Durante toda a entrevista da Catarina Martins, coordenadora do BE, na TVI24, foi feita uma referência sobre os Professores que mereceu uma resposta de uma só frase, rápida e ansiosa por mudar de assunto.
Jornalista – A questão dos professores?
Catarina Martins – Foi uma chantagem que o PS decidiu fazer com a direita criando uma crise artificial.
Há professores destacados para dar aulas no Algarve que optam por viver em parques de campismo, hostels ou residenciais. A realidade é noticiada nesta quinta-feira pelo “Diário de Notícias” e, não sendo nova, tem-se agravado de ano para ano.
“Temos conhecimento dessa realidade, que aliás é uma realidade que não se esgota no Algarve – eu diria até que acontece na cidade de Lisboa e no Porto também”, refere à Renascença o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
“Particularmente em Lisboa, é um problema grave que no ano passado levou ao não preenchimento de lugares que apareceram com horário completo para efeitos de contratação – por exemplo, já durante o ano – precisamente porque o preço da habitação hoje, em algumas zonas, é superior ao salário líquido de um professor”, acrescenta.
No Algarve, o turismo fez disparar ainda mais o preço das casas e já não é só durante o verão.
Se este cenário se mantiver, alerta Mário Nogueira, poderão surgir problemas no futuro, pois, “convenhamos, para todo o trabalho que tem que ser feito em casa, não é propriamente a [escolha] adequada” e “isto pode até levar a que haja alunos e escolas que não vão conseguir ter professores habilitados”.
O sindicalista defende, por isso, que sejam os municípios a tratar do alojamento dos docentes: “esta, sim, é que seria uma responsabilidade que o Governo deveria transferir para os municípios”, aponta.
Estas questões “são de ordem social” e “aí os municípios deveriam ter a responsabilidade de poder ter uma oferta com custos moderados, garantindo que as escolas do seu concelho têm os professores de que necessitam, para que os seus alunos tenham aulas do primeiro ao último dia”, argumenta.
A Renascença descobriu um professor no Algarve que já passou pela experiência de viver num parque de campismo por incapacidade financeira de sustentar um alojamento.
Paulo Cesário é de Torres Vedras e dava aulas no ensino particular, mas no ano passado ficou desempregado. Ir trabalhar para o Sul do país não o assustou, mas os preços dos apartamentos e dos quartos para arrendar é que não estavam ao alcance da sua bolsa.
“A opção foi o parque de campismo da Fuseta. Falei com a minha mulher e com o meu filho e resolvi ir para lá fazer oito meses seguidos. Eu dava aulas na Fuseta e em Moncarapacho”, conta.
Mas Paulo Cesário é perentório: “Para isto, é preciso gostar de fazer campismo; não é para todos”.
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É já no dia 2 de setembro que os 24 mil professores colocados para o ano letivo 2019-2020 terão de se apresentar nas escolas onde foram colocados. Vários deles chegam anualmente ao Algarve, longe de casa, à procura de alojamento numa zona onde o turismo é o principal inquilino – pelo menos até meados de setembro, fim da época alta. Sem alternativas, uns optam por ficar nos parques de campismo, outros em pensões e hostels. Um problema que “tem vindo a agudizar-se, devido ao volume do turismo na zona”, que é também “cada vez menos sazonal”, denuncia a presidente do Sindicato Democrático de Professores do Sul (SDP Sul), Josefa Lopes.
“Apartamento de férias remodelado”, “Casa de férias no Algarve”, “Alugo T1 a 2 minutos a pé da praia”. Basta uma pequena pesquisa pela internet para percebermos a dificuldade que pode ser encontrar uma casa no Algarve que não seja destinada a casais ou famílias em férias. A maioria dos anúncios não deixa para segundo título essa condição. Se, por acaso, até surge um ou outro anúncio de arrendamento a mais longo prazo, não passam de um período que vai de outubro (já um mês após as aulas começarem) a maio (ainda a dois meses do final da época de trabalho dos professores).
A falta de alternativas pode mesmo levar alguns colocados nas escolas algarvias a desistir das vagas, admite a dirigente dos professores do SDP Sul. “Porque têm família e as condições que lhes são oferecidas não são minimamente razoáveis para levar um ou mais filhos consigo”, conta. Mas lembra que o mais comum é “ver professores que já evitam candidatar-se a determinados lugares por más experiências relativamente ao alojamento”.
“Vejo colegas que neste momento estão em grande stress porque entram ao serviço no dia 2 mas o alojamento só está disponível a 15 (na maior parte dos casos)”, escreveu nesta terça-feira Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, no blogue Arlindovsky, do qual é autor.
Como é o caso de Susana Ferreira, de 42 anos, para quem cada início de ano letivo é uma incógnita. “Todos os meses de agosto penso em desistir”, desabafa. Para a semana, a educadora de infância, natural de Braga, terá de se apresentar pelo segundo ano consecutivo numa escola do Algarve. No ano passado, em Albufeira. Neste ano, em Loulé. Está a reviver tudo de novo. E nem as duas décadas a exercer a profissão em modo ambulante, tendo corrido já várias zonas do continente e até a Madeira, a prepararam.
Pelo contrário, Estela Fonseca, de 52 anos, do Porto, só viveu o processo de deslocação um único ano da sua carreira. A professora de Filosofia do ensino secundário conta que concorrer para as escolas do Algarve “era a única forma de se vincular”, pois são instituições “onde há muita falta de professores”. Sujeitou-se àquele que diz ter sido o ano mais difícil da sua vida, deixando para trás, no Porto, dois filhos (na altura, já estudantes universitários) e pais doentes. Mas desistir não era opção. “E o que é que eu iria fazer com esta idade?”, pergunta. Mas, naquele ano, esteve mais perto de o decidir. “Foi um desespero enorme.”
Houve anos em que Susana fez as malas e se aventurou no estrangeiro, em áreas distintas, para combater o vazio de quando não era colocada. “Fui para a Suíça e para Maiorca, trabalhar em restaurantes, trabalhar como ama, mas também em lojas”, lembra. Mas “sempre que era colocada voltava e ia trabalhar”.
Alugar uma tenda ou viver “a preço de turista”
A menos de uma semana do primeiro dia de trabalho, Susana continua por Braga a candidatar-se a casas no Algarve. As respostas têm sido, na grande maioria, negativas. E, quando surge uma casa ou quarto disponível, a renda não é suportável para o seu salário. “Liguei agora mesmo para o senhorio de um T2 que pedia 600 euros. Mas isto é mais de metade do meu ordenado”, conta.
Também não tenciona sujeitar-se, mesmo que temporariamente, a “preços de turista”. “Não vou gastar 500 euros numa semana. Não ganhamos para pagar isto. Mesmo num bungalow (num parque de campismo) já é difícil ficar, porque são caros”, conta. Logo em julho deste ano, tratou de assegurar uma casa para setembro, embora só possa mudar-se a partir da segunda quinzena do mês. Pondera, por isso, levar uma tenda para um parque de campismo até ao dia 15.
Conhece casos de colegas que tiveram de recorrer ao acampamento até que a época alta terminasse, em meados de setembro. Mas o tempo de vida do turismo na zona já não é tão previsível como antigamente.“Aqueles que aceitam ficar nesta situação (em parques de campismo) pensam que a situação será transitória. Se calhar é, mas o nosso turismo está cada vez menos sazonal”, conta a sindicalista Josefa Lopes. E o que seria uma alternativa temporária torna-se mesmo uma situação permanente.
Já há muitos anos que a situação é do conhecimento dos sindicatos. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) lembra um colega de trabalho que “geria um parque de campismo em Lagos e arranjava forma de os professores lá ficarem”. “Infelizmente, é um problema que já vem de longe. E não apenas no Algarve, embora deva estar a sentir-se mais por lá, devido ao aumento do turismo e de casas destinadas a turismo”, reitera.
No ano passado, Susana deambulou entre casas de amigos e apartamentos que estavam disponíveis para alugar por curtos períodos de tempo. “Estive com uns amigos nas primeiras semanas de setembro. Do final do mês de setembro até fevereiro, consegui um apartamento. Depois, fui para outro até junho. Paguei 450 euros, despesas acrescidas, em ambos. De junho até final de julho fiquei novamente na casa de amigos”, recorda. Mas, neste ano, voltar a requisitar a ajuda de amigos já não é a solução imediata em cima da mesa, visto a sua casa estar a mais de uma hora de distância da escola onde foi colocada.
Perder “todas as economias de vida” para trabalhar
Por esta altura, há dois anos, a professora de Filosofia Estela Fonseca acabava de saber que tinha sido colocada, pela primeira vez, longe de casa: em Faro. Contrariamente ao que aconteceu neste ano, em que o Ministério da Educação publicou a lista de colocações um mês antes de as aulas começarem, naquele ano milhares de professores só souberem o seu destino a uma semana do primeiro dia de trabalho.
“Tive uma semana, desde que soube que tinha sido colocada e o início do trabalho, para arranjar casa. Não conhecia ninguém e fiz todos os contactos pela internet”, recorda. Mas a saga mal tinha começado.
Conta que “muitas das casas que contactava só estariam disponíveis no final do mês”. Noutros casos, “teria de sair no final de maio”. O pior foi mesmo as “propostas surreais” que encontrou. Um quarto no Toledo, Faro, a 300 euros, com dois beliches lado a lado para quatro pessoas. Também um estúdio no centro de Faro, junto à escola onde ia exercer, que era afinal “um quarto minúsculo num 13.º andar, com uma bancada numa ponta, imunda, cheia de gordura, com uma cama onde os lençóis brancos estavam cinzentos e o quarto de banho disponível estava muito sujo”. A 350 euros.
Acabaria por alugar um T1, em Olhão, que partilhava com uma colega de trabalho. Uma dormia na sala, a outra no quarto. Mas “tinha de vir cá de 15 em 15 dias, por ter os meus pais muito doentes” e ainda dois filhos, na altura já estudantes universitários. “Perdi todas as economias que angariei durante a vida”, lamenta. Com a agravante de “não ser possível declarar esta despesa”. “Porque não temos recibo e, se exigimos, o senhorio vai aumentar o preço”, diz.
A professora está de regresso ao Porto para cuidar da mãe, que vive dependente da filha depois de o pai ter morrido. Está atualmente colocada no Porto. Continue reading
Hoje, vejo as crianças que têm pais que não sabem que adultos criar para o amanhã. No meio destas crianças, sobressaem aquelas que olham, paradas, com um ar admirado para as atitudes que nunca pensaram poder ter e correm para os braços dos pais quando os chamam.
Por vezes gosto de levar as crianças ao parque infantil. Gosto de os ver deslizar pelos escorregas e saborear o vento na cara enquanto, freneticamente, se balouçam para a frente e para trás. Gosto de os ver criar aquelas amizades momentâneas que parecem ser de toda a sua curta vida e que vão durar para sempre. As nossas crianças têm o dom de nos fazer gostar de, apenas, as observar enquanto brincam, de nos deliciarmos com os seus movimentos enquanto sorriem de satisfação. Ficamos ali, sentados, a olhar para elas e por elas, só isso.
Mas as outras crianças, as que não são nossas, também nos chamam a atenção. Também as observamos a brincar e a relacionar com as nossas e com outras que por lá deambulam entre as brincadeiras e os outros pais e avós que, também, por lá estão. É nesses momentos que nos apercebemos que a sociedade é diversa, as formas de estar, interagir mudaram, as crianças estão diferentes, são diferentes daquilo que foram os que por ali as observam sentados entre conversas casuais e olhares atentos para os dispositivos que carregam incansavelmente consigo para todo o lado. Damo-nos conta que temos mais tempo para estarmos com as nossas crianças, mas não estamos. Damos-lhes os exemplos que defendemos que não devemos dar. Por ali, vemos de tudo.
As crianças são o espelho dos que os criam e de uma sociedade que evolui sem critérios nem filtros. São as crianças que dizem não. Não quero, não vou, agora não, ainda não, já vou, mas não vêm… e gritam com os pais e avós, mandam-nos, ordenam-lhes que esperem, porque agora querem estar ali. São os que amuam, porque a amizade momentânea já não lhes dá atenção ou se foi embora. Os que chutam a bola com toda a sua força contra a parede quando chega a hora de ir, os que levam a bola para, só eles, brincarem com ela. Aqueles que gritam com os pais porque o baloiço está ocupado e se recusam a esperar pela sua vez, os que se deitam ao chão e esperneiam, gritam e insultam quem os tenta fazer voltar a uma posição erecta, até desferindo um ou outro estalo a quem se encontra mais próximo. Falta-lhes a humildade de serem e saberem que são crianças, apenas isso.
Os pais, os avós e os outros que por ali se sentaram ou permaneceram de pé, vestidos com roupas a lembrar as domingueiras, vão aturando e deixando estar, desde que não caiam, magoando-se, gritando por eles. Vão continuando submissos, incapazes de se fazer valer do ser pai e avó, porque a nossa sociedade reprova um certo tipo de autoridade parental em público e muitas vezes até as nossas casas são públicas. Sempre debaixo do olhar reprovador da sociedade que os fez esquecer que para criar um ser humano tem que se lhe ensinar a humildade de aprender, tem que se educar. Nem que seja por eles e através dos seus exemplos de humildade e Educação.
Hoje, vejo as crianças que têm pais que não sabem que adultos criar para o amanhã. No meio destas crianças, sobressaem aquelas que olham, paradas, com um ar admirado para as atitudes que nunca pensaram poder ter e correm para os braços dos pais quando os chamam.
Ontem no programa “Tenho uma pergunta” da TVI a Professora convidada Carmo Miranda Machado confrontou o Costa com uma pergunta simples e direta. O Costa não respondeu nem direta nem indiretamente. Refugiou-se no discurso de politico oco e bacoco.