Stephen William Hawking , o círculo vicioso e o padrão – Alfredo Leite

 

Encontro muitas semelhanças entre a maioria dos professores com quem contacto e Stephen Hawkins. Muitos destes professores também têm as suas limitações físicas.

Há professores com úlceras, há professores com paralisias, há professores sem um olho…há dias, conheci em Lagos, uma professora com um problema de coração, que nem consegui entender bem o que era…

Mas a semelhança principal, nem é nas limitações, porque as limitações do físico eram, realmente, bem profundas (embora também haja professores com cancro, com depressões,…).

Vejo semelhanças porque ser professor é das profissões mais importantes, porque um bom professor poder dar aos alunos uma visão de Universo.

O círculo vicioso que mais temo nas Escolas é, verdadeiramente, assustador. Há professores desmotivados. Não têm esperança. Levantam-se desmotivados. As aulas, os alunos, ressentem-se da desmotivação. Isto desmotiva o professor. Deixa de ver os pontos positivos das coisas. Isso torna-o desmotivado. E assim, vai-se agravando.

Naturalmente, avaliamos as nossas sessões nas Escolas. Geralmente, utilizamos um questionário. Não usamos em todas as sessões. À sorte, escolhemos algumas sessões para ficarmos com uma amostra. Penso que será interessante partilhar alguns dados.

As nossas sessões têm uma avaliação excelente! Claro que, sendo humanos, também temos defeitos. Por vezes, também temos maus dias. O interessante é avaliar o padrão. A pequena minoria que não gosta das nossas sessões, obedece a um padrão.  

Geralmente, não têm filhos. Geralmente, não estiveram envolvidos em nenhum projeto “extra-escola” nos últimos seis meses. Usualmente, não conseguem dar três alternativas à nossa atividade. Numa escala de 1 a 5, classificam de 3,5 (em média) a “qualidade da sua relação com os outros professores”. Genericamente, não participaram em nenhuma Formação nos últimos dois anos. 

Stephen Hawkin deixou um legado. Como os professores também vão deixar. A maioria, deixará um bom legado. Desafiar limites, indagar sobre o Universo e ter sentido de humor. Aprender sempre. Ser frontal. Falar na cara, em vez de “mandar o email, usando uma técnica artificial.

O físico sempre alertou para os perigos da inteligência artificial!

E quem é que nos pode salvar desses perigos? Os melhores professores, claro! Ajudando os alunos a desenvolverem o seu lado ético. Sendo firmes, assertivos e capazes de disciplinar. Interrompendo o círculo vicioso quando ele começar. Fugindo do padrão destrutivo. Aprendendo todos os dias. Eu, ainda hoje, na Escola EB 23 Moinhos da Arroja, aprendi isso com as professoras, nomeadamente com a delicadeza da professora Paula Oliveira.

Às vezes, quando estou carente, também procuro a “simpatia fácil”. Sou até capaz de chegar perto de aceitar um sorriso fácil, um gesto politicamente correto, um apoio superficial de um estranho. Felizmente, este devaneio passa-me rápido. E logo me refugio nas minhas relações verdadeiras. Felizmente, tenho bastantes destas relações. Assim, volto para o meu lado profissional com mais pragmatismo, profissionalismo e foco. Como os melhores professores.

Como os melhores professores: ultrapassando limitações, ensinado o Universo, fugindo do círculo vicioso da desmotivação e não caindo no padrão destrutivo, para ajudar os alunos a transformar o cérebro e o coração. Porque os melhores professores fazem por ter bom cérebro e um bom coração. Coração entre aspas, porque como me ensinou a professora de Lagos, até com insuficiência cardíaca (ninguém sabe com que esforço!), se podem dar boas aulas.  

 

 

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