Há quem vá para Psicologia para resolver os seus problemas e eu já perdi a conta à quantidade de jovens licenciados em psicologia ainda à procura de si ao invés de procurarem o outro, centrados em si e no seu passado ainda e sempre por resolver e a psicologia não é solução.
Quais espectros, desperdiçam o intelecto enquanto vagueiam sem rumo nem mote ainda sem saber o quê desta vida mais a ansiedade dos trinta e o medo de ser tarde demais.
E os problemas ainda por resolver quando a psicologia é um guia e a sua ciência um farol e uma luz na noite mais escura, mesmo se inalcançável mas visível e a esperança, sempre a esperança e pelo menos a esperança.
A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson, apreendida como parte integrante da formação pedagógica do futuro professor, tem sido este guia e cada um dos seus estágios o mapa para compreender o outro enquanto a outra mão segura este ténue fio de Ariadne ao longo das 8 idades do Homem.
E em cada uma das idades um conflito, confiar ou desconfiar e pode um bebé confiar em quem o alimenta, em quem o sustém e como a distância e a ausência de amor tornam hercúlea a tarefa de levar um adolescente, e tantas vezes um adulto, a aprender a confiar no outro, a esperança de confiar no outro.
À confiança sucede a criança na aprendizagem das interacções sociais, interacções essas incentivadas e a criança não é apenas autónoma mas aceita-se tal como é, sendo o oposto a crítica e a repressão por quem mais próximo e a criança entre a vergonha, a dúvida e a rejeição, incapaz de se aceitar ou compreender.
E se a autonomia leva à iniciativa, característica da terceira idade do Homem, é igualmente verdade ser a resolução de cada conflito fundamental para a resolução de conflitos posteriores.
Autonomia ou autoconfiança, autodeterminação e a criança dotada de orientação e objectivos na quarta idade em oposição à culpa de quem interioriza os erros sucessivamente apontados pelos adultos em redor.
A culpa é minha, diz a criança, e a culpa mais a responsabilidade não pode ser imputada a um menor excepção feita quando os adultos se comportam como menores.
O desenvolvimento de mestria coincide com a idade escolar e a criança capaz de vencer os desafios colocados pelos adultos e a criança é capaz.
O oposto é o sentimento de inferioridade responsável pela não consecução do estágio posterior, ergo a criança incapaz dificilmente dará lugar ao desenvolvimento de uma identidade e o adolescente confuso e difuso dificilmente dará lugar a um jovem adulto capaz de filiar com alguém na sexta idade do Homem.
O oposto é o isolamento de quem desde tenra idade não é aceite e não se aceita e consequentemente não se acha capaz o suficiente para suceder a nível pessoal, social ou profissional, incapaz de confiar no outro e por isso só.
De igual modo, o isolamento social é contraproducente na sétima idade do Homem, a idade do compromisso social e da preparação de um legado para as gerações futuras.
A oitava e última idade do Homem é a idade da realização e da certeza de ter vivido, sem arrependimentos sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos e o orgulho de quem fez, chegou e alcançou.
É a integridade em oposição ao desespero de quem sabe ser impossível começar de novo e a amargura dos últimos anos de vida.
E se a teoria do desenvolvimento psicossocial não é uma solução nem tampouco almeja tal título, a possibilidade de compreender o porquê de quem somos e quais os passos a dar é o exemplo paradigmático da psicologia e da sua importância no dia a dia.
A solução? Está nas mãos de cada um de nós, basta o conhecimento e no conhecimento a coragem de alcançar.