por diversas escolas com o espalhar de boatos e calúnias até verdadeiras tentativas de assassinato (com veneno). Não estou a exagerar, pois também aconteceu comigo. Queixa? Para quê? No sistema judicial que temos, não dá em nada e os perpetradores são beneficiados e as vítimas humilhadas e castigadas. Caso para dizer que é o “Silêncio dos Inocentes”.
Sim, há. São verdadeiros assassinatos de carácter com calúnias escabrosas principalmente se se tratar de alguém competente que pense por si! Há invejas mesquinhas e segredos de alcova entre os supostos mandantes. A rectidão e as capacidades alheias faz-lhes comichão. Juntam a pequenez da vaidade dos cargos e carguinhos, compadrios políticos e locais obrigam tudo a andar caladinho e a dizer ámen. Preferem um bombo da festa fraco, mas os mais verticais são devorados com requintes e vampirizados até com difamação e prejuízos vingativos.
E fazes queixa aos teus superiores e acabas tu com um processo disciplinar. É tb uma queixa crime pelo agressor.