18 de Fevereiro de 2023 archive

No Quintal do Paulo

Sábado

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Se Esta Direita Continuar Assim, Também Não Terá o Apoio dos Professores

E deixa a direita mais extremista com espaço aberto para capitalizar o descontentamento dos professores.

E é pena que assim, seja.

 

PSD e IL querem repor provas de aferição no 4.º e 6.º anos

 

Propostas sobre educação vão a debate no Parlamento na quarta-feira. Bancadas do PSD e IL não mexem na recuperação do tempo de serviço congelado dos professores.

 

O PSD propõe a reposição das provas de aferição, aplicada de forma universal e obrigatória, para os alunos no fim de ciclo, no 4.º e no 6.º anos, em vez do regime actual (2.º, 5.º e 8.º anos). A proposta, que é partilhada pela Iniciativa Liberal (IL), é a única formalizada em projecto de lei no âmbito de um pacote legislativo sobre educação que o PSD agendou para discussão na próxima quarta-feira no Parlamento. Os sociais-democratas não mexem na recuperação do tempo de serviço congelado dos professores, questão muito sensível no actual diferendo entre docentes e Governo.

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“A minha marcha é maior que a tua!”

“A minha marcha é maior que a tua!”

 

 

A luta dos professores encontra-se ao rubro, e o braço de ferro entre o ministério da Educação (ME) e os sindicatos intensifica-se com o passar dos dias, sustentando indefinidamente uma situação sem antecedentes.

O cenário configura “guerra total”!

Sem tréguas à vista, no conflito iniciado em 9 de dezembro, as partes beligerantes – ME e sindicatos de professores – lançam mão das armas ao seu alcance, não prescindindo de fazer valer os efeitos mais pungentes e adversos que a ofensiva da parte contrária.

Aos pré-avisos de greve interpostos pelos sindicatos, a tutela contrapõe com a aplicação de serviços mínimos (contam-se já 3 decisões promovidas por um Colégio Arbitral); das rondas negociais inexiste acordo, o que impede o vislumbre da luz (mesmo que seja ténue!) ao fundo do túnel, percebendo-se que este se alonga e afunila, dado a grandeza incomensurável do problema.

A atipicidade da greve e, principalmente, a imprevisibilidade da sua duração (existido a ameaça de se prolongar até final do ano letivo) surpreenderam, sendo, porventura, a causa da notada cisão sindical, motivando uma anormal dicotomia, espécie de bifurcação sindical, que em nada abona a luta justa dos professores.

um momento em que os professores estão mais unidos que nunca, os sindicatos dos professores não afinam pelo mesmo diapasão, assistindo-se a um despique entre, pelo menos, dois líderes sindicais. Os convites não aceites para participar em iniciativas, os pedidos negados para discursar no palanque, as comparações inusitadas ao número de pessoas presentes nas marchas fazem lembrar um duelo algo pueril em que ganha quem apresentar o resultado mais avultado.

“A minha é maior que a tua” parece ser o argumento comparativo que valida a adesão às manifestações, marchas, concentrações e outros movimentos agregadores de pessoas, ao qual acresce o desagrado manifestado publicamente por quem não tem o destaque que julga merecer.

Os egos sindicais, cada vez mais exacerbados à medida que a luta avança – em prejuízo da luta pura e genuína das bases – são dispensáveis, porquanto convocam energias plenamente prescindíveis à causa mais que lícita de uma classe merecedora de toda a consideração e respeito.

“A união faz a força” é uma frase tão conhecida quanto laudável, e que deve imperar numa altura crucial para aqueles que escolheram a mais bela profissão do mundo, prevendo-se uma disputa duradoura, alheado, por ora, o consenso entre as partes. Não sendo de admitir nas reuniões de negociação a existência de temas/assuntos tabus nem extremismos ou fundamentalismos bacocos, produtores, muitas vezes, de populismos a curto prazo, que rapidamente se desvanecem ou evaporam, urge seriedade e envolvimento interessado na discussão e nas cedências benfazejas e relevantes para os professores.

A contenda será dura e longa, com uma consequência previsível – o ataque à Escola Pública, tratamento indigno e inglório dado a uma instituição que tanto faz em prol de uma sociedade mais democrática, evoluída e capacitada e para o desenvolvimento do país.

 

Filinto Lima, in TSF

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Portugueses dão razão aos professores. Greve divide mais

Portugueses dão razão aos professores. Greve divide mais

 

Quase quatro em cada cinco inquiridos considera que os professores têm razão para estar insatisfeitos. Maioria também concorda com a duração da greve, mas aqui as opiniões dividem-se mais.

Quase 80% dos portugueses considera que os professores têm razão para estar “tão insatisfeitos”, e apenas 15% acha que não, de acordo com os resultados do barómetro da Intercampus para o Negócios, o CM e a CMTV.

 

Os dados mais detalhados mostram que a compreensão quanto às queixas dos professores é maior do que a média entre as mulheres (82%) entre as pessoas mais jovens, de 18 a 34 anos (80%), em Lisboa e no Algarve (82%).

A maioria dos inquiridos também está de acordo com a frequência das greves e das manifestações, embora neste caso haja uma maior divisão.

Assim, se 51,7% concorda, 42,9% considera que os protestos estão a ir longe demais.

 

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Os Professores, de José Luís Peixoto

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Os vinculados em 2023 serão obrigados a concorrer a todos os QZP’s em 2024

Este Anteprojeto  é um conjunto de armadilhas, apresentado aos professores (mas principalmente à opinião pública) como a solução para a precariedade docente. Na realidade, da forma como está desenhado, não só não resolve os problemas, como  até os agrava

Então abrem 10700 vagas em 2023 e em 2024 essas vagas extinguem-se e os professores são obrigados a concorrer a todos os QZP’s?

É o que está no artigo 55º:

E se isto não bastasse…

Significa, portanto, que os candidatos que ocupem as vagas abertas este ano, são obrigados a concorrer a todo o país e, na mobilidade interna, só podem concorrer ao QZP onde vincularam.

É assim que se acaba com os professores de casa às costas?

Isto é do mais rasteiro que tenho visto… obrigar os professores a concorrer para longe de casa só tem um resultado: fazer com que mais professores saiam do ensino. Isto é estar de boa fé? 

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Professor, o empregado que financia o patrão – António Fernando Nabais

 


 
 As reivindicações dos professores têm custos, implicam aumento de despesa. Isso não pode ser iludido, até porque é necessário gastar dinheiro, não há resultados em Educação sem investimento. Gastar dinheiro em professores não é, no entanto, deitar dinheiro fora, é despesa virtuosa.

Ora, a verdade é que os professores são responsáveis por poupanças milionárias, dispensando o Estado, ou seja, o patrão, de gastar dinheiro que deveria ser da sua responsabilidade. Passemos a alguns exemplos.

Os professores pagam do seu bolso as deslocações e/ou o alojamento necessários ao desempenho das suas funções. O carro de um professor, quando o leva até à escola onde trabalha, está ao serviço do Estado sem que este desembolse um único tostão, algo que não acontece no privado ou, a acontecer, está errado. O quarto ou o apartamento que o professor arrenda, para suprir necessidades do Estado, é pago pelo empregado, sem o mínimo apoio do patrão.

No que se refere, ainda, a estas questões de alojamento e de deslocação, realce-se que são os professores contratados ou em início de carreira que estão mais sujeitos a estes gastos, por não conseguirem colocação perto de casa, o que não os torna, contudo, desnecessários ao sistema. Entre os professores, são os que menos ganham que ainda financiam mais o patrão.

Os professores pagam do seu bolso muitas despesas relacionadas com a formação contínua. Note-se que um professor nunca está completamente formado ou informado. Uma licenciatura e um estágio pedagógico são pontos de partida decerto fundamentais, mas não esgotam a formação que deve ser, exactamente, contínua. O professor, ao longo da sua vida profissional, será sempre um estudante, terá de comprar livros, frequentar eventos que, de modo mais ou menos directo, servirão para o tornar mais culto e, portanto, mais capaz.

O sistema de formação contínua formal, assente nos centros de formação espalhados pelo país, tem sido sujeito a uma pressão que sobrevaloriza o comoensinar, relegando para uma quase extinção a formação científica e as didácticas específicas. Os professores, preocupados em compensar esta enorme falha do sistema, ficam obrigados a recorrer a formação paga, quando essa formação deveria ser fornecida pelos centros de formação. Mais uma vez, são os professores a tirar do seu salário o que deveria ser investimento do patrão.

Entretanto, os professores que são artificialmente impedidos de progredir na carreira, mesmo quando reúnem as condições suficientes ou necessárias para tal, ficam a marcar passo, continuando a receber menos do que deveriam, o que permite ao patrão meter mais dinheiro ao bolso ou meter mais dinheiro nos bolsos errados. Ao mesmo tempo, todos os professores do continente continuam a aguardar a reposição de tempo de serviço sonegado, o que corresponde, na prática, a um empréstimo que o Estado não quer pagar.

Os professores que são chamados para classificar exames de secundário estão quase sempre a trabalhar para o ensino superior, desempenhando funções que não lhes pertencem. Esse facto foi reconhecido durante muito tempo, quando eram pagos para classificar os referidos exames. A dada altura, de um ano para o outro, o Estado decidiu deixar de pagar, recorrendo a um outsourcing sem necessidade de despesas, explorando os mesmos funcionários a quem dantes pagava. Relembre-se que este é um serviço de aceitação obrigatória.

Tal como os automóveis privados dos docentes, muito do material dos professores está ao serviço do Estado, sem que este contribua com um cêntimo. Foi, por exemplo, graças aos computadores dos professores que, durante a pandemia, foi possível, apesar de tudo, manter as escolas em funcionamento. Os gastos com diverso tipo de material mantêm-se, poupando ao patrão a simples obrigação de fornecer uma simples esferográfica ao funcionário.

Até há cerca de vinte anos, os cargos de coordenação ou de orientação de estágio implicavam a redução do horário lectivo, o que correspondia, claro, ao pagamento desses cargos. Neste momento, esses cargos obrigam os professores a dispor do seu tempo, mesmo que se recorra ao subterfúgio de usar horas não lectivas. Na prática, e mais uma vez, há professores que têm trabalho e responsabilidades acrescidas e que não são pagos para isso, poupando mais dinheiro ao patrão.

Os exemplos poderiam continuar, mas seria interessante fazer as contas relativamente àquilo que professores são coagidos a poupar a um Estado que é um péssimo patrão. Fica, no entanto, uma certeza: os professores são credores de muito dinheiro.

As escolas têm, ainda, muitos problemas para além destes e é frequente acusar-se os professores de corporativismo, mas, na verdade, o corporativismo está para as classes profissionais como o instinto de sobrevivência está para o indivíduo. A luta dos professores é justíssima e, de tão espoliados, talvez até seja branda. O Portugal democrático conseguiu criar um país em que os alunos e os encarregados de educação são respeitados. Falta fazer o mesmo com os professores e isso implica dinheiro, sem dúvida.

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