11 de Fevereiro de 2023 archive

Vestido da luta pelas nossas vidas – Carlos Santos

Perdi de vista a família, dormi ao relento, percorri caminhos de espinhos, enfrentei a força do vento e abracei a solidão em cada terra onde a sede do saber era maior do que a vontade dos homens.
Espalhei sorrisos pelos rostos dos filhos dos outros, enquanto os meus eu não os via.
Tantos bocados de mim deixei por aí espalhados por toda a parte.
Percorri tantas estradas, tantas gentes, tanto país até aqui chegar.

Parti de madrugada com uma mão vazia e outra cheia de nada, mas o coração cheio de razão e de verdade. Vindos da mesma madrugada, despidos de tudo e vestidos de nada, viemos contar tanto que nos vai na alma que de tanto não há palavras para explicar.
Desço a rua nu do corpo, mas vestido da vontade férrea de sentir que nunca é tarde.
Sindicatos dão-me camisolas e bandeiras, políticos, calças com bolsos esvaziados, repórteres, sapatos sem sola, mas vou despido de tudo e, de tudo isso, não quero nada.
De um colega calço os sapatos que só nós conhecemos, visto-me da roupa da pele que só nós sentimos, e a camisola do luto que visto, sem cor nem partido, é a dos meus colegas de luta nas amarguras, na esperança e na união. É a maior de todas elas – a camisola de Professor.

Depois do “Adeus” regressámos todos aqui partilhando a mesma dor da traição e o mesmo amor pela Educação.
Hoje a aula é gratuita, é na rua que vamos dar uma lição de cidadania cantando que a lutar, também estamos a ensinar. Que quem ensina a voar, não pode rastejar. Que os professores unidos, jamais serão vencidos. É minha e vossa esta rua cujas pedras da calçada conhecem melhor do que ninguém este nosso sentimento, a nossa angústia, a nossa causa, a nossa revolta, a nossa razão.
Pregado o último prego, de mão em mão, desliza um caixão sobre a multidão. Alguém pergunta – Quem morreu? – e toda a rua geme o mesmo grito de dor, anunciando – Mataram a Educação! Desfaz-se a urna em mil mãos de onde nasce a pomba de esperança para ressuscitar aquilo que jamais conseguirão matar – a liberdade de pensar, a arte de ensinar, a vontade de lutar.

Um professor cai por terra. É reerguido por mil mãos que se recusam deixar alguém para trás. Para cada pedra uma mão, em cada mão um amigo anunciando aos quatro ventos que, quem derrubar um só professor, ofenderá todos os outros, difamará a casa da Educação. Jamais um colega que tropece nas mil pedras que atiram ao nosso caminho, voltará a ficar esquecido caído no chão. Com as pedras colhidas, faremos um monte para onde subiremos para hasteamos a bandeira da Liberdade e da Educação para todos.

Nesta rua de angústia e esperança cabe todo um país. Ecoam vozes do Minho ao Algarve, das Beiras ao Alentejo dançam ondulantes as mesmas vontades, do Tejo ao Douro corre o mesmo rio infinito de determinação.
Dei abraços a todos e abracei todo o país que se juntou mesmo aqui à minha beira; tanta emoção, tanta alegria, tantas lágrimas, tantos amigos do peito desconhecidos que cantam comigo a mesma canção; a canção que só sabe a letra de cor quem é professor.

Já não cantamos sozinhos, cantam as pedras da calçada, cantam as paredes que ladeiam esta estrada transbordando este sentimento pelas ruas da cidade até parar todo o país.
Olhei para lá do horizonte deste mar de gente e soube que, hoje, esta estrada é a nossa morada. Desta luta fizemos o nosso hino, o nosso ar, o nosso pão, a nossa guerra, o nosso destino.

Junto com o rio de gente desaguo naquela praça de emoção que tão bem nos conhece.
Todas as palavras que trazia comigo na algibeira sobre o tempo de serviço e o dinheiro roubado, a reforma afastada, a estabilidade nunca alcançada, a burocracia que nos consome, as quotas atravessadas e tantas outras injustiças que nos impuseram, perdi-as pelo caminho e agora não sei o que dizer.
Subo ao alto de uma estátua e, sem cábula, canto o meu grito de emoção para todo o país ouvir; vestido da força das minhas gentes, solto ao vento o que me vai na alma, a alegria da profissão que me roubaram, a juventude que me gastaram, os sonhos que me tiraram e a vida que me levaram.
Neste momento inesquecível, esquecemos o mundo que se esqueceu de nós e, de peito aberto, gritamos a uma só voz a vida que desejámos e nunca tivemos, a justiça que merecemos e nos negaram, a dignidade que tivéramos e nos roubaram.
Um grito invencível pela Educação, pelo futuro de todo um povo e pela Liberdade.
Gritamos ao mundo inteiro, até a voz acabar, pela devolução do Respeito, por tudo o que amamos e por tanto sentimento sem palavras que ainda haveria por dizer…
Viva quem ensina a voar
Viva quem não desiste de lutar
Viva o orgulho de ser professor
Viva para sempre a Educação

Carlos Santos (vestido da luta pelas nossas vidas)

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“ Foi bonita a festa, pá” Luís Sottomaior Braga

A manifestação vista com melancolia…

“Foi bonita a festa, pá”

A manifestação vista com melancolia…

“Foi bonita a festa, pá”

Percorri a manifestação do Rossio ao Marquês e do Marquês ao Terreiro do Paço 2 vezes.

Muita conversa, muitos reencontros. Já trabalhei em 12 escolas e há muitos colegas que estão dispersos pelo país.

O meu olhar captou muita imaginação e genuidade nos cartazes.

Depois das manifestações, fico sempre melancólico. Hoje pensei várias vezes nos desencontros com quem gosto, que vou tendo por conta da energia nesta luta.

Já foram 4 fins de semana tomados e o foco, à semana, que me desviou de amigos e de quem gosto, desde Setembro. E fica a mágoa e a tristeza disso.

Muita gente diz que estou um chato e monotemático.

E não sou sindicalista, nem quero. Mas não prescindo da minha participação nisto, soldado raso falador e escrevinhador, mesmo com custos.

Quem sabe, irreparáveis nos danos. E não é fácil pedir desculpa de um prejuízo na vida pessoal, que se faz em nome de uma vitória que tarda e se vê longe e frágil.

Gastamos dinheiro, afastamo-nos de outras pessoas, cansaço, até risco (a chegada hoje aos autocarros… ).

Há um clima de festa e de ânimo unitário e de comunhão e, depois, o clima de calma pôs-tempestade. A reacção nula do governo agrava a raiva.

Que é coletiva e não depende de líderes.

Agradeço a algumas pessoas, que não conheço, que me abordaram e me deram cumprimentos simpáticos. Peço desculpa por parecer indiferente e talvez distante nesses momentos (em que até já me comovi).

Eu sou mesmo timido e desajeitado nessas situações. E fui educado para ser contido. O que ajuda ao foco racional.

Escrevo e dou palpites por aqui, por mim, e não deixo de ficar feliz por haver quem lhes dê algum préstimo e me diga coisas simpáticas.

Mas, correndo o risco de ser mal entendido, essa simpatia e felicidade não me afetam num dado fundamental.

Se, evidentemente, gosto do agrado que manifestam, suspeito que vai haver situações futuras, breves, em que vou causar grande desagrado. E serei contido perante a reação, como sou hoje perante a simpatia.

Sou conforme só à minha cabeça e, se isso parece que está a ter aceitação no que escrevo, calculo que algumas coisas futuras que terei para dizer talvez não o sejam.

Esse meu individualismo racional de análise já foi fonte de grande infelicidade e não falha.

Hoje a minha opinião tem simpatia mas “Sic transit gloria mundi”.

Mas, hoje, mesmo com a minha melancolia pessoal e política, colocada em prospectiva, foi festa.

Festejemos então um momento de unidade como não havia desde 2008.

 

Há um clima de festa e de ânimo unitário e de comunhão e, depois, o clima de calma pôs-tempestade. A reacção nula do governo agrava a raiva.

Que é coletiva e não depende de líderes.

Agradeço a algumas pessoas, que não conheço, que me abordaram e me deram cumprimentos simpáticos. Peço desculpa por parecer indiferente e talvez distante nesses momentos (em que até já me comovi).

Eu sou mesmo timido e desajeitado nessas situações. E fui educado para ser contido. O que ajuda ao foco racional.

Escrevo e dou palpites por aqui, por mim, e não deixo de ficar feliz por haver quem lhes dê algum préstimo e me diga coisas simpáticas.

Mas, correndo o risco de ser mal entendido, essa simpatia e felicidade não me afetam num dado fundamental.

Se, evidentemente, gosto do agrado que manifestam, suspeito que vai haver situações futuras, breves, em que vou causar grande desagrado. E serei contido perante a reação, como sou hoje perante a simpatia.

Sou conforme só à minha cabeça e, se isso parece que está a ter aceitação no que escrevo, calculo que algumas coisas futuras que terei para dizer talvez não o sejam.

Esse meu individualismo racional de análise já foi fonte de grande infelicidade e não falha.

Hoje a minha opinião tem simpatia mas “Sic transit gloria mundi”.

Mas, hoje, mesmo com a minha melancolia pessoal e política, colocada em prospectiva, foi festa.

Festejemos então um momento de unidade como não havia desde 2008.

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Dia 2 de março no Porto e dia 3 em Lisboa

Novas manifestações marcadas pelos sindicatos.

No dia 2 os professores de Coimbra para norte e no dia 3 os professores do sul .

 

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Fenprof anuncia nova greve dos professores para os dias 2 e 3 de março

Mário Nogueira acredita que o protesto deste sábado foi “provavelmente” a “maior manifestação de sempre de professores e educadores em Portugal” ao contar com mais de 150 mil a descer a Avenida

Fenprof anuncia nova greve dos professores para os dias 2 e 3 de março

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FENPROF Anuncia Novas Formas de Luta

Foi agendado para a próxima semana uma semana de luto nas escolas e foi feito um apelo para que nos dias 15 e 17 os docentes (dias de reuniões com o ME) se manifestassem à porta das suas escolas.

Prevendo-se uma negociação suplementar para o dia 3 de março, vai haver uma greve e manifestação no Porto no dia 2 de março para as regiões acima de Leiria e dia 3  de março a manifestação será em Lisboa com greve de Leiria para Sul.

Na altura do carnaval irá haver 4 dias de debate nas escolas para aprovar ou não, os documentos do ME, ou os não documentos.

Em atualização

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Um Mar de Gente na manifestação de Professores

Bem acima dos 100 mil manifestantes, os professores marcharam avenida abaixo acompanhados pelas famílias, alunos, pais e outros adiantes da causa.

Mais de 150.000…

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Para Memória Futura

André Pestana na manifestação de dia 11-02-2023 diz como começou esta grande luta de professores.

 

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Correio da Manhã / Vídeo – “Exigimos respeito, estamos a ser desconsiderados”: Professores partem da Covilhã para manifestação em Lisboa

 

(…)

Continua:

“Exigimos respeito, estamos a ser desconsiderados”: Professores partem da Covilhã para manifestação em Lisboa – Vídeos – Correio da Manhã

 

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Jornal da Uma/ TVI/Vídeo-Professores acreditam em manifestação histórica

(…)

Continua aqui:

Professores acreditam em manifestação histórica

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A Faixa da Escola

Foi testada durante a semana na sala de professores.

 

Aqueles que conseguirem uma foto da mesma na manifestação de hoje deixem aqui a foto da “NOSSA” Escola.

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O Habitual Sketch

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Os Serviços Mínimos Mudam a Partir do dia 16 de fevereiro

E o que não era considerado essencial até há uns dias atrás ficou a ser.

Assim é ler o novo Acórdão dos Serviços Mínimos a partir do dia 16 de fevereiro.

 

 

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Novo acórdão de serviços mínimos

Decisão:
Nos termos e pelos fundamentos expostos, o Tribunal Arbitral delibera por maioria fixar os seguintes serviços mínimos:
Pessoal docente e técnicos superiores:
A – Educação Pré-escolar e 1 ciclo do Ensino Básico:
o Prestação de 3 horas educativas (Pré-escolar) ou letivas (1.e Ciclo) diárias, com termo no período de refeição (abertura do refeitório);
¡ Garantia dos apoios às crianças e alunos que beneficiam de medidas seletivas e adicionais prev¡stas no Decreto-Lei n.s 54/201,
regime jurídico da Educação lnclusiva;
Garantia dos apoios terapêuticos prestados nas escolas e pelos Centros de Recursos para a lnclusão, bem como o acolhimento nas unidades integradas nos Centros de Apoio à Aprendizagem, para as crianças e os alunos para quem foram mobilizadas medidas adicionais;

B -2.e e 3.e ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário:
Garantia dos apoios às crianças e alunos em risco ou perigo sinalizados pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e aos alunos em situaçöes mais vulneráveis, em especial perigo de abandono escolar;
Garantia da continuidade das medidas em curso que visam apoiar o bem-estar social e emocional das crianças e alunos, no âmbito do Plano 2t123 Escola+ – Plano lntegrado para a Recuperação das Aprendizagens.

C- Meios:

Prestação de 3 tempos letivos (aulas) diários, por turma, garantindo semanalmente a cobertura das diferentes áreas disciplinares/disciplinas/componentes de formação do currículo;
Garantia dos apoios aos alunos que beneficiem de medidas seletivas e adicionais previstas no Decreto-Lei n.e 54/2018, de 6 de julho, que estabelece o regime jurídico da Educação lnclusiva;
Garantia dos apoios terapêuticos prestados nas escolas e pelos Centros de Recursos para a lnclusão, bem como o acolhimento nas unidades integradas nos Centros de
Apoio à Aprendizagem, para os alunos para quem foram mobilizadas medidas adicionais;
Garantia dos apoios aos alunos em risco ou perigo sinalizados pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e aos alunos em situações mais vulneráveis, em especial perigo de abandono escolar;
Garantia da continuidade das medidas em curso que visam apoiar o bem-estar social e emocional dos alunos, no âmbito do Plano 21,123 Escola+ – Plano lntegrado para a Recuperação das Aprendizagens.
Aqueles que forem estritamente necessários ao cumprimento dos serviços mínimos descritos, escola a escola adequados à dimensão e ao número de alunos que a frequenta:
o Docentes:
1 por cada grupo/turma na educação pré-escolar e no L.e Ciclo.
1 por cada aula/disciplina nos restantes ciclos de acordo com os serviços mínimos acima identificados.
1 docente ou técnico por apoio, de acordo com a especialidade, aos alunos que carecem das medidas acima identificadas nos diferentes ciclos de ensino.

 

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SIC Notícias/Video – Professores rumam a Lisboa de vários pontos do país

(…)

Continua aqui:

Professores rumam a Lisboa de vários pontos do país – SIC Notícias

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Vídeo – “Sou professora há 23 anos e sou sustentada pelos meus pais”. O Expresso nos bastidores da megamanifestação dos professores este sábado

(…)

Continua aqui:

“Sou professora há 23 anos e sou sustentada pelos meus pais”. O Expresso nos bastidores da megamanifestação dos professores este sábado – Expresso

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“Sou professora há 23 anos e sou sustentada pelos meus pais”

Carla Calado, 45 anos, nomeia todas as coisas que acumula por ser diretora de turma. São muitas. Aos sábados vai às competições do desporto escolar sem receber mais por isso. Nunca conseguiu sair da “roleta” dos contratos. Trabalha seis dias por semana e leva para casa 1100€. Divorciada e mãe de um filho, já foi colocada um pouco por todo o país, incluindo ilhas, e confessa ainda depender dos pais: “Se eu entro todos os dias às 8h00 da manhã, devo-lhes isso a eles”. Diz ser “um dos rostos da precariedade dos professores”. O Expresso ouviu vários outros testemunhos, antes da grande manifestação marcada para o Terreiro do Paço, em Lisboa. Qual é afinal a realidade por trás das palavras de ordem?

Sou professora há 23 anos e sou sustentada pelos meus pais”

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Até Já

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“Anarquistas” sindicais também são pessoas de Bem…

Augusto Santos Silva, que desempenha o cargo de Presidente da Assembleia da República, concedeu uma entrevista à TSF, publicada em 7 de Fevereiro de 2023, da qual se transcrevem os seguintes excertos (negrito meu; os erros ortográficos presentes nos excertos constam na própria publicação):

 

Questionado sobre a greve dos professores, que tem marcado as últimas semanas, Augusto Santos Silva até começa por saudar “a luta pelos direitos dos professores”, que é “algo normal em democracia”, mas acaba por criticar “os sindicatos recentes que reveem num modelo anarcossindical“.

– “Santos Silva definiu ainda como “greve self-service” os que “fazem grave quando querem, a um tempo ou a um dia inteiro”, sem que anunciarem o protesto em causa.”Não me parece admissível. Não sei se é legal ou não. A Procuradoria-Geral da República dirá”, acrescentou.”

Pelas anteriores afirmações, depreende-se que Augusto Santos Silva considera as acções reivindicativas dos “Sindicatos recentes” (expectavelmente, Sindicato S.T.O.P.) como potencialmente anarquistas, certamente por oposição ao Velho e tradicional Sindicalismo (expectavelmente,  FENPROF e FNE), talvez tido por si como muito respeitador do statu quo

Augusto Santos Silva também deixa no ar a possibilidade de essas acções “anarquistas” poderem ser ilegais, o que não pode deixar de ser interpretado como uma espécie de “ameaça”, ainda que cinicamente velada, com o objectivo plausível de atemorizar e intimidar os profissionais de Educação, tentando, de forma indirecta, condicionar as suas acções de luta…

Curiosamente, em 2009, Augusto Santos Silva, que na altura desempenhava o cargo de Ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo chefiado por José Sócrates, proferiu esta afirmação (negrito meu):

– “Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS e são das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique, estou-me a referir ao PCP e ao Bloco de Esquerda“, afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares.” (Rádio Renascença, em 26 de Dezembro de 2016, notícia sobre algumas afirmações polémicas de Augusto Santos Silva)…

No momento presente, o menos que se pode considerar acerca do posicionamento de Augusto Santos Silva será isto:

– Do Presidente da Assembleia da República, que ocupa o segundo lugar nas Precedências do Protocolo do Estado Português e a quem cabe, entre outros, substituir interinamente o Presidente da República em caso de impedimento temporário ou vacatura do cargo até à tomada de posse do novo Presidente eleito (Página Oficial da Assembleia da República), não se pode esperar, nem aceitar, uma tão clamorosa falta de isenção, de imparcialidade e de equidistância…

– Nesse sentido, Augusto Santos Silva mais parece um membro do Governo do que um Presidente da Assembleia da República, talvez esquecendo que, em Democracia, é inadmissível que se faça uma “confusão” tão gritante entre as competências desses dois cargos…

– Augusto Santos Silva que, segundo o próprio, tanto gostará de “malhar” nas “forças mais conservadoras e reaccionárias”, talvez não tenha dado conta que as suas presentes declarações, relativas aos “Sindicatos recentes”, espelham exactamente aquilo que tanto criticou em 2009…

Mais conservador e reaccionário, visando tais Sindicatos, há-de ser difícil de afirmar…

– Compreende-se que para Augusto Santos Silva, enquanto membro ilustre do apparatchik do Partido Socialista, o Velho Sindicalismo seja o que mais convém ao Governo, sobretudo pela previsibilidade das suas acções e da sua inércia, mas também pelo seu histórico de cedências face à Tutela…

No fundo, nas mentes de alguns, o Velho Sindicalismo fará parte do “sistema” e isso tornará a sublevação menos provável; enquanto que os “Sindicatos recentes” serão vistos como potenciais “intrusos indesejados”, “agitadores” ou “perigosos radicais”…

O actual movimento sindical, encabeçado pelo S.T.O.P., não se radicalizou, como alguns parecem advogar…

O actual movimento sindical, de acordo com a defesa dos interesses dos seus representados, apenas tem feito o que lhe compete, algo que o Velho Sindicalismo não foi capaz de fazer ao longo dos últimos anos, habituando a Tutela a uma incompreensível tibieza…

O presente Governo, de modo absolutamente irresponsável, tem vindo a “recriar” o conceito de Democracia de forma perigosa, por vezes muito próxima do autoritarismo, da prepotência e da arbitrariedade, abrindo o caminho ao estabelecimento de um certo “populismo” radical…

No momento presente, e pela parte que me toca, continuo a acreditar na capacidade mobilizadora do Sindicalismo “recente”, leia-se S.T.O.P., e não me identifico como “anarquista”, “radical” ou “desordeira”, características que Augusto Santos Silva parece querer imputar aos que apoiem tal movimento…

O que jamais apoiarei será, todo e qualquer, verdadeiro Radicalismo, sempre anti-democrático, de Extrema-Direita ou de Extrema-Esquerda…

Amanhã, Lisboa irá, por certo, povoar-se de pessoas de Bem, que não abdicam de lutar pelos seus Direitos, nem pelo Respeito que lhes é devido…

 (Paula Dias)

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A Caminho de Lisboa… Mais uma Vez

Hoje será mais um dia grandioso nas ruas de Lisboa com a terceira  Manifestação de Professores deste ano civil.

Fica este artigo para na rede social Facebook colocarem imagem da viagem de norte a sul do País até à capital.

 

 

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