12 de Fevereiro de 2023 archive

Nós e os outros – Carlos Santos

A forma particularmente infeliz (para não dizer outra coisa politicamente incorreta), como o governo e a população em geral têm gerido esta crise na Educação, espelham a falta de valores, de cultura e de espírito de cidadania que atrofiam a nossa sociedade.
Se os problemas na Educação estão longe de ser um exclusivo português, a forma como são solucionados diz muito sobre o povo que somos. Senão, vejamos:
-Este ano, Espanha optou por uma grande reforma orgânica na Educação com a valorização dos seus profissionais;
-A falta de professores em França mereceu uma intervenção direta do presidente Macron, que começou por garantir que nenhum professor poderia ganhar menos de 2.000€ e, para atrair jovens para a profissão, melhorou consideravelmente as condições de trabalho da classe docente;
-Nos EUA, confrontados com a falta de 100 mil professores, a presidência atribuiu extraordinariamente 9 mil milhões de dólares, apenas para a contratação de mais professores.
-A Finlândia reservou 10 mil milhões de euros para a Educação e 2 mil milhões para atrair mais jovens para a profissão;

Em Portugal, com um investimento na Educação que, em comparação com outras nações, só envergonha o país, para combater a falta de atratividade da profissão, mantemos um vencimento de início de carreira pouco superior ao salário mínimo e o Estado diz a um jovem – Se queres ser professor, pega nas tuas malas e arranja um carro, mete-te à estrada, paga as contas de combustível e alojamento e desenrasca-te.
Depois de uma sucessiva perda de poder de compra desde 2010, para compensar isso e uma inflação exorbitante que atingiu os 7,9% no ano passado, o Estado deu aos professores um aumento miserável pouco além dos 2%, degradando ainda mais a sua condição salarial.
Os professores estão há intermináveis anos a queixarem-se que o estado da Educação está insuportável e que já não aguentam mais e, da parte dos governos, não têm visto interesse em resolver coisa alguma. Governo que, diante do estado de esgotamento de uma classe, se limita a atirar mais burocracia para cima daquela que já existe nas escolas e, de uma maneira ofensiva para com as reivindicações dos docentes, apenas tem palavras de intimidação e de privação no seu direito à greve.
Já em 2006, quando Maria de Lurdes Rodrigues, orgulhosamente, afirmou ter perdido os professores, mas ganho a população e os pais, na mesma altura, o presidente francês fazia um comunicado à nação, agradecendo publicamente aos professores o seu contributo pelo progresso que o país tinha alcançado.

Perante esta realidade, será preciso ser muito inteligente para perceber os motivos de indignação dos professores?
Constituirá algum mistério o facto de o país estar constantemente a ser ultrapassado por outros nos rankings internacionais de desenvolvimento?
Por conseguinte, em rigor, quando o pensamento político para a Educação não vai além de uma legislatura, incapaz de pensar a Educação a médio e longo prazo e de contar com a colaboração dos professores – vistos sempre como uma despesa e como adversários a reprimir – o sistema de ensino no nosso país só pode piorar.
A todo este desprezo, soma-se a passividade de uma sociedade que, após dois meses de um visível sentimento de revolta dos professores, que se têm esforçado por denunciar o estado calamitoso em que se encontra a Escola pública, ainda não foi capaz de exigir que se faça um debate público alargado acerca dos graves problemas da Educação em Portugal, onde se inclui a preocupante falta de professores. Interessa-lhe, apenas, ter uma escola de portas abertas (vulgus, armazém) – nem que seja sem condições, vocacionada somente para tomar conta dos mais desfavorecidos –, acabando por dizer muito sobre a mentalidade limitada que tomou conta de toda uma sociedade que não luta pelos seus diretos a serviços públicos de qualidade.

Carlos Santos

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A Manifestação de Ontem Resumida em 15 Minutos

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CEO de todo o mundo, uni-vos

difícil não concordar com o ministro das Infra-estruturas, João Galamba, quando, a propósito do bónus de três milhões de euros previsto para a CEO da TAP, diz que não lhe cabe pronunciar-se sobre se a quantia é exagerada ou não: “Foi o acordado. O Estado é pessoa de bem, o Estado cumpre o que foi acordado.” A ideia de que os acordos devem ser cumpridos parece incontestável. Mas, para dar apenas dois ou três exemplos, tenho visto por aí uns professores, uns enfermeiros e até uns trabalhadores da TAP a insistir nisso mesmo, só que sem grande êxito. Há tempos de serviço que, ao contrário do acordado, não contam; progressões na carreira que, ao contrário do acordado, não se concretizam; contratações de trabalhadores precários que, ao contrário do acordado, não ocorrem. É possível que seja uma regra válida apenas para CEO. Ou, então, é um problema da língua portuguesa, e deve ser corrigido. A partir de agora, o que se combina com um CEO é o acordado; o que se promete a um trabalhador é o adormecido. É provavelmente por isso que os trabalhadores vão para a rua fazer barulho em manifestações: o ruído costuma ser um poderoso despertador. Neste caso, todavia, parece funcionar mal.

“A ideia de que os acordos devem ser cumpridos parece incontestável. Mas, para dar apenas dois ou três exemplos, tenho visto por aí uns professores, uns enfermeiros e até uns trabalhadores da TAP a insistir nisso mesmo, só que sem grande êxito“, relembra Ricardo Araújo Pereira, cronista do Expresso.

Leia todo o artigo: https://swki.me/fvWuG3bc

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A manifestação na imprensa internacional

 

LISBOA (Reuters) – Dezenas de milhares de professores foram às ruas de Lisboa neste sábado em um dos maiores protestos em Portugal nos últimos anos, no momento em que o governo socialista enfrenta uma onda de descontentamento pelo elevado custo de vida…. – Veja mais em 

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Manifestação dos Professores e a Emergência de Uma Solução Política

 

 

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Paulo Prudêncio explicando as reivindicações dos professores

 

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Professores mostram cartão vermelho ao Governo

 

Vieram do Norte, do Centro e do Sul do País. Do Minho ao Algarve, milhares de professores rumaram este sábado a Lisboa. Chegaram de autocarro, comboio, carro, barco, a pé e de bicicleta e transformaram o Marquês de Pombal, a Avenida da Liberdade e o Terreiro do Paço numa gigantesca sala de aula, onde manifestaram o seu protesto, exigindo dignidade e respeito pela profissão de professor.

Professores mostram cartão vermelho ao Governo

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