A Prova da Inutilidade da Prova

O seguinte quadro apresenta o número de colocados até à Reserva de Recrutamento 12, por anos de serviço e distribuídos os docentes colocados, por grupo de recrutamento.

No total existiram 10146 colocações, onde estão incluídas as renovações de colocação.

Os docentes contratados que estão colocados (ou estiveram, no caso de horários temporários que entretanto terminaram) têm maior incidência entre os 8 e os 11 anos de serviço. Chamo a atenção que este tempo de serviço reporta a 31/08/2012 e é natural que a maior parte dos docentes neste quadro tenham subido um “degrau” na escala de anos de serviço.

Mas, partindo do princípio que o número de colocações seria idêntico no próximo ano (algo difícil de acontecer tendo em conta a possibilidade dos docentes sem componente letiva poderem concorrer na mobilidade interna para todos os grupos que possuem qualificação profissional), a prova de dia 18 de Dezembro vai servir apenas para que 400 docentes fiquem colocados por aprovação nela. Aqui incluo 68 docentes que foram colocados, com menos de 5 anos de serviço, ao abrigo do Decreto-Lei 29/2001.

Este é um número residual e não fosse a elevada colocação de docentes com menos de 5 anos no grupo de Espanhol (173) o número desceria para quase metade.

No fundo o que estamos a falar é que a prova de avaliação de 18 de Dezembro vai servir para quase nada. A dispensa dos quase 10 mil docentes colocados até à Reserva de Recrutamento 12 por terem mais de 5 anos de serviço (representando mais de 96% de docentes colocados) é motivo mais que suficiente para demonstrar a inutilidade da prova.

Uma das curiosidades nestes número é que 70 docentes colocados com menos de 5 anos de serviço foram colocados em escolas TEIP ou escolas com autonomia e dos 70 apenas 1 foi colocado ao abrigo do Decreto-Lei 29/2001 e 2 no grupo de espanhol.

Para quê uma prova de avaliação de conhecimentos e capacidades se com o alargamento das escolas com contrato de autonomia a seleção das capacidades e conhecimento vai acabar por ser feita por uma entrevista e a aprovação na prova em muitos casos vai ser uma mera formalidade?

Vale a pena o MEC insistir com esta prova, sujeitando mais de 15 mil docentes a está inutilidade, para no fim se cumprir o fetiche de Nuno Crato em ter 200 ou 300 professores a trabalhar nas escolas com aprovação na prova?

Não é para desanimar quem tem menos de 5 anos de serviço. Mas também vale a pena fazer a prova tendo em conta o panorama demonstrado no quadro?

 

TABELA RR12 Anos

Um agradecimento ao Davide Martins pela colaboração na elaboração deste quadro.

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9 comentários

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    • Safira on 4 de Dezembro de 2013 at 10:48
    • Responder

    Tal como previa, no meu grupo há poucos colocados com menos de 5 anos de serviço realmente a maioria tem entre 6 e treze anos de serviço!

    • Carlos on 4 de Dezembro de 2013 at 12:30
    • Responder

    Só alguém com nenhuma noção da realidade das contratações é que pensará que com menos de 5 anos de serviço ficará colocado. Como está comprovado, mesmo quem tem muito mais anos de serviço não terá expetativas de um contrato!…Só nos restam os privados, as explicações, as AEC e formações sazonais! … Esta Prova é uma embirração, de quem quer passar uma imagem social de seriedade, mas que não é transparente, íntegro ou competente! Este ministro que se remeta à sua insignificância! Na verdade, vão todos para o d-e-s-e-m-p-r-e-g-o, requalificação e mobilidade! Acordem «p’ra vida»!

    • Ricardo Pedro on 4 de Dezembro de 2013 at 12:34
    • Responder

    Caro Arlindo, Excelente análise,

    Com isto conseguiu simultâneamente 2 coisas:

    – Mostrar a inutilidade da prova actualmente para o MEC
    – Pôr o dedo na ferida para os professores com pouco tempo de serviço

  1. Aproveitem essa base de dados e façam o inverso! Quantos docentes por colocar até RR12 por anos de tempo de serviço. 😉 Para o povo ter noção da realidade.

    • Francisca on 4 de Dezembro de 2013 at 13:04
    • Responder

    Tenho menos de 5 anos de serviço. Não vou fazer a prova.

    Abri um website e, tal como o Arlindo tem no seu (aqueles banners superiores), coloquei pub do Adsense. Pelo que percebi nestes dois meses, dá lucro. Um bom lucro. Aliás, constatei que, quanta mais “confusão” gerar naquilo que escrevo, mais receita tenho (aumenta o nmr de visitas). Como o ensino não dá… temos que fazer algo… no meu caso em concreto foi criar um website, gerar polémica (para ter retorno) e colocar a pub do adsense. O processo de afiliação pode não ser fácil (para quem não é ainda afiliado) mas, depois de estar tudo “aprovado”, poderá ser um “extra” muito bom. Recomendo!! observação adicional: se for um blog/website sobre educação, tanto melhor!

    • Solidária on 4 de Dezembro de 2013 at 13:16
    • Responder

    A questão da prova é mais uma manobra de distração porque enquanto a comunicação social, a população, as redes socias… falam nela não falam (ou falam menos) dos restantes problemas que o país atravessa.

    • Carlos on 4 de Dezembro de 2013 at 13:46
    • Responder

    Parlamento discute petição pela revogação da prova de acesso ao exercício da profissão docente promovida pela FENPROF

    «As razões que levaram a FENPROF ao lançamento da petição que reuniu mais de 22.000 assinaturas mantêm toda a atualidade, não obstante o “acordo” que o MEC promoveu com organizações que, depois de todas as críticas que dirigiram à prova, colaboram no esforço de fazer passar a imposição de um mecanismo que é mais um vil ataque do governo à profissão docente.

    Nunca, em tempo e local próprios, o MEC apresentou propostas de dispensa da realização da prova no sentido das que ontem foram tornadas públicas, nem sequer o respeito pelas que a lei já tinha consignado. Face à luta que tem vindo a ser desenvolvida, este facto ajuda a compreender a manobra que ontem foi consumada mas que, de modo algum, torna aceitáveis as pretensões do governo.

    Não será, também, esta combinação entre algumas organizações e o MEC que demoverá os professores da rejeição de uma prova que não tem fundamentação séria e que é generalizadamente entendida como uma intolerável humilhação imposta à sua profissão. Com o “acordo” anunciado, o governo anseia suspender a luta para legitimar a sua primeira aplicação. É de lamentar que algumas organizações sindicais colaborem com o governo neste sentido.

    A FENPROF, bem como outras organizações sindicais dos professores, prossegue a luta contra a prova de acesso nas diferentes vertentes em que ela tem vindo a ser realizada e renova o apelo à deslocação dos professores à Assembleia da República na próxima quinta-feira, 5 de dezembro, onde se concentrarão a partir das 14H00. Todos são chamados a esta luta, incluindo os que podendo vir a ser dispensados, justamente, vinham a instar os próprios professores dos quadros a também resistirem à aplicação da prova.

    A discussão da petição lançada pela FENPROF vai ter lugar no próximo dia 5 de dezembro em simultâneo com o pedido de apreciação parlamentar do Decreto-Lei n.º 146/2013, de 22 de outubro que pretende enquadrar a imposição da iníqua prova. Como tem sido afirmado, os deputados terão oportunidade de, em nome da justiça e do respeito que os professores reclamam, suspender ou mesmo revogar o exame absurdo para verificação de “requisitos mínimos” a docentes profissionalizados, muitos deles com experiência profissional e sucessivas avaliações de desempenho de Bom ou superiores.

    Os professores irão acompanhar a discussão na Assembleia da República, a partir das 15H00, e, no seu exterior, farão ouvir o seu firme protesto contra a realização da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades que nenhum acordo palaciano irá legitimar. Os sindicatos da FENPROF, por todo o país, continuam a receber inscrições para os transportes que disponibilizam e apelam a quem ali se desloque para que vista de negro.»

    O Secretariado Nacional da FENPROF
    3/12/2013

    • Marcos Dias on 4 de Dezembro de 2013 at 14:17
    • Responder

    Passem isto à Comunicação Social!!!!

  2. Caro Arlindo, creio que a utilidade da sinistra Prova é justamente aquilo a que chama a sua “inutilidade”, ou seja, cria um facto político muito ruidoso e de impacto real quase nulo mas que mascara o cumprimento determinado de uma agenda cada vez mais explícita e nesse caminho não existe deriva do Ministro da Examinação, com FNE ou sem FNE.

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