Turmas mistas no pré-escolar? Não, obrigado
O educador de infância tem um papel fundamental na formação pessoal e social das crianças pelas quais é responsável mas não pode “descurar” a parte técnica e prática do dia-a-dia.
Usar o termo ‘pré-escolar’ quando nos referimos ao jardim-de-infância é polémico! Enquanto uns defendem que nessa idade há que aproveitar a curiosidade inata das crianças e prepará-las para a escola; outros consideram que não só isso é prejudicial ao desenvolvimento e inadequado à faixa etária mas também que se devia adiar a entrada no 1.º ciclo para os sete anos. Generalizar é, a priori, incorrecto!
No pré-escolar da escola pública, as turmas são mistas e isso traz mais desvantagens do que vantagens. Aliás, tenho alguma dificuldade em perceber quais as vantagens! Considero que uma “preparação” para o 1.º ciclo não é antónimo de falta de brincadeira. Tenho um exemplo em casa de alguém que aprendeu a ler e a escrever aos 5 anos e nem por isso foi menos feliz que os outros meninos da mesma idade, nem por isso deixou de brincar, nem por isso deixou de ser criança.
Aliás, muito do que conseguiu deveu-se à constante e inata vontade de aprender, curiosidade própria da infância! As crianças são curiosas por natureza, basta que lhes criemos as condições, lhes proporcionemos experiências diversificadas e elas, por si só, quererão mais e mais e absorverão tudo. Quando se diz que eles aprendem a ler sozinhos, é verdade, acontece, mas sempre porque lhes criamos as oportunidades, lhes proporcionamos o contacto, por exemplo, com as letras móveis que compramos lá para casa.
O educador de infância tem um papel fundamental na formação pessoal e social das crianças pelas quais é responsável mas não pode “descurar” a parte técnica e prática do dia-a-dia. Para isso é preciso que lhe dêem condições, ou seja, que acabem com as turmas mistas no pré-escolar, pois torna-se impossível/impraticável trabalhar com crianças de 5 e 6 anos, na sua componente mais preparatória para o 1.º ciclo, ao lado de outras crianças com idade inferiores e que também elas necessitam de outro tipo de atenção e de trabalho.
Creio que na chegada ao 1.º ano, os alunos deveriam ter adquirido determinadas competências, nomeadamente no que toca ao domínio da motricidade fina. Saber pintar em vez de riscar; saber manusear materiais didácticos da Matemática como as varas de Cuisenaire, os Dons de Froëbel, as Calculadores Multibásicos ou o Tangram; ter trabalhado a picotagem, o recorte e a colagem; conseguir ouvir e recontar uma história; saber ordenar com sequência lógica imagens de uma determinada história que ouviram; ou construir puzzles. É igualmente importante saber ouvir, saber esperar pela sua vez, saber estar sentado num período de tempo igual ao necessário para elaborar qualquer uma das actividades referidas anteriormente.
Mas isto, meus caros, só se consegue quando acabarem com as turmas mistas, só assim os educadores de infância conseguirão!
8 comentários
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Como é que dão tempo de antena a alguém que desconhece que existe um universo fora da doutrina João de Deus?!
Boa noite. Li o texto e concordo com a grande maioria do que foi dito, no entanto, como educador de infância discordo da ideia que muitos educadores, professores e pais de que a Educação pré- escolar prepara os meninos para o primeiro ciclo. Um redondo não para isso. O pré escolar pepara os meninos para a vida. A Educação pré- escolar não é um aquecimemto como os jogadores fazem antes de começar o jogo de futebol. A Educação pre- escolar proporciona a aquisição de competências para toda a vida. Por outro lado, as turmas mistas, penso que entendidas como turmas heterogêneas com idades e niveis de desenvolvimento diferentes, as vantagens são muitas a nível da ajuda do outro, da solidariedade e da responsabilidade com os mais novos. Ninguém é prejudicado com alunos com idades e capacidades diferenciada. Para isso temos a diferenciação pedagógica… para finalizar uma turma homogênea exige menos trabalho pois nem sempre é necessario diferenciar…
Educador de infância Osvaldo Moreira
Os educadores de infância são um modelo a seguir para os outros níveis de ensino. Eles são super, realmente não é fácil planear o dia seguinte, quando uma criança chega com uma história e pede para ler aos amigos. E a partir daí está o caldo entornado, o dia seguinte é tão imprevisível……
Em primeiro lugar gostaria de saber quais as desvantagens, de um educador(a) ter uma sala heterogénea, no que respeita às idades.
Em segundo lugar o exemplo dado não quer dizer nada…foi por iniciativa própria ou alguém lhe incutiu?
Como disse e bem o educador(a) têm um papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
No entanto, questiono-me se quando fala em terminar com “turmas mistas” de estás não serem vantajosas refere-se às crianças ou aos adultos? É que, para mim, a única “vantagem” é facilitar o trabalho do adulto… Questiono-me novamente: estamos a trabalhar para as crianças ou para os adultos???
E nesta linha concordo com o educador Osvaldo Moreira!
Não há nada melhor que ser guiado pela curiosidade e genuinidade das nossas crianças! Assim o trabalho flui com mais naturalidade e menos peso 😉
Formemos para o Ser! Ser cidadão com consciência/valores, e não Homens que lutam para o Ter!
Caro colega,
Vejo que se preocupa, e com razão, que as crianças possam brincar durante o Jardim de Infância/Pré-escolar.
Acredito que essa preparação para a escola primária não é sinónimo de fichas e escolarizar o pré-escolar. Na minha opinião e pela experiência que tenho tido, apesar dos educadores terem muito mais trabalho a planificar e avaliar o trabalho desenvolvido com as crianças numa sala heterogénea, para as crianças é muito vantajoso tanto para as mais novas como para as mais velhas a nível de desenvolvimento e aprendizagem. As mais novas aprendem com as mais velhas, sem que seja apenas o adulto o modelo. As mais velhas tornam-se mais responsáveis, mais solícitas e empáticas porque sentem que podem e devem ajudar os mais novos. Assim sendo, as vantagens são enormes para as crianças.
Penso que o que poderia ajudar o educador a ter mais tempo para fazer um bom trabalho com as crianças seria a redução de alunos por turma, principalmente numa turma onde haja mais crianças pequenas do que mais velhas.
Numa preparação para o 1º ciclo pretende-se, por exemplo, dar capacidade para que as crianças compreendam a soma e a subtração, mas não em fichas. O importante é que compreendam isso materializado, com objetos reais porque assim quando passarem para as filhas, ou seja, para um pensamento abstrato, já o vão compreender. Este exemplo aplica-se em todas as outras áreas. O importante é com a brincadeira orientada, vão adquirindo conhecimento.
a minha filha é a mais nova da sala (mista, pré-escolar) e está a adorar.
pensei que este era um blog sério… porque deixam escrever textos só porque sim?? onde se trá ido inspirar o autor? que desconhecimento!! o que será a parte técnica e prática dum JI?
Enfim, já perdi tempo demais….
Não lembra o diabo este texto sem qualquer nexo e ligação de ideias; vem, aliás, com a essência ideológica camuflada. Deve haver pessoas que acordam em determinados dias cheios de idiotices na cabeça. Então, as turmas mistas são coisa ruim! Podemos adivinhar o que está por detrás desta predisposição de arengas sem fundamentação. Mas diga-se que as ideias, para serem minimamente defensáveis, têm de ser clarificadas, enquadradas e justificadas. Isto é, há que argumentar, expor razões, e até as motivações. Mesmo a retórica tem como critério a argumentação! O texto deste senhor não tem sequer um princípio, um meio e um fim. Poder-se-ia resumir nisto: acabe-se com as turmas mistas porque sim!