A segunda carta aberta de Luís Braga.
Também concordo que a DGRHE seja a máquina das colocações. Não adianta inventar muito nesta matéria, já que 99% das escolas gostavam de ter reconduzidos os professores que ficam colocados centralmente.
Carta a um matemático pela salvação de uma fórmula
Ex.mo. Senhor Ministro da Educação,
Hesitei muito antes de arrumar, sob a forma de carta virtual, estas mal alinhadas palavras.
Quem lhe escreve com atrevimento é um mísero parolo de Viana. Professor vai para 16 anitos, depois de uma razoável dose de estudo, num percurso relativamente bem sucedido, com muitos exames e rigor docente, desde a primária, (já que adiantei um ano, à conta de uma professora rigorosa e acabei, por isso, a ter exame na 4ª classe, coisa rara em gente da minha idade – e não me fez mal nenhum).
Professor do básico, não por falta de alternativa financeira mais compensadora, mas talvez por ter ainda na alma resquícios da vontade juvenil de ser frade missionário ou pelo peso de uma tradição familiar já centenária.
…
No entanto posso deixar duas soluções ao Sr. Luís Braga para responder à sua carta aberta:
1ª Anule o seu contrato de Território Educativo de Intervenção Prioritária de forma a que seja a DGRHE centralmente a efectuar as colocações em Darque.
2ª Faça a sua fórmula matemática de acordo com o seu pensamento.
12 comentários
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Depois de muito esforço, lá consegui ler a carta toda.
Espanta-me que um docente de letras consiga falar de uma maneira tão “desumana” dos docentes. As pessoas que trabalham nas escolas tem de ser medidas por mais do que a graduação que possuem.
Admito que o processo que existe actualmente não é o melhor, mas cingir-nos simplesmente a anos de serviço e escolher acreditar que a passagem do tempo numa mesma actividade torna um profissional excelente, no meu ver é simplesmente errada.
A ideia de uma formula é sempre boa e apoio o Sr. director, mas é essencial que nessa formula matemática seja tida em consideração a dinâmica, a vontade, a inovação e não só o tempo de serviço.
Por muito que custe ouvir a toda a classe docente a avaliação é necessária, mas tem que ser bem pensada.
Just my two cents.
Se tiver em conta todas essas competências será muito bom. Metade dos professores do quadro irão para a rua e darão lugar a gente que deseja mesmo muito trabalhar!!
Uma pergunta: Como é que o(a) Sr.(a) foi ou é seleccionado(a)????
Não sei se a pergunta era para mim, mas respondo-a de qualquer maneira.
Fui seleccionado à dois anos atrás por oferta de escola (para uma TEIP), depois do mesmo horário ter sido rejeitado 5 vezes.
No ano passado, fui “reconduzido” daquela maneira que toda a gente se queixa este ano (oferta de escola em que um dos critérios era continuidade pedagógica). No entanto fiquei com menos horas lectivas (cortes governamentais).
Este ano não fiquei com horário na mesma escola, pois ele foi todo cortado pelo MEC.
O post de cima foi só um desabafo, pois nesse período vi muita gente (do quadro e sem ser) encostada pelos cantos, enquanto outros (também do quadro e sem ser) trabalhavam fora do horário e sem compensações, apenas para que alguns serviços funcionassem e para melhorar as notas dos alunos.
Esqueci-me de colocar o nome. O post acima foi escrito por Ricas510
Estala logo o verniz… sempre a mesma parvoíce contra quem é do quadro e a sobranceria de se considerar a si próprio melhor e no entanto erra ao não escrever “há” com o devido “h”.
A graduação que junta o tempo de serviço e a nota do curso é bem melhor para selecionar professores num concurso que é público. Talvez sirva pelo menos para alguns serem mais humildes e colocarem-se no seu lugar.
Nenhuma fórmula controla, o desconhecimento que vai na sacola!
São 14h15. Retomo o trabalho em 15 minutos. Mas vim aqui ler o que por cá andava.
Resposta a notas que aqui deixaram:
1. “Anule o seu contrato de Território Educativo de Intervenção Prioritária de forma a que seja a DGRHE centralmente a efectuar as colocações em Darque.”
Neste momento não há contrato (não sabemos o que se vai passar) e a existência de um TEIP nada tem a ver com a selecção dos professores. Esse é precisamente o problema. TEIP é uma coisa muito diferente de um método de selecção dos professores. È um programa de combate ao insucesso… Esse foi o erro de quem criou o programa. Misturar essas coisas. E os problemas operativos que esse arremedo organizacional trouxe… A “escolha” de professores não faz falta nenhuma.
2. “Faça a sua fórmula matemática de acordo com o seu pensamento.”
Aliás, nós em Darque seleccionamos pela graduação e os critérios que exibiram tem tudo a ver com o pensamento e com o que escrevi. Não vejo a contradição e não percebi……
3. “Espanta-me que um docente de letras consiga falar de uma maneira tão “desumana” dos docentes. As pessoas que trabalham nas escolas tem de ser medidas por mais do que a graduação que possuem.”
Ter de ….. é diferente de pragmaticamente poderem ser e se arranjar um processo justo que o permita em tempo útil. Em vez do “eldorado” impossível de medir e comparar a motivação, vamos ser objectivos? E esperar que a motivação nasça no ambiente de trabalho e outras coisas…. A motivação é como a vocação ….. arranja-se. O conhecimento e a experiência são mais mensuráveis (o problema de um concurso é como medir e comparar num processo aceitável pelos intervenientes). Este docente de letras sugere-lhe Rawls ou Sen como leituras para perceber que isto nada tem de desumano. Tanta desumanidade se fez em nome da justiça abstracta! O sistema só precisa de ser transparente e equitativo (a graduação é isso e é simples). A outra filosofia toda é bonita, utópica e por isso pouco praticável.
Em suma, isso é bonito (feio é que chame logo desumano a quem não concorda consigo…) mas como faz…. alguém consegue medir motivação? Diga lá como faz….. As entrevistas são subjectivas. Prefiro que chame desumano a que se duvide da transparência. A justiça está no processo não na intenção….. de boas intenções…..há algo cheio.
Pelo menos vejo que alguém leu….. já não é mau para o esforço de perder uma noite a alinhar as ideias.
Author
“A “escolha” de professores não faz falta nenhuma.”
Não. como eu disse, 99% das escolas gostavam de ter os professores que lhes calharam na “rifa”, é sinal do seu reconhecimento.
Para mim o maior problema neste momento com a colocação de docentes nas escolas TEIP e ainda não percebi como se chegou a esse ponto é porque razão um DCE esteve impossibilitado de concorrer a uma escola TEIP.
“em Darque seleccionamos pela graduação e os critérios que exibiram tem tudo a ver com o pensamento e com o que escrevi”
Como sabe elogiei os critérios que adoptou e a clareza com que os publicou. Como já o fez não tem de levar a mal.
Caro Sr. Luís Braga, penso que não me expressei da melhor maneira quando utilizei o termo desumano. Não pretendia atribuir o termo à vossa pessoa, mas ao encadear de ideias que apresenta no seu texto.
É difícil de entender, para a minha jovem e ainda pouco batida cabeça, que uma profissão socialmente fundamental seja “simplesmente” descrita pela graduação do concurso. O modelo actual de concurso é muito simples de explicar, se dás aulas à muitos anos és muito bom, logo tens uma graduação muito elevada.
Mas será que se um professor, com 30 anos de serviço no ensino dito regular (2º e 3º ciclo), de repente for atirado para as novas realidades dos cursos CEF, Profissionais, EFA e RVCC conseguirá fazer um trabalho tão bom como um contratado que apenas tem 3 anos de serviço, mas apenas nestas realidades? Nessa altura a graduação de serviço não vai ter nada disso em conta.
O Sr. Luís Braga fala em comparar a motivação, mas para quê?
Meça-se antes a execução dos milhentos projectos que coexistem nas escolas.
Meça-se antes a inovação do método de ensino que tanto se badala nas instâncias mais elevadas.
Meça-se antes a dedicação à escola, aos alunos e ao ensino, que muito parecem não ter pois limitam-se a despejar os livros de texto no quadro.
Tudo isto pode ser medido através de uma avaliação docente (bem estruturada) que seja tida em conta na fórmula de cálculo da graduação, retirando assim um pouco da “potência gradativa” da velha bitola, 1 ano a leccionar 22h dá mais um valor.
A directora da escola onde leccionei o ano passado disse-me que um professor bom dá as aulas aos alunos, mas um professor excelente dá a escola à comunidade.
O Sr. Luís Braga disse ainda que o conhecimento e a experiência são mensuráveis, diga-me pois então com isso é tido em conta nas listas dos concursos? Posso-lhe garantir que pelos quadros das escolas deste país existem muitos professores nos quadros que não possuem mais conhecimento que muitos jovens licenciados e que não tem a experiência de realidades diversas que muitos contratados já tiveram, mas no entanto continuam a ser mais graduados que esses mesmos jovens. Será isto justo?
Sr. Luís Braga, não me entenda mal, eu não me queixo da maneira como se seleccionam os candidatos nas TEIP, nas escola com autonomia ao até nas AECS. Não me queixo dos critérios que a escola de Darque utilizou (até o felicito pela clareza e transparência que deixou nessa oferta e escola). Mas queixo-me que defenda a actual fórmula da graduação como uma maneira adequada de ordenar os professores, pois para mim é demasiado simplista e pouco diferenciadora, tal como para o Sr. Luís Braga à uns anos atrás era pouco diferenciador uma formula em que a graduação não fosse arredondada às milésimas.
Para Ricas510 HÁ (de haver) muitos anos que se usa a graduação ….. HÁ (de haver) muita gente que a critica…. O problema do que diz é a questão de saber que quem tudo quer medir cria dificuldades de comparabilidade…. A formula matemática é uma solução de comparabilidade aceitável pelos milhares que tem de a “sofrer”. O mal do ensino como profissão e na face organizacional é o excesso de poesia. O seu texto tem laivos poéticos mas como responde ao problema que lhe coloquei? Há (de haver) milhares de cursos, projectos, acções de formação de diferentes e diversos tipos, densidades, utilidades e até seriedades …. Como os vai comparar e incorporar num processo de comparação com milhares de entradas de dados? Que critérios vai usar? A graduação com as actuais variáveis (e não nego que possam mudar as variáveis, digo-o no texto) é uma solução suficiente face à impossibilidade de tudo considerar. E não sendo velho tenho a dizer-lhe que as dificuldades que aponta “aos velhos” para dar certas coisas na escola revelam alguma presunção…. Imagine para perceber o que quero dizer que tem a mesmíssima capacidade e competências que eu (a mesma nota de curso, a mesma formação, na mesma escola, etc) …. Eu sempre terei mais experiência e isso sempre deverá contar alguma coisa num concurso. Percebo o problema de quem olha para maus professores do quadro e vê-se melhor e sem colocação mas o discurso de que a “velhada é uma porcaria” é um bocadito radical. E quanto à escola comunitaria da sua anterior directora…. a minha é bem comunitaria mas os professores são em primeira linha para ter actividade lectiva. Isso é o fulcro da nossa profissional. E disse act. lectiva e e não aulas…. ok?
Caro Luís
Leccionei na sua escola há dois anos e foi com grande entusiasmo que voltei a concorrer, uma vez que gostei muito de ter por aí passado. No entanto, a meu ver, o Luís fez-me um bloquei imediato com uma enormidade de requisitos necessários. Fique sabendo que se fosse simplesmente pela graduação profissional ou classificação profissional teria sido seleccionado. Considero que fui injustamente ultrapassado por uma colega que tinha mais uns dias de serviço em escolas TEIP. Ouvi a sua pessoa a referir que muitos docentes não têm conhecimento do que é uma escola TEIP. É verdade, mas nem todas escolas são TEIP pela mesma razão. Já lecionei em escolas, ditas normais, muito mais problemáticas que a sua. Lecionei também em escolas que agora são TEIP mas no momento em que lá trabalhei ainda não se falava nestas escolas. Se é a favor da graduação profissional, diga-me por que motivo coloca imensos requisitos nas suas ofertas de escola.
Considero o Luís um excelente profissional, mas desculpe que lhe diga o seguinte: Seria ainda uma pessoa mais justa se se orientasse simplesmente pela graduação profissional, assim como foi feito até agora pela DGRHE.
Espero que as suas palavras sejam ouvidas pelos sindicatos e pelo Sr. Ministro e que um dia seja colocado justamente na sua escola.
Um abraço,
Orlando Ribeiro