Parece que algumas criaturas monstruosas, pretensamente puras de sangue, resolveram sair das cavernas onde se encontravam, disseminando brutalidade e intimidação, traduzidas por actos de violência física e verbal contra cidadãos que não fizeram mal a ninguém…
Torna-se cada vez mais evidente que algumas criaturas monstruosas, pretensamente puras de sangue, mas efectivamente puras de imbecilidade, tudo farão para instalar a intolerância e a tirania, tentando, ao máximo, limitar, proibir ou abolir certos direitos civis, entre eles a liberdade de expressão…
A propósito dessa inestimável prerrogativa, intrínseca ao exercício da cidadania, vêm ao pensamento estas palavras de George Washington:
“Se a liberdade de expressão nos for retirada, então mudos e silenciosos poderemos ser levados, como ovelhas para o matadouro.”
A actual demanda pela difusão de mensagens populistas, muitas vezes pejadas de informação falsa, eivadas de radicalismo anti-democrático e de intolerância terá, obviamente, como principal finalidade o regresso das “trevas” e da opressão…
Nunca como agora, a Democracia, instaurada pelo 25 de Abril de 1974, parece tão ameaçada por enfáticos apelos ao nacionalismo, aparentemente muito saudosos do ideário do Estado Novo, que, se não forem travados, poderão levar ao ressurgimento do fascismo, do autoritarismo e da arbitrariedade…
Os extremismos ideológicos, intrinsecamente pautados pelo dogmatismo, pelo fanatismo e pela “cegueira doutrinária”, não poderão ser tolerados em nenhum regime que se arrogue como democrático...
Onde quer que esteja, Salgueiro Maia, um Homem verdadeiramente íntegro e o maior “desobediente” da nossa História, estará, por certo perplexo e inquieto: alguns dos seus concidadãos parecem ter esquecido que certos desígnios nacionalistas e fascistas conduziram a uma tenebrosa Ditadura que perdurou por quase cinco décadas…
E, com franqueza, neste momento já pouco interessarão as causas que levaram a estes tempos sombrios e conturbados, dominados pela ambição de domínio e de Poder…
Interessa, realmente, neste momento, contrariar, por todas as vias possíveis, o regresso a um passado malévolo e perverso, sem nunca esquecer tudo o que se passou durante o Estado Novo em matéria de supressão dos direitos civis, em particularaos opositores do regime, paradigmaticamente ilustrada pelas prisões do Tarrafal, do Aljube, de Peniche ou de Caxias…
Ignorar o anterior é meio caminho andado para permitir a sua repetição…
Não podemos ignorar que a ameaça à Liberdade é real, temdefensores, tem rostos e tem nomes…
Não podemos “pedir desculpa” pelo 25 de Abril de 1974…
Não podemos ter medo de enfrentar a ameaça fascista, se quisermos preservar a Liberdade conquistada…
Não podemos ser complacentes e olhar para a pretensão do regresso do fascismo como se isso fosse natural ou normal…
Não podemos desvalorizar ou subestimar a ameaça aos direitos civis, sempre agregada ao nacionalismo e ao fascismo…
Lamenta-se profundamente que, no passado dia 18 de Maio, mais de um milhão de cidadãos portugueses tenha confiado o seu voto a um Partido Político cuja ideologia se situa nos antípodas da Democracia…
Obviamente que os actos de violência física e verbal praticados por algumas criaturas monstruosas, contra pessoas que não fizeram mal a ninguém, não serão alheios à força concedida por essa votação…
O apoio, o suporte e, de certa forma, também, a protecção,providenciados por via desse sufrágio não podem ser escamoteados, ainda que nem sempre sejam explícitos e assumidos…
A cobardia anda perigosamente à solta e uma parte da responsabilidade pelos actos hediondos que têm vindo a ser praticados não pode deixar de ser remetida a todos os cidadãos que votaram em tal Partido Político… O voto tem consequências e, neste momento, algumas já são bem visíveis…
E mesmo que a principal explicação para esse voto seja o “protesto contra o sistema”, como repetidamente se tem ouvido, não será possível ficar-se muito descansado, acreditando que a maioria desses eleitores desconhecesse a matriz ideológica do Partido em que votou ou que não a tivesse subscrito…
Além disso, convirá saber, antes de votar, exactamente no que se vota e que consequências poderão daí advir…
A qualquer ser que se mostre minimamente tolerante face a certos actos selvagens, que vão sendo cometidos por criaturas monstruosas, pergunta-se:
– E se fosse contra si tolerava? E se fosse contra um seu ente querido aplaudia?
Escusamos de ter ilusões: a cobardia anda perigosamente à solta e ninguém estará a salvo da barbárie perpetrada por criaturas pretensamente puras de sangue, mas efectivamente puras de imbecilidade…
Directa ou indirectamente, todos sofreremos as consequênciasda sua cobardia, se a mesma não for contrariada…
De resto, se nada for feito, “as ondas de choque” e as consequências perniciosas dessa cobardia acabarão também por se fazer sentir de forma acentuada no contexto escolar…
Depois que não venham certos “ungidos da intelligentsia”(alusão a Thomas Sowell) mostrar-se muito abalados eindignados perante algo que era perfeitamente previsível… O exercício da cidadania não se compadece com “lágrimas de crocodilo” derramadas depois da tragédia…
Paula Dias, impura de sangue, com muito orgulho.
