Da proibição da utilização de telemóveis na escola … mais uma vez.
Agora chegou a vez de proibir os professores, no seu intervalo, de fazer algo.
O professor não está lá para liderar pelo exemplo.
Não no seu intervalo. Não na expressão pública da sua vida pessoal.
E mesmo nas aulas é discutível qual o “exemplo” a seguir.
Porque se acha que têm de liderar pelo exemplo, a seguir vão proibir professores:
… de ser gordos por causa da alimentação saudável.
… de ser magros também por causa da anorexia.
… de ter dentes tortos porque prejudica os miúdos que estão a usar aparelho.
… de ter os dentes demasiado direitos porque ostraciza os miúdos que os tem tortos e não têm direito para usar aparelho.
… de beber café com açúcar (a maior parte dos professores já o faz … mas porque quer! Se for para ser obrigado volto a deitar açúcar no café) porque o bar da escola não pode ter bebidas açucaradas.
… de usar minissaia ou quem sabe, para um diretor mais depravado, de não usar minissaia.
… de usar maquilhagem porque influencia as miúdas adolescentes.
… de usar calças de ganga porque não é “profissional”.
(Não se riam que isto já é exatamente assim nalguns estados dos USA – nada de calças de ganga!)
Os diretores estão a dar uma de JD Vance virado para os Generais a dizer que eles não podem ser gordos, não porque ao ser gordos sejam maus generais, mas porque “parece mal”.
Não há nenhuma razão objetiva para impedir que um professor use o seu telemóvel no seu intervalo, para fazer o que bem entende. O argumento do exemplo é simplesmente estúpido.
Porque para ser pelo exemplo então os professores deveriam ser obrigados a jogar à macaca, as escondidas, ou uma futebolada 5×5 no intervalo. Quero ver quem é o diretor que os tem no sítio para fazer isso! Dada a idade da classe docente em menos de uma semana metade dos docentes estavam de baixa.
A menos que me venham dizer que o professor só tem intervalo quando chega à “sala de professores”. Ou seja, que no percurso entre a sala de aula e a “sala de professores” está a trabalhar, como se quer que estejam, por exemplo, os professores do primeiro ciclo, há muito injustiçados nesse ponto, só porque têm a seu cargo os alunos mais pequeninos.
Mas, a ser assim, então na “sala de professores” não pode haver ninguém a trabalhar!
A lei preconiza que exista uma sala de intervalo. Um espaço para relaxar. Não se pode estar no intervalo com uma data de malta à volta a trabalhar. Há que liderar pelo exemplo.
(a lei também preconiza um espaço para fumadores… mas nem vou abrir essa caixa de “Pandorra” como dizia o Nuno Crato)
Se obrigam os professores a fazer intervalos de hora a hora então as escolas têm de dar aos professores as condições para o fazer.
Admitindo que, por qualquer razão obscura, até era possível impedir os professores de usar o telemóvel no espaço comum da escola no intervalo então torna-se óbvio que deveria haver um espaço para os professores “estarem” em intervalo…. onde não pode, por definição, haver trabalho. Há escolas que já o fazem e separam salas de trabalho de salas de intervalo.
As decisões das direções devem ser coerentes sobre si próprias.
Mas voltemos à proibição.Na raiz disto tudo está a proibição dos telemóveis.
As pessoas ainda não perceberam que nós não queremos proibir os telemóveis. Nós queremos, sim, é proibir as redes sociais e os conteúdos inadequados para crianças (cuja definição é outra luta!).
Quem pode proibir os telemóveis são os pais. E eles é que não estão a fazer isso! E mais uma vez a responsabilidade cai na escola. A escola substitui-se aos pais.
E agora vão ao ponto de o professor não poder usar em paz o seu telemóvel porque os pais dão às suas crianças telemóveis.
Não posso ser o único a ver a enorme estupidez disto tudo!
Jorge Sottomaior Braga

21 comentários
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Tem toda a razão. Estas escolas inventores desta aberração deviam ser chamadas pela Tutela. A lei não foi feita com esse espírito. Ridículo. Mais papistas que o Papa. O ministro deve estar a rir se.
Há sempre umas escolas assim. A tutela diz cinzento e eles carregam no preto. Não há paciência para tanta ignorância e provincianismo.
Felizmente não estou numa escola assim. Estou numa sensata onde se pode respirar. Onde há diferença entre adultos e crianças para o bem.
Eu se fosse a esses colegas fazia queixa nos sindicatos. Na tutela. E se fosse preciso na polícia. Estão a retirar lhes liberdades.
Filhos da mãe destes diretores tontos e suas comitivas que os rodeiam e aconselham
Haja paciência para os burros a voar.
A proibição não é estúpida. Estúpidos são os seus autores. Tão estúpidos que ainda não o perceberam…
Bem o podes dizer.
Vance a cada esquina: a prova provadinha são as queixas de proibição de greve da função pública que hoje chegaram às mãos dos sindicatos!
O que tem o JD Vance a ver com isto?
Fanático da distracção é quem não sabe que o Vance é um radical fanático com palas sem capacidade de autoanálise: um neonazi!
Sim, o Sottomaior tem razão. Os diretores são TUDO O Wue apontou ao vance.
Ahhh! Já percebi! O amigo é um alienado! Espero que não seja professor.Pessoas assim deveriam estar bem longe das crianças e dos jovens.
Este Sottomaior Braga está a ficar demente.
Não seria má ideia um internamento compulsivo para ser devidamente tratado e medicado.
Que raio de obsessão.
Começo a ficar preocupado com a saúde mental deste individuo.
Por mais que se deteste a pessoa, é bom não seixar de lhe reconhecer as capacidades. E a roupa suja lava-se olhos nos olhos!
Quais capacidades? Nos poucos textos que tenho lido dele é só a mesma falta de conhecimento aprofundado de matérias (ironicamente referentes à disciplina que leciona) altamente controversas que tenta ligar às três pancadas ao funcionamento da “escola”. É um populista de esquerda, mas que em vez de andar pelas estradas a gritar chavões-políticos e a seguir a última causa justa que lhe aparece no algoritmo das redes sociais, decide escrever textos pautados de idealismo e de narrativas forçadas no seu blog (que porventura vêm cá parar).
Sinceramente, não consigo perceber nem como se tornou professor, nem porque é que ele sequer continua a sê-lo.
Seria melhor preocupar-se com a sua cegueira ideológica que o impede de ver as verdades, mesmo que incómodas ou vindas de alguém de que pode não gostar.
Novamente, tal como tinha comentado no último texto, nomeadamente acerca do fascismo, não percebo o que é que uma coisa tem a ver com outra. Um país com uma história e cultural (para não falar da sua relevância a nível global) quase diametricamente diferente à nossa vai fazer as coisas à sua maneira e nós à nossa.
A comparação com J.D. Vance e os generais não faz qualquer sentido. Está a misturar realidades que nada têm a ver: o contexto militar, onde a disciplina física é parte da função, e o contexto escolar, onde se discute a autonomia profissional dos docentes. Nos EUA, Vance fez uma crítica política e ideológica; nas escolas, trata-se de regras de organização interna — discutíveis, mas de natureza completamente diferente.
A analogia é, portanto, uma falsa simetria: confunde autoridade com autoritarismo e transforma um debate prático num exagero retórico.
Raf, esse país que tanto defende tem uma carga genética bem visível nos atuais governantes. Lembre-se que foi povoado por foragidos, criminosos e vagabundos alcoólicos. Além disso é um país que só ascendeu economicamente por ter aproveitado bem 2 guerras mundias onde foram simultaneamente fornecedores especulativos e credores usurários. Ultrapassou a Europa no início do século XX, apenas.Quais são as grandes referências culturais que deixam? Renascimento, não; humanismo, também não. Arte, não; padrões estéticos e éticos, também não. Talvez o maniqueísmo dos cowboys e de hollywood, as drogas e overdoses artística e do whith trash, o ku-klux-klan, o proselitismo evangélico…(???).
Que eu tanto defendo? Mas onde é que está a ler isso?
Já não é possível criticar algo sem ser catalogado como alguém que pensa no oposto direto?
Que eu tanto defendo… Deixe o seu subconsciente fora disto que se odeia os EUA ou Portugal – porque já nem percebo a qual país se refere – isso é seu problema, qu eu não gosto nem desgosto de um nem do outro. Tal como escrevi, são países completamente diferentes, com todas as suas virtudes e problemas específicos. Só limitei-me a fundamentar a minha tese de que o autor tem por hábito produzir textos cheios de idealismo de um determinada espreto político e que emprega narrativas forçadas acompanhadas por termos que não encaixam de todo com o conteúdo do texto. Mas pronto, talvez feri as suas suscetibilidades por também defender as mesmas ideias que o autor. Maldita democracia e partilha de ideias!
Seguindo a sua lógica, ainda bem que não escrevi acerca da África subsariana.
O Vance andou a proibir telemóveis? é Um Hitler autêntico. Na Coreia do Norte, Laos, China é que é bom.
JD Vance tem razão nas afirmações que fez para os generais, nas forças armadas exige-se que quem comanda seja um exemplo. Só quem nunca calçou umas botas militares faria esta comparação pateta. Infelizmente muitos acenderam na hierarquia não por mérito mas sim por serem uns lambe botas, os que fazem a diferença num campo de batalha optam por sair das forças armadas por não conseguirem pactuar com incompetentes barrigudos.
Errado, Braga. Chame os bois pelos nomes, é um ditador em cada esquina, digo escola.
O ensino está cada vez pior em termos de lideranças. Cada vez mais , os donos do pedaço e de vida airada., sugam o sangue da nanada., sem que ninguém ponha cobro a essa pornografia. Vamos cantando e rindo como os tolinhos do bairro de alguidares de baixo. Afinal , os fenómenos do entromcamento acabaram por se estender se a este pedaço à beira mar plantado.
Não percebi a ligação dos telemóveis na escola a JD Vance. A sério! Por acaso até foi o secretário da guerra, Pete Hagset, que falou na questão do laxismo que existe nas forças armadas americanas, mais concretamente, os generais. É difícil ver militares na China ou na Rússia ou até mesmo na Coreia do norte, como há neste momento nas tropas americanas wokizadas. Mas voltando ao assunto JD Vance, o que tem a ver com os telemóveis? É hora de colocar a política e o fundamentalismo ideológico fora do combate político. Deixem a escola fora da política e vamos concentrar-nos nos verdadeiros problemas.
Era muito mais fácil se os pais ensinassem os miúdos que há diferenças entre adultos e crianças, ponto final. Não tem lógica obrigar os professores a condicionar a sua vida por causa de criancinhas confusas.