Seria de Bom Senso

… que após a embrulhada legislativa criada e pela inconsequência da prova, para a quase totalidade dos docentes com menos de 5 anos de serviço até 31/08/2013, a mesma fosse adiada para o ano 2014. Isto porque ninguém ganha com a manutenção da prova no dia 18 de Dezembro.

E o adiamento da prova, para procurar alternativas e criar consensos seria importante nesta altura. Até porque, o próprio presidente do CNE afirmou que a obrigatoriedade dos exames para os professores não é o melhor dos caminhos.

Tirando a teimosia de dois ou três elementos do Ministério da Educação, todos reconhecem que esta prova é inútil, vexatória e praticamente inconsequente.

E da mesma forma que se cria uma norma transitória no ECD para isentar os docentes com mais de 5 anos de serviço também se pode colocar uma norma idêntica que salvaguarde a celebração de contratos no ano 2014 para qualquer docente, sem aprovação na prova.

Nestas últimas semanas ficou provado que é necessária uma reflexão profunda sobre a necessidade da existência de uma prova de avaliação para professores. E a culpa maior da falta de reflexão foi de quem agendou negociações durante o mês de Agosto e que praticamente impediu esse debate com os professores.

Se existisse alguma humildade pelos lados do MEC, amanhã vinham anunciar esse adiamento.

Não lhes ficava mal.

Reconhecer os erros é sinal de elevado caráter. Algo que muitos poucos o têm e cada vez existem menos a tê-lo.

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21 comentários

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    • Carlos on 6 de Dezembro de 2013 at 2:08
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    Um «post» com muito bom senso!

    Socorro-me de alguns comentários de 2012 (abril):

    “A peça essencial que garante o melhor ensino é o aluno. As melhores escolas escolhem os melhores alunos e não os melhores professores.
    Os contratos de autonomia servem para separar os boys dos outros, tal como as avaliações “imparciais”.

    ou:

    “Não é bem na formação e no recrutamento de Professores que temos que mexer para ter melhor ensino. É na educação que vem de casa; é na importância que é dada pelos pais ao processo de Ensino-Aprendizagem; é na falta de condições com que os professores trabalham diariamente em muitas escolas; é na burocracia que os professores preenchem diariamente; é na desmotivação que estes profissionais têm porque são tratados como criminosos e não com a dignidade que merecem. E muito mais haveria a mexer se realmente houvesse vontade em melhorar o ensino em Portugal, mas o que move este governo, como outros, não é a qualidade do ensino, são os números, é a vontade de acabar com a classe média, é a vontade de acabar com os que pensam por si só.”

    Boa noite e sejam felizes.

    Vivam os professores! Mais união, por favor! Dividir para reinar é decepar o pilar de desenvolvimento social, cultural, económico … de um país!

    • JCP on 6 de Dezembro de 2013 at 8:52
    • Responder

    Isso é o que o MEC acabaria por fazer no caso da FNE/UGT não lhe ter dado da mão. Sei (a direção da FNE, também) que a pressão era enorme para isso acontecer (era o Plano B). A FNE também. Infelizmente…, neste momento, já seriam dois a perder a face: MEC e FNE. A coisa está mais dificil.

      • Professor on 6 de Dezembro de 2013 at 9:34
      • Responder

      O sindicalismo do tipo comunista (PC) e revolucionário (BE) arrasta os docentes para formas de luta de tipo “operário”, despromovendo o prestígio e a imagem social dos professores, são pela política do “quanto pior melhor”. Querem arrastar os professores e as “massas” para uma solução tipo Hugo Chaves, que, mesmo tendo petróleo, já têm de estar nas filas para comprarem um simples pacote de arroz (lá não há mercado negro e corrupção?).Querem uma “solução” do tipo da Argentina em que, há anos atrás, entraram em rotura e deixaram de pagar a toda a Função Pública? Foi melhor para as classes médias urbanas?

      O sindicalismo do tipo UGT (PS, PSD E INDEPENDENTES) é reformista, realista, moderado. Não se serve das reivindicações dos professores para mostrar que tem poder na Rua, porque respeita o resultado das eleições nacionais. Chegou a ACORDO com a entidade patronal, conseguiu que quase todos os que estão no ativo ficassem dispensados da Prova, menos 400 terão de a fazer, estando ela prevista no ECD desde 2007.

        • JCP on 6 de Dezembro de 2013 at 10:15
        • Responder

        Vai lá , vai….
        Continua com essa filosofia do preto ou branco. Não tenhas uma opinião pessoal e um sentido crítico, caso a caso, e vais ver onde vais parar….
        Enquanto andas a pensar no Chavez vs sindicalismo reformista, o poder instituído, com os seus truques e manhas, fecunda-te(nos)!

    • Professor on 6 de Dezembro de 2013 at 9:02
    • Responder

    O que ficou “provado nestas últimas semanas” foi que existe uma grande inflação e DISPARIDADE de notas das licenciaturas/mestrados em Ensino pós-bolonhesas e, que mais não seja por essa razão, justifica-se uma PROVA NACIONAL posteriormente à conclusão dos cursos.
    E não digam que já fizeram “estágio”, pois o que fizeram foram unidades curriculares teórico-práticas (mesmo que no Plano de Estudos sejam designadas por Práticas Pedagógicas) que lhes dão créditos para serem considerados licenciados/mestrados.


    1. notas inflacionadas já havia no nosso tempo em diversas instituições privadas. Não acho que tenha existido assim tanta diferença com Bolonha.

        • Professor on 6 de Dezembro de 2013 at 9:57
        • Responder

        Além de outras insuficiências, as ESEs e Departamentos de Educação das Universidades sobrevalorizaram o pedagogismo e esqueceram a preparação científica dos novos docentes, que na UBI, UTAD, Madeira, Açores e outras podiam ingressar com média inferior a 10 valores.
        Aliás, não terá sido por acaso que o CRUP, mesmo tendo sido solicitado (por ex., numa vigi
        ília junto à Univ. de Coimbra) a fazê-lo recusou-se a criticar a PACC.

          • m on 6 de Dezembro de 2013 at 18:01

          Ao contrário do colega eu acredito que um dos maiores problemas do ensino está na falta de pedagogia da mesma maneira que acredito que a maioria dos colegas estão preparados cientificamente para leccionar ( falo pela realidade que conheço).

          Alunos a entrar com médias negativas é outro problema, que o MEC não resolve, pois para isso teria de fechar muitas universidades (privadas só na região norte devias ser dezenas)

          O MEC avalia os cursos das universidade, sem o seu aval e as suas avaliações (não sei se de 2 em 2 anos ou de 3 em 3 anos) os cursos não existiriam.

          Se existem e são fracos… então de quem é a culpa? Obviamente do MEC, pois ele é o responsável.
          Se fosse competente fechava os cursos e quem sabe algumas universidades!! (os cursos de educação continuam a encher todos os anos)

          Numa coisa estamos de acordo colega, muito poderia e deveria ser feito, a bem dos alunos e dos futuros professores, mas isto não é debatido.

      • FarinhaDoMesmoSaco on 6 de Dezembro de 2013 at 15:08
      • Responder

      A prova pode justificar-se à entrada nos cursos e talvez à saída. Mas retroatividade, NÃO!!!

    • Afonso on 6 de Dezembro de 2013 at 9:54
    • Responder

    A prova na sua essência ou pressupostos em que foi criada, serviria para acesso à carreira, ou seja, uma prova realizada após a conclusão de um curso de forma a validar as competências daquele que passaria a ser um candidato a professor, não querendo com isto dizer que existisse vaga para esse acesso, pois era necessário criar um outro mecanismo já que os estágios integrados haviam terminado, pelo menos nas licenciaturas pré bolonha do ramo educacional…

      • Isabel on 6 de Dezembro de 2013 at 11:06
      • Responder

      Afonso, não percebi: ” já que os estágios integrados haviam terminado”; sou pré-bolonha da FAC de Letras do Porto e tive estágio integrado.

      Não nos podemos esquecer, que com a abertura das EB 2/3, todos os professores licenciados que estavam no 2º ciclo, passaram a dar aulas tb ao 3º, fazendo com que o meu grupo (Inglês e Alemão), que até aí não estava tão povoado quanto isso, por causa do alemão (na altura ainda era bidisciplinar, 9º grupo), fechasse literalmente de um ano para o outro, 2 anos antes de eu terminar a licenciatura. E deixando-me no desemprego!

      Irónico, mas memso irónico, é eu ter dado aulas ainda como trabalhadora-estudante e depois de concluír a licenciatura já não ter lugar no ensino!!!!

      E mais irónico ainda, é ter andado por esse país fora, seja no particular ou no público, casada e com 1 filho, e, agora, que começava a ser colocada a uma distência que me permitia dormir em casa quase sempre, já não ter lugar há 2 anos!!!

        • Afonso on 6 de Dezembro de 2013 at 11:42
        • Responder

        exatamente o que quis dizer, os estágios integrados como havia nas licenciaturas pré-bolonha desapareceram, passando a profissionalização a ser efetuado com um mestrado mas que não possui (penso eu) a mesma componente letiva como os anteriores (atribuição de 2 turmas e 1 regência, além do seminário)…

    • Professor on 6 de Dezembro de 2013 at 10:27
    • Responder

    Concordo com o colega, pois também nas profissões mais prestigiadas, Advogados, Médicos, Arquitetos, etc, depois de cursos universitários exigentes (e não nos politécnicos), têm que se submeter a exames de ingresso nas respetivas carreiras.
    É a exigência e não o facilitismo que prestigia as carreiras. Não se pode querer ter uma carreira prestigiada e defender que qualquer um serve “para dar aulas”.
    Os professores mais conscientes já não se deixam arrastar para as repetidas e inconsequentes (a única consequência tem sido as poupanças no Orçamento do Estado) greves da fenprof, nem precisam de viajar “à borla” nos seus autocarros para irem servir a estratégia dos dois partidos comunistas de desestabilização nacional permanente. Por ex., as sistemáticas greves nos barcos, comboios, autocarros, metros, são “amigas” de quem compra o Passe Social?

      • FarinhaDoMesmoSaco on 6 de Dezembro de 2013 at 15:10
      • Responder

      O problema é que a grande maioria dos professores contratados que ainda lecionam já deveriam estar integrados na carreira. Por que é que não cumprem as leis do trabalho?

    • JCP on 6 de Dezembro de 2013 at 10:51
    • Responder

    Os exames de admissão à especialidade, no caso dos médicos, graduam, não excluem. Numa escala de 0 a 100, qualquer nota dá para escolher a especialidade disponível. Conheces algum médico que tenha chumbado no exame de acesso à especialidade? Eu não! Mas conheço quem esteja a exercer a especialidade depois de ter obtido no exame de acesso 22%.


    1. Se isto fosse o “Auto da Barca do Inferno” o Diabo argumentaria assim: ter 22% num exame teórico não faz dele um mau médico (na prática)!
      O problema é catalogarem-se as pessoas por notas (inflacionadas ou não), é reduzir-se tudo a um número que nada tem a ver com a prática e o profissionalismo de cada um.

        • JCP on 6 de Dezembro de 2013 at 12:42
        • Responder

        Pois!
        È por isso que ninguém pergunta a um médico especialista qual a nota que teve no acesso à especialidade. E faz muito bem. E nunca esteve em causa o acesso à profissão. Coisa que querem fazer aos professores, incluido os que já exerceram ou exercem a profissão.


  1. A ser feita, esta prova não deve ser retroativa. Se os alunos entrarem num curso de ensino e à partida souberem que têm de fazer uma prova, vão de plena consciência para esse curso. E a ser minimamente exigente, a prova tem de ter que ver com questões éticas e deontológicas. Para fazer aquelas charadas compra-se um livro ou faz-se download de uma APP para passar as tardes na praia.
    O que se nota é que os colegas que já foram dispensados mas que foram dispensados estão a torcer pelos que irão, em principio, realizar a prova para quando tiverem de a fazer já terem um modelo para estudar.
    O que se passa com esta divisão dos 5 anos é que temos gente com mais anos de serviço que não tem a mínima capacidade para lecionar e que foi passando entre os pingos da chuva, “atamancando” formações e profissionalizações em serviço que pouco ou nada lhes ensinaram. A nova geração tem muito mais formação que as anteriores. No entanto, não creio que atirar a culpa para os outros seja o caminho. Ninguém deveria fazer esta prova, uma vez que já fomos avaliados nas escolas! Não mandem para “Auschwitz” os mais fracos, que podiam ser os seus irmãos, filhos, etc, que tendo menos de 5 anos de serviço nem têm a possibilidade sequer de chumbar na prova, de acordo com a legislação publicada.
    Analisando a possibilidade de realizar a prova, alguém sabe onde e a que horas a prova se vai realizar? Acham que o Ministério merece sequer que alguém lá ponha os pés? Não basta serem poucos, como também gozam a torto e direito com as pessoas. Queria ver fazerem isso com alunos. Não faltariam argumentos para alegar que o ministério traumatizou as crianças. Mas com os professores já se pode! Mais: que ambiente viverá na escola onde está a lecionar um prof que chumbe? Há escolas onde apenas uma ou duas pessoas vão fazer a prova. Estes colegas vão-se tornar autênticas “presas” e bodes expiatórios.
    Reflitam sobre o assunto e pensem se gostariam de estar na pele destas pessoas…

      • Carlos on 6 de Dezembro de 2013 at 12:21
      • Responder

      Subscrevo tudo o que afirmou! Não mudo uma «vírgula»! Esta Prova transformou-se numa autêntica “batalha campal”, numa arma de arremesso político e numa caça às bruxas! Antes, tínhamos a «mãe» a defendê-la e os “padrastos” a condená-la! Hoje, temos o “pai” a tentar executá-la e as “madrastas” a pedirem a sua anulação do ECD! Considero moralmente de aplaudir que sindicatos como a fenprof e outros independentes estejam nesta luta, ao contrário de outros que não honram os seus compromissos! Para mim, isso tem um nome “Traição” mascarada de hipócrita negociação!

      A Prova é retroativa … inconstitucional, desigualitária no acesso ao concurso o que põe em causa os princípios da CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA! Na Constituição não há regimes de excessão no acesso aos concursos!!!!! Ponto final.. Tem que ser suspensa definitivamente!

      Não é, na verdade, este o caminho da seriedade e da excelência que tanto se apregoa num parlamento de maiorias medíocres! Não moraliza o sistema educativo, antes o denigre e vai ficar na memória do zé povinho que os professores avaliados não querem ser avaliados!

      O acesso a ordens profissionais visa efetuar um controlo dos profissionais e disciplinar as classes para não criar excedentários, que se tornem uma ameaça para carreiristas, mas nunca os mesmos são impedidos de exercer: advogados, por exemplo! Por isso, há uma indisciplina total e fragmentação enorme nas ordens que toda a gente conhece.

      Se houver quem defenda esta Prova no seio da classe docente, então eu afirmo convictamente que passo a ser a favor da mobilidade e da requalificação, já que há pessoas no sistema que devem prestar, também, provas cabais. Todos nós sabemos aquilo que se passa …

      As pessoas devem ser avaliadas no decurso do seu desempenho profissional (como são, embora de forma pouco imparcial), ou cumprem ou não os objetivos! E vou dar um exemplo concreto: fui colocado em substituição, num certo ano, numa escola de Lisboa gerida por uma pessoa bem conhecida. Fiquei com as 4 melhores turmas do 11º ano de Português, em que a professora dos quadros que saiu, por estar farta daquilo (etc.) apenas trabalhava com os mesmos DEBATES E SINTAXE! Os alunos tinham um défice enorme a nível de interpretação textual!… No primeiro período inflacionou as notas, por vários fatores: despedida, pressão da comunidade escolar (expetativas altas dos pais e rankings – zona de Telheiras). Eu próprio fui alertado sub-repticiamente pela DT para as notas que iria dar … e fico por aqui, para não ser politicamente incorreto!!!!

      Se fizessem auditorias sérias às faculdades privadas e disciplinassem a proliferação das mesmas a mando do capital, talvez fossem mais honestos. Como não têm coragem política, pois muitos dos que nos governam vieram de lá, inventam medidas “low cost”.


  2. Algumas coisas boas se estão a escrever por aqui, uma ideia mais então:

    1º – Número de vagas deveriam ser limitadas ao número de alunos e ao número de universidades, isto é, curso de ensino só em determinadas universidades e só x alunos por ano.

    2º – Cursos de educação deveriam ser divididos em 3 partes:
    – Parte curricular (cientifica e pedagógica);
    – Observação (em todos os anos que irá leccionar)
    – Estágio (em todos os anos em que irá leccionar – 1 trimestre por cada ano)

    Nota, o estágio seria remunerado.

    3º – Acabado o curso o aluno faz uma prova para acesso à ordem .

    4º – A graduação do aluno seria feita em função da média de curso + prova + tempo de serviço.

    Com isto, ou outras coisas que se poderiam fazer, acabariam os cursos tirados à pressa em determinadas privadas ou as pós-graduações feitas em 6 meses.

    Acabaria, a longo prazo, com o desemprego excessivo na profissão, seria uma classe melhor vista pela sociedade, uma ordem com muito poder….

    Alguns de vocês já devem dizer, “ainda bem que nunca serás ministro”
    hehehehehe 🙂

      • Sílvia on 6 de Dezembro de 2013 at 21:52
      • Responder

      Concordo plenamente com tudo. Temos candidato…

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