Quando um “roubo” é uma questão nova e complexa!
“Espíritos poderosos devem ser convocados apenas pelos mestres que os dominam.”
A entrevista do “nosso” Ministro da Educação, reflete esta afirmação, se não for isso, estamos muito mal, se for isso estamos só mal!
“O Aprendiz – feiticeiro (em alemão: Der Zauberlehrling) é o título de um poema de Johann Wolfgang von Goethe, escrito em 1797.
O poema começa com um velho feiticeiro saindo de sua oficina deixando seu aprendiz com tarefas a realizar. Cansado de limpar o chão, o aprendiz encanta o esfregão para que este trabalhe sozinho – usando magia que ele ainda não domina. A oficina logo está encharcada, e o aprendiz se dá conta que não é capaz de parar o esfregão.
Não sabendo como controlar o utensílio encantado, o aprendiz parte o esfregão em duas partes, com o auxílio de um machado, mas cada uma das partes se transforma em um novo esfregão que continua a espalhar a água. Quando tudo parece estar perdido, o velho feiticeiro retorna, e rapidamente quebra o feitiço e salva o dia.”
O poema termina com a fala do velho feiticeiro: “Espíritos poderosos devem ser convocados apenas pelos mestres que os dominam“.
Parece-me isso mesmo, “Espíritos poderosos devem ser convocados apenas pelos mestres que os dominam“. O Sr. Ministro da Educação, não domina, não é mestre!
Reconheço que não é o Crato, mas não é “mestre”!
Não gostei nada desta entrevista. Li com atenção, mas, mais valia não ter lido!
Reparemos no que, de mais importante, ficou. Isto, na minha opinião:
Primeiro, a ideia de que, “não tenho poder para resolver as questões que atormentam os professores!”
Segundo, “não defendo a classe que tutelo!”
Mas vamos à entrevista:
Em resposta à pergunta:
– “Os sindicatos falam em nove, (anos) porque contam também os meses, dias, eles até gostam de dizer o número de dias, nove anos, quatro meses e dois dias, qualquer coisa como isto.”
Responde:
“Independentemente disso, e eu queria-me balizar nestes sete anos porque é especificamente aquilo que nós estamos neste momento a conversar, queria dizer algo importante: essa outra questão terá o seu tiro de partida, digamos assim, no dia 15 de dezembro nessa reunião. Será certamente um processo longo, um processo onde estarão envolvidos o Ministério da Educação, o Ministério das Finanças, todo o Governo, também as organizações sindicais, e o que nós sabemos é que existem constrangimentos por um lado, mas sabemos que há pretensões de várias ordens e são elas também várias por parte das organizações sindicais.”
Ou seja, são 7 anos e não 9 e, será um processo longo e, portanto, mais tempo, mais congelamento!
Quando o “grande” Baldaia, especialista em educação questiona o Ministro sobre a avaliação:
“Faz sentido, para si, que alguém progrida na carreira apenas pelo número de anos da carreira?”
“Essa é uma discussão lata que poderíamos ter sobre administração e emprego. Eu não vou, neste momento e aqui, discutir a carreira dos professores; foi algo que foi construído ao longo de dezenas de anos e, mais especificamente, com muita concertação e com diálogo constante com os muitos Governos que se foram sucedendo em democracia e a carreira dos professores existe tal qual como a conhecemos.”
Insiste o especialista nesta coisa da escola!
Há escalões em que isso acontece e há outros em que eles sobem simplesmente pelo tempo de carreira, não é?
“Pelo tempo, mas também por outras questões relacionadas com a formação e a avaliação.”
Afirma o ministro!
“Mas são dos que têm o período mais curto para poder haver uma progressão.”
Insiste o Baldaia conhecedor!
“Ainda gostava de voltar ao modelo de avaliação dos professores para lhe perguntar se, em sua opinião, ele é suficientemente bom, se pode ser melhorado ou se acha que os professores que avaliam alunos têm, no fundo, medo de serem avaliados?”
E insiste
“Mas entende que haveria necessidade de melhorar este modelo de avaliação ou não?”
“Isso não está em cima da mesa neste momento, é o que lhe posso dizer. Neste momento não está em cima da mesa mexer na avaliação dos professores.”
E insiste, o grande Jornalista!
“Ela não é feita, basicamente, e sempre que um ministro tentou fazer correu-lhe mal: Maria de Lurdes Rodrigues, como ministra da Educação, teve problemas sérios com os professores quando tentou fazer a avaliação; o último ministro, no Governo PSD/CDS fez uma avaliação que foi praticamente boicotada. Isso significa que os professores têm uma avaliação para poderem progredir na carreira, mas que praticamente não é feita.”
Resposta do Sr. Ministro
“Não é verdade que não seja feita, o processo de progressão e de avaliação é um processo sério. Podíamos ter uma longa discussão, de horas até, com académicos, com gente que versa sobre estas questões ou com todos aqueles que fazem opinião sobre esta questão, sobre se poderíamos ir mais longe ou não e se eles são bem ou mal avaliados comparativamente a outros trabalhadores da função pública, mas não podemos dizer que o que existe neste momento não é sério. O que existe é sério e, basicamente, o Ministério da Educação, neste momento, não tem a intenção de estar a mexer nesta questão em concreto.”
Em resumo, sobre o roubo de anos de serviço dos professores que tutela, o Ministro fala nas calendas que sabemos representa o dia que jamais chegará, pois era inexistente no calendário grego, ou seja, um “longo processo negocial” que possa confundir e cansar os professores portugueses.
Sobre as (6 ou 7) questões sobre avaliação dos professores do, insistente, Paulo Baldaia, (metade da entrevista é sobre avaliação), o “nosso” Ministro demonstra que não defende quem tutela. Ou a avaliação está mal e quer alterar, ou está bem e devia ser firme e assertivo.
Deixou ficar no ar o que muita gente gosta de nos acusar.
“Espíritos poderosos devem ser convocados apenas pelos mestres que os dominam“.
A entrevista do “nosso” Ministro da Educação reflete esta afirmação, se não for isso estamos muito mal, se for isso estamos só mal!
João Ferrer