Afonso. Avô, a minha Professora disse que um algoritmo é uma receita. É disparate?
Avô. O que é que tu achas?
Afonso. Não sei, Avô, mas ela já está velhota, já tem 32 anos… se calhar já não regula bem.
Avô. Se a tua Professora está velhota com 32 anos, o que é que tu achas do teu Avô, que podia ser também avô dela?
Afonso. Mas tu és meu avô, não és avô dela.
Avô. Voltemos ao algoritmo. O que é que tu achas que é?
Afonso. Não sei, Avô, mas não acho que seja a explicar como é que se faz uma canja de galinha!
Avô. Então explica-me lá como é que tu fazes uma canja de galinha. Pões a galinha viva numa panela a ferver?
Afonso. Oh Avô, já pareces a Professora, só fazes perguntas e não explicas.
Avô. Mas como é que fazes?
Afonso. Então, primeiro vou ao galinheiro e apanho uma galinha. Não, eu não sou capaz. Peço à minha Mãe para ser ela a escolher.
Avô. Porquê? Não sabes escolher?
Afonso. Não, Avô, faz-me pena.
Avô. Pronto, é a Mãe que escolhe. E depois, és tu que matas a galinha?
Afonso. Não, Avô, faz-me impressão, não sou capaz. Quem lhe corta o pescoço é a Mãe.
Avô. Então, já tens uma galinha morta, sem pescoço. O que é que vem a seguir? Metes na panela?
Afonso. Acho que a Mãe a mete primeiro numa panela a ferver para se depenar melhor. Depois, depena, corta-lhe o bico e as patas, tira-lhe as tripas, corta-a aos bocados e só depois é que a põe a cozer.
Avô. Então e coze na mesma água onde esteve com as penas e as patas?
Afonso. Não, Avô, a Mãe já tem um tacho grande a ferver com água limpa e mete lá a galinha. Mas mete outras coisas: cebola, alho, louro, sal, hortelã… e só no fim é que põe arroz. Outras vezes põe massa.
Avô. Ainda preciso de te explicar o que é um algoritmo?
Afonso. Ah… algoritmo é tudo o que se mete na panela!
Avô. Não, Afonso. O algoritmo é o caminho — são todos os passos que tens de dar, todas as operações para realizar uma obra. Pode ser uma canja, uma operação de cirurgia, descobrir a vacina certa contra a Covid ou mesmo construir a bomba atómica. Um algoritmo é um método, uma disciplina.
Afonso. Agora percebi, Avô. Amanhã já vou explicar tudo direitinho à Professora.
Avô. Ela vai agradecer e ficar contente — não por lhe ensinares, mas por teres aprendido com gosto.