Há professores destacados para dar aulas no Algarve que optam por viver em parques de campismo, hostels ou residenciais. A realidade é noticiada nesta quinta-feira pelo “Diário de Notícias” e, não sendo nova, tem-se agravado de ano para ano.
“Temos conhecimento dessa realidade, que aliás é uma realidade que não se esgota no Algarve – eu diria até que acontece na cidade de Lisboa e no Porto também”, refere à Renascença o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
“Particularmente em Lisboa, é um problema grave que no ano passado levou ao não preenchimento de lugares que apareceram com horário completo para efeitos de contratação – por exemplo, já durante o ano – precisamente porque o preço da habitação hoje, em algumas zonas, é superior ao salário líquido de um professor”, acrescenta.
No Algarve, o turismo fez disparar ainda mais o preço das casas e já não é só durante o verão.
Se este cenário se mantiver, alerta Mário Nogueira, poderão surgir problemas no futuro, pois, “convenhamos, para todo o trabalho que tem que ser feito em casa, não é propriamente a [escolha] adequada” e “isto pode até levar a que haja alunos e escolas que não vão conseguir ter professores habilitados”.
O sindicalista defende, por isso, que sejam os municípios a tratar do alojamento dos docentes: “esta, sim, é que seria uma responsabilidade que o Governo deveria transferir para os municípios”, aponta.
Estas questões “são de ordem social” e “aí os municípios deveriam ter a responsabilidade de poder ter uma oferta com custos moderados, garantindo que as escolas do seu concelho têm os professores de que necessitam, para que os seus alunos tenham aulas do primeiro ao último dia”, argumenta.
A Renascença descobriu um professor no Algarve que já passou pela experiência de viver num parque de campismo por incapacidade financeira de sustentar um alojamento.
Paulo Cesário é de Torres Vedras e dava aulas no ensino particular, mas no ano passado ficou desempregado. Ir trabalhar para o Sul do país não o assustou, mas os preços dos apartamentos e dos quartos para arrendar é que não estavam ao alcance da sua bolsa.
“A opção foi o parque de campismo da Fuseta. Falei com a minha mulher e com o meu filho e resolvi ir para lá fazer oito meses seguidos. Eu dava aulas na Fuseta e em Moncarapacho”, conta.
Mas Paulo Cesário é perentório: “Para isto, é preciso gostar de fazer campismo; não é para todos”.
Continua aqui com áudio da entrevista:
Há professores a viver em parques de campismo no Algarve – Renascença
8 comentários
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Um país que lida desta forma com o pilar mais importante que é a Instrução /Educação; bem ! está tudo dito!.
As Autarquias devem, isso sim, assegurar o alojamento dos Docentes. Estamos a falar de algo muito sério! Alojar um Docente não é alojar um qualquer visitante que está ali de passagem para passear, ou mesmo para outro fim qualquer. Ora pensemos bem!!! A responsabilidade que carregamos todos os dias não é para irmos parar a qualquer lugar!!! sem termos uma Entidade que funcione como retaguarda a todos os níveis.Porque é que até agora se permitiu que brincassem assim com a classe?
“escolas que não vão conseguir ter professores habilitados”. Até Mário Nogueira já abre a porta aos técnicos especializados.
Ajudas no alojamento sim, mas que não se permita que existam colegas nossos a vincular nessas zonas deficitárias e que depois nunca lá põem os pés.
Não há alojamento para médicos, não há alojamento para estudantes, não há alojamento para professores, logo as Autarquias têm que construir alojamentos…
Não será mais lógico incentivarem o investimento na região?
Isenção de IMI, licenciamentos mais céleres, etc
Vão ver que não faltará alojamento, o que não falta por aí é €€€ pronto para ser investido
O futuro da educação em Portugal vai ser como nos Estados Unidos, os filhos dos ricos vão para as escolas privadas e os mais pobres para a escola pública, com todo tipo de problemas.
Já foi bom ser professor!….
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acertas em cheio…..
“O futuro da educação em Portugal vai ser como nos Estados Unidos, os filhos dos ricos vão para as escolas privadas e os mais pobres para a escola pública”
Nos colégios privados (de qualidade) não vigora o Dec-Lei 54 e 55. Nos colégios privados o que existe é uma boa preparação académica dos alunos. Aqueles que não tem poder económico vão para as Escolas Públicas onde vigora a “inclusão”, a “flexibilidade”, a “indisciplina”, a “má educação”, a “bandalheira”…onde os professores dispõe dos artigos 102º, das “baixas médicas” para poderem faltar…. É esta escola que está reservada a quem não pode optar pela qualidade em colégios privados de referência.
A todos aqueles que possuem poder económico está reservado um ensino de qualidade em “colégios de referência” nos grandes centros urbanos. Nestes vai imperar a disponibilidade de professores bem preparados e exigentes. Aqui não vai existir o Dec-Lei 54 da inclusão (dos coitadinhos) e o Dec-Lei 55 (da flexibilidade) isto é da anarquia em que os professores dão as matérias que achem por bem, ou seja, cada um faz o que lhe der na real gana.
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Então levas os alunos do público para o privado e resolves os problemas, que há no público.
E espero que ensines a solidariedade, a caridade e a fraternidade, que é vosso apanágio!…
Votem no Costa que segundo ele:
– têm alunos – essa é motivação que chega e sobra para os professores.