Especialistas pedem reabertura das creches e pré-escolar já no início de Março

 

Especialistas pedem reabertura das creches e pré-escolar já no início de Março

Máscara obrigatória a partir dos seis anos, proibição de reuniões fora da escola, rastreios e vacinação de professores e funcionários. Eis algumas das medidas capazes de garantir um regresso seguro à escola, defendem epidemiologistas, psiquiatras, pediatras, professores e pais numa carta aberta ao Governo.

“É possível manter a pandemia sob controlo mantendo as escolas abertas, desde que com as devidas precauções”, lê-se numa carta aberta que dezenas de especialistas de diversas áreas, entre os quais o virologista Pedro Simas, o epidemiologista Henrique Barros e o professor em Economia da Saúde Pedro Pita Barros, entre muitos outros, reivindicam a reabertura das creches e do pré-escolar já no início de Março, seguido do regresso faseado à escola dos alunos do 1.º e 2.º ciclo.

“O encerramento das escolas tem um impacto muito grande na sociedade e neste momento já podemos pensar em reabri-las”, adiantou ao PÚBLICO Pedro Simas, para quem “Portugal já estará muito perto do ponto em que não é possível fazer baixar mais o número de infecções por via do confinamento”.

Na carta aberta, os subscritores começam por argumentar que “a escolha entre a vida dos mais velhos e a educação das crianças e jovens é um falso dilema”, nomeadamente porque “as escolas não são contextos relevantes de infecção”.

Exemplos? “Durante o primeiro período, as medidas sanitárias em vigor nas escolas provaram que o curso da epidemia foi independente de as escolas estarem abertas.” De resto, em Fevereiro, “só 25 casos positivos resultaram dos 13 mil testes realizados” nas 700 escolas que estão em funcionamento para acolher os filhos dos profissionais essenciais.

Lembrando que “em Portugal há cinco vezes menos rastreadores de contacto por habitante do que na Alemanha”, e que a optimização dessa ferramenta poderia contribuir para controlar a epidemia de forma “tão ou mais eficaz do que fechando as escolas”, os subscritores sugerem que este regresso dos alunos às escolas poderá tornar-se mais seguro se forem adoptadas medidas que vão dos rastreios periódicos da infecção em amostras da população escolar à inclusão dos professores e auxiliares da acção educativa nos grupos prioritários de vacinação.

O desfasamento dos horários de entradas e saídas, a proibição de reuniões fora da escola nos momentos de maior pressão pandémica, a substituição dos professores de alto risco e a obrigatoriedade do uso da máscara a partir dos seis anos de idade são outras das sugestões contidas no documento endereçado ao primeiro-ministro, António Costa, e aos ministros da Educação e da Saúde, bem como ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Apesar de a máscara actualmente só ser obrigatória para os alunos do 2.º ciclo, muitos pais já davam as máscaras e indicações para que os seus filhos do 1.º ciclo as usassem nas escolas”, lembra o director da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, outro dos subscritores do documento, que, segundo acrescenta, pretende funcionar como “uma pressão positiva” para que o Governo possa calendarizar a reabertura das escolas, como se resto, chegou a ser pedido por Marcelo Rebelo de Sousa.

Estas medidas, conjugadas com outras que passam pela vigilância de contágios nas escolas e pela criação de espaços específicos para aplicação de testes rápidos de antigénio e procedimentos de isolamento, “estão ao alcance do Governo” e implicam um custo “infinitamente menor” do que a manutenção do encerramento das escolas por mais tempo, lê-se ainda no documento, entre cujos subscritores se encontram ainda nomes como o da neurologista Ana Castro Caldas, do ex-secretário de Estado Joaquim Azevedo, da infecciologista do Hospital de São João Margarida Tavares, do representante da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascensão, da psicóloga e investigadora Margarida Gaspar de Matos, e da professora de Economia Susana Peralta, além de várias dezenas de pediatras, psiquiatras e professores.

Para além da reabertura das creches e do pré-escolar no início de Março, seguida do regresso à escola dos alunos do ensino básico, a começar pelos 1.º e 2.º ciclo, os signatários pedem o regresso na mesma altura ao ensino presencial de “todas as crianças e jovens beneficiários da Acção Social Escolar, sinalizadas pelas Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, ou para as quais a escola considere ineficaz o ensino à distância e estejam em risco de abandono escolar”.

De caminho, e depois de terem sublinhado que Portugal “é um dos países da União Europeia com menos condições para ensino à distância” (por razões que vão do baixo nível de qualificações dos pais ao facto de 16% das crianças até aos 12 anos viverem em alojamentos sobrelotados), lembram ainda que no ano passado o encerramento de escolas em Portugal foi dos mais longos da União Europeia, nomeadamente no ensino básico, o que poderá degenerar no “aumento de problemas psicológicos e psiquiátricos das crianças e jovens associados ao confinamento e ao fecho das escolas (depressão, ansiedade, perturbação alimentar, auto-lesões…)”.

 

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13 comentários

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    • Falar verdade on 23 de Fevereiro de 2021 at 9:56
    • Responder

    Esta posição só pode vir de pessoas que estão sufocadas com os filhos em casa!!!! Porque não se está a pensar na saúde pública!!!!

    • Zaratrusta on 23 de Fevereiro de 2021 at 11:54
    • Responder

    Esta posição vem de pessoas que, iludidas pela propaganda do ME, julgam que as escolas tiveram ou algumas vez venham a ter essas condições.. Basta ouvir esse Pedro Simas- um pateta alegre.

    • De vaga em vaga... on 23 de Fevereiro de 2021 at 12:55
    • Responder

    Quem quer mandar todos para as câmaras de gás e já o governo, entretanto escuda-se atrás do jornalismo de sarjeta e de “especialistas” avençados.
    Obviamente são subterfúgios para alijar responsabilidade em novo desastre.
    Estes são os “especialistas” que, quando éramos o pior país do mundo no número de infeções não aconselharam o governo a fechar as escolas e continuam a esconder que o número de infeções só começou a baixar 8 dias após o encerramento.
    os diretor@s no topo dos responsáveis pelo crime pois defendiam (ainda a 14 de janeiro, no pico da terceira vaga) a manutenção das escolas abertas, enquanto MENTIAM e OCULTAVAM os surtos aí existentes. O furafilas e o lima à cabeça da manada.

    • Vasconcelos on 23 de Fevereiro de 2021 at 13:09
    • Responder

    Especialistas?

    Diziam que as escolas eram seguras, apenas porque sim, contudo, só depois das escolas fecharem se verificou uma descida, a sério, das infeções. Voltar, com tudo igual, na minha escola não há nenhum distanciamento entre alunos, por ser fisicamente impossível, nas horas de lanche, os alunos fazem-no juntos, claro que sem máscara.
    Os números são melhores agora, mas passados 15 dias após a reabertura das escolas os números voltariam a subir. Abrir, até concordo, com vacinação dos professores, sobretudo os doentes de risco.

    • Cf on 23 de Fevereiro de 2021 at 14:33
    • Responder

    Só tenho uma pergunta, de todos estes ” especialistas” quantos estão no terreno a dar aulas a 30 alunos em 30 metros quadrados?

    • Rosinha on 23 de Fevereiro de 2021 at 15:08
    • Responder

    É um dos especialistas que está a pressionar por causa dos filhos dele.
    É mais uma questão pessoal.

    • Marge on 23 de Fevereiro de 2021 at 15:16
    • Responder

    Claro que vem dos paizinhos/mãezinhas que gostam dos filhinhos pelas costas, os outros que os aturem e educação que deviam dar, nem vê-la!. No Jardim de Infância e 1º ciclo é IMPOSSÌVEL o distanciamento! Os educadores, professores e auxiliares, como sempre, são esquecidos! Se morrerem…são menos ordenados e futuras pensões a pagar. Next!

    • Luís Martins on 23 de Fevereiro de 2021 at 15:48
    • Responder

    Acho que está na hora de um abaixo assinado/petição para reverter o sistema de gestão escolar e acabar de vês com os ditadore…diretores!
    Haja coragem!

      • Pois on 23 de Fevereiro de 2021 at 18:39
      • Responder

      Perguntem aos sindicatos por que não o fazem?
      São cúmplices. Que outra coisa esperavam do nojeira? Estalinismo =fascismo.

    • N. Ribeiro. on 23 de Fevereiro de 2021 at 18:04
    • Responder

    Vacinar professores? Pessoal não docente? Onde? Quando?

    • Zaratrusta on 23 de Fevereiro de 2021 at 20:28
    • Responder

    “Cem personalidades………..”. Começa assim a introdução do jornalista televisivo. Ouvido desta maneira poderíamos pensar que estávamos perante a opinião dos maiores cérebros mundiais. Começamos por perceber que essas personalidades são portuguesas, o que por si só já não faz prever nada de bom. Dessas “personalidades” destacam-se o barrabotas do Filinto, o execrável Ascensão, o pateta alegre do Pedro Simas e duas tias psicólogas a dizerem as parvoíces do costume sobre a mente humana. O mais grave disto tudo é que o governo, dada a sua mais que provada mediocridade e incompetência, é capaz de ir na conversa desta gentalha.

    • AC on 23 de Fevereiro de 2021 at 23:32
    • Responder

    No que diz respeito à saúde, não tenho conhecimentos suficientes para contestar.
    No que diz respeito ao ponto 10, aí já tenho. São precisamente estas desigualdades sociais que têm de ser resolvidas para que, assim, a educação tenha o seu papel relevante no desenvolvimento do país. Não será o confinamento ou desconfinamento que irá colocar-nos ao nível dos países desenvolvidos. Comecem pela base da pirâmide para haver suporte para o seu topo.

    • Manuel on 24 de Fevereiro de 2021 at 22:23
    • Responder

    Que especialistas???
    Escolas sim, mas sem mordaças nem traumas psicológicos.
    Deixemos de dividir a sociedade.
    Quem quiser que se auto mutile, mas respeitem a constituição e o direito de ser livres.
    Liberdade sempre, medo nunca!

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