3 de Fevereiro de 2025 archive

Escolas de Lisboa com mais chumbos do que as do Norte

 

Percentagem de alunos que não conclui o secundário em três anos é de 30% na Grande Lisboa e 17% no Norte.

Escolas de Lisboa com mais chumbos do que as do Norte

A taxa de conclusão do ensino secundário (10.º ao 12.º ano) revela uma enorme disparidade entre regiões, com os resultados a piorarem à medida que se caminha para sul. A região Norte tem o melhor resultado, com 83% dos alunos a concluírem o secundário em três anos, enquanto a Grande Lisboa apresenta o pior registo, com apenas 70%. Ou seja, a percentagem de alunos que reprovam na Grande Lisboa (30%) é quase o dobro da do Norte (17%).

Na região Centro, a taxa de conclusão é de 80%, no Oeste e Vale do Tejo, 74%, na Península de Setúbal, 72%, no Alentejo, 75% e no Algarve, 74%. Divulgados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, estes são os últimos dados oficiais conhecidos dos cursos científico-humanísticos, embora já do ano letivo 2022/2023.

Rui Cardoso, diretor do Agrupamento de Escolas de Viso, em Viseu, aponta algumas explicações: “Na Grande Lisboa e no Sul há mais alunos imigrantes, cujos resultados escolares são piores, e isso tem impacto nos dados. Por outro lado, no Norte estão os professores mais experientes, enquanto no Sul estão os mais novos, muitas vezes colocados em escolas de áreas carenciadas e também com piores resultados.”

Na análise por municípios, Paredes de Coura foi o único com uma taxa de 100%: todos os alunos terminaram o secundário em três anos. Seguem-se Ponte da Barca (98%) e Fafe, Armamar e Sabrosa (97%). Os piores foram Pampilhosa da Serra (43%), Mora (50%), São João da Pesqueira e Vila Flor (52%). Quanto aos dados a nível nacional, a taxa de conclusão do secundário caiu em 2022/23 três pontos percentuais para 77%, após quase uma década a aumentar de forma exponencial, tendo passado de 55% em 2014/15 para 80% em 2021/22.

“Penso que esta inversão de tendência é o resultado de duas décadas de políticas de facilitismo e desvalorização da Educação a nível social e também dos professores, que culminaram na pandemia, cujas consequências também contribuem para estes resultados”, afirma Rui Cardoso, apontando o dedo ao “decreto-lei da inclusão, que retira recursos às escolas e dificulta o apoio a todos os alunos”, e ao da “flexibilidade curricular”, defendendo uma “nova alteração de currículos”

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