Lista Colorida atualizada com retirados e colocados da RR20.
10 de Fevereiro de 2023 archive
Fev 10 2023
Lista Colorida – RR20
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Fev 10 2023
Ministério da Educação vs. professores – Joaquim Jorge
O ministro da Educação, João Costa, ainda não percebeu o que se está a passar na educação. O seu antecessor, Tiago Brandão Rodrigues, deixou acumular os vários problemas com que se debatem os professores.
Ministério da Educação vs. professores
Quando João Costa foi escolhido pelo primeiro-ministro, confesso que fiquei agradado e pensei que, por ter sido anteriormente secretário de Estado, estava por dentro dos dossiês e podia desenvencilhar este nó górdio em que está a educação.
Enganei-me redondamente! A abordagem não foi a melhor e a forma como tentou apoiar-se nos diretores gerou um grito de revolta que é surpreendente.
Os diretores de uma escola devem representar os legítimos anseios dos professores, em vez de passarem, por um passe de mágica, a defender outro tipo de interesses. Não nos podemos esquecer que um diretor, antes disso, é professor e deixando o cargo volta ao lugar de professor.
O que se tem visto é protestos e mais protestos, manifestações e mais manifestações, greves e mais greves. E, mesmo assim, o Governo não cede. Convém salientar que protestar cansa, mas surpreendentemente os professores não desistem. Uma greve tem implicações no salário do professor, já de si baixo. Isso deveria pôr os nossos governantes a pensar duas vezes. O Governo está à espera que esta onda de contestação passe e tudo acalme – como diz António Barreto, “o Governo espera que passe”, mas, desta vez, tem que dar uma resposta. O Governo aparenta um desnorte inaudito, mas o Governo existe para governar e não para se justificar.
Neste diferendo com os professores, o Executivo tem a chave para dar a volta a toda esta situação, procurando um acordo honroso. Todavia, a seguir à tomada de posse, encadeou um escândalo atrás de outro, por nomeações inadequadas. E parece cansado. António Costa teve uma surpreendente maioria absoluta, mas está a ter um desgaste rápido nunca antes visto. Paira no ar uma certa volatilidade; a forma de recuperar a iniciativa é resolver o dossiê “professores”.
O PS e Costa, cuja maioria absoluta levou a uma certa arrogância e excesso de confiança, ainda têm a última palavra para resolver o problema dos docentes – se o fizerem poderão cumprir a legislatura.
António Costa é conhecido por resolver problemas intrincados e sabe que Luís Montenegro não descola nas sondagens, e muitos militantes do PSD começam a ficar nervosos.
*Fundador do Clube dos Pensadores
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Fev 10 2023
A PERDA DA ESSENCIALIDADE DOCENTE – Carlos Calixto
DISTORÇÃO DAS INTERACÇÕES SOCIAIS NA ORGANIZAÇÃO ESCOLA
A ausência/implementação de políticas e reformas educativas desastrosas para a Educação e Ensino a partir de 2005, com políticos de pacoticha nas últimas duas décadas, e um poder político de mulheres e homens “de Estado” sem estaleca, levou a Escola Pública ao actual estado de caos, à revolta do professorado português por perda da essencialidade docente e à distorção das interacções sociais na organização escola.
E assim vai o estado da Educação em Portugal. A Escola mais parece um “circus” em que os figurantes são os professores. Há um esvaziamento do poder e da Autoridade dos Professores. É preciso devolver a Escola aos professores. É “fac totum” histórico.
A Escola é uma organização onde as relações humanas devem ser privilegiadas. A excelência do contacto humano desenvolve-se no espaço de interacção que é a escola. A condição relacional é assumida e desenvolvida pelos diferentes actores da organização: professores, alunos, psicólogos, técnicos, funcionários, pais e encarregados de educação; cada um interage com o outro, os outros, todos com todos – Comunidade Educativa.
Carlos Calixto
Cada escola está inserida num determinado meio envolvente, havendo interacções com a comunidade educativa. O professor, uma parte do todo, pode e deve assumir o desempenho de um papel dinâmico ao nível das relações humanas na escola e na comunidade. O que cada vez mais justifica a razão de ser do professor enquanto profissional é a relação humana, a empatia e responsabilidade pelo outro, o aluno. “De facto, o professor é, sobretudo, um profissional da relação. Ser professor é ser capaz de interacção com os outros”. (Manuela Teixeira, 1995, p.161). Segundo Teixeira (Op. cit., p. 162), “(…) é relevante que o professor desenvolva o seu Ser profissional como Ser de relação”.
O clima, o contexto, as vivências da organização pelos diferentes actores, resulta de percepções subjectivas. Um relativismo enfatizado e interpretado pela experiência pessoal per si, caso a caso. As imagens, positivas versus negativas variam consoante a realidade intrínseca de cada pessoa humana enquanto sujeito e Eu, situado na organização. Podem ser positivas ou negativas, desmotivantes ou motivadoras. “(…) Nas escolas em que existe um sentido de partilha e de cooperação, hábitos de trabalho em comum, espírito de equipa, existe também, maior motivação dos diversos actores do processo educativo e maior satisfação no trabalho”. (ibidem, p. 166).
Para Teixeira (Op. cit., p. 167), “(…) as imagens que os professores têm da escola apresentam uma relação muito significativa com o modo como afirmam implicar-se na acção colectiva; ou seja, o clima parece influenciar as interacções escolares”. Na organização escolar, os actores ao intervirem estão a interagir com uma intencionalidade contextualizada `a realidade de cada escola. “(…) Intervir numa escola é interagir com pessoas, situadas num contexto determinado, sujeitos a regras de jogo específicas e cujos comportamentos têm de ser referidos à intencionalidade que lhe está subjacente”. (Alves Pinto, 1995, p. 146).
Para Alves Pinto (Op. cit., p. 148), “A escola é um sistema concreto de interacção, de trocas sociais, na medida em que é um sistema de interacção caracterizado pela singularidade”. A escola, ao ser uma organização é um espaço de interacções, de trocas sociais, de relações humanas, socializa intervindo, educando e formando para a vida em sociedade e em cidadania. Sendo o professor, único, determinante e decisivo para concretizar, inovar e transformar.
No jornal Público, no artigo de opinião intitulado: “Obrigado, professores”, António Nóvoa, defende que: “Os professores são decisivos para o nosso presente e para o nosso futuro. Nada os pode substituir. A transformação da Educação começa com os professores. Merecem o nosso respeito e gratidão”. (Nóvoa, in Público, 7/01/23).
Donde, hoje, aqui e agora mesmo, em Portugal, o ME (Ministério da Educação), está em estado de negação da centralidade e da essencialidade docente. Mais, não quer assumir a evidência de que o papel dos educadores e professores portugueses tem a nobre missão de preparar as futuras gerações com responsabilidade, tempo intelectual, competência e exigência. Mais ainda, massacra os profissionais que tutela com uma burocracia ridícula, insane e despropositada de justificação de tudo e mais alguma coisita, “bestialidade” que rouba tempo preciosíssimo de investigação e preparação de aulas, trabalho pedagógico e didáctico personalizado com os alunos e privação da interaccionalidade/interseccionalidade com os educandos, com programas enormes, redução da carga lectiva disciplinar e a não gestão/planificação flexível dos curricula. Se querem ensino experimental deem liberdade profissional/ professoral. E ainda mais, só com a motivação/ganho do professorado é possível alcançar o desiderato da mudança e da transformação. ME tem de confiar nos profissionais que tutela. Os obreiros do processo de ensino-aprendizagem, rumo ao sucesso educativo, são os professores e educadores. Sem parágrafo. Ponto final.
Os professores, têm em absoluto a preocupação da inclusão e sucesso de todos, mas mesmo todos os seus alunos, reflexo do seu trabalho dentro e fora da sala de aula. Mesmo, especial e particularmente dos 20 e tais/30% das crianças e jovens que, por dificuldades várias (sócio-económicas, psicológicas, societais em relação à ideia de escola, pessoal e familiar, sem oportunidade de explicações pagas, cognitivas, etc.), têm dificuldades acrescidas na Escola.
Donde, o professor sabe que o aluno médio é uma abstracção intelectual, distóptica, disruptiva e utópica. Não existe. Cada aluno é uma pessoa humana em concreto, única, diferente, com valor e capacidades que precisam ser exponenciadas ao máximo, com a mais valia do processo de ensino-aprendizagem. O professor, no exercício da docência, deve actuar nas margens do sistema, ter a consciência de uma socialização enriquecedora a nível cognitivo, afectivo e valorativo, dentro de uma liberdade aprisionada. O professor, um actor “mutatis mutandis” no “cenário/drama” da sala de aula, pedagogo/arquitecto criador de cabeças axiologicamente bem feitas, e “modus operandi” direccionado, personalizado.
Perdeu-se a essencialidade docente, ao desviar o foco, a atenção, e ao sonegar tempo precioso da dialéctica do processo de ensino-aprendizagem, com burocracia aberrante. Escola-depósito diariamente e a tempo inteiro dos discentes, (mais um erro paranóico-stressante enclausurar os alunos o tempo todo, provocando ansiedade) e professorado alienado em correrias e viagens ofegantes do professor-estafeta, caixeiro-viajante da intelectualidade/escolaridade apressada, “ambulat”, a caminho da próxima escola. Há uma distorção das interacções sociais na organização Escola, sendo que para haver a essencialidade relacional professor-aluno, é preciso passar tempo juntos, de pessoas humanas em mútua interacção. Haver Estabilidade! É o oposto de perda de tempo com tantas reuniões e medidinhas multiplicantes, relatórios justificativos, actas prolixas, grelhinhas, minudências e práticas burocráticas estupidificantes e infantilizantes, consumadas num pseudo-virtual sucesso educativo do analfabetismo funcional, ao arrepio da intelectualidade crítica científica, pedagógica e didáctica docente. Os professores sabem o que fazer e como actuar sociopsicopedagogicamente. Deixar acontecer o acto pedagógico. Deixar acontecer a sinapse. Deixar acontecer o Educare.
“(…) As políticas públicas têm sido fracas e desinteressantes. A Educação está sem Governo. Os processos de transformação e de metamorfose da Escola não se constroem a partir de novas Leis, reformas ou tecnologias, mas com a criação de condições para partilhar ideias e experiências, com liberdade e apoio dos poderes públicos. (…) Em Portugal, a regra tem sido a indiferença ou mesmo esquecimento, quando não alguma hostilidade, em relação aos professores. (…) Nos últimos sete anos, o melhor que se pode dizer é que houve indiferença em relação aos professores. (…) Medidas de protecção dos professores e do seu bem-estar? Nada. Disposições para facilitar e desburocratizar o dia-a-dia dos professores? Nada. Valorização das carreiras docentes? Nada”. (Nóvoa, idem).
O professorado não admite, a intelectualidade docente proíbe-o, que o Ministério da Educação transforme os educadores e professores portugueses num rebanho/carneirada mé, mé, numa subserviência/obediência “ignobilis”, incompatível com a “dignitas” da função docente. Cenário “horribilis” que rejeitamos. Repetimos que rejeitamos o embrutecimento intelectual e deontológico.
Alegadamente, “Às vezes/há alturas em que é preciso desobedecer”. (Salgueiro Maia, militar de Abril, 1974).
Chega, basta de desconsideração e afronta, espera e humilhação. Vamos acabar de vez com o estado caótico a que chegou a classe docente e a Escola Pública. Tutela e professores. “Guerra” ou paz?! O ME que decida. A Res publica (a coisa do povo/causa pública), assim o exige, em nome da Escola de todos nós, massificada e democrática. Lutar e marchar com a bandeira da justiça, razão, verdade e honra. Gritar e não parar, mesmo que a voz nos doa. Somos pessoas humanas com sentimentos, muito mal tratadas e magoadas pelo ME. Têm-nos intimidado. Têm-nos tirado tudo com iniquícia. Até o medo.
Venha de lá a Manifestação!!! Professorado, Presente!
Até parece que o ME trata o pessoal docente de forma especial, tal é a caricatura de bondade das propostas, (apenas cumpridoras da legalidade de normas europeias, acatadas tardiamente – vinculação), tal é a preocupação diletante em Não fazer. Nem queremos acreditar no “argumentum ad hominem, ad personam”. Será apenas impressão, ou algo mais (…). Fica a conjectura da (in)certeza “ad nauseam”.
Os professores não devem olhar para o que o ME diz.
Os professores devem olhar para o que o ME faz.
ME tem de respeitar a organização, o conteúdo, a duração e os limites do tempo de trabalho docente. É de assinalar a marca e a necessidade de que o trabalho professoral objectivamente se concentre no desenvolvimento da essencialidade dos processos de ensino-aprendizagem. Impõe-se a indispensabilidade de educadores e professores trabalharem a continuidade e aprofundamento das aprendizagens. Mais ainda, é preciso tempo para planificar e os docentes poderem articular a vida profissional com a vida familiar. Simplesmente ser humano e ter visão humanista. Obrigado, os professores agradecem.
“Devem eliminar-se todas as práticas que contribuam para o excesso de carga de trabalho dos docentes, nomeadamente aquelas que puderem ser evitadas em termos de planeamento e dados de avaliação sem carácter de urgência e que não tenham a ver com o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, bem como candidaturas e projectos que não tenham carácter inadiável e que não sejam imprescindíveis para a qualidade do processo educativo”. (FNE – Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, Organização do Tempo de Trabalho Docente, em 27/07/2021).
Mesmo na visão moderna/contemporânea, do papel do professor, este continua a ser a peça central do mundo escolar. A essencialidade docente passa por ter tempo para a vivência lectiva e axiológica “varius educatio”, realizada na díade dialéctica professor-aluno. A escolarização/leccionação está nas antípodas da burocratização. A Escola enferma na actualidade, de uma burocracia esotérica, em tic tac implosivo, que é utopia, quimera e alquimia. A burocracia “crimina” porque tira essencialidade científica e pedagógico-didáctica à função docente. É preciso tempo para o aluno aprendedor descobrir, ouvindo o mestre. Percorrer o caminho da descoberta, orientado. Sendo que os alunos são a centralidade e o alvo do acto educativo dentro e fora da sala de aula. O professor continua sendo o centro dinâmico/placa giratória de todo o processo de ensino-aprendizagem.
O entendimento do ME da Escola ultra moderna, das pedagogias de vanguarda: avaliação holística (pedagogia participada), inclusão, equidade, integração, a totalidade em que as partes somadas são mais que o todo, são conceitos e semântica que na prática escolar, a realidade mostra não passar de vacuidade.
Há coisas que nunca mudam, pelo que não há nada de novo sobre a terra no “mundus educare”.
É facto lamentável haver casos graves de alunos que estão na Escola Pública e que deveriam estar noutro tipo de instituições, com técnicos especializados e aptos a dar melhor apoio e ajuda de verdade, e não “passar o tempo”.
E também há os alunos que infelizmente não querem trabalhar, estudar. E não há medidas “santosnas”, nem supra sumo da barbatana que o valha. Há é relatórios muito burocratizados que lá conseguem o milagreiro resultado que as medidas fazem acontecer. Surrealizante! (…)
“Se há uma coisa que nunca irá mudar é o protagonismo do professor para o bom aprendizado”. (Qual é o papel do professor no processo de ensino? Sílabe, em 28/02/2019).
“As mudanças da sociedade e o advento da tecnologia trouxeram novos desafios e novas possibilidades para o quotidiano da profissão, mas não mudaram o facto de que o professor continua sendo a peça fundamental para criar gerações mais bem preparadas para lidar com os desafios do mundo”. (idem).
“É preciso não ceder a futurismos que imaginam uma Educação sem escolas e sem professores, com as aprendizagens a realizarem-se em casa através do recurso a tecnologias cada vez mais sofisticadas. A Educação deve ser reforçada como bem público e comum, na linha do último Relatório da UNESCO: Reimaginar Juntos os Nossos Futuros – Um Novo Contrato Social da Educação”. (Nóvoa, ibidem).
As influências de luminárias do ME, com ideias muito à frente, como a “parolice saloia” de uma Educação/escolarização em desmaterialização, em que tudo é uma modernice digital, com plataformas, aplicações, projecções e PowerPoint (em que a aula tantas e tantas vezes é uma simples leitura-cábula), é mais um erro de palmatória, com práxis que nunca, jamais, substituirão o papel único, exclusivo e intemporal da acção pedagógico-didáctica do professor.
Aliás, já assistimos hoje ao facto de alunos que vão de mãos nos bolsos para as aulas, que nem caneta e papel levam e esquecem o PC, tablet. Mais, estão-se a perder hábitos saudáveis de responsabilidade e trabalho, de preocupação de preparar o material escolar para o dia seguinte, de auto-disciplina e auto-responsabilidade. Mais, vai-se perdendo auto crítica e auto reflexão. Mais, está-se a perder a Escola que real e verdadeiramente prepara, ensina e educa. Que apronta para os exames nacionais. Sendo o mais importante o que se aprende pelo caminho e não apenas o resultado final. Mais, seria interessante fazer um estudo/exames com alunos ensinados à moda antiga, escola da velha guarda versus escola ultra-modernaça. Venha de lá o “teste do algodão”. Fica o repto desafiante. O segredo do sucesso educativo está no equilíbrio do conjunto, do todo, e na vontade e disponibilidade do aluno em querer trabalhar. É esta a realidade dos factos. Como é facto que o manual escolar não é mal, nem tem mal nenhum. “Velho do Restelo”, conservadorismo; não, apenas e só bom sensus q.b., prática pedagógica e a experiência do terreno de mais de três décadas. Ouvir os colegas, reuniões nas escolas.
Uma das razões do sucesso do ensino privado, não é apenas o público-alvo dos colégios, mas também o facto da burocracia ser reduzida ao básico elementar e se ensinar “à antiga”. Reduzida expressão de projectos e experimentalismo/experiências “bacôcas/pacóvias”). Depois os resultados falam por si.
Um problema bem plasmado hoje nas escolas e que é transversal a todas, é o da diversidade: “O problema da diversidade ou de como lidar com a diversidade é comum a todas as escolas e eu digo que é «O» problema. Se há um problema é este: como lidar com a diversidade de capacidades, de aptidões”. (João Formosinho, Entrevista, Projecto do Desenvolvimento da Autonomia das Escolas).
A essencialidade docente concretiza-se na interaccionalidade relacional-intencional-dialéctica professor-aluno, e na socialização aprendizante da/na organização Escola.
Concluímos com o testemunho, mensagem no WhatsApp, de um colega e Amigo, grande profissional, que foi Director muitos anos. Sem direito a fim de semana, e que nos faz reflectir que de facto as coisas têm de mudar. Depois de uma semana de trabalho de muito mais de 35 horas, a malhar no trabalho/burocracia escolar, (não na direita, como o inefável Augusto Santos Silva, alegadamente, diz gostar). E já agora, relembrar que nos últimos 18 anos os Governos têm dado malho, malhado e bem, nos educadores e professores portugueses.
Citando (sic). “Bom dia amigo. Só agora, a beber um café em casa, tive oportunidade de ler o teu grande artigo – O Clamor dos Professores. Gostei imenso, pois descreveste tudo sobre a nossa revolta. Ainda ontem entrei às 8 horas na escola e saí às 18.30 minutos. Tenho 61 anos!! Não se aguenta este horário (…) e acta para fazer no fim de semana, um PEI de uma aluna NEE e preparação de uma reunião ainda. Já nem digo preparar aulas. Onde vamos parar?? Esta é a vida normal de qq (qualquer) docente! Não pode (…) É esta a nossa força. Todos cansados, mas lá vamos para Lx (Lisboa) pela 3ª vez. Mais um sábado das nossas vidas. Mas tem q (que) ser”.
Confesso que foi difícil segurar as lágrimas; neste momento emotivo em que escrevo, lacrimejo. Determinados lá estaremos, “invictus”, (nunca vencidos).
OBRIGADO F.C., Grande Abraço.
ABRAÇÃO a todas e a todos os colegas, heroínas e heróis de um tempo determinado que vem chegando.
CCX.
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Fev 10 2023
362 Contratados na RR20
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Fev 10 2023
Marcelo e o sindicalismo “com cabeça”… Luís Sottomaior Braga
O presidente veio falar com carinho das ações da CGTP, ontem.
E, quando se fala com carinho, merece-se resposta, mesmo que se tenha decidido ser indiferente a quem fala (e, para mim, pelo seu militantismo pró-PS e indiferença aos professores, Marcelo deixou de interessar, tirando o respeito pelo cargo).
Marcelo saúda as ações da CGTP, na prática por serem um protesto bem enquadrado no sistema, por contraponto aos “movimentos” e sindicatos independentes.
Isto é, na mente de Marcelo, democrata, mas que não esquece certos tiques que vêm da educação infanto-juvenil, há um sindicalismo “bom e enquadrado” que “serve o sistema” e participa ordeiro da vida dele e tem direito à vida, porque se encaixa no sistema político-partidário.
E há um “perigoso”, porque independente e ligado só à vontade sem tutelas dos sindicalizados.
A CGTP devia vir protestar contra esta tese e modelo.
É como se um crítico de vodkas viesse dizer que “boa, boa, é a vodka sem álcool” (que, obviamente, seria um absurdo, se existisse, o que reuniria o consenso de polacos, ucranianos e russos, desavindos em quase tudo).
No fundo, o Presidente elogiou o sindicalismo que chateia “só a modinhos” e quase pede licença para chatear.
Marcelo continua a pensar pela grelha de há 48 anos.
O modelo, lançado na noite de 25 de Novembro por Melo Antunes, em que o “arco do poder” fica com Governo e Parlamento e o PC com os sindicatos.
Assim, está tudo no seu lugar e, citando um autor famoso, “com cabeça”.
Com todo o respeito pelo Senhor Presidente, está a ver mal o filme e a sociedade a que preside.
Quase ninguém, que tenha nascido depois dos anos 60, acha bem esse modelo de sindicalismo manietado e tutelado.
E, por isso, os sindicalizados diminuem. Pela falta de fé que se conte para alguma coisa.
Eu, que nasci em 1972 e cantei a Gaivota a plenos pulmões na escola primária, tenho umas ideias firmes sobre sindicalismo.
Sindicalizei-me pela primeira vez aos 19 anos, num sindicato da CGTP, quando o meu patrão era o Patriarcado de Lisboa (trabalhava, então, na Rádio Renascença e isso chocou alguns colegas).
Depois disso, já fui sindicalizado e deixei de ser 2 vezes, num sindicato de professores da Fenprof e agora estou num independente.
E tenho para mim 5 ideias sobre sindicatos e como deve ser o meu (aquele a quem pago mensalmente uma percentagem do fruto do meu trabalho, porque esse é o vinculo: o sindicato é pago por mim).
📍 O sindicato deve ser independente de todas as tutelas externas aos membros.
Os dirigentes não precisam de ser todos independentes, mas não deve haver domínio de uma força política nos órgãos e a filiação dos dirigentes deve ser transparente.
Os órgãos devem ser pluralistas. Isso é o apartidarismo, na minha noção.
E tenho partido, que assumo em público, mas não tolerarei que ele ou outro tentem controlar ou condicionar o meu sindicato.
Os partidos não têm de estar em tudo. E, na minha profissão e relação com alunos e colegas, não tenho partido.
📍 O sindicato deve ser um local de debate e não um edifício de uma burocracia.
Deve ter uma estrutura ligeira, sem custos excessivos que criem encargos que limitem a vontade de mudar a ação futura pelos sócios.
Sedes, muitos funcionários, etc são custos, mas limitam a ação, se não forem recursos focados nela.
O sindicato deve ser moderno, no sentido de apostar nas tecnologias para alargar a participação e não continuar agarrado a hábitos antiquados de condicionamento dela.
📍 O sindicato deve focar-se na representação dos interesses dos sócios.
Não deve tornar-se uma agência de viagens ou de seguros e acabar a dar mais espaço à recreação que à representação.
Deve ter um bom serviço jurídico e até serviços de aconselhamento noutras áreas (psicologia, servico social, arrendamento, alojamento, etc) mas focar na ação principal: representar os interesses e apoiar a solução dos problemas profissionais individuais e coletivos dos sócios.
Sei que isto vai chocar: os ex-sindicalizados reformados devem ter um estatuto honorário respeitoso mas não devem poder votar ou ser eleitos. O sindicato deve ser para trabalhadores (empregados ou desempregados) e nunca admitir dirigentes já reformados.
Os dirigentes devem manter ligação ao trabalho nunca podendo estar mais de um mandato sem exercer ainda que parcialmente a profissão (isto não existe em parte nenhuma mas é o que eu penso).
📍 As decisões internas principais cabem aos sócios (e saliento sócios, pagantes) com votações formais. Nenhuma greve ou acordo (ou manifestação de dimensão) deve ser aceite sem ser votada pelos interessados.
O sindicato responde perante os “companheiros” (sócios) e mais ninguém.
📍 Os dirigentes têm de estar sempre preparados para prestar contas e devem ter limitação de mandatos (nunca mais tempo de mandato que o que pode ter o Presidente: se é bom para a República, é bom para o sindicato).
Um sindicato assim em Portugal é uma utopia?
Existem nos países nórdicos, na Alemanha e até nesse paraíso do radicalismo proletário que são os Estados Unidos.
Senhor Deputado Constituinte Marcelo, não seria isto que os Constituintes queriam? E é isso que o sistema nos tem dado?
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Fev 10 2023
Reserva de recrutamento n.º 20
Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 20.ª Reserva de Recrutamento 2022/2023.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 13 de fevereiro, até às 23:59 horas de terça-feira dia 14 de fevereiro de 2023 (hora de Portugal continental).
Consulte a nota informativa.
SIGRHE – Aceitação da colocação pelo candidato
Nota informativa – Reserva de recrutamento n.º 20
Listas – Reserva de recrutamento n.º 20
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Fev 10 2023
Organização do Dia 11
Está desenhada da seguinte forma.
Ontem meti ao lixo um artigo satírico que remetia um sindicato para a despensa, no fim das reuniões sindicais, para se conseguir um acordo entre os diversos sindicatos. Possivelmente ainda o vou reviver depois de dia 11.
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Fev 10 2023
Ministério da Educação vs. professores
Ministério da Educação vs. professores
O ministro da Educação, João Costa, ainda não percebeu o que se está a passar na educação. O seu antecessor, Tiago Brandão Rodrigues, deixou acumular os vários problemas com que se debatem os professores.
Quando João Costa foi escolhido pelo primeiro-ministro, confesso que fiquei agradado e pensei que, por ter sido anteriormente secretário de Estado, estava por dentro dos dossiês e podia desenvencilhar este nó górdio em que está a educação.
Enganei-me redondamente! A abordagem não foi a melhor e a forma como tentou apoiar-se nos diretores gerou um grito de revolta que é surpreendente.
Os diretores de uma escola devem representar os legítimos anseios dos professores, em vez de passarem, por um passe de mágica, a defender outro tipo de interesses. Não nos podemos esquecer que um diretor, antes disso, é professor e deixando o cargo volta ao lugar de professor.
O que se tem visto é protestos e mais protestos, manifestações e mais manifestações, greves e mais greves. E, mesmo assim, o Governo não cede. Convém salientar que protestar cansa, mas surpreendentemente os professores não desistem. Uma greve tem implicações no salário do professor, já de si baixo. Isso deveria pôr os nossos governantes a pensar duas vezes. O Governo está à espera que esta onda de contestação passe e tudo acalme – como diz António Barreto, “o Governo espera que passe”, mas, desta vez, tem que dar uma resposta. O Governo aparenta um desnorte inaudito, mas o Governo existe para governar e não para se justificar.
Neste diferendo com os professores, o Executivo tem a chave para dar a volta a toda esta situação, procurando um acordo honroso. Todavia, a seguir à tomada de posse, encadeou um escândalo atrás de outro, por nomeações inadequadas. E parece cansado. António Costa teve uma surpreendente maioria absoluta, mas está a ter um desgaste rápido nunca antes visto. Paira no ar uma certa volatilidade; a forma de recuperar a iniciativa é resolver o dossiê “professores”.
O PS e Costa, cuja maioria absoluta levou a uma certa arrogância e excesso de confiança, ainda têm a última palavra para resolver o problema dos docentes – se o fizerem poderão cumprir a legislatura.
António Costa é conhecido por resolver problemas intrincados e sabe que Luís Montenegro não descola nas sondagens, e muitos militantes do PSD começam a ficar nervosos.
Joaquim Jorge in Jornal de Notícias
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Fev 10 2023
Houve 11 dias de greve dos professores com mais de 100 escolas encerradas em todo o país
Em 11 dos 30 dias de greves de professores que se registam nas escolas desde Dezembro mais de 100 estabelecimentos de ensino acabaram mesmo por fechar, fosse de manhã, de tarde, ou em ambos os períodos. A fase mais intensa dos protestos aconteceu entre os dias 13 e 19 de Janeiro, coincidindo com o arranque da greve por distritos convocada por uma plataforma de sindicatos. Num único dia desse período, chegaram a estar encerrados mais de 300 estabelecimentos de ensino. Este retrato do impacto dos protestos dos profissionais é feito a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Educação (ME). Os números também mostram que a luta tem arrefecido nas últimas semanas.
Houve 11 dias de greve dos professores com mais de 100 escolas encerradas em todo o país
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