E o que fez o Parlamento com as faltas de José Silvano? – ECO
(…)
O caso em si não é grave na sua essência. Mas é altamente sintomático. É que estes três factos revelam-nos uma quarta coisa. Uma prática onde as autoridades judiciais consideram haver indícios de crime ao ponto de constituirem arguidos é tratada pelo Parlamento com benefício de infractores, atropelo das regras em vigor e tentativa de encobrimento.
É obviamente inaceitável e vergonhosa esta prática dos serviços parlamentares levando-nos a pensar o óbvio: se é assim com os poucos casos de que há conhecimento público como serão as práticas correntes na chamada “casa da democracia”?
Como se vê, os deputados podem fazer e aprovar os “pacotes da transparência” que bem quiserem que pouco ou nada vai mudar. O problema não está na lei. Ela já existe e até pode considerar crime o que ali foi feito.
O problema está nas atitudes e nos comportamentos de alguns deputados e dos próprios serviços do Parlamento, que até se acham no direito de esconder as motivações das suas decisões, como num bom regime musculado.
E isto não se muda com leis bonitas que são feitas apenas para emoldurar e pendurar na parede, muitas vezes para provocar a prescrição de casos antigos ou para se poder recorrer ao tal chavão: “nós até aprovámos um novo pacote da transparência…”.
1 comentário
Pois, pois é…bem pregava Frei Tomás…