Um ano após a invasão da Ucrânia por um país agressor, neste caso a Rússia, quem se lembra da onda de solidariedade que atravessou o país?
Quem se lembra da estupefação com que recebeu a notícia que a guerra tinha regressado à Europa?
Milhões de portugueses fizeram doações para ajudar o povo ucraniano que se via envolvido numa guerra e fugia das zonas de combate.
Mais de 300 mil mortes depois, ainda há quem negue que qualquer agressão a um país livre é um crime por si só.
Ainda há quem não demonstre a solidariedade natural perante a agressão seres humanos inocentes.
E os nossos sindicatos, aqueles que dizem à boca cheia que representam os Professores, mostraram-se solidários?
É só fazer uma pesquisa pelas suas páginas na internet…
Mas os Professores, essa classe profissional, organizaram-se nas escolas e voluntariaram-se, para ajudar o Povo Ucraniano em tempos tão difíceis. Demonstraram que são solidários e deram o exemplo. Bem hajam.
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/02/quem-foi-o-unico-sindicato-de-professores-que-nao-se-mostrou-contra-a-invasao-da-ucrania-por-parte-da-russia/
Segundo o Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, a palavranegociaçãosignifica:
“Conversações entre parceiros sociais com o objetivo de se chegar a um acordo”.
Desde o passado mês de Setembro, já se realizaram seis rondas negociais entre o Ministério da Educação e os Sindicatos da Educação, não existindo, no momento actual, qualquer expectativa de entendimento futuro, entre ambas as partes…
À saída de cada ronda negocial, tem-se assistido a uma visão penosa e deprimente da dita “negociação”, com os Sindicatos a mostrarem-se naturalmente agastados com os respectivos resultados e o Ministério a tentar passar a ideia de que tem transigido em algumas reivindicações, pretendendo, dessa forma, iludir a “opinião pública” com cedências da sua parte que, na verdade, nunca se concretizaram, pelo menos nos pontos essenciais que levaram à contestação…
Ou seja, a ilusão da cedência por parte da Tutela, com o objectivo de simular o empenho para chegar a um acordo com os Sindicatos, parece estar a minar qualquer possibilidade de entendimento, revelando-se como uma atitude pouco digna e plausivelmente mal intencionada, que acabará por resvalar para a deslealdade institucional…
A boa-fé, que supostamente deveria conduzir a negociação e que, no pior dos cenários, deveria levar a Tutela a assumir, de uma vez por todas, com clareza e frontalidade, que não existirá qualquer cedência relevante da sua parte, não se tem vislumbrado…
Em vez disso, o Ministério da Educação parece estar interessado em arrastar a “negociação”, sem que se acredite numa verdadeira intenção de ceder no que quer que seja, levando os Sindicatos à humilhação constrangedora de terem que “mendigar por graças” que nunca obterão…
A sujeição a esta estratégia ardilosa do Ministério da Educação não dignifica ninguém e é inadmissível numa Democracia, supostamente, adulta e madura…
Se o Ministério da Educação não tem, efectivamente, nenhuma cedência significativa para apresentar que se encerrem as “negociações”, evitando-se, assim, a repetição de sucessivos “espectáculos” públicos, nada edificantes, a fazer lembrar os típicos melodramas de uma “telenovela mexicana”…
Depois de tantas rondas negociais, sem se verificar qualquer dos efeitos práticos pretendidos, não restará aos Sindicatos outra atitude que não seja a de deixarem de lado as “politiquices” e harmonizarem formas de luta, porventura recorrendo ao agravamento das mesmas…
Se os Sindicatos não o fizerem, os profissionais de Educação ficarão “reféns” da Tutela, que “esfregará as mãos de contente”, levando por diante todas as iniquidades já anunciadas e, eventualmente, outras ainda por revelar…
Os profissionais de Educação não podem ficarad aeternumà espera de soluções milagrosas para os seus problemas, que parecem nunca chegar, e se esse “beco sem saída” se mantiver por muito mais tempo, haverá um momento em que se cansarão e desistirão da sua luta, sobretudo se não virem resultados substanciais decorrentes da mesma…
Por cada dia que passa, sem se vislumbrar uma centelha de predisposição de todos os Sindicatos para se entenderem e harmonizarem formas de luta, aumenta o risco de cansaço e de desmobilização…
E chegou-se àquele momento em que não é possível voltar para trás…
Os profissionais de Educação, por todo o esforço já empreendido, esperam, legitimamente, e sem condescendência, que todos os Sindicatos que os representam consigam delinear estratégias conjuntas, que permitam alcançar os principais objectivos da presente luta…
Se os Sindicatos não o fizerem, arriscar-se-ão a ficar retratados como um “saco de gatos”, onde ninguém se entende, onde facilmente se instala a confusão e a divisão insanável e onde prevalecem os interesses corporativos…
Obviamente que daí até os profissionais de Educação poderem ser “contaminados” por essa “patologia” será um passo muito curto…
Não será aceitável que os profissionais de Educação possam ser enganados pelos seus pretensos pares…
A Esperança não poderá dar lugar à decepção e à descrença total naqueles que supostamente os representam…
Os profissionais de Educação não podem ser deixados, pelos Sindicatos, numa situação ainda pior do que aquela em que se encontravam antes da presente luta…
Além disso, imagina-se quão satisfeitas ficariam certas personagens sinistras se pudessem assistir a mais um desaire ou à desistência da luta, por parte da Classe Docente?
Quem lhes quererá dar esse prazer mórbido e esse regozijo?
Se os Sindicatos não agirem em prol do bem comum, que credibilidade lhes restará?
Perdoe-se a repetição e a insistência, mas neste momento não vejo, de todo, outra alternativa que não passe por uma verdadeira união sindical, como forma de resolver o impasse a que se chegou…
Tem de haver união e firmeza de classe profissional, sem isso não se irá a lado nenhum…
Com todo o caminho que já foi percorrido, desistir agora será como “morrer na praia”, perdendo-se a oportunidade soberana de recuperar o respeito e a dignidade…
Os sindicatos de professores chumbaram esta quinta-feira as propostas para o novo regime de concursos e ameaçam com novos protestos. Mário Nogueira, da Fenprof, anunciou que até terça-feira haverá um milhar de reuniões para os docentes decidirem as formas de luta, que podem passar por greves às avaliações do segundo período, mais greves por distrito ou apenas um abaixo-assinado.
Mário Nogueira no fim da reunião de ontem disse que o Ministério pretende vincular 10.500 professores que tinham contrato ativo em 31 de dezembro de 2022 e tenham pelo menos 1095 dias de serviço (se não foi desta forma foi algo semelhante). Neste artigo já tinha dito que não conseguia na minha base de dados saber de onde vinha este número.
Agora ficamos a saber que existem mais docentes (ficam de fora quase 5 mil) nas mesmas condições.
Sendo assim, terá de haver um concurso já que as vagas não chegam para todos.
Se existem 15 mil docentes contratados com contrato ativo em 31 de dezembro de 2022, com pelo menos 1095 dias de serviço, como se poderá fazer um concurso de vinculação dinâmica num curto espaço de tempo? Será que a regra de seleção vai ser considerar quem em 31 de dezembro estava com um contrato ativo e tem mais tempo de serviço?
Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 22.ª Reserva de Recrutamento 2022/2023.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 27 de fevereiro, até às 23:59 horas de terça-feira dia 28 de fevereiro de 2023 (hora de Portugal continental).
…não seria normal canalizar milhares de milhões de euros para bancos, TAP, entre outras coisas, nem gastar cinco milhões num palco, enquanto ali mesmo ao lado há uma escola completamente degradada.
Tudo se resume a uma palavra: sonho. Muitos não entenderão esta persistência, por vezes também não a entendo, mas o sonho, tal como escreveu um dia António Gedeão, é umbichinho álacre e sedentoe como tal não nos deixa desistir.
Isto para falar da manifestação de professores do dia 11 de fevereiro, muito se disse, muito se comentou, mas como vejo sempre o lado mais poético da vida, o que vi foi uma união que há muito não se via. No entanto, não sou ingénua, certamente cada um dos milhares de professores que se juntaram do Marquês ao Terreiro do Paço estava ali por motivos individuais; uns pelos 6 anos, 6 meses e 23 dias, outros pelo fim das quotas, outros porque querem estabilidade e a tão ambicionada vinculação. Mas, algo mais forte nos uniu também.
Terá sido o sonho? Creio que cada um de nós, em algum momento, pelo menos, sonhou que teria uma profissão digna. Por isso, no passado sábado, gritámos tanto a palavra respeito. E o ato de respeitar quem incentiva a sonhar tem ficado cada vez mais esquecido ao longo do tempo, quer pelos sucessivos governos, quer por alguns alunos e encarregados de educação. A partir de que momento é que ser professor passou a ser motivo de vergonha? Antigamente, quando os adultos faziam às crianças a típica pergunta “O que queres ser quando fores grande?”, ninguém ficava espantado se a resposta fosse “professor”. Hoje em dia, ouve-se frequentemente a frase: “tudo menos professor!”.
Por isso, foi surpreendente para mim ver que no passado dia 11 muitas pessoas nos apoiavam nos passeios e nos aplaudiam enquanto exigíamos respeito. Afinal nós também nos unimos em defesa da escola pública, e lutar pelo ensino é também lutar pelo futuro de um país. E aqui volto ao sonho, o sonho que me levou a escolher esta profissão tão cedo. O que sempre me moveu foi o sonho de contribuir para um mundo melhor. Não podemos salvar vidas como um médico, um bombeiro, um polícia ou até mesmo um cientista, mas podemos dar a nossa pequena contribuição através da educação. Creio que os 150 000 que marcharam até ao Terreiro do Paço já sentiram isso pelo menos uma vez.
É por isso que não consigo dizer ao António, aluno do nosso agrupamento, para não seguir o seu sonho. O António, que esteve sempre presente nos nossos protestos à porta da escola, surpreendeu-nos quando nos disse que queria ser professor de Português e Espanhol. Instintivamente dissemos que devia repensar a sua escolha. Mas será? Quis saber mais sobre o motivo da sua escolha, ele respondeu-me: “O que me fascina mais são os valores e os ensinamentos que os professores passam para os alunos, abrem a nossa mente para o mundo sobre muitos assuntos que em casa, muitas vezes, não são abordados.”.
Na terra dos sonhos(citando agora Jorge Palma), ninguém se espantaria com a escolha do António, nem seriam necessárias greves, e manifestações para existir algo tão fundamental como o respeito. Não seria normal canalizar milhares de milhões de euros para bancos, TAP, entre outras coisas, nem gastar cinco milhões num palco, enquanto ali mesmo ao lado há uma escola completamente degradada.Na terra dos sonhos, os governantes ouvem o seu povo, respeitam-no e não o ignoram, nem se limitam ao silêncio, uma lição que António Costa parece ainda não ter aprendido. Após ter lido as propostas do governo que serão levadas para a mesa de negociações chego à conclusão que eles até agora não entenderam nada do que dissemos, talvez precisem de voltar as bancos da escola, isto se ainda existir.
Com vencimentos baixos e sem escalões, os professores no Ensino do Português no Estrangeiro denunciam uma situação “desesperante”, afirmando não haver disponibilidade das tutelas para dialogar.