E agora?

 

Fui bafejado pela sorte. Os resultados do concurso saíram e…bingo…finalmente consegui ficar na educação especial numa escola perto de casa.

Quando comecei a lecionar educação visual achei que era o que queria fazer para toda vida. Com o passar dos anos, acompanhando a degradação do ensino, as experiências com os alunos revelavam-se cada vez menos interessantes, ao contrário das experiências com os alunos com NEE que se tornavam cada vez mais interessantes. Achei que estava no sítio errado e por isso resolvi aceitar o desafio de ajudar os que queriam ser ajudados.

Estive sete anos numa instituição de pessoas com deficiência. Foram sem dúvida os anos mais bonitos da minha vida. Criei o projeto “Está na Hora” que mostrava aos “putos” das escolas o que era fazer “milagres” com poucas capacidades. Tínhamos DJ´s, teatro, animação da hora do conto, a banda “Mente Aberta” e uma panóplia de atividades que animavam a “garotada” das escolas ao mesmo tempo que transmitiam a mensagem: “aprende…aproveita as tuas capacidades”.

Regressei à minha escola (porque tinha que ser) e pensei que ia entrar num processo de luto. Não aconteceu porque me colocaram no grupo de educação especial. Tive um grupo de colegas e a uma direção que não conheciam a palavra não e alinhavam em todas as “maluqueiras” para quebrar o marasmo da educação. Desenvolvemos projetos realmente espetaculares sempre a mostrar aos alunos do currículo normal o que era fazer “milagres” com pouco.

Alguns projetos ficaram a meio. E agora?

A mudança é sempre assustadora mas como diz a jornalista Sónia Morais, há que vencer a genética portuguesa…

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4 comentários

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    • Mário on 21 de Junho de 2015 at 19:12
    • Responder

    Parabéns pela colocação! A sua presença em qualquer escola será sempre inspiração e mais-valia. Sorte de quem o receber e de quem trabalhar consigo! Bom trabalho!

      • Luis Baiao on 22 de Junho de 2015 at 14:35
      • Responder

      Obrigado Mário.

    • saco cheio de pseudo edu. espe on 21 de Junho de 2015 at 23:18
    • Responder

    vai-te catar…deixaste ed, visual porque as coisas complicaram-se…claro que há sempre a educação especial…pelos vistos temos milhares com
    muita vocação para a educação especial…

      • Luis Baiao on 22 de Junho de 2015 at 14:34
      • Responder

      Caro colega,

      Vou responder porque considero que qualquer um que se dê ao trabalho de ler um artigo meu e comentar merece uma resposta. É um cliente, e o cliente tem sempre razão.
      Tens por isso toda a razão. Saí da ed visual porque as coisas complicaram-se: os alunos já não queriam saber de nada, muitas vezes nem sequer traziam o material. No ano em que decidi aceitar o convite para trabalhar na Cerci foi um ano em que os trabalhos dos alunos da ed especial foram melhores do que os trabalhos da ed visual. Isso sim é complicar, é sentir que o nosso trabalho não vale nada. Por isso fui para a Cerci fiz a especialização e aqui estou.
      Em relação à minha vocação podes ver o projeto que desenvolvi ao longo dos 7 anos que estive na Cerci em http://luiscbaiao.wix.com/estanahora ou em https://www.facebook.com/EstaNaHora . Claro que não está atualizado pois entretanto deixei de trabalhar lá e sou apenas voluntário (sem vocação claro).

      Na escola consegui contaminar os colegas do grupo e continuamos a trabalhar na mesma linha com um sucesso reconhecido entre os alunos, colegas, pais, funcionários… Tivemos que pedir para deixarem de fazer elogios públicos à ed especial pois com isso também arranjávamos inimigos (daqueles que têm vocação claro).

      Não desenvolvemos evidências tão organizadas ao nível de site ou facebook pois o tempo para os papéis é demasiado e não conseguimos dar resposta a tudo, mas se quiseres também podes ver um vídeo que espelha muito bem o trabalho de integração realizado pelo grupo de ed especial (sem vocação) da escola. https://www.youtube.com/watch?v=P7w5H6cNQUc
      Claro que é “caseirinho”, mas apenas ganhou o 1º prémio num projeto do município da Feira, o que não é nada mau para um grupo de pessoas sem vocação que nunca tinham realizado um vídeo.
      Tive a sorte de encontrar um grupo de pessoas fantásticas que colocavam o prazer de trabalhar com os alunos com NEE acima dos seus interesses pessoais, independentemente de terem ou não vocação, porque a vocação não nasce connosco, a vocação dá trabalho.

  1. […] Fui bafejado pela sorte. Os resultados do concurso saíram e…bingo…finalmente consegui ficar na educação especial numa escola perto de casa. Quando comecei a lecionar educação visual achei que era o que queria fazer para toda vida.  […]

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