Fevereiro 2024 archive

UMA REFLEXÃO DE ANTÓNIO GALOPIM DE CARVALHO

No ano que findou, a luta dos professores, numa determinação e intensidade nunca vistas, trouxe ao de cima a degradação a que chegou este grande pilar de qualquer sociedade democrática e a incapacidade de lhe dar resposta.
A quatro meses de festejarmos 50 anos sobre a conquita da liberdade – Glória aos Capitães de Abril! – ocorre-me lembrar, aos que andam esquecidos, que estes militares, terminada a sua acção, entregaram, generosa e honradamente os nossos destinos nas mãos de uma classe política que se esqueceu ou não soube facultar conhecimento, civismo, cidadania, em suma, à sociedade que aceitou governar.
Volto a afirmar que, entre os sectores da vida nacional que nada beneficiaram com esta abertura à liberdade e à democracia, está a educação. E, aqui, a escola falhou completamente. Se não mudarmos grande número dos paradigmas que têm sido os nossos, não merecemos os cravos que os militares de Abril nos ofereceram.
A iliteracia cultural e científica, mesmo aos níveis mais básicos, de uma grande parcela da nossa população é a prova provada desse falhanço. Parcela importante, a quem a Escola deu diplomas, mas não deu a educação, a formação e a preparação essenciais a uma cidadania plena. Educação, formação e preparação, três grandes défices que o Dr. António Costa, em começos do seu mandato, em 2015, como Primeiro-Ministro, disse serem sua grande preocupação.
Disse, mas nada fez para o concretizar, no essencial.
É verdade que se avançou, como nunca, no parque escolar. É verdade que o ensino escolar gratuito e obrigatório atingiu o 12ª ano (antes era o 4º), mas, com as sempre honrosas excepções, os nossos jovens saem da escola marcados por uma iliteracia científica e cultural confrangedora.
Pergunto muitas vezes que infelicidade caiu sobre uma significativa parcela do nosso povo, que rejeita, com o sorriso da ingenuidade ou da iliteracia, tudo o que convide a pensar, a reflectir sobre si mesmo e sobre o que o rodeia. Um mundo, tantas vezes, nas mãos de políticos incompetentes e oportunistas de que a nossa sociedade está cheia, onde, de há muito, impera a corrupção, o vírus do futebol profissional e a promiscuidade entre a política, o poder económico e a justiça.
Uma parcela que bebe toda a alienação que lhe é servida de bandeja por uma comunicação social, em grande parte, prisioneira de interesses ligados ao grande capital.
Ocorre-me dizer que levamos quase cinco décadas, em que o “gosto pelo saber” foi institucionalmente substituído pela preocupação com o “sucesso escolar”, visando as estatísticas. Claro que há muitos bons Professores que contrariam esta política, mas a generalidade do sistema que governa este importantíssimo sector da vida nacional, mais do que ensinar, promove a amestragem dos alunos a acertarem nas questões que lhes são colocadas nos exames finais. Neste quadro decepcionante todos perdemos. Perdem os professores, amarrados que estão a directrizes que não controlam, perdem os alunos e, em consequência, perdemos todos e perde Portugal.
Postas esta considerações prévias, voltemos à luta dos Professores.
Devo começar por dizer que tive pena do Ministro da Educação e do seu apagado Secretário de Estado, ao vê-los vaiados por multidões de manifestantes. Acompanho o seu desconforto no papel de escudo do seu próprio governo face à pressão reivindicativa de professores, pais e alunos. É por demais evidente que o Dr. João Costa ia para a mesa das negociações com os representantes dos professores, bem ciente das “linhas vermelhas” que não podia ultrapassar ou, melhor dizendo, que o ministro da Finanças lhe impunha. Mas o que me vem à ideia, é que ele as aceitou, porque, caso contrário, teria “batido com a porta”. Vemo-lo agora colado ao novo secretário geral do PS, cujas ideias, face a este sector da sociedade, desconhecemos.
A esperança é sempre a última a morrer. O edifício da Educação precisa de ser demolido de raiz para, em seu lugar, esperemos que surja um outro, levado a cabo NUMA PROFÍCUA COLABORAÇÃO ENTRE GOVERNOS E OPOSIÇÕES, para durar três ou mais legislaturas e que envolva gente verdadeiramente capaz de o concretizar, visando com especial atenção:
– a escolha criteriosa dos titulares da respectiva pasta;
– a completa revolução na respectiva máquina ministerial;
– as dotações orçamentais adequadas;
– a formação e a avaliação (a sério) dos professores;
– os programas e os manuais de ensino;
– a libertação de todas as tarefas que não sejam as de ensinar e outras, postas em evidência nas suas reivindicações.
– a necessária dignificação dos professores, num conjunto de acções, envolvendo salários compatíveis com a sua relevância na sociedade.
A terminar, saúdo os professores (sem esquecer os educadores) das nossas escolas e reafirmo que os considero os pilares da sociedade e, uma vez mais, dizer a governantes e governados que é necessário e urgente restituir-lhes a atenção, o respeito e a dignidade a que têm jus.

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Não Acertei na Previsão para a Data de Publicação das Listas Provisórias

Que previ que pudessem ser publicadas hoje. Apontei para esta data porque igualaria o mesmo prazo de 2019 com uma distância de 35 dias entre a abertura do concurso e esta publicação. Se as listas provisórias não forem publicadas esta semana já entraremos acima dos 40 dias, que iguala os piores prazos desde 2015.

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O Programa do Livre

Tem o Capítulo 5 (página 45 à 51) todo dedicado à educação e tem ideias interessantes , em especial no ponto 5, das quais destaco:

  • reduzindo a assimetria salarial entre os escalões de ingresso e os de topo, integrando no quadro os docentes que tenham pelo menos três anos de serviço completo;
  • revendo o Estatuto da Carreira Docente, desbloqueando a progressão dos professores no 5º e 7º escalões e eliminando as quotas que criam graves injustiças e ultrapassagens entre docentes;
  • prevendo a contagem integral e faseada do tempo de serviço passado e revendo o estatuto da profissão, o modelo de avaliação e o modelo de concurso para que se saiba com antecedência se e onde cada docente ficará colocado, em articulação com os sindicatos;

 

Também refere o seguinte na página 130:

 

5 Dignificar o trabalho no Estado:

“considerando a contagem integral do tempo de serviço do pessoal docente e de todos os trabalhadores das carreiras e corpos especiais da administração pública, com uma regularização total a dois anos ou com outro prazo resultante do diálogo social; ”

 

Programa Eleitoral do Livre

 

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Projeto Regulamento 2024-JNE

Para quem ainda acha que as Provas Finais do 9.º ano poderão ser feitas em papel é favor de ler o Projeto de Regulamento do JNE para 2024 que se encontra em audição.

Resta saber se o governo de 11 de março anula as provas de aferição e corrige esta obrigatoriedade das provas do 9.º ano serem feitas exclusivamente em formato eletrónico.

 

 

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A 10 de Fevereiro, todos ao Largo do Carmo – Missão Escola Pública

 

 

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PROFESSORES, CONHECIMENTO E CIDADANIA – António Galopim de Carvalho

Da vossa luta por uma escola pública de qualidade e pela vossa valorização como principais pilares, que são. em qualquer sociedade, voltaremos a falar, tantas vezes quantas as que forem preciso. Por hoje, deixo-vos aqui o que penso ser vosso dever de cidadania, independentemente, da maneira como sois tratados pelo Estado.
Primeira premissa – “O poder do feiticeiro reside na ignorância dos seus irmãos tribais”. Trata-se aqui de um dito que, na nossa sociedade e no nosso tempo, nos adverte para o facto de que só o conhecimento nos defende dos opressores.
Segunda Premissa – Cegos e alienados por “valores” vazios, sabiamente alimentados pelo d Sistema, muitos dos alunos das nossas escolas públicas não se apercebem que estão a consentir serem vítimas de uma segregação social a prazo.
É esta realidade que os professores, não obstante as difíceis condições em que continuam a trabalhar, devem fazer sentir aos seus alunos, em especial aos mais desprotegidos e atingidos pela exclusão social que grassa em tantas escolas marcadas pela suburbanidade crescente que caracteriza as sociedades desenvolvimentistas. O Sistema promove e alarga o fosso entre os que estudam, e assim aspiram e conquistam o direito à cidadania, e os outros, os do abandono escolar. E nestes outros estão os do trabalho precário e a grande maioria dos que caem na marginalidade.
É uma obrigação do professor transmitir esta mensagem aos seus alunos, na batalha contra o insucesso escolar., sendo necessário que alguém lhes abra os olhos. E esse alguém, na falta da acção dos pais, tem de ser o professor. Para tal há que saber ganhar a confiança dos alunos e, também, o seu afecto. Feliz do estudante que gosta da convivência com o seu professor e duplamente feliz se esse professor estiver à altura do seu papel que, para além de educacional, é, também e sobretudo, social.

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Tabela salarial 2024 – Assistente Técnico

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Em Estágio Para Ser Deputado Europeu?

Ucrânia: Zelensky recebe ministros portugueses dos Negócios Estrangeiros e da Educação

 

Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação, João Gomes Cravinho e João Costa, chegaram a Kiev para uma visita de dois dias destinada a discutir em particular a reconstrução de escolas no país em guerra

 

A educação é o grande destaque da agenda desta segunda-feira, com a realização do III Fórum de Reconstrução de Jitomir, que reúne dezenas de intervenientes ao longo do dia, numa organização tripartida de Portugal, Ucrânia e Estónia.

Durante a manhã será assinado o Memorando de Entendimento entre Portugal e a Ucrânia, com vista à reconstrução de estabelecimentos e equipamentos escolares.

Será ainda apresentado o projeto de construção do Liceu n.º 25, que ficará a cargo da Construção Pública, E.P.E., representada nesta Conferência Internacional pelo seu vogal, Luís Andrade.

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Concurso extraordinário de docentes do ensino artístico especializado das artes visuais e dos audiovisuais – Aceitação e Recurso Hierárquico

Encontra-se disponível a aplicação que permite ao candidato efetuar a aceitação da colocação do Concurso extraordinário de docentes do ensino artístico especializado das artes visuais e dos audiovisuais, das 10:00h do dia 5 de fevereiro até às 23:59h de Portugal continental do dia 6 de fevereiro de 2024.

Caso pretenda interpor recurso hierárquico, a aplicação encontra-se disponível das 10:00h do dia 5 de fevereiro até às 18:00h de Portugal continental do dia 9 de fevereiro de 2024.

SIGRHE – Aceitação da colocação e Recurso Hierárquico

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Docentes que vinculam só progridem no final do ano

Docentes recém-entrados no quadro só progridem no final do ano. Professores a contrato progridem de imediato. FNE alerta para ultrapassagens ilegais e injustas.

 

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A Rita odeia a escola e é recíproco

A escola em Portugal atravessa uma encruzilhada de que parece não querer sair. Os alunos acham que não estão a aprender nada. Os professores acham que não estão a ensinar nada. Os pais acham que a escola não lhes pertence. A esmagadora maioria dos agentes educativos deixou de acreditar num futuro viável para o sistema de ensino.

A Rita odeia a escola e é recíproco

Não andaremos muito longe da verdade se concluirmos que, em grande medida, esta desacreditação voluntária e voluntarista do sistema (porque tornou-se um desporto nacional rebaixar a escola pública) prende-se com a crescente inadaptação da escola ao tempo e ao mundo que a rodeia.

Mais professores para menos alunos

Toda a gente concorda que os tempos mudaram. O mundo mudou. Ninguém parece discordar que os miúdos são hoje completamente diferentes dos de há vinte ou trinta anos. É discutível. Mas é um facto que a voracidade da tecnologia e da semiologia mediática transformaram completamente os formatos e as ambições de conhecimento dos nossos jovens. Dos adultos também. Todos queremos aprender outras coisas e queremos conhecê-las de um modo completamente diferente daquele a que todos nos habituámos. A miudagem mais ainda.

Uma das muitas evidências desta transformação é que não há quem não exija – e bem – uma urgente redução do número de alunos por turma. Um horizonte que se torna cada vez mais mirífico por causa dessa cegueira antipatriótica que foi proibir durante anos a admissão de novos professores na carreira.

Turmas bastante mais pequenas do que as que temos são uma imprescindibilidade óbvia para todos os que alguma coisa conhecem do universo escolar actual. Este mundo em mutação provou-nos que não é pedagogicamente sustentável acreditar no sucesso escolar sem atender mais imediatamente aos interesses de cada indivíduo que deseje aprender coisas.

Mude-se os alunos

Diz-se que os miúdos estão menos respeitadores e mais desobedientes, menos interessados e mais agitados. Diz-se também que os professores não sabem manter a disciplina nas suas salas de aula. Diz-se ainda que os pais se converteram em vassalos dos egoísmos dos seus filhos. E, saltitando de frase feita em frase feita, tudo vai valendo e nada se altera, porque não se saberia por onde começar.

Há quem diga, sem rir, que é muito difícil “mantê-los calados e quietos durante 90 minutos”. E todos anuem. Como se estar “caladinho e quietinho” fosse o propósito de uma educação que se pretende “crítica e criativa”, como agora se diz muito que a escola deve ser.

A realidade é que estes pseudo-argumentos funcionam e proliferam como álibis da mediocridade. Enquanto os culpados desta era de decadência forem os alunos ou essa bugiganga chamada “sociedade”, então os demais livram-se de todo o mal. De toda a responsabilidade. A espada de Dâmocles impende sobre outrem e isso é suficiente para que se acomode na sua poltrona todo o cinismo e toda a hipocrisia. Parafraseando o poema do velho Brecht: se os alunos são o povo das escolas, dissolva-se o povo e eleja-se outro.

O Titanic escolar

A questão é que por todo o lado salta à vista que a escola perdeu o seu pé. A escola embateu num iceberg, de cujo tamanho nem suspeita, sente-se a si mesma como náufraga em mar alto, e insiste em tocar violino. Não aceita o mundo em que vive e anseia por desistir a tempo. O último que apague a luz. É iniludível que os modos de fazer aprender têm de reencontrar-se com o mundo lá fora.

A um mundo empolgado, criativo e provocante, responde a escola com uma obstinação academista, categórica e protocolar. Existem múltiplos formatos pragmáticos e envolventes que instigam efectivamente ao apreço pelo acto voluntário de querer saber.

Há enxames de profissionais sérios a estudar e aplicar estes novos formatos. Por todo o lado se divulgam práticas objectivas, concretas de tornar o estudo apetecível e congruente. É mesmo verosímil trazer a miudagem para o mundo lógico e sensorial do conhecimento. São aos milhões os professores, os alunos, os pais que tudo fazem para que as coisas caminhem nesse sentido. Mas deparam-se com a oposição obstinada de quem nada faz, nem quer que se faça.

Instalou-se nas escolas um fingimento e um pretensiosismo educativo que busca a uniformização de tudo, a inflexibilidade nos modos e nos conteúdos; há uma escola jacente e apavorada pela mudança que impõe o seu autoritarismo sobre todos e que se entregou a um impasse anímico.

Uma greve existencial

Esta inércia instituída leva muitos professores e alunos à frustração, à solidão e à resignação. Num mundo que cresce a olhos vistos, sustentado na adaptabilidade e na elasticidade de todo o conhecimento, a escola parece viver numa espécie de greve existencial, de onde só se vê aquilo que já antes foi visto. É imprescindível não comer gato por lebre – e reconheça-se que, pedagogicamente, não faltam por aí gatos escondidos com o rabo de fora. Mas a prudência, indispensável em educação, não se confunde com a mais elementar renúncia de tudo o que fuja ao instituído. Existe um activo e incansável imobilismo nas nossas escolas que amesquinha e esboroa qualquer entusiasmo, qualquer prática didáctica que tenha o mais leve aroma a mudança.

O desânimo e o faz de conta são colossais. As estatísticas, os rankings e as “boas práticas” tornaram-se a sobremesa favorita da educação. Enquanto são servidas em bandejas cintilantes, continuamos na mesma.

Nos conselhos de turma ouve-se constantemente que “A Rita tem “potencial” mas parece que não quer saber de nada”. Depois segue-se um arrazoado sobre a família da Rita. É tudo verdade. Mas, ao mesmo tempo, é tão óbvio que os miúdos não se revêem minimamente nas orientações tradicionais das metodologias de ensino que incidem ainda poderosamente na ideia de uma prática de reprodução acrítica de conteúdos definidos de modo centralizado, sincronizado e uniformizado.

Sem uma resposta clara, plural, responsável e pragmática, para os desafios que os miúdos, os seus pais e os nossos dias nos colocam a todos, não há forma profissional de trazê-los para a luz que de nós esperam. Precisamos de uma escola eclética, híbrida, elástica, dobradiça e mais ansiosa por aprender do que por ensinar.

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ESCOLA PÚBLICA – António Galopim de Carvalho

Começo por reafirmar, o que já aqui escrevi muitas vezes, que considero os professores, incluindo educadores, entre os mais importantes pilares da sociedade e, uma vez mais, que é necessário e urgente conferir-lhes o estatuto, a atenção e a dignidade compatível com essa importância.
A par das minhas obrigações profissionais, sempre mantive estreita ligação com a escola pública e os seus professores. É com estes que sempre alinhei e continuarei a alinhar enquanto tiver voz. A luta dos professores, numa determinação e intensidade nunca vista, tem trazido, ao de cima, a degradação a que chegou este grande sustentáculo de qualquer sociedade democrática que, entre nós, dá pelo nome de Escola Pública.
Antes de me pronunciar por esta luta que, a todas as horas, (com mais evidência, no passado ano de 2023) nos entrou em casa, através de todos os canais de televisão nacionais, detenhamo-nos na referida degradação, afirmando, desde já, que não me move agradar ou desagradar a quem quer que seja. Estou apenas a revelar a análise que faço de um problema nacional que a todos deve preocupar, e muito.
Não é demais lembrar que, à semelhança do que se passou com a Primeira República, a classe política, no seu todo, a quem os Capitães de Abril, há quase 50 anos, generosa, honradamente e de “mão beijada” entregaram os nossos destinos, mais interessada nas lutas pelo poder, esqueceu-se completamente, entre outras realidades, de facultar conhecimento, civismo, cidadania, em suma, à sociedade que libertou. Entre os sectores da vida nacional que muito pouco beneficiaram com esta abertura à liberdade e à democracia está a educação. E, aqui, a escola falhou completamente. Se não mudarmos grande número dos paradigmas que têm sido os nossos, não merecemos os cravos que os militares de Abril nos ofereceram.
A degradação do nosso ensino público é uma deplorável e angustiante realidade. Todos sabemos que se alargou a escolaridade obrigatória e gratuita até ao 12º ano. E isso foi bom. Foi, mesmo, muito bom. No meu tempo, a escolaridade obrigatória e gratuita era a chamada 3ª classe (actual 3º ano). Todos sabemos que o parque escolar deu um grande pulo em frente, comparativamente ao de um passado que nos envergonhava. Mas a verdade é que não chega. Está “a léguas” de chegar.
A iliteracia cultural e científica, mesmo aos níveis mais básicos, de uma parte importante da nossa população, a todos os níveis socioprofissionais, a sucessiva e elevada abstenção em actos eleitorais, assim como a irracionalidade e violência associada ao futebol, são a prova provada desse falhanço. São muitos os portugueses a quem a escola deu e continua a dar diplomas, mas não deu e continua a não dar a educação, a formação e a preparação essenciais a uma cidadania plena. Educação, formação e preparação, três grandes défices que o Dr. António Costa, em começos do seu mandato, como Primeiro-Ministro, em 2015, disse serem sua grande preocupação. Preocupação que, infelizmente, pouco passou das palavras.
Verdadeiros défices na educação, na formação e na preparação para uma cidadania plena abriram as portas a um populismo, a que a democracia deu voz e que, usufruindo da liberdade dessa mesma democracia, nos procura arrastar para um modelo de sociedade que a História já mostrou que sempre nos amordaçou, com consequências funestas.
No que respeita o nível e a exigência de ensino nas nossas escolas, não aprendemos nada com o ideal da Instrução Pública posto em prática na Primeira República. No preâmbulo do Decreto de 29 de Março de 1911, lê-se: “Portugal precisa de fazer cidadãos, essa matéria-prima de todas as pátrias”.
Pergunto muitas vezes que infelicidade caiu sobre uma significativa parcela do nosso povo, que rejeita, com o sorriso da ingenuidade ou da iliteracia, tudo o que convide a pensar, a reflectir sobre si mesmo e sobre o que o rodeia. Um mundo, tantas vezes, nas mãos de políticos incompetentes e oportunistas de que a nossa sociedade está cheia, onde, de há muito, impera a corrupção, o vírus do futebol profissional e a promiscuidade entre a política, o poder económico e a justiça. Uma parcela que bebe toda a alienação que lhe é servida de bandeja por uma comunicação social, em grande parte, prisioneira de interesses ligados ao grande capital.
Com base nas classificações (os “rankings”, como se tem dito) oficialmente divulgadas, é para mim claro que escolas públicas más e alunos maus, em quantidade preocupante, são, entre nós, uma vergonhosa realidade. Uma realidade que põe a nu a muito pouca atenção que tem sido dada a este sector, por parte dos sucessivos governos do Portugal de Abril. Para vergonha nossa, estas classificações são cada vez mais preocupantes, mesmo contando com a desnatação dos programas e as facilidades nos exames. Percebe-se, assim porque é que continuamos na cauda da Europa.
Todos sabemos que há boas e excelentes escolas públicas, que há bons e excelentes professores, mas o essencial do problema que temos de enfrentar reside na quantidade preocupante de escolas más, professores maus e de alunos maus.
Grande número de pais ou encarregados de educação não estão à altura das suas responsabilidades. Pais e encarregados de educação, já instruídos e educados no pós-Revolução de Abril, a quem a escola deu, igualmente, muito pouco
Estamos a assistir à destruição do futuro dos nossos filhos e netos e as causas não são difíceis de encontrar. Urge, pois, encontrar uma verdadeira e interessada política de Educação.
Na longa luta que vêm travando os professores denunciam estarem a viver asfixiados em ganga teorética sem fundamento científico, vazio de conteúdos; denunciam estarem a perder o estímulo e a assistiram à desvalorização do acto de ensinar, à inflação de notas e à criação de resultados fictícios para mostrar à OCDE.
A oitava ronda do PISA, mostrou que, em trinta países, Portugal ocupa o último lugar na literacia científica, o 29.º resultado em Matemática e o 24º, em leitura. Resultados que nos envergonham e que confirmam as minhas preocupações. Ando a dizê-lo, há décadas, e estes números vêm dar-me razão. Tal como está, a Escola pública, na sua imensa maioria não permite sair desta situação.
Os resultados do PISA trazem ao de cima uma geração de adolescentes sem interesse pelo saber, ignorantes de quase tudo, mergulhados a fundo nos seus smartphones, vítimas de reformas educativas que lhes diminuíram ou retiraram a capacidade crítica, em que o rigor foi substituído pela facilidade. A diluição de disciplinas como História, Filosofia e Literatura, são disso testemunho. Atrevo-me a dizer que já temos uma geração de futuros profissionais com responsabilidade nos mais variados sectores da vida nacional, que nada leram, mal sabem escrever e pergunto-me se exercitaram o acto de pensar.
Uma geração educada pelos tik-tokers (com milhões de seguidores) que não sabe escrever português, nem interpretar um qualquer texto que se lhe apresente, cujos pais apenas desejam que os filhos tenham aprovação e, se possível, com boas classificações.
As direcções das escolas são pressionadas no sentido de facilitar as aprovações e os professores são convidados a agirem em conformidade. Reprovar um aluno representa, para o professor, e para os professores do conselho de turma, ter de a justificar essa decisão, depois de elaborar e aplicar planos e medidas burocráticas (de eficácia nula) que mais parecem um castigo aplicado aos docentes, a que eles fogem subindo as notas.
É por demais evidente que o ministro João Costa ia para a mesa das negociações com os representantes dos professores, bem ciente das “linhas vermelhas” que não podia ultrapassar ou, melhor dizendo, que o ministro das Finanças ou o primeiro-ministro lhe impunham. Mas o que me vem à ideia, é que ele as aceitou, porque, caso contrário, teria “batido com a porta” e não o fez. Entretanto, o governo caiu, Pedro Nuno Santos é novo Secretário Geral do Partido Socialista, candidato a primeiro-ministro da próxima Legislatura, com boas perspectivas de ganhar e o preocupante é que o ainda ministro João Costa, já está colado a ele.
O drama é que não vejo em qualquer das duas forças políticas que irão formar governo, ninguém com o perfil profissional e a força necessária para demolir o edifício obsoleto da Educação e, em seu lugar, fazer surgir um outro, concebido e levado a cabo, numa profícua colaboração entre governos e oposições, para durar três ou mais legislaturas e que envolva gente verdadeiramente capaz de o concretizar. Desta vez, será necessário ouvir os professores (os que não temem ser avaliados a sério, e são muitos) e dar início a uma campanha poderosa, com base na verdade e no dever patriótico, que entre na poderosa “máquina ministrial”, melhore o que tiver de ser melhorado e varra o que tiver de ser varrido.
Todos sabemos e os governos também sabem que a mola real de uma verdadeira e eficaz política de Educação reside na dotação orçamental que lhe é destinada e que tem de ser (ou devia ser) adequada à importância deste sector na sociedade. Da satisfação desta necessidade dependem a resolução e/ou a melhoria de todas as situações e problemas do sector, de há muito, identificados.
A preparação de professores devia ser pensadas de molde a oferecer níveis de excelência compatíveis com a sua importância na sociedade, oferecendo saídas profissionais adequadamente remunerados.
O actual sistema de avaliações, demasiado injusto, não ajuda a elevar o nível do ensino. Avança-se por quotas e não por mérito. Praticamente, nada avalia. Propostas de avaliações a sério têm sido rejeitadas por parte dos muitos que não querem ou receiam ser avaliados. Neste capítulo, os maus professores, que os há e não são assim tão poucos, os tais que recusam as avaliações a sério e veem na Escola um emprego assegurado até à aposentação, têm contado com o apoio dos sindicatos, que põem ao mesmo nível os bons e os maus profissionais;
É preciso pôr em prática uma rigorosa supervisão científica e pedagógica dos manuais escolares. São muitos os que se repetem acriticamente, com noções estereotipadas e, por vezes, com erros, tantas vezes denunciados.
A escola progressivamente mais empobrecida, deixou de ser uma “comunidade educativa”. É o ministério que define tudo sobre objectivos, matérias e conteúdos. Os agrupamentos de escolas dispõem de uma mecânica que obriga muitos professores a correrem de umas para outras, sem trabalho em equipa. Os professores consomem muitas horas em reuniões inúteis, mas poucas dedicadas ao trabalho lectivo que devia ser o seu múnus, para além das que se destinam às avaliações, em que não podem avaliar com o rigor que devia exigir-se, independentemente de os alunos transitarem de ano ou não. só reúnem para dar as avaliações.
A carga burocrática que se abate sobre os docentes, em planos arrevesados descritivos de metodologias e estratégias, «adaptações» de critérios de avaliação e obrigatoriedade de justificações que se traduzem em inflação de classificações para obter sucesso estatístico. Os “bons” professores fazem maravilhas. mas tudo está montado para trabalharem como lhes mandam.
Impõe-se a necessária dignificação dos professores e os educadores, num conjunto de acções, envolvendo, salários compatíveis com a sua relevância na sociedade, colocações, libertação de todas as tarefas que não sejam as de ensinar e outras, postas em evidência nas suas reivindicações.
O pessoal não docente representa um conjunto de elementos fundamental no universo do ensino, pelo que é forçoso dar lhes um tratamento, em termos de dignidade e de salários, a condizer.
Reafirmo que considero os professores, incluindo educadores, entre os mais importantes pilares da sociedade e, uma vez mais, que é necessário e urgente conferir-lhes o estatuto, a atenção e a dignidade compatível com essa importância.

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ENCONTRE AS DIFERENÇAS… – Carlos Santos

 

Um guarda da PSP, voluntariamente, manifestou-se em frente à Assembleia da República e, em pouco tempo, sentiu-se acompanhado por muitos milhares de colegas de profissão que largaram tudo para o apoiar e não baixaram os braços até serem recebidos pelos representantes dos partidos. Durante dias da semana, sem medo, perturbaram e chamaram a atenção, sem preocupações de prejudicar a segurança pública enquanto lutavam pelos seus direitos.

Os agricultores vieram para as ruas em dias de semana, cortaram estradas, passaram noites em branco ao relento e não desmobilizam enquanto não virem satisfeitas as suas reivindicações, alegando que agora é o momento.

Os médicos, com a sua luta e greve, não se preocuparam em pôr em risco a saúde e a vida de doentes, mantendo-se determinados e intransigentes.

Os professores têm os sindicatos a anunciar tréguas até às eleições e, quando alguns professores tentam renovar a luta (fui o 1º a tentar fazê-la renascer logo na 2ª semana de janeiro), assistimos à indiferença de muitos colegas, como se nada fosse com eles, enquanto outros tentam desacreditar e desmobilizar os que ainda tentam lutar por todos.

Greves aos dias de semana, não dão jeito, bloquear as estradas é violento, perturbar, pode causar incómodos aos outros cidadãos, passar uma noite em branco, pode matar-nos, parar as escolas, pode deixar-nos a passar fome e prejudicar os alunos e arranja-se todo um conjunto de justificações para não se fazer nada que as outras classes profissionais fazem. É sempre mais do mesmo, com a sala de professores e as redes sociais a servirem de muro das lamentações, mas empreender uma luta que parasse tudo e incomodasse, obrigando a classe política a responder às nossas reivindicações, é aborrecido e dá trabalho.

Forças de segurança e agricultores, com um nível médio de instrução inferior ao dos professores, demonstram um nível de inteligência muito superior.

E, nós, mais uma vez, iremos assistir a outras classes profissionais conseguirem alguma coisa, porque foram bater-se sem tréguas, enquanto nós ficamos em casa a lamentar-nos à espera de que tudo se resolva por si só?

Não tenho qualquer dúvida de que o maior desafio está dentro de nós e tem nomes – vontade e coragem. Dois sentimentos que, quando se juntam, se tornam invencíveis.

Carlos Santos

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Falta de professores. Famílias gastam centenas de euros por ano em explicações

Diretores das escolas públicas querem enquadramento especial para os alunos que não tiveram professores ao longo do ano letivo e vão ser sujeitos a exame nacional. Em causa está a “desigualdade e a equidade do sistema”.

Falta de professores. Famílias gastam centenas de euros por ano em explicações

Há famílias que gastam centenas de euros por ano em explicações para colmatar as aprendizagens a que os filhos não têm acesso por falta de professores.”

A afirmação é de uma proprietária de um centro de estudos no coração de Lisboa, que adianta ainda ter “cada vez mais alunos de classe média-baixa e baixa a recorrer a apoio externo à escola. A fonte, que não se quis identificar, explica ao DN ter havido “um aumento exponencial” de pedidos de aulas privadas após a pandemia e, novamente, este ano letivo, por haver alunos “sem aulas a disciplinas sujeitas a exame nacional que já passaram pelo mesmo problema no ano letivo passado”.

“Matemática, Física, Química e Português são as disciplinas mais procuradas, mas o aumento verifica-se na quase totalidade das disciplinas do currículo de 2º e  3º ciclo e Secundário. E há cada vez mais famílias a fazer grandes sacrifícios económicos para dar essa ajuda aos filhos”, sublinha.

A lei da oferta e da procura levou ainda a um aumento do valor por hora de explicações, havendo professores a cobrar 80 euros por hora para aulas privadas, principalmente no Secundário. “Eu não cobro esses valores, mas já tive de encaminhar pedidos para colegas que o fazem porque estou sem espaço para tantos alunos que me procuram. A verdade é que os valores estão elevados, mas mesmo assim há falta de professores disponíveis para dar explicações”, conta a mesma fonte.

A proprietária do centro de estudos tem clientes que “cortam à comida na mesa dos adultos para ajudar os filhos que querem entrar no Ensino Superior”. “As médias de entrada na universidade são tão elevadas que, sem professor e mesmo sendo um bom aluno, é necessário um apoio extra para garantir o seu futuro académico. Há alunos com explicações a mais de três disciplinas”, justifica.
“Fatura paga pelos miúdos”

Elisa Cardoso, proprietária do centro de estudos 100 Dúvidas, no Castelo da Maia, também já não tem capacidade para aceitar mais explicandos, numa altura em que “a oferta está muito abaixo da procura”. Esre aumento de pedidos, diz, prende-se com aprendizagens em falta devido à pandemia, mas também “pela falta de professores e pelo facilitismo dos últimos anos”.

“Tenho alunos que tiveram quatro professores de Matemática diferentes desde o início do ano. Outros que estiveram muito tempo sem professor a várias disciplinas. A escola pública não está a dar resposta e a fatura é paga pelos miúdos. Face às dificuldades para acompanhar os conteúdos, têm de recorrer a explicações, com os sacrifícios inerentes para as famílias”, sustenta.

Elisa Cardoso, professora de Física, Química e Matemática lamenta “o estado em que a Educação se encontra” e que leva “cada vez mais famílias a recorrer a escolas privadas e a apoio fora da escola”. “As famílias que podem”, conta, “colocam os filhos em colégios, onde o corpo docente é mais estável e há mais acompanhamento, e as que têm menos recursos, optam por explicações”, de forma a garantirem uma média que possibilite a entrada no Ensino Superior.

“Senti um aumento em todos os ciclos, e até no 1º ciclo, algo que não era comum há uns anos. Para além dos motivos que já referi, temos também o excesso do número de alunos por turma, o que leva a menos apoio do professor em sala de aula. Uma situação transversal a todos os ciclos”, reforça.

Rui Moreira, presidente da Associação de Pais da Escola Secundária Sebastião da Gama (ESSG) e presidente do conselho fiscal da Federação Concelhia de Setúbal das Associações de Pais faz o mesmo relato e afirma que “os centros de estudo em Setúbal estão superlotados”. “Para além da falta de professores, temos o problema do excesso de alunos por turma, algumas com 28 e com alunos com necessidades educativas especiais. Essas deveriam ter 22 alunos. Os professores acabam por abandonar alguns, porque não conseguem dar apoio a todos, e os pais recorrem a explicações”, denuncia.

Rui Moreira diz também estar a assistir-se a uma gestão escolar de “migração dos professores do 3º ciclo para o Secundário”, por falta de recursos. Os alunos de 3º ciclo ficam, assim, segundo conta, “prejudicados, porque as escolas têm de pesar onde o prejuízo para os alunos é menor”. “A título de exemplo, este ano tivemos uma turma de 9º ano a quem foi retirado o professor de Física e química para o passar para o Secundário. Os alunos acabaram por estar várias semanas sem professor antes que a escola conseguisse contratar outro”, recorda.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) diz tratar-se de um “ato de gestão, que prejudica os alunos mais novos”. “As escolas precisam de acudir a quem vai fazer exames, mas os alunos mais novos ficam prejudicados nessa gestão. Estas situações anómalas vão continuar enquanto não houver solução para o grande problema da falta de professores”, alerta.

Regime especial nos exames para alunos sem professor

Filinto Lima, presidente da ANDAEP alerta para a “desigualdade e falta de equidade do sistema”, com “pais obrigados a fazer grandes sacrifícios para que os filhos não fiquem prejudicados”.
“A falta de professores está a contribuir para essa desigualdade, que é cada vez mais acentuada”, afirma, pedindo um regime especial para os alunos que vão ser sujeitos a exames nacionais (9º, 11º e 12º ano) e não tiveram professores ao longo do ano.
“Devia haver um enquadramento especial para os alunos que não tiverem professores e vão fazer exames. A nota final de ponderação com exame poderia ser, eventualmente, revista. Os alunos não podem ser prejudicados, sobretudo quando os exames contam para acesso à faculdade”, frisa.
Uma medida que seria vista com bons olhos pela Associação de Pais da ESSG. Segundo Davide Martins – professor e um dos colaboradores do blogue ArLindo (um dos mais lidos no setor da Educação) – há 34 213 alunos sem professores.

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Políticos “ineducáveis”, Professores “espectadores”…

 

Eugénio Tamagnini foi Vice-Reitor da Universidade de Coimbra e Ministro da Educação Pública do Governo de Oliveira Salazar entre 1934 e 1936…

Em 1934, Eugénio Tamagnini, de acordo com uma gradação da inteligência, pressuposta e conjecturada por si, categorizou os indivíduos em idade escolar, apresentando a respectiva distribuição, em termos de percentagem, da seguinte forma:

– Indivíduos ineducáveis (8%);

– Indivíduos normais estúpidos (15%);

– Indivíduos com inteligência média (60%);

– Indivíduos com inteligência superior (15%);

– Indivíduos notáveis (2%)…

O conceito de inteligência sofreu muitas reformulações desde 1934, mas, à época, a categorização apresentada por Eugénio Tamagnini, talvez influenciada pelo pensamento de Alfred Binet e Théodore Simon, seria perfeitamente aceitável…

Pelo olhar actual será impossível não considerar como escabrosa a rotulagem concebida por Eugénio Tamagnini…

Ainda assim, torna-se muito tentador utilizar a mesma terminologia, quando se avalia o actual espectro político português, fazendo as necessárias alterações, em termos de percentagens:

– Políticos “ineducáveis” (95%);

– Políticos “normais estúpidos” (3%);

– Políticos “com inteligência média” (2%);

– Políticos “com inteligência superior” (0%);

– Políticos “notáveis” (0%)…

Da Esquerda à Direita, Portugal mais parece um “território protegido” ou uma “reserva natural” de Políticos “ineducáveis”, tomados que estão, esses “cidadãos públicos”, pela crença na sua própria impunidade…

No geral, os Políticos “ineducáveis” não aprendem com os seus próprios erros, nem os corrigem;

Agem como se todas as suas acções estivessem abrangidas, e protegidas, pela ausência de qualquer castigo ou punição;

Bastará analisar a quantidade e a gravidade de delitos económicos, relacionados com corrupção, alegadamente cometidos por muitos desses Políticos “ineducáveis”, para se perceber o enraizamento da crença na sua própria impunidade;

Não atribuem qualquer importância aos julgamentos que possam ser feitos acerca de si, nomeadamente ao facto de não inspirarem confiança nem honestidade…

No meio dessa “reserva natural” de Políticos “ineducáveis” há Médicos, há Enfermeiros, há Polícias, há Agricultores e também há Professores, com uma “pequena” diferença entre si:

– Os Médicos e os Enfermeiros conseguiram domar alguns desses Políticos “ineducáveis”, os Polícias e os Agricultores também estarão a caminho de o concretizar e os Professores vão assistindo às lutas alheias…

 – Os Professores vão assistindo às reivindicações destemidas dos Médicos, dos Enfermeiros, dos Polícias e dos Agricultores…

– As escolas continuam abertas, em pleno funcionamento, com os Professores, sempre muito dóceis, a fazer o seu trabalho como se tudo lhes corresse pelo melhor e como se não tivessem motivos, mais do que suficientes, para “abanar” o país…

– O país, que não chegou a ser “abanado” pelos Professores, já se esqueceu, há muito, da pretensa luta Docente que, sem dar sinais vitais, visíveis e audíveis, acabou remetida à indiferença e ao entorpecimento…

Na verdade, aquilo que os Professores mais têm feito tem sido Assistir:

– Assistir à coragem alheia;

– Assistir às vitórias alheias;

– Assistir ao prazer do sucesso alheio, afectados por um certo “voyeurismo” e pela frustração de se verem confrontados com o seu próprio fracasso;

– Assistir, como se fossem meros espectadores…

Pela sua capacidade de mobilização e pela sua força de união, Médicos, Enfermeiros, Polícias e Agricultores conseguiram demonstrar que têm a coragem necessária para fazer parar o país, se necessário for…

Perante lutas sérias e profissionais corajosos, alguns Políticos “ineducáveis” têm sido obrigados a ceder e a atender às reivindicações de certas classes profissionais…

Os Professores só não o conseguem porque não querem…

No geral, os Professores continuam “perdidos” e entretidos nas suas quezílias internas, muitas vezes assoberbados com a “medição do tamanho de alguns órgãos do corpo humano”, a vaidade individual constitui-se como um apelo inultrapassável…

Os Sindicatos que supostamente os representam continuam num beco sem saída, reféns de si próprios, com discursos e “acções” meramente destinadas ao “consumo interno” dos próprios Sindicatos, sem quaisquer efeitos ou benefícios concretos para os putativos representados…

Face aos Políticos “ ineducáveis” que abundam por aí e às eleições do próximo dia 10 de Março, existirá, neste momento, algum Político, ou algum Partido Político, capaz de suscitar um verdadeiro entusiasmo por parte dos eleitores?

Com franqueza, não creio que exista esse Político, nem esse Partido Político, nem esse entusiasmo…

Da minha parte, será, com certeza, a primeira vez que irei votar sem qualquer convicção genuína, procurando, apenas, fazer uma escolha pelo critério do “mal menor”, tendo como principal objectivo contribuir para que o Chega e o Partido Socialista não consigam alcançar resultados satisfatórios…

O Chega nunca prestará e o Partido Socialista actual também não presta, são essas as únicas convicções que me farão sair de casa, para ir votar no próximo dia 10 de Março…

Podemos sempre “fazer a descoberta do que presta e não presta nesta vida” (Miguel Torga)…

O “escárnio” e a “maledicência” presentes neste texto pretendem ser uma crítica, sem complexos, aos maus costumes instalados, numa conjectura política e social onde dificilmente se vislumbrará alguma saída airosa.

O conteúdo deste texto apenas me compromete a mim, que o escrevi.

Paula Dias

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O caos reinante vê-se na rua, Rui Cardoso

O caos reinante vê-se na rua

 

Por de trás da retórica do “está tudo a correr às mil e uma maravilhas”, esconde-se o que vai nas ruas do país.

Desde o início do ano já foram marcadas 66 greves em diversas áreas de actividade do Estado – Educação, Saúde, Justiça, Administração Local e Agricultura e Alimentação.

Os Professores já saíram à rua e vão sair outra vez no dia 10 de fevereiro, as forças de segurança (que não podem fazer greve) organizaram a maior manifestação de sempre, os jornalistas também, sobre a habitação, também, manifestaram-se e continuarão a manifestar-se;  os agricultores saem com os seus tratores e outros(as) lhes seguirão os passos, porque a vida custa a todos e a qualidade de vida não tem vindo a melhorar. Os médicos já receberam a esmola e ainda não decidiram se irão novamente para a rua.

A retórica continua a anunciar que o País está melhor, que a inflação está controlada, que o défice desceu, que a dívida externa está contida, que as urgências hospitalares dão resposta a todos, que nas escolas está tudo bem e que ninguém tem razões para se queixar. Mas a realidade é um pouco diferente, a inflação entra nos bolsos dos portugueses, o défice e a dívida externa não se reflectem nas nossas carteiras, esperamos 10 horas à porta das urgências e nas escolas ninguém está satisfeito (vejam os resultados das Provas de Aferição e do PISA). Se o País estivesse melhor, 40% dos novos licenciados não fugiriam para outros países e ficariam por cá.

O “leilão” eleitoral está na rua, também. A oratória continua a ser a de outras campanhas: promessas, anúncios de medidas avulsas, crítica de uns em relação a outros e de outros em relação a uns. Enquanto isso, há famílias inteiras a viver na Gare do Oriente (considera-se Rua), crianças e adolescentes, com os progenitores.

Todos os partidos políticos anunciam a recuperação do tempo de serviço, ainda congelado, dos professores, mas nenhum especifica como pretende fazê-lo. Uma coisa é um anúncio, outra é saber, especificamente, como vão proceder. Atira-se areia para os olhos das pessoas e espera-se que ninguém esfregue os olhos antes do dia 11 de março.

A clareza das intenções do que ouvimos prometer é escassa e leva a interpretações que, por experiência, fica na área cinzenta das intenções, não é branca nem preta, cumpre-se se “der” se não “der” não se cumpre e está tudo bem.

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O Programa da Iniciativa Liberal

Não tem uma única frase que contemple a recuperação do tempo de serviço dos professores, por isso a fraca adesão dos professores ao Partido da Iniciativa Liberal, conforme várias sondagens feitas aqui no blog.

A grande solução da IL é contratar professores aposentados e pouco mais do que isso.

Consultar aqui o Programa da Iniciativa Liberal

E o que propõe a IL relativamente à carreira dos professores?

 

Reestruturar a carreira docente

 

No início do primeiro período do ano letivo 2023/2024, cerca de 100.000 alunos não tinham professor a pelo menos uma disciplina. No início do segundo período, ainda estavam nesta situação cerca de 40.000 alunos. A falta de professores nas escolas portuguesas é uma realidade e vai agravar-se nos próximos anos, devido ao envelhecimento da classe docente e à falta de atratividade que a profissão tem para os jovens, nomeadamente do ponto de vista salarial. À entrada na carreira, os professores têm, em média, um salário inferior ao de outros profissionais com habilitações semelhantes no setor privado, ou custos forçados de realocação para acesso à profissão em muitos casos por ingerência no processo de recrutamento. É urgente proceder à reestruturação da carreira docente, valorizando os seus profissionais, garantindo melhores condições de trabalho, e criando um contexto de atratividade não apenas para novos entrantes na profissão, mas também para recuperar aqueles que a trocaram por outras alternativas. Dessa forma deve ser promovido um modelo:

1) que garanta um sistema de avaliação baseado no desempenho e na eficácia do professor e não apenas na antiguidade, podendo incluir avaliações de desempenho regulares, feedback dos alunos e resultados escolares dos alunos adaptados ao contexto e realidade do território educativo;

2) que potencie e promova um sistema de formação contínua, valorizando participação em conferências, workshops e cursos de atualização e formação;

3) que recompense o desempenho excepcional incentivando a excelência no ensino.

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Em Causa As Eleições do Dia 10 de Março

Polícias ameaçam boicotar eleições: “Temo que o sr. primeiro-ministro não vá ficar em funções só até 10 de março”

 

Polícias que faltaram ao jogo Famalicão-Sporting “meteram baixa médica” e o presidente do Sindicato Nacional da Polícia alerta que “isto vai alastrar a todo o país”. Na SIC Notícias, Armando Ferreira lembra que é a PSP “quem transporta as urnas de voto”, pede diálogo “rápido” com o Governo e diz que os polícias também gostavam de ver Marcelo .

Isto vai alastrar-se a todo o país”, avisa Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional dos Polícias, que este sábado, na SIC Notícias, admitiu que, depois do Famalicão-Sporting, também os jogos do Porto e do Benfica possam ter que ser cancelados por falta de policiamento. Mais: avisou que o protesto “é grave” e pode até pôr em causa a realização das eleições de 10 de março, se o Governo não resolver…

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Foi uma Boa Tarde de Sábado

Rever o Paulo Guinote numa brilhante perspetiva sobre os 50 anos do 25 de Abril.

 

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Manifesto em Defesa da Escola Pública

Este é o Manifesto em defesa da Escola Pública, que se pretende subscrito por todos os grupos partidários que marcarem presença no dia 10 de fevereiro, no Largo do Carmo, antecipando Abril.
Se te identificas com aquelas que consideramos ser as linhas fundamentais para a Escola Pública do futuro, traz a tua caneta e vem no dia 10 dizer “Presente ” e dizer que não deixas este assunto por mãos alheias, assinando o teu nome depois das palavras que quisemos fazer de todos.

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Professores vão estar na rua todos os dias da campanha eleitoral

Professores vão estar na rua todos os dias da campanha eleitoral

 

Os órgãos dirigentes da FENPROF, reunidos ao longo dos últimos três dias, aprovaram a ação reivindicativa a desenvolver nas próximas semanas.

Já a 14 de fevereiro, em Coimbra, a FENPROF vai lembrar as reivindicações dos professores a quem foi recusada mobilidade por doença. A 19, os sindicatos da FENPROF vão entregar, em simultâneo, nos Tribunais Administrativos de todo o país as ações dos docentes que exigem a reinscrição na CGA.

De 26 de fevereiro a 8 de março, em todos os dias da campanha eleitoral para as Eleições Legislativas de 10 de março, a FENPROF vai estar nas ruas de todas as capitais de distrito do país: são os “Professores na Campanha“.

 

 

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Sem professores não há políticos – o filme

 

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Lista Colorida – RR20

Lista Colorida atualizada com contratados e retirados da RR20.

lista colorida

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Professores em monodocência reclamam equidade

A situação que urge resolver reside na  evidente falta de equidade patente do Estatuto da Carreira Docente entre educadores de infância e professores do 1.º ciclo e os restantes colegas.

Professores em monodocência reclamam equidade

 

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O Deputado Porfírio Silva

… a partir do minuto 52 começou a debitar aquilo que pode ser o Programa do PS.

Remeteu a recuperação do Tempo de Serviço dos Professores para uma  futura reabertura negocial, tendo em conta a disponibilidade financeira do país.

Ou seja, NADA.

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