Medicina do Trabalho: o remédio proibido na escola doente
Após o Dia Mundial do Professor e o Dia Mundial da Saúde Mental, é impossível ignorar a realidade: a escola está doente e quem ensina paga a fatura.
A Medicina do Trabalho surge como remédio tardio – e, para alguns diretores, indesejado. O que devia proteger é atacado; o que devia ser celebrado é contestado.
No Dia Mundial do Professor, que devia celebrar os professores, fomos presenteados com declarações de diretores que apontam para obstáculosadministrativos – como se proteger a saúde fosse uma ameaça à escola.
Este tipo de discurso tem uma força reveladora: avisão desumana da escola – uma escola que ignora que a saúde, em particular a mental, é condição de trabalho.
A Medicina do Trabalho permite a reintegração e o regresso seguro de professores. Seria melhor continuariam de atestado/baixa, em casa?
Não é (ainda) para todos, apenas e só para os que estão doentes, após: atestados/baixas, acidentes em serviço, uma mobilidade por doença, uma necessidade de avaliação médica devidamente comprovada por relatórios médicos. A maioria já passou por juntas médicas: há o duplo crivo de validação da doença.
Médicos do Trabalho não cortam — protegem
Quem ousa afirmar que “os médicos cortam horários” é injusto, é manipulador e é enganador. Ajusta-se a carga letiva para que o professor regresse com dignidade e segurança. Protege-se a fragilidade, tenta-se a inclusão, acautela-se a Saúde Mental e evita-se a discriminação na doença.
A Medicina do Trabalho não é um problema — é parte da solução
O que alguns diretores chamam de “perturbação”, de “caos” é, na verdade, o reflexo de anos de incumprimento da Lei n.º 102/2009. O espanto devia ser outro: como se aceitou, durante tanto tempo, ignorar a saúde de quem ensina?
Competências e (ir)responsabilidades
Os médicos são contratados pelos diretores, não pelos professores.
Cumprir a lei é um dever do diretor, que deve prevenir riscos e adaptar funções, não pressionar quem está fragilizado.
É preocupante ver alguns diretores a questionar, ignorar ou contestar restrições impostas por médicos– como se a gestão escolar incluísse competências de diagnósticos e prescrições médicas. Estaremos quiça a ver nascer uma nova carreira: a do “diretormédico” ?!
A inversão do culpado
Há um discurso levianamente proferido que inverte os papéis: o professor é tratado como entrave, a lei como capricho.
Estes professores fazem um esforço extraordinário para continuar a trabalhar – quando poderiam permanecer legitimamente de baixa.
O professor é válido, é valioso, e quer contribuir. Doente, sim, mas presente.
A verdadeira falha
Falha quem não aplica a lei. Falha quem recusa ajustar horários e tarefas.
Falha quem transforma um direito num incómodo.
A Medicina do Trabalho não criou o problema – apenas o revelou.
A saúde não é obstáculo: é condição de trabalho. Professores doentes não ensinam melhor – adoecem mais.
Posição da AJDF
É do nosso conhecimento, devidamente documentado, que alguns diretores adotam práticas ilegais: atuam pro lubitu suo, como se a legalidade fosse opcional.
E não são pequenos lapsos administrativos nem omissões: tratam-se de incumprimentos estruturais e decisões inconcebíveis reveladoras de uma gestão da Medicina do Trabalho digna de um manual sobre “como não fazer”.
Em vez de diretores com discursos alarmistas sobre médicos e horários, a preocupação devia ser outra: porque estão os meus professores doentes?
Professores adoecem porque o sistema falhou e falha.
A Medicina do Trabalho impede que o sistema continue a afastar quem ainda quer ensinar. Negá-la é perpetuar a doença estrutural da escola pública.
A AJDF não recua nem suaviza posições. Onde houver silêncio cúmplice, fará ouvir os factos. Onde houver abuso, haverá denúncia.
Disponibilizamos apoio, informação e formação aos diretores, para garantir a efetiva implementação da Medicina do Trabalho nas escolas.
A Associação reafirma o compromisso de expor incumprimentos e exigir responsabilização, sustentando cada ação em rigor jurídico, humanidade e responsabilidade institucional.
Porque a lei obriga, a dignidade impõe e o dever é de todos.
O incumprimento não passará impune.
Texto de Paulo Ribeiro, Presidente da AJDF – Associação Jurídica pelos Direitos Fundamentais – www.ajdf.pt

15 comentários
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Parabéns pelo artigo. Perfeito espelho do que se passa na escola pública.
A geração que entrou há 20 anos vai lixar-se ainda mais.
A medicina no trabalho vai dizer-lhes que têm de continuar. Ou vai lixá-los de outra forma qualquer.
O objetivo é eliminar esta gente. Deixá-los morrer na miséria, já que não vão ter reformas nenhumas ou se as tiverem vai ser pelo salário mínimo.
Bem estiveram os que já saíram e os que agora entram. Esses têm tudo. Os outros comem mer da.
Muito bom! Realista e factual!
A medicina no trabalho nas escolas públicas é uma inexistência ou uma fraude.
Tal como são muitas coisas.
Veja-se o caso das SAD, compostas por filhos de pu ta que apenas sabem lixar os colegas que trabalham a sério, para dar de mamar a uns nojentos lambe- c us que nada fazem.
Gente nojenta.
É isto o que é a avaliação de desempenho.
Nem mais.
Não percebo é porque esta porcaria não acaba de vez.
O ministério gosta mais de fingir avaliar professores, do que em avaliar alunos.
Isto está tudo ao contrário.
Parabéns pelo artigo, é mesmo isso!
Mas a lei é clara, é faze lá cumprir se e quem fica nauseado com ela, tome medicamentos para o efeito! Há tantos no mercado!
A ficha de aptidão passada pelo médico da Medicina do Trabalho é para CUMPRIR, e acabou a novela!!!
Excelente artigo e Excel trabalho da associação
Excelente artigo. Nunca um direito dos professores pode ser obstáculo aos diretores. Se não conseguem dar conta do recado que se demitam. Não é andarem a dizer umas baboseiras como acontece com o Filinto.
Os diretores, coordenadores e outros que tais são uns pulhas!
Essa é a verdade!
As SAD são compostas por gentalha ordinária que nunca fez nada como professores.
São lambe-botas dos diretores que se usam deles para fazer a sua política desprezível nas escolas.
Os coordenadores de departamento, e os avaliadores internos (muitas vezes são as mesmas pessoas), são lambe-botas nomeados pelos diretores ou pseudo-eleitos através deles.
Esta gentalha ordinária não tem competência, capacidade ou seriedade para o cargo que exerce e muito menos para avaliar ninguém.
Foram os primeiros a protestar contra tudo, mas foram os primeiros a ganhar com o sistema. E os que tramaram os outros com a sua prepotência, mentira, falsidade e compadrio.
A pulhice existe nas escolas. E está bem viva.
A Medicina do Trabalho tem como objetivo garantir a saúde e segurança dos trabalhadores (neste caso particular, dos Professores) no seu ambiente laboral (Escola).
Para cada caso, orientamos os ASSOCIADOS da AJDF nos procedimentos e fazemos o acompanhamento até ao final.
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Ou seja, desde o pedido da consulta, orientação para os relatórios, juntas médicas e consulta de Medicina do Trabalho, análise da Ficha de Aptidão com respetivo controle da sua aplicação e, ainda, a indicação de diferentes médicos especialistas, se necessário.
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Todos os passos são de extrema importância para que o processo tenha o desfecho pretendido e as recomendações da Ficha de Aptidão sejam as adequadas à sua condição de saúde.
Se necessitar de ajuda, a AJDF está a fazer o aconselhamento e o acompanhamento nestas questões (relatórios, requerimento para a consulta, preparação da consulta e resolução das questões/situações que muitas vezes surgem após a consulta e a emissão da respetiva Ficha de Aptidão) a todos os seus ASSOCIADOS.
Envie sff um pequeno relato da situação para o nosso email anexando toda a documentação relevante que daremos feedback assim que tivermos oportunidade.
NOTA: a prioridade nas respostas é sempre dada aos ASSOCIADOS, como devem compreender.
ajdf.geral@gmail.com
Site: http://www.ajdf.pt
Facebook: http://www.facebook.com/ajdfundamentais
DIVULGAÇÃO – Grupo de WhatsApp
➡️ AJDF – Dúvidas e Questões – 2 ⬅️
O objetivo deste grupo é esclarecer as dúvidas e questões através da troca e partilha de experiências pessoais e profissionais dos seus membros.
Temas a serem trabalhados:
• Aplicação correta do Artigo 79.º do ECD;
• Combate ao ASSÉDIO no local de trabalho;
• Implementação da Medicina do Trabalho (Serviços Moderados).
⚠️🚨⚠️
É um grupo aberto onde TODOS os membros podem participar e colocar as suas dúvidas.
A exigência do cumprimento da lei no Artigo 79.º e na Medicina do Trabalho (com a possibilidade de atribuição de Serviços Moderados), assim como o combate ao ASSÉDIO no local de trabalho (em particular, nas Escolas), são apenas três dos pontos em que estamos a trabalhar neste momento.
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Vai daí o pulha que costumava estar na sala onde fui votar nas legislativas mudou de sala.
Que pena pois esse dretouro do meu agrupamento que não é mais do que um feudo da política PS me enviou de baixa prolongada diretamente à junta médica.
Estamos no feudo de um dretouro e uma corte enorme de PS. É simples a sua actueção : escorraçar e intimidar os contra!
VIVA A LIBERDADE.
Concordo com tudo e apoio sobretudo estas frases:
Falha quem não aplica a lei. Falha quem recusa ajustar horários e tarefas.
Falha quem transforma um direito num incómodo.
A Medicina do Trabalho não criou o problema – apenas o revelou.
A saúde não é obstáculo: é condição de trabalho. Professores doentes não ensinam melhor – adoecem mais.
Excelente artigo. É preferível o professor com problemas diagnosticados ter redução da componente letiva e continuar útil á escola do que meter baixa e contribuir com zero. Alguns diretores deste país têm uma mente tão limitada que não vêm isso.
Por vezes dizem coisas sem reflectirem minimamente e depois sai bosta.
O problema está em querer por professores com mais de 60 anos já completamente desgastados a dar aulas. Esse é o cerne da questão. Os políticos deste país não percebem nada sobre a atividade de leccionar neste país