Falta de professores terá de ser uma fatalidade? Alexandre Parafita

 

Grande alarido mediático gerou a recente divulgação de um estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030, onde se assegura a necessidade de recrutar, até ao final da década, mais 34 508 novos professores, considerando o Ministério da Educação vir a recrutar cidadãos de outras áreas para darem aulas.

Falta de professores terá de ser uma fatalidade?

Esta é, afinal a confirmação de que a profissão de professor está, há muito, em crise. Com o primeiro trimestre do ano letivo a chegar ao fim, há ainda lugares por preencher nas escolas. E cada vez vai ser pior, pois os cursos via ensino no Ensino Superior continuam a ser rejeitados pelos jovens, que não sentem a profissão docente como apetecível, deixando centenas de vagas por preencher.

Mas, terá de ser isto uma fatalidade em Portugal? Não creio. Tudo podia ser diferente. Deem autoridade e prestígio à classe docente. Acabe-se com a violência nas escolas e com a impunidade de alunos malcomportados e arruaceiros. Penalize-se criminal e exemplarmente encarregados de educação que agridem, intimidam e ameaçam professores. Acabe-se com a terrível burocracia que recai sobre os professores (até os processos relativos ao “cheque dentista” dos alunos estão sobre os seus ombros…), alivie-se o peso arrasador e absurdo da sua rotina profissional (turmas e horários sobrecarregados, testes, planos de aulas, planos de recuperação, aulas de apoio, reuniões sobre reuniões, resmas de atas, grelhas, relatórios…) que os obrigam a trabalhar de dia e de noite, madrugada fora. Deem-lhes condições para poderem também ter uma família.

E então sim: tal como outrora, qualquer jovem alimentará o sonho de um dia poder vir a ser professor. As escolas tornar-se-ão num espaço onde apetece estar. O Ensino Superior encher-se-á de candidatos à docência, e jamais faltarão professores de qualidade nas escolas.

JN

 

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7 comentários

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    • Vanda Serrão on 24 de Novembro de 2021 at 12:40
    • Responder

    O problema é que tudo isso passou um utopia

    • Sofia on 24 de Novembro de 2021 at 14:06
    • Responder

    Concordo!!!!!!

    • Windmic on 24 de Novembro de 2021 at 16:04
    • Responder

    Grandes palavras, grandes verdades!

    “Deem autoridade e prestígio à classe docente. Acabe-se com a violência nas escolas e com a impunidade de alunos malcomportados e arruaceiros. Penalize-se criminal e exemplarmente encarregados de educação que agridem, intimidam e ameaçam professores. Acabe-se com a terrível burocracia que recai sobre os professores […], alivie-se o peso arrasador e absurdo da sua rotina profissional […] que os obrigam a trabalhar de dia e de noite, madrugada fora. Deem-lhes condições para poderem também ter uma família.”

    • Luluzinha! on 24 de Novembro de 2021 at 16:33
    • Responder

    Concordo, em absoluto.

    • dany35 on 24 de Novembro de 2021 at 16:45
    • Responder

    Excelente! Só acrescentava a criação de um concurso de colocação de professores justo!

    • Pedro Castro on 25 de Novembro de 2021 at 2:21
    • Responder

    Concordo totalmente! Mas não chega.
    O que assistimos é uma questão civilizacional das sociedades ocidentais. A falta de professores não acontece somente em Portugal, mas também em muitos países da Europa, Estados Unidos, América Latina e na Austrália. É uma pandemia da civilização ocidental, que começou na angloesfera . Até na Finlândia muitos professores querem deixar o ensino.
    Porquê?
    Porque o radicalismo construtivista é a principal ideologia educacional contemporânea que influencia o pensamento pedagógico das sociedades ocidentais. Tal ideologia propõe que a aprendizagem deve acontecer através da experiências/projetos do aluno em que o professor é um mero intermediário. O papel do professor é secundarizado, por outras palavras, o professor perdeu estatuto.
    Acreditou-se no Ocidente que o caminho para a escola construtivista, baseada em projetos, baseada por investigação do próprio aluno seria o caminho inexorável e dominante no processo de ensino aprendizagem nas escolas.
    Pois estamos completamente enganados!
    A teoria da carga cognitiva do psicólogo evolucionista australiano John Sweller, e da sua equipa de investigação formada por cientistas da arquitetura do cérebro, veio abalar aquilo que nós acreditávamos até aos dias de hoje, de que o ensino construtivista seria o caminho a seguir no futuro do ensino.
    Ao longo da última década, através do PISA, o principal medidor da qualidade dos sistemas educativos de cada país, constatou-se que os alunos da zona da Ásia Pacífico, onde o método de ensino tradicional predomina, tinham-se superiorizado em relação aos alunos ocidentais, tanto na Leitura, como na Matemática, como na Ciência. Assim, o topo do conhecimento e da tecnologia tem-se deslocado do Ocidente para o extremo Oriente.
    Para os cientistas da Teoria da Carga Cognitiva, os alunos aprendem muito mais rapidamente através de exemplos do que através de pesquisas/projetos. Para estes cientistas o principal ator é o professor.
    Temos de mudar de mentalidade!!!

    • NãoháPachorra on 26 de Novembro de 2021 at 0:28
    • Responder

    Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar o sr. Alexandre Perafita que para quem não conhece é um excelente jornalista e um grande escritor, com várias obras publicadas, tanto para adultos como para crianças. Por acaso, também foi um professor que tive o prazer de ter nos idos tempos no Liceu Camilo Castelo Branco, em Vila Real.
    Também eu abracei esta nobre profissão tive professores que me ajudaram a ver nesta profissão uma forma de poder formar cidadãos cultos, responsáveis e, desta forma, consequentemente estes pudessem, nas suas diversas profissões, continuar a desenvolver a nossa sociedade.
    Verificamos, que a educação não chega de facto a toda a gente, pessoas como este senhor que se intitula “professor Karamba”, infelizmente é um espelho do mais degradante e baixo, que reflete a forma como não existe respeito pelos outros. Ora, isto leva-me a dizer, e não foi na escola que o aprendi, foi pelos ensinamentos do meu pai a mãe, que é o seguinte: “Quem não respeita os outros é porque não sabe respeitar-se a si próprio”. Daí que, a javardice de vocábulos utilizados por este senhor, se for pai, responsável, que exemplos são estes que profere num blog como este., criado, julgo eu para que se faça apenas uma sã troca de ideias(critica faço ao moderador que certos bucabulos deveriam ser erradicados, ou o comentário retirado, num blogo ligado à educação devia começar a pensar ter códigos de utilização mais adequados, isto não será o tasco lá da esquina, ou começa a ser?!) Todos têm direito à sua opinião, desde que esta não seja ofensiva para os outros. Que profira uma linguagem civilizada, e que não venha para aqui sempre com as mesmas tretas, sempre com o mesmo tipo de linguagem, etc, etc…
    Será que este senhor tem filhos numa escola, seja ela qual for?! Se os tiver, ou já teve, não se deu conta que estes passam quase mais tempo com os seus professores do que com a família?! Como é possível proferir estas palavras de puro ódio contra quem educa e “atura” os filhos dos outros, tirando tempo para criar aos seus próprios!!! Ou será que os professores não têm filhos que também frequentam as escolas? Ou que apenas recebem mundos e fundos e quase metade vai para impostos (para pagar o tal “seguro de saúde” que se chama ADSE, do qual me sai do bolso todos os meses 64,44€). Professores que nem um simples livro pedagógico, para estudo, ou para melhor poder ajudar a desenvolver o seu trabalho na sala de aula, podem meter em sede de irs?! Neste últimos anos a nossa classe só aprendeu a conjugação do verbo DAR em todos os seus tempos verbais. Em troca fomos deixando, infelizmente, desaprendendo… quiçá esquecendo a conjugação do verbo RECEBER! Não, senhor “professor Karamba”, não me estou a referir ao vencimento que cada vez é menor. O salário mínimo já quase chega aos calcanhares de muitos professores. Refiro-me, para começar, pelo respeito e dignidade que toda uma classe como a nossa merece! Uma sociedade que não respeita e acarinha os seus professores está condenada ao retrocesso civilizacional e a um redundante fracasso. Faço votos que a “camisola” que veste e a equipe que representa, no final do jogo, sofra uma redundante derrota!

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