“A minha marcha é maior que a tua!”

“A minha marcha é maior que a tua!”

 

 

A luta dos professores encontra-se ao rubro, e o braço de ferro entre o ministério da Educação (ME) e os sindicatos intensifica-se com o passar dos dias, sustentando indefinidamente uma situação sem antecedentes.

O cenário configura “guerra total”!

Sem tréguas à vista, no conflito iniciado em 9 de dezembro, as partes beligerantes – ME e sindicatos de professores – lançam mão das armas ao seu alcance, não prescindindo de fazer valer os efeitos mais pungentes e adversos que a ofensiva da parte contrária.

Aos pré-avisos de greve interpostos pelos sindicatos, a tutela contrapõe com a aplicação de serviços mínimos (contam-se já 3 decisões promovidas por um Colégio Arbitral); das rondas negociais inexiste acordo, o que impede o vislumbre da luz (mesmo que seja ténue!) ao fundo do túnel, percebendo-se que este se alonga e afunila, dado a grandeza incomensurável do problema.

A atipicidade da greve e, principalmente, a imprevisibilidade da sua duração (existido a ameaça de se prolongar até final do ano letivo) surpreenderam, sendo, porventura, a causa da notada cisão sindical, motivando uma anormal dicotomia, espécie de bifurcação sindical, que em nada abona a luta justa dos professores.

um momento em que os professores estão mais unidos que nunca, os sindicatos dos professores não afinam pelo mesmo diapasão, assistindo-se a um despique entre, pelo menos, dois líderes sindicais. Os convites não aceites para participar em iniciativas, os pedidos negados para discursar no palanque, as comparações inusitadas ao número de pessoas presentes nas marchas fazem lembrar um duelo algo pueril em que ganha quem apresentar o resultado mais avultado.

“A minha é maior que a tua” parece ser o argumento comparativo que valida a adesão às manifestações, marchas, concentrações e outros movimentos agregadores de pessoas, ao qual acresce o desagrado manifestado publicamente por quem não tem o destaque que julga merecer.

Os egos sindicais, cada vez mais exacerbados à medida que a luta avança – em prejuízo da luta pura e genuína das bases – são dispensáveis, porquanto convocam energias plenamente prescindíveis à causa mais que lícita de uma classe merecedora de toda a consideração e respeito.

“A união faz a força” é uma frase tão conhecida quanto laudável, e que deve imperar numa altura crucial para aqueles que escolheram a mais bela profissão do mundo, prevendo-se uma disputa duradoura, alheado, por ora, o consenso entre as partes. Não sendo de admitir nas reuniões de negociação a existência de temas/assuntos tabus nem extremismos ou fundamentalismos bacocos, produtores, muitas vezes, de populismos a curto prazo, que rapidamente se desvanecem ou evaporam, urge seriedade e envolvimento interessado na discussão e nas cedências benfazejas e relevantes para os professores.

A contenda será dura e longa, com uma consequência previsível – o ataque à Escola Pública, tratamento indigno e inglório dado a uma instituição que tanto faz em prol de uma sociedade mais democrática, evoluída e capacitada e para o desenvolvimento do país.

 

Filinto Lima, in TSF

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4 comentários

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    • Luluzinha! on 18 de Fevereiro de 2023 at 20:20
    • Responder

    De facto, nem sempre as aparências enganam. Basta atender ao título para aferir a “densidade” intelectual desta personagem. (Já para não mencionar aquela atroz dicção de arrepiar).

    • QueroMudança on 18 de Fevereiro de 2023 at 20:26
    • Responder

    Filinto, alguma vez voltarás a dar aulas?

    • Lucinda Pereira on 18 de Fevereiro de 2023 at 23:06
    • Responder

    Sociedade mais democrática, evoluída e capacitada para o desenvolvimento do país? Onde? Quando? Com afrontas políticas destas! Viva o retrocesso, porque a ditadura está implantada!

    • RC@ on 20 de Fevereiro de 2023 at 16:20
    • Responder

    Alguém me pode informar quantos diretores já pediram a demissão? Não respondam. Zero é igual a zero.

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