Com o João Grancho a Secretário de Estado

Estes casos serão todos resolvidos, ou não?

 

Professora leva com porta e vai para o hospital. É bom que se habituem, diz aos docentes um membro da direcção

 

Algures durante uma semana como outras (que podia ter sido a semana passada) numa escola de um subúrbio de Lisboa cujo nome não me vem à cabeça (e podia aliás ter sido outro) um aluno estava a provocar agressivamente dois colegas. Eles respondiam-lhe, e não havia maneira de a aula poder começar.

A professora tentou chamá-los à razão. Como não obedeceram, chamou duas funcionárias e pediu-lhes que levassem o provocador para a sala de estudo cumprir determinada tarefa – procedimento regulamentar, segundo parece. O provocador recusou a ordem. As funcionárias puxaram, ele resistiu, o impasse durou algum tempo. Por fim, elas disseram que iam chamar o conselho directivo.

Nessa altura o aluno levantou-se e, em tom desafiador, começou a andar vagarosamente para a saída,  distribuindo pequenos toques à sua passagem. A professora foi na mesma direcção, para fechar a porta. Aí ele olhou-a com raiva, pôs o pé a travar a porta, e disse que ela nunca devia ter saído do hospital.

A injúria assustou a professora. que se defendeu como podia, fechando a porta, à qual o aluno, já fora de si, começou a dar pontapés. Ao terceiro, conseguiu abri-la, com tanta força que acertou na professora, a qual caíu no chão, ficando a sangrar copiosamente da cara enquanto os alunos se levantavam gritando – e uma ou outra chorando.

As funcionárias foram chamar o conselho directivo, que não apareceu logo. Vários professores indignados reportariam depois o primeiro comentário que ouviram a um responsável da escola. Na mesma altura em que os bombeiros assistiam a professora ferida antes de a levarem para o hospital, esse responsável terá dito em tom sentencioso, referindo-se aos professores: É bom que se habituem a estes comportamentos hoje em dia.

A mensagem implícita, segundo quem ouviu, era que aquilo (a violência) acontecia aos docentes que não usavam os métodos pedagógicos adequados para lidar com turmas de ‘curriculo anternativo’ ou onde existem alunos que por qualquer motivo têm problemas. Quem precisa de ser educado, portanto, são os professores. Se não se portam bem – se não aplicam os métodos correctos – vem logo o castigo físico.

Pelos vistos, este velho método educativo já não é usado nos alunos (felizmente), mas pode ser usado nos professores mais ou menos à vontade. Será o currículo alternativo deles… Enfim, sempre é progresso.

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15 comentários

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    • RM on 29 de Outubro de 2012 at 15:16
    • Responder

    Faz agora um ano que me sucedeu algo semelhante: a porta não me acertou na cara, apena numa mão e uma farpa de madeira enterrou-se profundamente no polegar (debaixo da unha). No entanto, quer a DT, quer a Direção da Escola agiram de imediato: a aluna regressva à escola após um ano de ausência_colocada noutra_por ter agredido uma professora. Estava referenciada na CPJ….

  1. O mais “normal” é a Direcção e todos os outros assobiarem para o lado. Em relação ao membro da direcção, não cairia em saco roto mandá-lo para o carvalho. Melhor lhe ficaria ainda ele substituir a colega que levou com a porta a dar seja lá o que for que ela estava a dar pq não me parece que seja preciso grande conhecimento para a turminha em causa. Seja qual for a formação do membro da direcção, de certeza que se aguenta à bronca. E isso é que era coisa de homem ou mulher.

    • pumba on 29 de Outubro de 2012 at 15:55
    • Responder

    Isto chegou a um ponto nojentooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!

    • José on 29 de Outubro de 2012 at 16:33
    • Responder

    E que tal um Prof. mandar um banano na tromba a esse membro da direção? E se não está habituado que se habitue….. Infelizmente são poucas as direções que não são alacaias politicas.

    • isa on 29 de Outubro de 2012 at 16:52
    • Responder

    Aqui está o resultado dos projectos e “projectinhos”, adaptados à realidade sócio-económica do meio, às necessidades dos meninos e todas aquelas cantigas que já sabemos. Estratégias para aguentar a falta de educação dos pais, dos filhos, para contrariar a falta de vontade de trabalhar de ambos, enfim…
    Quando é que vamos parar com estas brincadeiras que todos sabemos que vão dar mau resultado? Que sociedade é que estamos a criar?

    • Laura on 29 de Outubro de 2012 at 19:33
    • Responder

    Completamente surreal… Ao que esta profissão chegou… Qualquer dia tenho vergonha de dizer que sou professora.

    • Batista on 29 de Outubro de 2012 at 20:17
    • Responder

    Sim, a situação descrita é inacreditável!

    Quanto ao Dr. João Grancho, pode começar por fazer cumprir as suas ideias e agir de acordo com os seus ideais. Pode começar por colocar em prática o que defende, ou será que já não defende?

    Para os mais distraídos…

    Como superar o problema (stress entre classe docente?)

    “Reduzindo as turmas para um limite de 20 alunos; dando espaço e tempo para os docentes prepararem aulas na escola; dotando as escolas com psicólogos; dando estabilidade aos docentes, pois muitos não sabem se terão emprego no ano seguinte. Os docentes precisam de sentir confiança de quem governa e da sociedade.”

    Entrevista a João Grancho, então presidente da Associação Nacional de Professores, Correio da Manhã, 22 Abril 2011

    Hoje, João Grancho é o secretário de Estado para o Ensino Básico e Secundário.

    Concluindo, pode começar a agir!

    • Alberto Miranda on 29 de Outubro de 2012 at 20:25
    • Responder

    “Dois psicólogos vão na rua e encontram um indivíduo barbaramente agredido no chão. Viram-se um para o outro e dizem: hé pá!, temos de encontrar o indivíduo que fez isto. Está a precisar urgentemente de ajuda! – ou de como nas escolas se funciona. primeiro os tadinhos, depois os q levram tareia.”

    • mais um on 29 de Outubro de 2012 at 20:38
    • Responder

    “numa escola de um subúrbio de Lisboa cujo nome não me vem à cabeça”, um aluno cujo nome não me recordo agrediu uma certa professora, um membro da direção disse não me recordo bem o quê…
    enquanto as denúncias forem tão vagas, não esperem melhorias…rumo à falência, aqui vamos nós.
    ACORDEM!

    • Daniel on 29 de Outubro de 2012 at 21:13
    • Responder

    Sorte a dessa escola. Pelos visto ainda tem por lá uma direcção…

    Imaginem aqueles escolas onde os incidentes disciplinares são recorrentes e que estão entregues a um coordenador. É o caos.

    • Sinistro on 29 de Outubro de 2012 at 23:29
    • Responder

    Cambada de anjinhos. Mas vivem em que Mundo? Que idade têm? Isto está entregue a uma cambada de putos mimados que se julgam capazes de ser professores. Está visto! Isto é só o começo, preparem-se para o que aí vem. Quando começar a acontecer o que normalmente acontece em escolas de países supostamente desenvolvidos, vamos ver o que vão dizer. Quando um puto levar uma pistola para a escola e aviar meia dúzia de colegas, vão ver como elas mordem. Quero ver onde este Casanova se vai enfiar. Espero que nesse dia, esse senhor seja imediatamente detido e responsabilizado até às últimas consequências.

    • Maria on 2 de Novembro de 2012 at 1:21
    • Responder

    Aulas adaptadas à realidade sócio-económica do meio, às necessidades dos meninos … urge disciplina nas escola. Este anula deve ser punido severamente de forma a não repetir a brincadeira. Depois este director sabe que não existe frmação para tratar estas “bestas” que deveriam estar numa casa de correcção e não nas escolas. Quanto ao cometáro infeliz do director espro que seja apenas um comentário infeliz, embora tenha conehcido “patetas” que acham que estas “bestas” se tratam com pedagogia. EStas opiniões são o prato do dia. Urge denunciar estes casos e tud fazer para ser aplicado o novo estatuto de aluno.

    • Joana on 2 de Novembro de 2012 at 12:03
    • Responder

    Quando os professores, no passado, tinham o direito de bater nos alunos a torto e a direito era o 8… Eu sempre disse que pelo andar da carruagem íamos chegar ao 80… Ora cá está ele! A educação em Portugal está pela hora da morte e a culpa não é dos pais, é do PAÍS que não impõe regras a ninguém, a não ser aos professores que exercem aquilo para que foram formados com bastante distinção (o ensino), esses sim têm de ser EDUCADOS! Francamente…

    • Pipi das meias altas!!! on 2 de Novembro de 2012 at 22:33
    • Responder

    Este aluno se não for menor de 18 anos apenas poderá levar até 12 dias de suspensão!! Depois volta e continua a nada fazer.

    O novo estatuto do aluno é mais uma grande mentira!!! Suspende-se um aluno mais de 3 dias e a escola têm que lhe fazer um plano de Actividades pedagógicas e pedir parcerias a entidades locais…Tenham vergonha senhores MEC!!

    • Manuel Bragança dos Santos on 7 de Julho de 2013 at 8:39
    • Responder

    A mim, choca-me, sobremaneira, o atávico fatalismo da nossa gente, sempre tão cordatamente anestesiada, adormecida no banho-maria do marasmo nacional, na modorra dos dias decadentes que a integração europeia tão bem soube e conseguiu potenciar, em surpreendente contraponto com o outro lado da moeda (única) do conjunto dos múltiplos e diversificados aspectos que, por si só, a integração poderia e deveria significar, nomeadamente sob os pontos de vista social, cultural, político, ambiental, económico, financeiro, educacional, etc., etc., etc..

    Só me admira, portanto, não aquilo que de anacrónico se tem passado, mas, pelo contrário, tudo quanto tem ficado por acontecer no rol das diatribes mais ou menos expectáveis.

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