13 de Fevereiro de 2023 archive

A GRANDE MANIFESTAÇÃO DOS PROFESSORES: DAS PALAVRAS O SENTIMENTO

A GRANDE MANIFESTAÇÃO DOS PROFESSORES:

DAS PALAVRAS O SENTIMENTO

 

Um sábado frio e solarengo de inverno. Dia 11 de fevereiro de 2023. Hora marcada, 15 horas. Um dia histórico para os educadores e professores portugueses, para o movimento sindical e para o exercício da cidadania. Portugal e o mundo assistiram à maior Manifestação nacional de Professores de sempre, com apoio solidário popular massivo e maciço, e com a presença de forte solidariedade sindical internacional. Mas, as estrelas, foram mesmo todos os trabalhadores da Educação e Ensino. A docência está de parabéns.

A CNN Portugal falou em 200 mil manifestantes. A comunicação social e os sindicatos, por baixo, falaram em mais de 150 mil manifestantes. Seguramente, algures entre 150 mil e 200 mil manifestantes. Um oceano de gente, de pessoas humanas unidas no mesmo querer, na mesma vontade, na mesma Esperança renovada, com um brilhozinho nos olhos.

 

Carlos Calixto

 

Ninguém me contou. Tal como em 2008, eu estive lá. Tive o privilégio e a honra de ver com os meus olhos in loco, sentir com o meu coração o ambiente fantástico de todos e tantos corações palpitantes, vivenciei axiologicamente o momento, feito de muitos momentos, emocionei-me, senti arrepios e escorreu uma lágrima que os óculos de sol ajudaram a disfarçar. Emoções, muitas e fortes emoções. Revi e abracei Amigos.

A nação dos professores e educadores portugueses, o povo docente disse presente, em uníssono. Resposta ainda mais esmagadora que em 2008. E eu olhei e observei as pessoas. Vi políticos deambulando pelo Marquês. Vi as  selfies para memória e recordação futura. Também vi aqueles que vivem vazios por dentro, sufocados pela máscara do fingimento e da mentira, preocupados com fotografias e vídeos, aparecer nas filmagens, disfarces à paisana, enfeudados ao partido, vi drones filmando (…); vi aqueles que em negação, não aceitam o que são e quem são, sem alma, as lapas do poder. Apenas ficar no retrato.

E continuei olhando, e observando observei o mar de gente a transformar-se num oceano de gente. Gente gira, linda, bonita. E também vi um grande aparato policial, carros, motas, polícias de/em serviço, acompanhados de grandes metralhadoras. Sorri! E mais vi, pessoas, cidadãos anónimos com pequenos cravos de Abril ao peito, a dar e a distribuir lindos cravos de Abril, com um perfume inebriante a verdade, justiça, pureza de sentimentos e a inocência de gente boa, pessoas bem formadas de carácter a Lutar por Dignidade e Respeito. Vi uma luta entre David e Golias e sei, sim, eu sei que no final, o pequeno David vai vencer o grande Golias porque a realidade impõe-se, realiza-se e acontece no tempo determinado. E Este É o Tempo!

E lá começou a marcha. E, meu Deus, eu vi as pessoas a berrar e a gritar palavras de ordem a plenos pulmões. Gritando mais alto que megafones já com as pilhas gastas, gritando com a voz rouca e doendo, afónicas, fazendo a catarse em família, a nossa, a família professoral.

As pessoas eram tantas, tantas, mas tantas que, em bicos de pés e empoleirado, não vi o fim à vista da Manifestação. Jornalistas, rádios, televisões, entrevistas, bombos, trabalho sindical organizado e espontâneo, de improviso. Vi a Avenida da Liberdade cheia (ladeada por milhares e milhares de populares, dançando, batendo palmas, cantando, com mensagens motivadoras de encorajamento, alguns numa espécie de transe telepático de simpatia e apoio à nossa causa, por tudo aquilo que todos sabem e pela salvação da Escola Pública), vi o Rossio cheio, vi o Terreiro do Paço cheio; e vinham aos magotes e iam entrando, com a arma da bandeira em punho, bem levantada lá no alto, cachecóis, slogans, caretos e gigantones, apitos e gaitas, faixas e cartazes com reivindicações. Até vi imaginação e criatividade nos protestos, das mais efusivas e variadas formas, e até por lá andaram as orelhas do Mickey (enormes, em modo Dumbo), em cabeças mensageiras. No Rossio, chamou-me a atenção, o cartaz de uma senhora que em papel de cartão grosso, emendado com fita cola, dizia tudo em poucas palavras: “Senhores professores, por favor NÃO desistam. Lutem pelos vossos direitos”. A “coisa” bateu forte.

O professorado muito agradece e diz muito obrigado a esta cidadã anónima, do povo, que ao contrário do Governo, do Ministério da Educação (ME), e de alguns políticos (que representam o partido e não o povo e muitos professores que os elegeram), percebe o que está a acontecer/acontecendo. Senti um estremecimento e a responsabilidade redobrada. Desistir não é opção. Falhar está fora de questão. A luta É para continuar até à vitória final, com o Acordo de todos os acordos negociado entre a tutela e o professorado. Necessário é plasmar tudo num novo Estatuto da Carreira Docente (ECD). Dar resposta a todas as linhas vermelhas. Dinheiro não é problema quando há vontade política. Falemos, dialoguemos, admitamos um calendário faseado, mas sem mandar para as calendas gregas. Até porque, se alegadamente, só para a Efacec, o Estado injecta todos os meses 10 milhões de euros (Camilo Lourenço, comentário hoje, 13 de fevereiro de 2023, na CMTV), os docentes há duas décadas que vêm empobrecendo e perdendo salário real e poder de compra.

Não se trata de nenhum braço de ferro entre o ME e o Professorado, mas apenas e tão só/somente de Justiça, honrar compromissos, resolver problemas laborais da classe e valorizar/tornar atractiva a profissão docente. É nobreza de carácter reconhecer os erros e emendar a mão. Nós, os professores, estamos aqui, esperando há demasiado tempo. A paz social tem um preço. Os custos do colapso da Escola Pública são irreparáveis para gerações de jovens estudantes.

Os professores e educadores viajaram de todo o país, aos milhares, em centenas de autocarros (foram noticiados mais de 600), de automóvel, de barco, a pé e à boleia, e até de bicicleta, caso do colega Carlos Azedo, com 62 anos e que pedalou mais de 200 kms, do Alentejo até Lisboa, com a mensagem de que estava a repetir 2008: “Manifestação Geral de Professores (…) 15 anos depois tudo na mesma”!

Terreiro do Paço cheio. Discursos no palco. Convidados estrangeiros. A Internacional da Educação. Mais discursos e vivas ao humano rio transbordante, mar e oceano que não parava de encher a Grande Praça, na sua imponência virada para o Tejo. E as bandeiras ai, tantas bandeiras, de todas as cores, grandes e menos grandes, agitadas ao vento, num frenesim sem fim, sem ninguém querer arredar pé. E alguém gritou, “e a seguir Pink Floyd”. Derrubar a parede que oprime e deprime. E foi, foi lindo, único, humano e humanista, quase transcendental. Professores mais jovens, os novos e de meia idade, os mais jurássicos (o meu caso), em princípio e fim de carreira, no 10º escalão (senadores, vão sendo uma raridade), aposentados, estudantes futuros professores, todos homenageando e todos sendo homenageados.

Cai a sombra escura da noite e não paravam de chegar mais e mais colegas. Parecia o milagre da multiplicação. Eram/foram tantos, tantos, impossível contá-los; como é impossível contar cada gota de todas as gotas do oceano. E vi drones a “intimidar” alguns, filmando na noite, piscando luzes verdes e vermelhas. Mas vi outra coisa. Vi o brilho do pensamento no olhar de luz de todos os manifestantes a iluminar a noite escura. E a celebração continuou.

Já noite, recolher o material da luta, o regresso e uma chuva miudinha que começou a cair. Caminhar vários kms, chuva pingando, engrossando, passar Santa Apolónia, continuar caminhando, atravessar o Viaduto do comboio, continuar caminhando e abrandar por causa de alguns colegas que iam ficando para trás, encontrar a camioneta que transportou o nosso grupo. Um grupo de 9 colegas perdeu-se. Fomos dois à procura. Localização GPS. “Quase que chegavam à Expo”, tal a firmeza da/na caminhada. Sinceramente, nunca vi tamanha firmeza e determinação na classe docente. Os professores mais parecem/são uma tropa de élite muito bem treinada e disciplinada, que sabem o que querem e apontam o caminho, “soldados que dão lições aos oficiais do ME”, de cidadania e civismo. Os colegas perdidos, entretanto   achados, encontrados e regressados, afirmaram sorrindo, não estar cansados. Impressionante! Depois de um dia árduo e tão cansativo. Sem palavras!

ME, ausculta os professores, ouve e escuta, entende o âmago e essência íntima da questão, da lancinante tormenta dos problemas docentes, e resolvamos, por favor. Urge pacificar as escolas. Obrigado.

Partida, comer a última sandocha, saída pela ponte Vasco da Gama, paragem na estação de serviço Galp Alcochete, para o inevitável chichi, com filas enormes e vários minutos de espera, suportado durante horas (mesmo evitando beber água e líquidos), o sentido do dever cumprido e alguns colegas a dormir. (A entrada foi pela ponte 25 de abril, paragem em Alcácer do Sal).

Terminamos (singular plural majestático), com a referência ao facto de no nosso autocarro, irem duas menores; a filha de uma colega e uma amiguinha. Interpelada a colega por mim, a resposta pronta foi: “Lição de cidadania”.

O retirar da identificação do autocarro dos vidros da frente/pára brisas e do vidro de trás.

A todo o professorado, educadoras(es) e professoras(es) portugueses, do continente e das ilhas, Açores e Madeira, aos colegas vindos do estrangeiro, organizações, e ao povo português, que vieram dar apoio solidário e altruísta, o nosso Obrigado por tudo e o nosso Amor por tudo.

Muitos Parabéns a todos! Bem hajam!

O brilho nos olhares é agora mais intenso, estamos mais unidos, e vão acontecer as cores do arco-íris e o deslumbramento da aurora boreal. Vamos viver um dia de cada vez, com a Esperança que É Certeza. Somos docentes, cidadãos livres, conscientes, com massa crítica, a Educar e a Ensinar as futuras gerações, com esta grande lição de democracia e cidadania participada.

Acontece(u) Ser Professor!!!

CCX.

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As novidades do Novo Estatuto da Carreira dos Docentes nos Açores

Reposição do tempo inter-carreiras

Recuperação do Tempo de Serviço

Redução da componente letiva aos docentes do Pré Escolar e 1.º Ciclo em igualdade com os dos outros ciclos.

Proposta de Decreto Legislativo Regional

Estatuto da Carreia Docente da Região Autónoma dos Açores

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Mais três rejeições para memória futura…

 

 

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Tolerância de ponto dia 21 de fevereiro mas tenham calma…

 

O Colégio Arbitral decretou serviços mínimos para os dias 20 e 22 de fevereiro. Estes dias são de pausa letiva, de acordo com o Calendário Escolar aprovado para este ano letivo.

O Colégio Arbitral desconhece o calendário escolar ou a marcação de serviços mínimos nestes dois dias traz água no bico?

 

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Carta ao Senhor Presidente da Republica

Carta enviada ao Senhor Presidente da Republica que me foi enviada para publicação.

 

Clicar na imagem para ler a carta de 9 páginas.

 

 

 

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Número de estabelecimentos Públicos e Privados

Os quadros seguintes são retirados do novo documento da DGEEC que foi disponibilizado hoje.

O primeiro quadro apresenta o número de estabelecimentos públicos por concelho, o segundo o número de estabelecimentos privados também por concelho.

Lisboa e Porto têm mais estabelecimentos de ensino privados do que públicos (ano de 2020/2021 em análise).

De acordo com os dados, Lisboa tem 159 estabelecimentos públicos e 231 privados. O Porto tem 76 estabelecimentos de ensino públicos e 118 privados.

 


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Dashboard Educação em Números

Dashboard Educação em Números

 

A DGEEC disponibiliza um dashboard em Power BI que contém informação acerca de Alunos, Recursos Humanos (Docentes e Não Docentes) e Estabelecimentos, relativos à Educação Pré-escolar e aos Ensinos Básico e Secundário.

Os dados têm o nível de desagregação geográfica máxima por município e referem-se a Portugal. As séries temporais apresentadas remontam a 2009/2010 no caso dos Alunos, 2014/2015 no caso dos Recursos Humanos e 2013/2014 no caso dos Estabelecimentos.

 

Através deste dashboard, o utilizador pode selecionar as categorias das diversas variáveis e assim efetuar os cruzamentos que lhe permitem obter a informação personalizada do seu interesse. A informação é suscetível de ser visualizada por:

  • Alunos:natureza e localização geográfica do estabelecimento onde se encontram matriculados (NUTS I, II, III e município), ano letivo, nível, ciclo, oferta de educação e formação, orientação, ano de escolaridade, sexo e idade;
  • Recursos Humanos: natureza e localização geográfica do estabelecimento onde exercem funções (NUTS I, II, III e município), ano letivo, nível/ciclo de docência (Docentes), grupo de recrutamento (Docentes), funções (Docentes), habilitações académicas, vínculo contratual (estabelecimentos públicos do Ministério da Educação), sexo e grupo etário;
  • Estabelecimentos:natureza, localização geográfica (NUTS I, II, III e município) e tipologia.

Outros indicadores tais como conclusões, taxas de transição/conclusão, taxas de retenção e desistência e taxas de escolarização, são também suscetíveis de desagregação por geografia e nível de ensino/ciclo de estudos, bem como por natureza e ano de escolaridade (três primeiros indicadores).

 

Este dashboard, contempla assim a maior parte do indicadores presentes nas Estatísticas da Educação, Regiões em Números, Perfil do Aluno e Perfil do Docente, em matéria da educação pré-escolar, ensinos básico e secundário, e permite todas as combinações possíveis de variáveis, constituindo-se por isso uma mais valia e uma inovação na forma de apresentação de informação estatística.

 

O dashboard pode ser visualizado abaixo, ou em formato maximizado aqui.

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Plenário Sindical, Após Reunião Final de Negociações

Este artigo foi publicado inicialmente no dia 9 de fevereiro, dois dias antes da manifestação de dia 11. Porque esta sátira se tornou um pouco premonitória e porque os receio de quem escreveu esta sátira se fizeram já sentir no dia 11, retomo novamente o artigo para dar conta que existe este receio para as mesas negociais.

E não retomaria este artigo se na manifestações sábado não tivessem enviado alguns professores  para a despensa.

 

 

PLENÁRIO SINDICAL, APÓS REUNIÃO FINAL DE NEGOCIAÇÕES

 

(Após a última ronda de negociações, os diferentes sindicatos de professores reúnem-se numa sala à parte, no Ministério da Educação, para consílio entre pares. Entretanto, um assessor corre, freneticamente, corredor adiante, guinchando baixinho)

ASSESSOR – Sr. Ministro, Sr. Ministro!!! Conseguimos! Conseguimos!! Vai dar para ouvir tudo!!!

(entra no gabinete, esbaforido, fecha a porta atrás de si e entrega um auscultador wifi ao Ministro. Baixa a voz)

ASSESSOR – Os nossos serviços secretos conseguiram ter acesso à sala das reuniões. Oiça!!

(Ministro coloca o auricular e, depois de um silvo eletrónico, percebe um rol de vozes em coro)

(Noutra sala):

PrFEN (Professores Filiados da Educação Nacional) – Vejam bem, vejam bem, que isto começou com um rumorzinho…

FNEI (Fação Nacional de Educadores Importantes) – Depois cresceu, que foi que lha deu!

(risos)

PrE (Pró-Escolas) – Colegas, ordem na mesa! Ordem na mesa!! Estais aqui para avaliarmos as últimas propostas. Este plenário conjunto…

PrFEN – …foi marcado por nós para conciliação de ideias! Organizemo-nos, portanto!!

FNEI, SPSMM, PrE, FPFP e SIFD à esquerda, SFFNS, SNAP, SNAPNPSNA e STJMA do lado direito!

SNAPNPSNA (Sindicato Nacional de Alguns Professores que não pertencem ao SNA) – Nós não ficamos juntos com o SNAP!!)

SNAP (Sindicato Nacional de Alguns Professores) – Sim, esses vendidos! Esses vendidos! Passem para o outro lado da mesa!!!

SNAPNPSNA – Atenção que não fomos nós que assinámos o acordo de devolução de 1/5 do tempo congelado!! Vendidos são os SNAP!!!

PrFEN – Colegas e camaradas!! Ordem na mesa, cada um do seu lado, senão não vamos a nenhum lado !!

SECDT (Sindicato Estou Cansado Disto Tudo) – Então e nós?

PrFEN – Vocês? Vocês são muito pequeninos, têm de ir para a sala aqui ao lado!!

SECDT – Mas, aqui ao lado é a despensa…

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – EXATO!!!

PrFEN – Ide, ide, que a gente já vos chama!

PrE – Olhai os pequeninos a ver se nos passam a perna!!

(risos na sala)

PrFEN – Sim, porque a gente já cá anda há 30 anos, bem sabemos como liderar…

SNAP – esconjurar…

STJMA – abafar…

SECDT – assinar…

PrE – … reclamar disto tudo!!

SNAPNPSNA – E os nossos colegas estão na rua, estamos todos na rua, a nós ninguém nos cala, ninguém nos cala!!

PrFEN – Cala-te agora um bocadinho que temos aqui que contar as migalhinhas que vieram do Ministério. A ver se alguma se aproveita!! Então, vamos lá ver…

  • Contratados aproximados, fixados, vinculados, estabilizados e mais remunerados!

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – A favor!!!

PrE – Sim, sim, excelente medida, que eu até vi vários cartazes lá em baixo, na 24 de julho, a pedir isso!!

(ouve-se uma voz pequenina ao fundo)

SECDT – Mas só estão a fazer o que a União Europeia manda há anos!!

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Silêncio, aí na despensa!!!

PrFEN – Segunda proposta: Milagre da multiplicação dos QZP – de 10 passam a 63!!

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Aprovado!!

SECDT – Mas, depois, temos de concorrer mais longe ainda!!!

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Xiu!!!

PrFEN – Alguém trouxe inseticida? O raio do inseto não se cala… Prossigamos…

3) Conselho de Diretores para selecionar docentes…

PrE – Acho que essa o Ministro riscou…

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA  – Muito bem! Muito bem!!

PrFEN – Vêem, camaradas, a força que temos na rua a segurar cartazes pintados à mão?

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA  –

Que maravilha!! Aprovado!!! Aprovado!!

SECDT – (um grunhido impercetível)

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Xiu!!!

PrFEN – Ainda há mais uma alínea de ofertas. Estupendo, estupendo!, o que a gente consegue quando se junta!! 4) Acelera e desacelera e tudo como d’antes no Quartel d’Abrantes.

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Aprovado!! Não queremos ninguém ultrapassado!!

SECDT – (voz quase sumida) Então e os 6 anos e não sei quê??? E o estrangulamento nas quotas?

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Xiu! Está quase a acabar!!!

STJMA – Olha, tem aqui mais uma nota de rodapé, qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer coisa. Parece-vos bem?

PrFEN/PrE/FNEI/SPSMM, PrE, FPFP/SIFD/SFFNS/SNAP/SNAPNPSNA/STJMA (em coro) – Excelente! Aprovado!!

PrFEN – Na verdade, estas negociações foram duras, muitos dias de frio, muitos distritos a percorrer, confesso que estou satisfeito. Admitimos que ia ser difícil, o Tetina alertou que não havia verba, ainda levamos uma mão cheia, os colegas já podem trabalhar mais descansados. Bom trabalho, camaradas!!

SECDT – (voz mais audível) Então e os 6 anos e não sei quê??? E as quotas estranguladas??? E o pessoal não docente?

PrFEN – (Mas o inseto não se cala, o que é que ele sabe da luta sindical, ainda de cueiros?) Ó colega, tenha calma, tenha calma, vamos retomar a luta em Junho, para estarmos mais descansados, sabe que não se ganha tudo à primeira, nem à segunda, nem à terceira. Eu bem sei, que já cá ando há 30 anos.

(Ao fundo do corredor):

MINISTRO – (Sorrindo, em voz baixinha) – Está no papo! Ó Meireles, traz aí umas garrafas de champanhe que vamos regressar à sala de reuniões para assinatura conjunta!

ASSESSOR (desligando os auriculares) – Mas, olhe que os pequeninos não querem assinar…

MINISTRO – Isso não me preocupa, o que interessa é que os seniores estão alinhados. Eles bem a sabem:  quem parte e reparte e não fica com a melhor parte…

 

Mário Coutinho Lamas

 

 

NOTA – Qualquer relação com a realidade é mera ficção.

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Petição – Unidos em Defesa da ESCOLA PÚBLICA

Unidos em Defesa da ESCOLA PÚBLICA

1) A luta dos professores e técnicos superiores da Escola é uma luta genuína, com foco em valores como a justiça, o respeito, a valorização e a dignidade, e sem qualquer interesse sindical ou político;

2) A educação é a base de uma sociedade desenvolvida e a maior promotora de mobilidade social; uma sociedade que não investe significativamente na educação e no conhecimento compromete o seu futuro;

3) os “professores são os pedreiros do mundo“, pois estão na base da conceção da sociedade e de algo fundamental numa sociedade desenvolvida, o “Elevador Social“;

4) É urgente o combate à precariedade e instabilidade de alguns professores e técnicos superiores, sistematicamente contratados e deslocados, votados a um baixo rendimento devido aos encargos financeiros acrescidos e não vislumbrando uma merecida estabilidade nas suas vidas;

5) É urgente reduzir o trabalho burocrático, a sobrecarga de trabalho que pouco ou nenhum benefício traz para o processo educativo e que limita o tempo disponível para apostar na qualidade, inovação e humanização da Escola, assim como o tempo pessoal/relacional dos seus profissionais;

6) É urgente um novo modelo de avaliação de desempenho que não defina quotas, que não estrangule e lentifique a progressão na carreira;

7) É urgente a recuperação do tempo de serviço retirado aos professores (6 anos + 6 meses + 23 dias);

8) É urgente a atribuição de remunerações dignas aos profissionais da educação, alinhadas com o seu investimento formativo e as responsabilidades envolvidas;

9) É urgente combater o facilitismo que tem sido introduzido pelos sucessivos governos no sistema educativo, tal como a perda de autoridade dos profissionais de educação;

10) É urgente tornar a profissão de professor uma PROFISSÃO NOBRE, prestigiada e mais atrativa, tanto para os que já a exercem como para os jovens, caso contrário, muitos docentes continuarão a optar por sair do ensino e poucos jovens estarão interessados na carreira de professor, pelo que, tendo em perspetiva o número de aposentações num futuro próximo, não haverá professores suficientes para as necessidades do país;

11) A persistente desvalorização dos profissionais da educação na sociedade portuguesa e a contínua degradação do quotidiano da escola pública têm conduzido a uma crescente insatisfação profissional, tornando-se estes profissionais uma das classes que acusa um maior desgaste e exaustão e apresentando, muitos deles, problemas de saúde mental que importa mitigar e, sobretudo, prevenir.

Por uma ESCOLA PÚBLICA de QUALIDADE

 

ASSINAR

 

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PROFESSORES: Francisco Moita Flores

 

Ei-los, novamente, a descer a avenida da Liberdade. Um mar de gente magoada. Uma multidão que exige respeito e mal anda um País que não respeita quem o ensina a ser pessoa.
Bem podem gemer desculpas, os culpados desta afronta a tantos homens e mulheres que se entregam aos nossos filhos, aos nossos netos, ensinando-lhes a magia das palavras, os segredos do saber. Não exigem muito, embora exijam tudo: Respeito!
Gemem desculpas os culpados. E escondem-se atrás de silêncios cobardes. E dou por mim a pensar se estes decisores indecisos, perguntarão aos seus botões por onde andam os professores que lhes ensinaram a descobrir o a vida. Talvez os descubram na imensa mole humana que desce a avenida. Talvez ainda se recordem que se chegaram onde chegaram, devem-no àqueles que, agora, numa marcha indignada, pedem respeito.
Fui professor. Infelizmente a saúde não me permite descer a avenida com os meus antigos colegas. Por isso escrevo para eles. Para lhes agradecer o sacrifício, para lhes agradecer a paixão que entregam ao seu trabalho, pela dedicação aos seus alunos.
Escrevo-lhes por respeito e para exigir que os tratem com respeito! Devemos-lhe ter ganho um sentido para a vida e esse poderoso milagre que é transformar seres humanos em pessoas.
Bem hajam!

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Não “esmorecer”, nem “cair no mar”…

 

Não se interprete este texto como se ele fosse um apelo à desunião dos Profissionais de Educação… Este texto poderá ser tudo, menos isso…

 

Este texto é uma forma de assumir que existe um problema grave, tornando-se imprescindível enfrentá-lo… Não há outra forma de o resolver e de o  ultrapassar…

 

No Sábado, estive 5 horas na Manifestação, sempre integrada no Sector destinado ao S.T.O.P….

 

Durante esse tempo, houve sempre alegria e boa-disposição, houve animação e houve espírito de camaradagem, por oposição ao vento gelado que amiúde soprava e contra a espera de 3 horas para sair do Marquês de Pombal…

 

Ao longo da Rua do Ouro, muitos outros manifestantes que já regressavam do Terreiro do Paço, iam parando no passeio para aplaudir o nosso entusiasmo…

Sobretudo nesses momentos, houve interacções (ainda mais) ruidosas, como se se tratasse de um cumprimento entre conhecidos de longa data… Foi bonito e fez-me arrepiar algumas vezes…

 

Outros desses manifestantes, deixaram transparecer no rosto uma espécie de desconforto, como se pedissem, subliminarmente, desculpa por alguma coisa…

 

Em alguns momentos, aquele percurso da Rua do Ouro até ao Terreiro do Paço tornou-se, por isso, em algo sui generis e estranho…

 

Confesso que, naquele momento, não compreendi bem aquela expressão em alguns rostos e que isso me causou uma certa perplexidade…

 

Compreendi, passado pouco tempo, o plausível porquê daquele comportamento:

 

Chegados, finalmente, ao Terreiro do Paço, não encontrámos aqueles que seria de esperar: muitos milhares de manifestantes, pretensamente nossos pares em tudo, menos em solidariedade…

 

Não nos deram outra alternativa que não fosse a de fazermos o fim de festa sozinhos, mas com o mesmo entusiasmo que nos caracterizou ao longo de todo o percurso da Manifestação…

 

As coisas más não desaparecem só porque se evita falar delas e este não pode ser um tema interdito ou um tabu, que não deva ser falado ou discutido, por poder causar algum tipo de melindre:

 

A entrada no Terreiro do Paço foi, metaforicamente, como levar com um balde de água fria…

 

Havia por ali algumas pessoas, poucas, e a FENPROF já lá não estava, tinha-se “evaporado” e demitido do seu papel de “anfitriã”…

 

Não houve o menor esforço por parte da organização da Manifestação em demonstrar solidariedade para com os milhares de “últimos”, que acabaram, de certa forma, por ser “atraiçoados” e completamente desrespeitados…

 

Porque não esperaram pela entrada de todos os profissionais de Educação no Terreiro do Paço? Acaso alguns profissionais valerão menos do que outros?

 

Foi muito feio e, com tristeza, fez-me sentir vergonha alheia pela FENPROF…

 

No Sábado, pelo que vi e senti, esgotou-se o que restava de alguma ilusão relativa à possibilidade de uma desejável, e imprescindível, união sindical…

 

Por isso, união dos profissionais de Educação? Sim, com certeza, mas não será certamente com o contributo de uma união sindical, que nunca chegará…

 

Fatalmente, há coisas que nunca mudam e o Velho Sindicalismo provou no Sábado que é uma delas…

 

E nem o facto de “todos os olhares” estarem postos nesta Manifestação, inibiu o comportamento anti-democrático, por parte da FENPROF…

 

Resta saber o que mais virá a seguir, em termos de eventuais entendimentos com o Ministério da Educação, acordos esses, potencialmente danosos para a maioria dos profissionais de Educação…

 

Acredito que os profissionais de Educação estarão, agora mais do que nunca, particularmente atentos ao que se passa entre as várias estruturas sindicais e a Tutela e que não perdoarão facilmente a repetição dos erros do passado ou serem “atraiçoados”, de forma indecorosa e com má-fé…

 

Lisboa, sempre Lisboa, essa cidade inigualável…

 

Na Sábado à noite, já em casa, ainda atordoada por algo que não queria ter vivido, vieram-me ao pensamento estes versos de Alexandre O´Neill (Poema A Gaivota), que ilustram bem a minha desilusão e o pessimismo, decorrentes do que se passou em Lisboa, num final de tarde pardacento:

 

“Nesse céu onde o olhar

É uma asa que não voa

Esmorece e cai no mar”.

 

Apesar do que se viu e sentiu não ter sido sempre agradável, não podemos “esmorecer”, nem “cair no mar”, ainda que se torne cada vez mais difícil resistir a tantas contrariedades…

 

(Paula Dias)   

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