O papel do dirigente escolar em Itália

 

Em Itália, a escola pública é um organismo vivo, autónomo e profundamente enraizado na comunidade. Cada instituição é uma “istituzione scolastica autonoma”, com identidade própria, um orçamento próprio e uma liderança com rosto e voz. No topo da estrutura está o dirigente scolastico,, uma figura que é, ao mesmo tempo, gestor, pedagogo, mediador e representante do Estado.

O acesso ao cargo é feito por concurso nacional, organizado pelo Ministério da Educação e do Mérito. Só podem concorrer docentes com vários anos de serviço e formação específica em administração e gestão escolar.

Depois de provas escritas, orais e avaliações de mérito, os candidatos aprovados são colocados em escolas de todo o país. Cada dirigente recebe um mandato com duração de três a cinco anos, coincidente com o ano escolar, e pode ser transferido ou reconduzido consoante as necessidades do sistema educativo ou a reorganização das escolas.

A nomeação não é, portanto, vitalícia. A mobilidade e a rotatividade são vistas como forma de garantir renovação, equidade e partilha de boas práticas entre regiões.

A função do dirigente escolar vai muito além da gestão administrativa. Ele é o eixo de equilíbrio entre a pedagogia e a burocracia, o primeiro responsável pela qualidade educativa e o último guardião do orçamento. Entre as suas funções estão:

  • Dirigir o Plano Trienal da Oferta Formativa (PTOF), que define o rumo pedagógico e a missão da escola;
  • Coordenar o corpo docente e o pessoal técnico-administrativo;
  • Assegurar a aplicação dos currículos e o cumprimento das normas do Ministério;
  • Elaborar e gerir o orçamento anual da escola;
  • Representar legalmente a instituição e promover a sua ligação à comunidade.

O vencimento do dirigente reflecte a dimensão e a complexidade da função. Segundo dados oficiais:

  • O vencimento base anual ronda os 45 mil euros brutos;
  • A retribuição de posição fixa é de cerca de 12.500 euros;
  • A retribuição variável, dependente da dimensão da escola, pode chegar aos 21 mil euros;
  • A remuneração de resultados, atribuída mediante avaliação de desempenho, acrescenta alguns milhares de euros anuais.

No total, o rendimento anual bruto situa-se entre 70 e 90 mil euros, podendo ser superior nas escolas mais complexas ou nas grandes áreas urbanas.

Ser dirigente escolar em Itália é, ao mesmo tempo, um privilégio e uma prova de resistência. A autonomia traz responsabilidade, e a burocracia nem sempre é leve. Há que gerir professores, alunos, pais, técnicos, orçamentos e edifícios — tudo sem perder de vista o essencial: o direito à educação e à qualidade do ensino.

 

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21 comentários

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    • AC on 2 de Novembro de 2025 at 11:59
    • Responder

    Concursos ao nível nacional : gostei.

    1. Por cá os dirigentes escolares, diretores de treta, são escolhidos entre os que não gostam de dar aulas mas sim de mandar postas de pescada a fingir que sabem alguma coisa sobre gerir uma escola.
      A maioria destes tipinhos e tipinhas julga-se muito sabedor. Mas na realidade é reles como tudo.
      Cerca-se de amigos que são do mais baixo nível possível. Muitos já nem deviam estar na escola porque deveriam ter sido corridos com processos disciplinares por todas as patifarias e ilegalidades que andaram a cometer.
      A maioria dos escolhidos pelo diretor, ou seja as chamadas chefias intermédias (coordenadores de departamento, delegados de grupo, … malta reles que alimenta as SAD), apenas serve para dizer que sim ao diretor ou, caso queira subir ao poder, para o minar e lixar.
      A verdade é que em termos éticos a Escola está pelas ruas da amargura.
      E os que entram ainda são piores. A maior parte foi corrido de empresas onde trabalhava mal, onde tentava subir por cima dos colegas e, nas boas empresas, deram-lhes um passe de saída permanente.
      Viram na Escola um sítio bom para prosperarem, mamarem à conta dos que andaram anos e anos a trabalhar, e aproveitarem-se dos recursos do Estado em proveito próprio (alguns até em empresas de vão de escada que abriram com amigos).
      É isto a Escola em Portugal. Então em Lisboa é cada vez pior.
      No norte as coisas tendem a ser diferentes.

        • JUSTIÇA on 2 de Novembro de 2025 at 19:38
        • Responder

        O papel do dirigente escolar em Portugal é escolher quem vai ter Muito bom ou Excelente para poder passar para o próximo escalão remuneratório.
        É o papel de roubar bonificação de tempo de serviço pela nota, para poder dar aos amigos.
        É, no fundo, o de replicar o que os filhos da p*** dos nossos governantes fazem desde há 20 anos, que é o de impedir que os professores possam progredir, pondo-os na miséria!
        Eles, os coordenadores de departamento, os delegados de grupo e outros grunhos das SAD que vão todos encherem-se de m****!!!

        • 🤮 on 3 de Novembro de 2025 at 7:37
        • Responder

        “ No norte as coisas tendem a ser diferentes.”
        SIM. PARA PIOR.

          • Anónimo on 3 de Novembro de 2025 at 9:09

          Depende do sítio.
          Nas escolas que conheço não é assim. E olhe que são algumas quantas.
          Mas acredito que hajam escolas piores.
          Isto está cada vez mais a saque.
          E os que entraram para professores e diretores nos últimos 6 a 7 anos são os piores.
          Conheço uns que vieram de outras escolas, algumas particulares, que são um nojo de gente. Não me refiro a colégios, mas sim a escolas profissionais.
          Todos um nojo.
          E depois cantam alvíssaras aos ditadores das escolas públicas que os adoram.
          Enquanto isso, espetam-lhes facas nas costas sem eles se aperceberem, porque são tontos.
          Quando menos esperam …

          • CJ on 3 de Novembro de 2025 at 11:50

          Basta ver onde até já PROÍBEM os tlm aos professores…, no Norte e VÁRIAS!!!

          • Anónimo on 3 de Novembro de 2025 at 15:03

          CJ, isso só acontece porque os professores não os têm no sítio e não metem esses ditadoresinhos de mer da no seu lugar.
          Ai do meu ditador se chegasse a esse ponto!

          • 🤮 on 3 de Novembro de 2025 at 15:15

          O que fazias ? Nada. Os diretores fazem o que lhes apetece, acima de qualquer lei ou regulamento. Se a “coisa” for muito, mas muito, escandalosa, podem mandá-los recuar, mas sempre sem qualquer sanção. A IGEC é apenas um instrumento ao serviço deles.
          Ah! Além de nada lhes acontecer, ainda são, na primeira oportunidade, promovidos a diretores gerais…

      • Pedro on 3 de Novembro de 2025 at 13:12
      • Responder

      Desde que percebi que os srs. e sras. ditadores de mer da dão mais importância a quem anda a chegar à escola nos últimos anos do que a quem trabalha na escola, arduamente, com todos os sacrifícios há mais de 1 década, que estou-me nas tintas para eles todos.
      São todos iguais. Tudo porcaria vinda do mesmo buraco.
      E enquanto assim for, tudo mudará para pior.
      É ao ponto a que chegámos. Mas não ficará por aqui. Ainda vai piorar bastante.

        • Juca on 3 de Novembro de 2025 at 13:50
        • Responder

        Deixa ver se percebi, justo então era tratar os que já trabalham na escola e destratar os que andam a chegar à escola?

          • Pedro on 3 de Novembro de 2025 at 15:02

          Não.
          Justo era tratar todos com RESPEITO!
          Ou acha bem tratar mal quem andou a dedicar a sua vida à escola, e dar tudo o que se quer a quem chegou agora com o nariz empinado?!

          • Juca on 3 de Novembro de 2025 at 17:16

          quem é que chegou com o nariz empinado?toda a gente ou apenas alguns?Toma a parte pelo todo?Dedicaou a sua vida à escola, foi pago pelo seu trabalho?

          • FF on 3 de Novembro de 2025 at 18:28

          Deixa ver se percebi…
          Justo é um professor em início de carreira ganhar mais do que um com 30 anos de serviço!!!!
          É o que se passa agora!

          • Juca on 3 de Novembro de 2025 at 19:07

          Deixa ver se percebo, então respeito é dinheiro?

        • FF on 3 de Novembro de 2025 at 22:50
        • Responder

        Também.

          • Juca on 3 de Novembro de 2025 at 23:05

          dinheiro e o lema da antiguidade ser posto…muito identificativo

    • TV on 2 de Novembro de 2025 at 12:25
    • Responder

    Qual é a ideia? Importar modelo italiano? Só para que se saiba: Salazar copiou o modelo de Mussolini.
    É evidente que o modelo de gestão escolar português é autocrático e quase vitalício por via dos artifícios e manobras. Já tivemos por cá um bom modelo: o dos conselhos executivos. Nesse os professores que são os actores pedagógicos eram tidos em conta!

    1. Cada vez mais querem é o contrário.
      Mas também, se é para irem para lá uns yes mans e girls, então…

    • João on 2 de Novembro de 2025 at 13:30
    • Responder

    Não sabem dar aulas, gostam de mandar fazer, são narcisistas com utilidade contraproducente e ainda ambicionam ganhar mais.
    Isto está lindo!

    • JUSTIÇA on 2 de Novembro de 2025 at 19:15
    • Responder

    Por cá o papel do dirigente é mais o de arranjar uma massa de apoio formada por biltres, incompetentes e sacanas que menosprezam, maltratam e denigrem os que realmente deram o couro pela Escola durante anos e anos.
    Estes porcos não são mais do que uns nojentos que viveram sempre à custa dos outros e que, por favores, maledicências dos demais e competentes, e, alguns, “na horizontal” chegaram a posições de chefia.
    Armam-se em grandes sabedores, mas não são mais do que aldrabões, bem-falantes e usurpadores do trabalho alheio.
    Estes e os seus amos “ditadores”, não passam de esterco que devia ser varrido das escolas a pontapé,

    • Juca on 3 de Novembro de 2025 at 17:18
    • Responder

    «que realmente deram o couro pela Escola durante anos e anos» – houve algum pagamento salarial por este serviço?

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