E tu, consegues passar no exame nacional de matemática britânico? – João André Costa

 

Não sei se é por ter tido uma mãe como professora de matemática ou se a culpa é mesmo e só dos genes mais esta facilidade para ler números, estatística e dados de conclusão imediata, para não dizer óbvia, mas ao aterrar em solo britânico constatei duas realidades: a primeira, a falta de professores, a mesma falta em 2007, hoje e sempre; e a segunda, o baixo nível de exigência no ensino da matemática.
Se o ensino secundário no Reino Unido tem apenas a duração de 11 anos, tal não justifica o ensino das primitivas e integrais enfiadas a pontapé na cabeça deste que vos escreve.
E até aqui estamos todos de acordo. Para além do mais, com uma população estudantil cinco vezes superior quando comparada com Portugal, a universalização do ensino só pode ser conseguida pela simplificação do currículo.
Balelas, pois claro, e assim se estupidifica um povo quando a matemática de fim do ensino secundário é a matemática das equações de 2.º grau, das inequações, a matemática da proporcionalidade inversa e da fórmula resolvente, tudo conteúdos programáticos ao nível do ensino básico em terras lusas.
Ou seja, o ensino secundário no Reino Unido é básico. E não, não é uma piada.
As recentes intenções do governo de Sua Majestade, todavia, procuram mudar o rumo através da obrigatoriedade da aprendizagem da matemática até aos 18 anos. O objectivo? Capacitar os alunos para um mundo de gráficos e estatísticas, um mundo de percentagens e taxas de juro, um mundo onde a noção de tempo e de medidas, de tabelas e horários exigem uma resposta imediata, quase de cor em cérebros musculados na matemática.
E como para se ser mestre do elementar é forçosa a aprendizagem do complexo, aqui vamos nós para as primitivas e integrais, doa a quem doer.
Ainda hoje tenho acordo a meio da noite a suar. Mas talvez hoje seja mais fácil e porventura me debruce numa primitiva enquanto bebo o café da manhã.
Mas programa à parte, ainda temos a falta crónica de professores, 35000 a leccionar matemática, números esses insuficientes em comparação com os 39000 professores de inglês e os 45000 professores de ciências.
E sim, por cá também se recrutam professores não qualificados e/ou com outros graus académicos.
Desenganem-se as mentes mais férteis pois tal não significa saber ensinar e quem fica a perder são os mesmos de sempre, as crianças e o amanhã.
Mas como entre a reformulação do programa e a formação de mais professores ainda muita água vai passar, voltemos à questão inicial, a qual está na base desta matemática elementar e nada como vermos pelos próprios olhos: e tu, consegues passar no exame nacional de matemática britânico?
Dez questões, em inglês, pois claro, sessenta segundos para cada uma e podes errar duas vezes. Boa sorte!

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2 comentários

    • jose on 23 de Janeiro de 2023 at 10:26
    • Responder

    não me digam. A culpa é da Maria de Lurdes e do governo. Será???

    • CABB on 23 de Janeiro de 2023 at 19:41
    • Responder

    Well done! You scored 10 out of 10!

    Muito difícil! E nem sou de matemática. É mesmo do básico.

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