15 de Junho de 2025 archive

A cobardia anda perigosamente à solta…

Parece que algumas criaturas monstruosas, pretensamente puras de sangue, resolveram sair das cavernas onde se encontravam, disseminando brutalidade e intimidação, traduzidas por actos de violência física e verbal contra cidadãos que não fizeram mal a ninguém

Torna-se cada vez mais evidente que algumas criaturas monstruosas, pretensamente puras de sangue, mas efectivamente puras de imbecilidade, tudo farão para instalar a intolerância e a tirania, tentando, ao máximo, limitar, proibir ou abolir certos direitos civis, entre eles a liberdade de expressão…

A propósito dessa inestimável prerrogativa, intrínseca ao exercício da cidadania, vêm ao pensamento estas palavras de George Washington:

Se a liberdade de expressão nos for retirada, então mudos e silenciosos poderemos ser levados, como ovelhas para o matadouro.”

A actual demanda pela difusão de mensagens populistas, muitas vezes pejadas de informação falsa, eivadas de radicalismo anti-democrático e de intolerância terá, obviamente, como principal finalidade o regresso das “trevas” e da opressão

Nunca como agora, a Democracia, instaurada pelo 25 de Abril de 1974, parece tão ameaçada por enfáticos apelos ao nacionalismo, aparentemente muito saudosos do ideário do Estado Novo, que, se não forem travados, poderão levar ao ressurgimento do fascismo, do autoritarismo e da arbitrariedade

Os extremismos ideológicos, intrinsecamente pautados pelo dogmatismo, pelo fanatismo e pela “cegueira doutrinária”, não poderão ser tolerados em nenhum regime que se arrogue como democrático...

Onde quer que esteja, Salgueiro Maia, um Homem verdadeiramente íntegro e o maior “desobediente” da nossa História, estará, por certo perplexo e inquieto: alguns dos seus concidadãos parecem ter esquecido que certos desígnios nacionalistas e fascistas conduziram a uma tenebrosa Ditadura que perdurou por quase cinco décadas…

E, com franqueza, neste momento já pouco interessarão as causas que levaram a estes tempos sombrios e conturbados, dominados pela ambição de domínio e de Poder…

Interessa, realmente, neste momento, contrariar, por todas as vias possíveis, o regresso a um passado malévolo e perverso, sem nunca esquecer tudo o que se passou durante o Estado Novo em matéria de supressão dos direitos civis, em particularaos opositores do regime, paradigmaticamente ilustrada pelas prisões do Tarrafal, do Aljube, de Peniche ou de Caxias…

Ignorar o anterior é meio caminho andado para permitir a sua repetição…

Não podemos ignorar que a ameaça à Liberdade é real, temdefensores, tem rostos e tem nomes…

 

Não podemos “pedir desculpa” pelo 25 de Abril de 1974…

 

Não podemos ter medo de enfrentar a ameaça fascista, se quisermos preservar a Liberdade conquistada

 

Não podemos ser complacentes e olhar para a pretensão do regresso do fascismo como se isso fosse natural ou normal…

 

Não podemos desvalorizar ou subestimar a ameaça aos direitos civis, sempre agregada ao nacionalismo e ao fascismo…

Lamenta-se profundamente que, no passado dia 18 de Maio, mais de um milhão de cidadãos portugueses tenha confiado o seu voto a um Partido Político cuja ideologia se situa nos antípodas da Democracia

Obviamente que os actos de violência física e verbal praticados por algumas criaturas monstruosas, contra pessoas que não fizeram mal a ninguém, não serão alheios à força concedida por essa votação

O apoio, o suporte e, de certa forma, também, a protecção,providenciados por via desse sufrágio não podem ser escamoteados, ainda que nem sempre sejam explícitos e assumidos

A cobardia anda perigosamente à solta e uma parte da responsabilidade pelos actos hediondos que têm vindo a ser praticados não pode deixar de ser remetida a todos os cidadãos que votaram em tal Partido Político… O voto tem consequências e, neste momento, algumas já são bem visíveis…

E mesmo que a principal explicação para esse voto seja o “protesto contra o sistema”, como repetidamente se tem ouvido, não será possível ficar-se muito descansado, acreditando que a maioria desses eleitores desconhecesse a matriz ideológica do Partido em que votou ou que não a tivesse subscrito…

 

Além disso, convirá saber, antes de votar, exactamente no que se vota e que consequências poderão daí advir…

A qualquer ser que se mostre minimamente tolerante face a certos actos selvagens, que vão sendo cometidos por criaturas monstruosas, pergunta-se:

– E se fosse contra si tolerava? E se fosse contra um seu ente querido aplaudia?

Escusamos de ter ilusões: a cobardia anda perigosamente à solta e ninguém estará a salvo da barbárie perpetrada por criaturas pretensamente puras de sangue, mas efectivamente puras de imbecilidade…

Directa ou indirectamente, todos sofreremos as consequênciasda sua cobardia, se a mesma não for contrariada

De resto, se nada for feito, “as ondas de choque” e as consequências perniciosas dessa cobardia acabarão também por se fazer sentir de forma acentuada no contexto escolar

Depois que não venham certos ungidos da intelligentsia(alusão a Thomas Sowell) mostrar-se muito abalados eindignados perante algo que era perfeitamente previsível… O exercício da cidadania não se compadece com “lágrimas de crocodilo” derramadas depois da tragédia…

Paula Dias, impura de sangue, com muito orgulho.

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As Dgeste regionais vão sobreviver à reorganização do estado?

O Governo vai avançar com uma reorganização que passa pela extinção de secretarias-gerais setoriais, de estruturas duplicadas e fusão de entidades, para obter uma “redução líquida” das entidades da administração direta do Estado.
O Executivo pretende ainda “reorganizar funções e extinguir estruturas duplicadas, observató­rios e grupos de trabalho redundantes”, com a respetiva revisão da despesa as­sociada, e avaliar a “racionalidade organizacional em toda a Ad­ministração Pública”.

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Tommy ou a má sorte de ser criança – João André Costa

 

Para nascer neste mundo é preciso ter muita sorte e sorte não é, nem nunca foi, o nome do meio do Tommy.
Aluno do oitavo ano na escola do Luís, o Tommy já viu de tudo e tudo é desde a mãe vítima de violência doméstica à toxicodependência dos pais, tudo é um par de anos em casa dos avós enquanto a mãe recupera e o pai não, e tudo é o falecimento do irmão mais novo vítima de leucemia e a hospitalização da mãe depois de mais uma intoxicação e quem diz intoxicação diz overdose.
Dir-se-ia estar o Tommy traumatizado e está, bastando a ausência de um professor ou um novo aluno na escola para levar a mais um episódio de auto-mutilação e a ansiedade na ponta das canetas, nos lápis, nas unhas, compassos e nos famosos afias a nascer do chão independentemente dos mil cuidados levados a cabo pela escola ao melhor estilo de um filme de terror.
E às vezes o Luís pensa não ter sido esta a razão para um dia se entregar ao ensino: não só para ensinar mas para cuidar do outro, a começar no aluno e a acabar na família e sociedade em redor.
E o Luís não queria ser enfermeiro, mas é, e de caminho tudo o resto e o Luís nem sequer tem filhos. Não precisa, basta ir para a escola.
Escusa é de trazer os “filhos” para casa e para as noites sem sono.
Voltando ao Tommy, a mãe teve alta hospitalar e o Tommy voltou a casa para mau grado dos serviços sociais.
Isto porque dia sim, dia não, o Luís recebia chamadas ininterruptas da assistente social a perguntar sobre o bem-estar do Tommy e se mãe está à altura da tarefa mais todas as responsabilidades intrínsecas.
De caminho, a esmerada assistente social convocou a mãe para o tribunal com o único objectivo de colocar o Tommy numa família de acolhimento e o Luís sem perceber o porquê de querer tanto mal a uma criança.
Mas com o aproximar da data do julgamento o Luís recebeu uma chamada da advogada oficiosa a perguntar da justiça do Luís e o Luís disse de sua justiça: a mãe traz o Tommy todos os dias à escola e todos os dias vem ao portão esperar pelo Tommy; sim, o Luís já foi lá a casa entregar trabalhos de casa quando o Tommy esteve doente e a casa está arrumada e em condições; não, a mãe não sabe como fazer ou reagir e a ansiedade da mesma e dos demais professores é uma constante a cada episódio de auto-mutilação; e sim, a mãe pede ajuda e, mais importante ainda, aceita a ajuda e os conselhos de quem na escola trabalha com o Tommy o dia por inteiro; sem esquecer aquando da hospitalização do Tommy a achar-se um peso para todos e a não querer mais estar presente e a mãe prontamente no hospital para render o Luís, e é sempre o Luís, como representante legal da criança.
Em suma, a mãe não tem mãos a medir nem as respostas todas, e quem são os pais com as respostas todas, e na ausência de respostas mil e uma perguntas e a mãe do Tommy pode não saber mas quer saber e está a tentar cuidar e amar apesar dos anos perdidos e por causa dos anos perdidos.
A advogada oficiosa agradeceu para dar lugar à assistente social na caixa de correio electrónico, mas como o Luís já tinha dito de sua justiça à advogada “por favor entre em contacto com a mesma” e por escrito podemos ser quem quisermos e dizer tudo quanto queremos (até começar a liberdade do outro).
Uma semana depois a advogada oficiosa foi lá à escola: estava só de passagem e queria dizer olá e obrigada em nome do Tommy à guarda da mãe por decisão do tribunal.
Por decisão do tribunal e graças ao testemunho do Luís e não é apenas uma questão de bom senso, faz sentido e é justo.
E se como professores olvidamos tantas vezes o nosso papel diante do frenesim dos dias e dos petizes ao nosso cuidado, a verdade é só uma: estamos a mudar a vida das crianças, um aluno de cada vez.
Naquele dia o Luís mudou a vida do Tommy e o Tommy nunca se esqueceu. Apesar de não dizê-lo. Não é preciso, está aqui escrito.

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