Conselho Nacional de Educação a favor do Inglês a partir do 3.º ano
No parecer que agora vai seguir para o Ministério da Ciência e da Educação, defende-se que os professores recebam formação, de forma a garantir não só o domínio da língua como as técnicas de ensino precoce
O Conselho Nacional de Educação (CNE) pronunciou-se nesta segunda-feira a favor da introdução do ensino do inglês no primeiro ciclo, a partir do 3.º ano e com uma carga horária de, pelo menos, duas horas que devem ser distribuídas ao longo da semana.
No parecer deste órgão consultivo, elaborado a pedido da tutela e que deverá seguir agora para o Ministério da Ciência e da Educação (MEC), em conjunto com um relatório técnico, pode ler-se, entre outras recomendações, que “a inclusão da disciplina nos 3º e 4º anos” deve assentar “numa periodicidade não inferior a duas horas semanais, integradas nas 25 horas” previstas no currículo semanal.
Segundo o presidente do CNE, David Justino, esse mínimo de duas horas deverá ser distribuído pelo horário de forma “a garantir intensidade na aprendizagem”. O ex-ministro da Educação argumenta que o ensino de uma língua “pressupõe hábito e rotina” e é mais vantajoso “dar 20 minutos durante três dias” do que uma hora uma vez por semana.
David Justino salientou que os professores que leccionarem a disciplina a estas idades devem não só dominar o Inglês, como também as ferramentas pedagógicas e didácticas adequadas a esta faixa etária. “A preparação do lançamento da obrigatoriedade do inglês no primeiro ciclo deverá obrigar a uma formação em moldes que o MEC deverá definir”, disse, acrescentando que neste momento existem professores com as habilitações necessárias, mas não serão em maioria nem suficientes para arrancar com o programa.
O presidente do CNE afirmou que pode haver formação pedagógica para os professores que dominem o inglês, mas leccionem a anos mais avançados, ou, então, formação de Inglês para aqueles que dominem as competências pedagógicas e didácticas do ensino no primeiro ciclo. No geral, o documento recomenda que “a docência do Inglês no ciclo em apreço seja assegurada por professores especialistas no domínio do ‘ensino precoce da língua’, envolvendo formação científica e pedagógica devidamente certificada”.
O parecer refere ainda a docência da disciplina deve ser assegurada “em regime de coadjuvação”, o que pressupõe, por um lado, a existência de um professor “proficiente no domínio da língua” e “competente no domínio das técnicas de ensino precoce” e, por outro, a existência de um professor titular da turma que garanta a articulação da disciplina com as restantes aprendizagens: “Das 25 horas [actualmente previstas] há duas, três ou duas horas e meia que são afectas ao Inglês, com a coadjuvação de um outro professor”, disse, salientando que se o professor titular da turma reunir as competências necessárias poderá ser ele a fazê-lo, mas tal “ficará à consideração do MEC e das escolas”.