25 de Fevereiro de 2018 archive

Opinião – O diário de um professor – Guilherme Duarte

O diário de um professor

Trump diz que a única solução é armar os professores para que estes possam evitar massacres como o que ocorreu na Flórida. Aqui fica a página do diário de um professor quando essas medidas entrarem em vigor.

Já a semana passada aqui escrevi sobre o massacre na escola dos Estados Unidos da América. Fi-lo antes de Trump reagir e, por isso, achei por bem voltar a pegar no assunto agora que Trump diz que uma das medidas para impedir este tipo de situações é munir os professores de armas de fogo. Obviamente que sim. Faz todo o sentido. Tendo isso em consideração, decidi mostrar-vos um dia na vida de um desses professores:

8:30h – A caminho da escola, dei conta que não tinha trazido o material todo para dar as aulas. Esta minha cabeça está cada vez pior. Ando mesmo cansado. Lá tive de voltar para trás para ir buscar os acetatos, o esquadro e a metralhadora.

9:30h – Há um aluno novo na turma que é um refugiado sírio. Chama-se Usama e não tem lá muito bom aspecto o rapaz… Vou estar de olho bem atento que me parece daqueles que vêm para causar problemas.

10:30h – Ia marcar falta de material ao Usama, mas ele começou a ficar indignado a dizer que os pais não têm dinheiro para comprar o livro da disciplina. Nisto, mete a mão dentro da mochila e diz «Allahu Akbar» e eu saco da metralhadora e dou-lhe cinquenta tiros. Acertei quase todos e ele morreu. Fico contente com a minha pontaria, mas afinal ele tinha dito «Vou comprar quando a aula acabar.». É o que dá não aprenderem a falar a língua do nosso país como deve ser, depois geram-se mal-entendidos.

11:30h – Fiz um teste surpresa e a turma inteira ficou revoltada. Disse que se não fizessem o teste levariam falta colectiva e um tiro nas rótulas. Acalmaram logo e fizeram o teste.

13:00h – Na sala dos professores estivemos a discutir sobre quais as melhores formas para ensinar as crianças. Eu sou a favor da AK-47, mas tenho alguns colegas que preferem a M-16. Enfim, pessoas ainda presas ao antigamente que não evoluem as suas técnicas de ensino e depois se queixam que a culpa é dos alunos quando eles é que não os conseguem cativar.

14:30h – Toca o telemóvel na aula e é de uma aluna. Peço-lhe para desligar. Ela diz que não e começa a gritar comigo. Tiro-lhe o telemóvel à força e ela atira-se a mim. Felizmente, tinha a faca do Rambo comigo e consegui apaziguar logo o conflito ao espetar-lhe uma facada no baixo ventre. Meti o telemóvel no silêncio e continuámos a aula sem sobressalto.

15:30h – Os pais de um aluno vieram tirar satisfações comigo sobre o porquê do seu filho ter tido negativa no teste. Disse-lhes que tinha sido porque ele tem dificuldades de aprendizagem porque ficava-me mal dizer que é burro. Os pais gritaram, dizendo que a culpa era minha que não estimulava os alunos. Que lata! Saquei do revólver e acabei logo com a discussão com dois tiros na cabeça dos pais. Infelizmente, foi antes de eles assinarem a justificação das faltas do aluno e vou ter de o chumbar por faltas.

16:30h – Hoje foi dia de ser avaliado e tive nota máxima, especialmente devido à minha pontaria. Subi de escalão e fui aumentado em 2%, mas, mais importante, é que agora já posso fazer o upgrade de metralhadora para lança mísseis e assim, certamente, de que a qualidade do meu ensino irá melhorar.

18:30h – Com a excitação de ser a última hora, os alunos não paravam quietos e só faziam barulho, ignorando todos os meus avisos. Tive um esgotamento nervoso, saquei da metralhadora e foi tudo corrido a chumbo. A turma acabou por ficar sem nenhum aluno vivo. Por um lado, ainda bem, é da maneira que posso descansar a cabeça até Setembro.

Depois deste massacre, os governantes dirão que a única solução para evitar este tipo de situações, será armar todos os alunos com lança-chamas e granadas. Faz sentido.

in Sapo24

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2018/02/opiniao-o-diario-de-um-professor-guilherme-duarte/

Cartoon da semana… The new Maths teacher…

 

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2018/02/cartoon-da-semana-the-new-maths-teacher/

Resultados do Inquérito – A (In)disciplina na Escola – ComRegras

 

Ficha Técnica

Universo – Professores dos Agrupamento de Escolas e Escolas não Agrupadas Públicas e Privadas de Portugal.

 Amostra – Aleatória e estratificada. A amostra contém um total 2348 inquéritos preenchidos.

Técnica – Os inquéritos foram enviados por correio eletrónico para todos os Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas de Portugal e partilhado por várias salas de educação nas redes sociais e pelo blogue DeAr Lindo. O trabalho de recolha ocorreu entre o dia 5 de outubro de 2017 e 18 de novembro de 2017.

Responsabilidade do inquérito: Professor Alexandre Henriques, com o apoio da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP)

 

Conclusões:

Os professores optam preferencialmente por aulas práticas em detrimento das aulas cooperativas e expositivas.

Os professores consideram que na sua escola e na sua sala de aula há pouca indisciplina.

A frequência e a gravidade das ocorrências disciplinares, são proporcionalmente opostas: mais frequentes – menor gravidade; menos frequentes – maior gravidade.

Metade dos professores refere que gasta menos de 20% do tempo de aula com situações de indisciplina.

A grande maioria dos professores aponta os problemas familiares (económicos, afetivos, falta de acompanhamento parental, etc), a falta de valores morais e o desinteresse pela escola, como as principais causas para a indisciplina existente na sua escola.

As situações de indisciplina mais comuns na sala de aula são: a distração dos alunos; a interrupção com comentários desproporcionados; as brincadeiras/palhaçadas.

Os professores reagem preferencialmente a situações de indisciplina através da advertência calma, dialogando com os alunos de forma coletiva e/ou individual.

Os professores apontam como principais fatores para a redução da indisciplina escolar: uma maior responsabilização dos pais/encarregados de educação; redução do número de alunos por turma; aposta na formação parental.

Os professores são defensores da criação de gabinetes disciplinares e em cerca de metade das escolas dos inquiridos estes gabinetes já existem.

Os professores consideram que a direção da sua escola resolve as situações de indisciplina de forma proporcional à gravidade do ato.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2018/02/resultados-do-inquerito-a-indisciplina-na-escola-comregras/

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: