Hoje morreu um professor, mas isso não foi notícia – João André Costa

Hoje morreu um professor, mas isso não foi notícia

De facto é preciso gostar muito de ser professor para se continuar a ser professor. Ou isso, ou somos mesmo parvos

Todos os dias vou para a escola. À chegada, encostados a um muro, os alunos do costume, do 7.º ao 10.º ano a enrolar charros, a fumar charros, a vender charros. Digo-lhes “Bom dia”, eles mandam-me para o c… e eu continuo, porque quando me mandam para o c… é bom sinal, é sinal de que ainda estão vivos, não vá um ficar estendido ao comprido do portão da escola como no mês passado mais os tios, as tias, os pais, as mães e primos mil a acusarem-nos de deixar os filhos fumar droga à porta da escola, e eu quando eles fumam droga é do melhor, a dormir sobre as mesas da sala de aula perante o olhar indiferente dos colegas ou das contínuas, não vá alguém acordá-los, porque ao menos enquanto dormem e curam a “pedrada” não chateiam e quando alguém os acorda é do pior, pegam logo no telemóvel enquanto me chamam de filho da p… para baixo e ameaçam partir-me os dentes todos.

Sou professor. Mas não dou aulas, finjo que dou aulas e de manhã à noite separo alunos e alunas desertos por andar à porrada, levo sopapos, bofetadas, empurrões e estaladas, cospem-me na cara e dão-me pontapés, mas antes assim, porque às crianças nem uma nódoa negra que se veja ao chegar a casa quando ainda ontem a Luísa, professora de História, acabou no hospital depois de um encarregado de educação lhe perfurar um pulmão entre um par de murros na cara, os óculos partidos e não sei quantos pontapés enquanto a coitada da Luísa se torcia e esvaía no chão.

Chamar a polícia? Nem pensar, da última vez que aqui vieram era ver os alunos, ao melhor estilo dos macacos, saltar por cima do portão da escola e apedrejar os vidros do único carro do posto, agora inoperacional por falta de fundos, assim dizem eles ao telefone, ou então miúfa, muita miúfa.

Mas eu é que não posso ter miúfa, nem eu nem os meus colegas, caso contrário não temos emprego nem salário, a minha mulher vive a 200 quilómetros com uma filha recém-nascida entre os braços e as serras e alguém tem de pagar os “aptamis” agora que lhe cessaram o contrato de trabalho. É preciso ter azar.

Por isso venho para a escola todos os dias ao mesmo tempo que cadeiras voam dentro das salas, alunos correm de faca na mão uns atrás dos outros, vidros estilhaçam, computadores são partidos ou roubados, ou partidos e roubados, conforme aprouver às pobres crianças, porque contrariá-las nem pensar, para já não falar dos pneus dos carros dos professores, tantas vezes substituídos por tijolos em pleno dia, e eu às vezes gabo a capacidade destas crianças para a mecânica, pelo que até já fui falar com o senhor Director e propor a criação de um curso profissional, e não tivessem as ferramentas sido todas roubadas à chegada à escola e, estou certo, os nossos alunos teriam um futuro brilhante à sua frente. Estou mesmo certo.

De facto é preciso gostar muito de ser professor para se continuar a ser professor. Ou isso, ou somos mesmo parvos. Ou, se calhar, não há outra alternativa senão a do desemprego. Vou pela terceira hipótese. E por isso continuo, ano após ano, cada vez mais longe de casa, cada vez mais próximo da Lisboa periférica, dos bairros periféricos, das vidas periféricas, para sempre condenadas a girar ao redor de nada, sem passado, presente ou futuro que as sustente, e eu lá no meio da reportagem da RTP enquanto uma mãe me encosta contra a parede e me perfura a barriga com uma faca do pão depois da filha lhe ter dito ter sido violada por um colega na minha sala de aula, e eu enjoado a segurar a barriga e as mãos quentes cheias de sangue quente a fugir-me com a cabeça de encontro ao chão, incapaz de lhe explicar que a filha já não vem à escola desde a semana passada, até porque a mulher já tem as mãos no meu pescoço e eu sufoco mais ou menos ao mesmo tempo que um grupo de populares persegue e pontapeia a equipa da RTP, arauto da liberdade e da informação. Hoje morreu um professor, mas isso não foi notícia.

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84 comentários

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    • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 16:01
    • Responder

    Estou um bocadinho cansada da conversa de vítima dos professores. como se não houvesse mais nenhuma profissão igualmente ou mais desgastante onde, ainda por cima, o vencimento é substancialmente inferior
    Sim, há muitos rapazes e raparigas que fumam droga, ou pior. Sim, há muitos que se comportam como macacos. Sim, há pessoas que são bestas quadradas, em qualquer idade, aliás quanto mais envelhecem piores se tornam. Mas, obviamente, que todas estas pessoas, jovens ou adultas, são uma minoria.
    Dão mais nas vistas? Evidentemente.. São sempre as pessoas que têm comportamentos desagradáveis, desviantes ou criminosos que dão nas vistas. As outras, que são a larga maioria, passam despercebidas.
    Tenho algumas questões:
    – Gosta de dar aulas?
    – Alguma vez gostou?
    – Gosta de transmitir conhecimento e de aprender com os outros , mesmo com aqueles que, pelo seu aspeto, educação ou comportamento, parecem não ter nada para lhe ensinar.?
    Gosta dos seus alunos?
    Trata-os como pessoas interessantes, válidas e a quem vale a pena conhecer e ouvir?
    Se, em vez de seus alunos, estas pessoas fossem seus clientes, tratava-os da mesma forma, caso lhes quisesse vender um produto?
    Pois é, mas na realidade eles são seus clientes
    Ser professor é tantas coisas. A principal delas, contrariamente ao que possa parecer, não é ensinar, mas, sim, aprender, diariamente inúmeras coisas, das quais destaco, aprender a como chegar às pessoas, aprender e perceber os seus hábitos, valores, histórias, conhecimentos, que sonhos e objetivos têm e que dores ou sofrimentos passaram.
    Se não os conhecer e não perceber como pensam ou funcionam, como espera chegar até eles?
    Às vezes, as pessoas para deixarem de se comportar como macacos, sem ofensa para os macacos, precisam apenas de ter referências positivas, outras vezes, não há grande coisas a fazer, mas essas são, mais uma vez, as exceções, não são de forma alguma a regra.
    Desejo-lhe felicidades.
    Ter uma profissão de que não se gosta, sendo que a mesma o obriga a um esforço de relacionamento com pessoas de quem não gosta, nem quer conhecer ou compreender, é, seguramente, um flagelo diário a que se impõe.

      • Fernanda on 3 de Abril de 2017 at 16:39
      • Responder

      Realmente, este texto é dramático demais!

      • Lidia Oliveira on 3 de Abril de 2017 at 16:40
      • Responder

      Haja alguém com o bom senso suficiente (e a pachorra necessária) para dar uma resposta adequada a este tipo de “professores”. Convenhamos que é coisa rara nas caixas de comentários. Gostava de saber onde este “professor” finge dar aulas…para nunca passar por perto, chiça aquilo deve ser a selva completa. Ainda bem que não me oriento pelo mesmo tipo de incapacidade para raciocinar (já que a publicação de textos destes não ajudam ninguém, menos ainda os verdadeiros professores), ou seria levada a pensar que o melhor mesmo era retirar as nossas crianças de todas as escolas portuguesas, ou seguir a manada que acha que os professores estão convencidos que as escolas foram feitas, não para formar futuros adultos, mas meramente para lhes garantir empregos. Tirem-me deste filme, pf!

        • ana maria de sousa cunha e pin on 3 de Abril de 2017 at 18:32
        • Responder

        Cara colega, não acha que que “esse filme” de que fala não é real? Não lhe parece que o colega, “que finge dar aulas” como refere no seu comentário, merece respeito e consideração, mesmo que não se identifique com ele????

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:14

          Se finge não merece lá estar.

    1. desculpe lá….com este testamento…você vive neste mundo…sou mãe, sou filha, já dei aulas e digo-lhe uma coisa… a educação vem de casa!!!! e como em todas as profissões, há bons e maus profissionais, não tem nada a ver com educação

        • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 17:28
        • Responder

        a educação vem de casa, seguramente. Mas se é mãe e filha, sabe muito bem que, por um lado, os seus filhos, ou irmãos, não são iguais, ainda que tenham recebido a mesma educação.
        Por outro lado e para além disso, existem pessoas que nasceram em meios altamente desfavorecidos, em que a sobrevivência é o valor mais alto e a educação quase uma coisa supérflua. Nem todos nascemos em casa normais, com pais certinhos, muito bem educados.
        Os de nós que tivemos a sorte e honra de nascer em famílias equilibradas, devemos estar gratos por isso mesmo. Mas não devemos pressupor que todas as outras criaturas neste mundo tiveram a mesma sorte
        Também já fui professora e sou formadora. E sei quanto investimento pessoal é necessário fazer para que a nossa mensagem passe, mas temos que ter a humildade de saber que cada formação ou cada turma, é única e que aquelas pessoas têm tanto, ou mais para nos ensinar, quanto o que nós temos para para lhes ensinar a elas.
        E o ensinar passa muito mais por criar o gosto pelo que se ensina, do que pelo despejar matéria.
        Tem que se gostar do que se faz. Tem que se gostar de pessoas,

          • bibicas on 3 de Abril de 2017 at 23:19

          Talvez que o cerne da questão seja mesmo esse: há muito tempo que diz que não dá aulas, a escola de hoje não é a mesma de há quarenta anos, entretanto muita água passou por baixo das pontes. Por muito que gostemos da nossa profissão e eu gosto de ser professor, será sempre impossível querer motivar e ensinar quem não está predisposto a aprender ou fazer qualquer esforço nesse sentido, é literalmente impossível. Nem os maiores pedagogos da História o conseguiriam, pergunte a um Pestallozi, a Maria Montessori, Sebastião da Gama e outros, se tal seria possível nos dias de hoje.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:23

          Não concordo com o que diz, os alunos estão sempre dispostos a aprender. A questão coloca-se naquilo que lhes transmite e na forma como o faz.

          • bibicas on 4 de Abril de 2017 at 23:41

          Olhe que não. Vá tentar ensinar alunos de um profissional que tenho este ano, cuja filosofia de vida é o futebol e o jogo das cartas a toda a hora. Até são bons moços, mas para trabalharem, são de uma preguiça atroz. e já me virei do avesso para os motivar e nada. Não me vá dizer agora que sou mau professor só porque não consigo fazer nada com eles, ou que a culpa é minha.

          • Fátima Carvalho on 5 de Abril de 2017 at 0:26

          Com certeza que não é mau professor. É antes vítima do sistema de ensino que temos. Aposto que a maioria dos seus alunos do profissional integraram este curso com várias retenções. Se tivesse duas turmas (uma de 26 alunos e outra de 23 ) com um percurso praticamente sem retenções, veria como era um prazer trabalhar com eles. Inovadores, criativos, práticos, autónomos, felizes, amigos ( embora não agrademos a todos). Incentive a direção da sua escola a seguir boas práticas e não necessitará de ir à Finlândia

          • PP on 4 de Abril de 2017 at 2:45

          A senhora é mesmo uma grande besta quadrada e ignorante! E olhe que nem sou professor. Não é preciso ser para perceber o ser desprezível que deverá ser e fede até mesmo aqui pela Internet.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:25

          Ainda bem que não é professor. Contudo, já vi tantos professores ignorantes que nada me surpreende.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:20

          Que pena a nossa escola ter perdido uma excelente professora como a Teresa! Espero sinceramente que o ME aposte na formação de professores. Não é possíver haver professores com uma opinião tão negativa dos seus alunos.

        • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:15
        • Responder

        Se pensa que a educação vem de casa ( concordo) e nada faz na sua escola para educar os seus alunos, aconselho-a a abandonar a profissão.

          • bibicas on 4 de Abril de 2017 at 23:59

          A escola tem como primeiro e principal objetivo ,ensinar, foi por isso que tirei o meu curso com esse objetivo: ensinar e motivar os alunos para a História, que é a disciplina que leciono há mais de 27 anos. A educação no que concerne ao civismo, regras de convivência, boa educação e respeito pelo próximo, sejam os colegas de turma, os funcionários e acima de tudo os professores,aprendem-se em casa, não são responsabilidade nossa. Lamento mas esta é a minha opinião e a de muitos colegas com quem tenho desabafado. Temos pena , mas a educação é da exclusiva responsabilidade dos pais, Nós professores temos outros deveres e responsabilidades que já são demasiado pesados para os nossos ombros, quanto mais estarmos sujeitos á falta de educação , de quem a deveria trazer de casa.

          • Fátima Carvalho on 8 de Abril de 2017 at 18:32

          Tem toda a razão, há 27 anos o objetivo da escola era ensinar, Hoje não pode ser o mesmo, porque os alunos são diferentes. Obviamente que ainda vão aparecendo alguns alunos muito idênticos aos do passado como os meus filhos ( excelentes alunos e educados), contudo bem diferentes dos alunos que tenho há 2 anos, oriundos de famílias complicadas, com histórias de vida terríveis : de abandono , de prostituição, de alcoolismo, de habitações miseráveis ( imagine no inverno com 8 graus negativos ter de sair de casa para fazer as suas necessidades), de violência doméstica, de incapacidade física dos pais, de divórcio, de serem sinalizados pela CPCJ . Comparando-os com os meus filhos considero os meus alunos heróis. Acredite que enquanto não mudar de atitude assim como os seus colegas, nunca se sentirão felizes,

      • Rambo on 3 de Abril de 2017 at 17:50
      • Responder

      Cara colega

      Responda-me a estas questões:

      V. Ex. trabalha para quê? Será para se distrair? Será para aquecer?

      V. Ex. na realização da sua actividade profissional gosta de ser violentada quer física e/ou psicologicamente?

      V. Ex. adora uma profissão em que é mal remunerada e não tem expectativas e carreira e ainda tem que DIÁRIAMENTE ouvir ordinarices?

      V. Ex. gosta de uma profissão em que faz diáriamente dezenas de Km para ir trabalhar e não é respeitada no seu local de trabalho?

      (…)

      Se respondeu sim a estas questões V. Exa. só pode ser MASOQUISTA ou não possuir alternativas profissionais.

      Minha cara amiga SER PROFESSOR (de energumenos) nas actuais circunstâncias só para quem não possui outra alternativa profissional.

      Já agora cara colega vou-lhe contar uma historia (verídica). Certo dia uma professorinha que andava sempre a passar a mão no pelo dos alunos e a protege-los levou 2 valentes bofetadas à porta da Escola onde dou aulas e para que conste eu fiz de conta e disse para comigo mesmo só é pena que o aluno em vez de 2 lambadas no focinho, não lhe tivesse dado 4.

      E por aqui me fico.

        • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 18:33
        • Responder

        Caro Colega,
        Parece que quem não tem alternativas é o colega..
        Pois, caro colega existem bestas quadradas, ladrões e assassinos, psicopatas e muitas outra coisas mais, os quais nos podem bater, roubar, assassinar, violentar e tudo o mais que qualquer possa imaginar e não existam muitas coisas que possamos fazer para alterar esse facto, mas, felizmente, essas pessoas são pequenas minorias
        Não passo a mão pelo pelo de ninguém. Sou extremamente direta e assertiva nas coisas que digo. Falo de frente olhando nos olhos do interlocutor. Peço desculpa quando erro, mesmo que a pessoa seja o meu filho, um aluno ou um subalterno. Pergunto direta e claramente ás pessoas o que as motivou a fazer determinada coisa agressiva ou violenta, etc.
        Acredito que a larga maioria das pessoas tem coisas positivas dentro de si própria e são exatamente essas coisas em que gosto de me fixar e valorizar.
        A larga maioria das pessoas tem tendência a sorrir-nos quando lhes sorrimos. A respeitar-nos quando aquilo que fazemos é coerente com o que dizemos. A respeitar-nos quando as respeitamos a elas. , obviamente, a tratar-nos mal quando as ignoramos, olhamos com desprezo, irritação, nojo ou qualquer outra coisa semelhante.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:42

          Acredite que há poucos colegas que pensam como a Teresa. O seu interesse em atualizar-se em questões sobre a educação fizeram de si uma pessoa nobre e sábia. Os alunos mais desprotegidos precisam de si.Como gostaria que houvesse tantas Teresas por essas escolas públicas portuguesas.

          • Teresa Varela on 5 de Abril de 2017 at 16:23

          Fátima, como gostaria de lhe mostrar o Projeto que fiz, para a UC Projeto da minha pós-graduação (devia ter sido mestrado, mas…). Acho que talvez o pudesse aproveitar, no todo ou em parte, já que eu não tive a possiblidade de o fazer
          Era para ser aplicado numa das escolas mais problemáticas da Alta de Lisboa, mas lutar por conseguir o financiamento para o mesmo era inconciliável com o meu horário e condicionalismos profissionais, ainda que o Prof da UC se tivesse disponibilizado para me ajudar a apresentar o Projeto à Gulbenkian e ao Ministério.
          Se quiser conhecê-lo, basta dizer-me e arranjo uma forma de o fazer chegar até si.

          • Fátima Carvalho on 8 de Abril de 2017 at 17:20

          Com certeza que gostaria de conhecer o seu projeto, sem dúvida em consonância com o seu discurso de esperança, de paz, de felicidade e harmonia, em acreditar num mundo melhor onde os jovens são peças fundamentais. Um projeto que não descreve os adolescentes como ” adolescentes energúmenos” mas como jovens muito mais inteligentes e inovadores do que os do passado. Dos locais que cita no seu comentário, vbivo longe, muito longe. Por acaso, tive a sorte de tirar o meu curso superior numa universidade igual a muitas outras,mas que já na década de 80 me preparou para as funções da escola pública do futuro: educar e ensinar simultaneamente, altruista e não elitista, uma escola humanista. Quando uma fábrica não consegue ter bons resultados está condenada a fechar portas e, neste momento, há muitas escolas que se enquadram nesta imagem, pois formam marginais. A retenção gera indisciplina. Como é possível haver nas escolas portuguesas alunos com 5 retenções no 5º ano, alunos com 18 anos no 9º ano? O que faz o ME para pôr cobro a esta pandemia? Nada. E os docentes, licenciados, com alguma cultura, não enxergam que os jovens são todos diferentes, que algo tem de mudar se quiserem ser felizes e não vítimas. É muito fácil responsabilizar os progenitores ( quantas vezes nefastos ) e alegar que os jovens não estudam. Há dias vi uma reportagem ( num canal português), em que a jornalista entrevistava um grupo de mulheres que viajavam num autocarro na zona de Lisboa, às cinco horas da manhã. Todas as manhãs faziam esse trajeto, queixavam-se que deixavam os seus filhos a dormir, iam sozinhos para a escola e só voltavam a vê-los à noite, ganham uns míseros 470 euros por mês. A escola que acolhe os filhos destas mulheres tem de os acarinhar desde muito jovens, de se responsabilizar por eles, pela sua educação, pelos seus bons resultados, de adaptar os programas consoante o perfil destes alunos, como manda a lei. E os exames?
          Respondo que não me preocupam, pois não servem para nada. Há muitos docentes que esperam que o ME ou o governo resolva estes problemas. Esta é a mentalidade portuguesa. Como diz o Professor José Pacheco da Escola Básica da Ponte, de quem sou fã incondicional «A velha escola há de parir uma nova educação. Mas as dores do parto serão intensas, enquanto as “naturalizações”, as “certezas”, as crenças ministeriais, a tecnocracia e a burocracia continuarem a prevalecer em domínios onde deveria prevalecer a pedagogia.» As “dores do parto” já se começam a sentir basta ler alguns comentários neste site. De facto, há muitos docentes que têm “muitas certezas”, inclusive que a sua avaliação é justa e imparcial, quando há muito está provado que a avaliação nos moldes em que ocorre nas nossas escolas é injusta, subjetiva e parcial. . A minha filosofia de vida assenta no postulado socrático ” Só sei que nada sei”. Um abraço, Teresa , obrigada por ter partilhado comigo um pensamento/ideias tão lindas. Quiçá um dia nos encontremos.

          • Reinaldo Vieira on 5 de Abril de 2017 at 22:32

          Peço imensa desculpa por me intrometer na conversa. Sou professor aposentado, aposentei-me à cerca de 3 anos, pelo que leccionei durante 30 e tal anos. Tenho muitas vivências em ensino e o k a colega teima em chamar minorias é falso. A colega deve ter tido muita sorte, porque se apanhasse com um caixote de papeis na cabeça à entrada da sala de aulas e quando acordasse estivesse ligada a uma série de fios e tubos, seguramente que não ia dar mais aulas a essas turmas. Dê-se por feliz e tenha muito cuidado com essas ideias pioneiras cheias de altruísmo, porque eu também já fui assim e se hoje estou vivo devo-o à minha capacidade de defesa militar que felizmente tive. Boa sorte!

          • Teresa Varela on 5 de Abril de 2017 at 23:32

          Tem todo o direito de se meter na conversa, não tem que pedir desculpa.
          Cada pessoa tem as suas experiências e há escolas com ambientes melhores do que outras.
          Há situações limite terríveis, pelas mais diversas circunstâncias, as quais se prendem não só com alunos provenientes de famílias disfuncionais e/ou meios sociais complexos, mas também com uma multiplicidade de outros factores a que até a própria escola não é alheia.
          Mas, asseguro-lhe que se olhar para uma turma e pensar, estes alunos não prestam para nada, são perigosos, nunca irão aprender nada, não se interessam por nada, eles vão sentir isso mesmo e, garantidamente, vão comportar-se desse modo.
          Evidentemente que há os gangs, há as drogas e há muitíssimas mais coisas, mas no final, são todos apenas seres humanos, cheios de carências e a maior parte deles, para se revelarem, interessarem e comportarem de formas mais adequadas, encontram-se apenas à distância de uma oportunidade, isto é, que alguém os olhe como seres humanos cheios de potencialidades e acreditando que eles serão capazes de se interessar, revelar, evoluir.
          Da minha experiência em bairros sociais, encarados como lugares perigosos, sempre senti que a resposta a um “sorriso” é, normalmente, um “sorriso”.
          Com isto não pretendo dizer que não há criminosos, que não há ladrões ou que não há pessoas que interiormente são de facto más, as quais, por mais que tentemos, não é possível afastar do caminho da violência, da agressividade e do crime. Mas, acredito que a larga maioria, particularmente se forem crianças, adolescentes ou jovens, não é essencialmente má..
          Acredito também que só juntando as experiências e os saberes dos vários intervenientes do processo educativo se poderão encontrar alternativas e novas formas e métodos para melhor, e muito, todas estas graves situações de indisciplina, violência e insucesso escolar que têm vindo a piorar continuamente. Acho que o que falta, acima de tudo, é a vontade de mudar ou, dito de outra forma, a resistência à mudança.

        • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:28
        • Responder

        Se ouve ordinarices, é violentado, não é respeitado, a culpa é daqueles que dirigem a escola onde trabalha.

      • ana maria de sousa cunha e pin on 3 de Abril de 2017 at 18:27
      • Responder

      Peço desculpa por me intrometer, mas… depois de ter lido este seu “texto”, com atenção, cabe-me esclarecer a “dita colega” do seguinte:
      – Não quero a sua simpatia, quero o seu respeito!
      – Sim, sou muito frequentemente vítima da falta de educação dos alunos e encarregados de educação;
      – Conclui o meu curso universitário e respectiva profissionalização numa Universidade pública portuguesa, de reconhecido mérito internacional;
      – Ensino e aprendo todos os dias; etc, etc, etc….e repare que : Gosto da minha profissão!!!
      Mas não acredito que seja professora num estabelecimento de ensino público!!!!

        • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 18:57
        • Responder

        Não tem que pedir desculpa. Não tenho qualquer pretensão de ser dona da verdade, nem motivo algum para não a respeitar.
        Há muito tempo que não sou professora, aliás, isso encontra-se dito num dos meus comentários. Entre outras coisas sou formadora e trabalho num estabelecimento de ensino, mas não como professora.
        Também estudei em faculdades públicas e privadas e nelas adquiri muitos conhecimentos académicos e não só.
        Acontece que o “formato” escola não se encontra adequado à realidade atual. Está quase igual ao que era “no meu tempo”, ou seja, há 40 anos atrás.
        As pessoas são resistentes à mudança e têm tendência para reproduzir sempre os mesmos comportamentos e os professores não são exceção, bem pelo contrário.
        Há excelentes professores, há professores bons, médios, assim-assim, medíocres, maus e péssimos. A mesma coisa se aplica aos alunos e ao resto da humanidade.
        Há muito para fazer na educação. E há muitas dificuldades a transpor e dependem de vários fatores e meios, em que os professores têm papel fundamental, mas não são, de forma alguma, os responsáveis por tudo o que está mal, nem os únicos que t~em a responsabilidade ou os meios para que se proceda às alterações necessárias.
        Mas, seguramente, as atitudes negativas em nada contribuirão para que o ensino e o ambiente que se vive na escola seja melhorado.

        • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:52
        • Responder

        Cara colega é preciso saber lidar com a falta de educação dos alunos e respetivos E.E. Se o conseguir fazer, tornar-se-ão nos melhores amigos do mundo, acredite. Hoje, sinto pena de uma aluna que simulou violência da minha parte . Nunca me pediu desculpa. Quantas vezes penso nela? Vítima dos pais, da sociedade , da escola…

        • Fátima Carvalho on 8 de Abril de 2017 at 17:47
        • Responder

        Quando a Ana descobrir que a sua faculdade não a preparou para a realidade do mundo atual, embora prestigiada, irá mudar as suas estratégias em relação à sua sala de aula, aos seus alunos e respetivas famílias, Conseguirá resolver situações melindrosas da melhor forma e, por conseguinte, passará a ser respeitada. A leitura dos pareceres sobre Educação do Conselho Nacional de Educação e os trabalhos da Fundação Francisco Manuel dos Santos poderão ajudar.

    2. “Pois é, mas na realidade eles são seus clientes”, Diz esta senhora referindo-se aos alunos, na sua relação com o professor. Pois bem, quantas profissões conhece em que o profissional atende 30 clientes ao mesmo tempo?? O texto deste professor pode ser uma hipérbole, mas já serviu o seu propósito…

        • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 23:36
        • Responder

        Becker, H. “Cliente ideal”, 1952

          • mf on 4 de Abril de 2017 at 0:06

          Obrigada por referenciar tão bem o “seu” Becher , o que me permitiu chegar facilmente a ele. Diz o autor, a propósito do “cliente ideal” : “O modo de racionalidade dominante por parte destes beneficiários pode ser caracterizado como uma racionalidade normativa orientada para uma forte adesão às regras e às normas do jogo formativo. São rotulados como “excelentes”, são os beneficiários com “quem dá gosto trabalhar” e é esta a franja de pessoas que “dá mais prazer formar”.
          Claramente, não estamos a falar do mesmo tipo de clientes! Lamento…

          • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 0:34

          Claramente, não leu todo o livro. Esse é o cliente ideal, efetivamente. Acontece que a larga maioria dos clientes, na escola ou em qualquer outro lugar, não são os clientes ideais. Caso fossem, o marketing, a publicidade e as relações públicas não teriam razão de existir.

          • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 0:37

          Não é o “meu” Becker”, tal como não é o “meu” Carlos Gomes, mas..
          Gomes, Carlos A. (1987), “A interacção selectiva na escola de massas”, Sociologia- Problemas e Práticas, nº 3, pp. 35-49.

      • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 22:12
      • Responder

      Não reconheço este tipo de escolas. Uma boa direção não permite que situações destas aconteçam. Gostei muito desta passagem “Ser professor é tantas coisas. A principal delas, contrariamente ao que possa parecer, não é ensinar, mas, sim, aprender, diariamente inúmeras coisas, das quais destaco, aprender a como chegar às pessoas, aprender e perceber os seus hábitos, valores, histórias, conhecimentos, que sonhos e objetivos têm e que dores ou sofrimentos passaram. “

    • Aurora Araújo on 3 de Abril de 2017 at 17:32
    • Responder

    Eu sou professora, gosto da minha profissão e não tenho estas queixas! Se as tivesse, já tinha mudado de profissão há muito tempo. Acredito que isto seja uma realidade em algumas escolas mas felizmente nunca tive essa experiência nem me imagino a ter. Agora que a vida de professor é desgastante e digna de respeito, isso é inegável!

      • Rambo on 3 de Abril de 2017 at 18:07
      • Responder

      Jovem suspeito de matar menor com soqueira já se entregou

      Agressões que provocaram a morte a adolescente de 14 anos aconteceram Gondomar.

      O jovem, de 17 anos, suspeito de ter matado com uma soqueira um menor de 14 anos esta madrugada na sequência de agressões, na rua Padre Domingos Baião, em Baguim do Monte, Gondomar, já se entregou à polícia.

      http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/jovem-de-14-anos-morto-com-soqueira

      http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/gondomar/jovem-de-14-morre-depois-de-ser-violentamente-agredido-na-via-publica

      Aluno morde professora

      Uma professora de uma escola de faro foi agredida à dentada por um aluno, de 10 anos. A docente vai apresentar queixa nos próximos dias.

      http://www.cmjornal.pt/portugal/imprimir/aluno-morde-professora

      Vigilante de escola morre após desacato de aluno de 15 anos

      http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/matosinhos/vigilante-de-escola-morre-apos-desacato-de-aluno-de-15-anos

      E MUITO MAIS….procure na NET

      Estes “meninos” e estas “meninas” são ALUNOS

      A colega deve viver noutro Mundo….

        • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 18:45
        • Responder

        Em Portugal, todos os anos, cerca de 40 mulheres são mortas pelos maridos ou companheiros, para além de todas as outras que são vítimas de maus tratos físicos e psicológicos ou mesmo são violentadas por esses mesmo companheiros. Estes homens são provenientes de todas as classes etárias e sociais.
        A partir desta informação, devo concluir que todos os homens portugueses são perigosos criminosos, abusadores de mulheres?

          • Rambo on 3 de Abril de 2017 at 18:52

          A colega deve concluir que SER PROFESSOR é algo de IDÍLICO e que as ESCOLAS são o CÉU.

          Tenha juízo e esteja atenta ao que se passa na realidade, pelo menos a tudo aquilo que salta para a comunicação social. Sim! Porque a maioria das situações ficam entre as paredes da Escola, ou seja, não saem cá para fora. Uma vergonha…

          Na maioria Escolas (em Portugal) reina a INDISCIPLINA e a bagunçada. Isto para não falar de ESCOLAS TEIP e de outras javardices…

          • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 19:03

          Mostre a cara, e eu respondo-lhe

    • Maria on 3 de Abril de 2017 at 18:56
    • Responder

    Mas será que mais ninguém percebeu que este é um texto com um cariz irónico (e trágico) que tem como objetivo alertar para a escalada de violência nas escolas? Será que a sociedade só vai acordar quando a notícia for “hoje morreu um professor”? ( E ainda acham que há muitas horas de Português nas escolas… )

      • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 19:03
      • Responder

      Todos os dias morrem pessoas, nos mais variados lugares do mundo, com as mais diversas profissões, vítimas de qualquer tipo de violência.
      Então parece que devemos fazer qualquer coisa contra a violência, talvez a melhor coisa não seja começar por detestar a profissão que se tem, particularmente quando se trabalha com crianças ou jovens.

        • Maria on 3 de Abril de 2017 at 19:21
        • Responder

        Precisamente por isso, porque trabalhamos com crianças e jovens; porque os queremos educar e com ambientes destes dentro e no portão da escola não educamos ninguém; porque queremos que os nossos filhos (os seus e os meus) estejam em segurança e não irem em coma para o hospital depois de levar um pontapé de um colega; porque estes jovens são o futuro do nosso país…
        Mas sobretudo porque nós, professores, adoramos o que fazemos e não enterramos a cabeça na areia. Se morrer um professor não importa ( metaforicamente claro), então e os sonhos dos alunos? Quando nós morremos por dentro, são os alunos que perdem.

      • Elisabete on 3 de Abril de 2017 at 23:53
      • Responder

      “Tiraste-me as palavras da boca!” -já dizia o Simplício de Leandro, Rei da Helíria. O texto exposto é uma sátira e uma chamada de atenção para a violência que assola atualmente a nossa escola e cresce de uma forma atroz. O objetivo era refletirem e não andarem a atirar galhardetes, arregaçando as mangas, agredindo-se verbalmente! Unam-se e transfiram essa raiva numa luta pelo reconhecimento desta profissão tão peculiar e desgastante…

        • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 0:51
        • Responder

        A profissão há muito que é reconhecida. o desgaste é inevitável. a troca de ideias ou análise dos problemas em diferentes perspetivas é enriquecedora.
        Os melindres, excesso de sensibilidade e resistência ao contraditório são opcionais e duvido que sejam úteis a qualquer dos intervenientes do processo educativo

        • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 13:08
        • Responder

        O seu comentário, obrigou-me a reler o texto todo. Tem toda a razão.
        O objetivo era fazer uma sátira e, simultaneamente, pôr as pessoas a pensar, caricaturando alunos e professores. É pena, não funcionou. Raros se reviram no texto. ou perceberam qual o seu objetivo.
        Eu própria cometi uma falha grave na linterpretação do mesmo, Causada por um “ruído” na comunicação. No caso o ruído é um pré-conceito, por já estar “careca” de me confrontar com a vitimização dos professores.
        O fundamental era alterar o modelo básico das escolas e adequá-lo à realidade atual, para minorar os problemas de violência, abandono e insucesso escolar.
        Mas, a coisa não me parece estar fácil, grande parte dos comentários grosseiros e ofensivos efetuados nesta publicação demonstram como será difícil exigir que os alunos, muitos deles provenientes de meios degradados, respeitem professores que são incapazes de manter um diálogo ou discussão civilizada e construtiva.
        Não estranho, mas entristece-me.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 23:16

          Há muito que algumas escolas públicas alteram o modelo adequando-o à realidade atual e, dessa forma, a retenção e indisciplina são praticamente nulas. Não existem turmas CEF, nem vocacionais, as suas diretoras pautam-se pelas boas estratégias fazendo com os seus alunos e professores se sintam felizes. O secretário de Estado da Educação, João Costa, afirmou no dia dezasseis deste mês, no site Educare que “as melhores práticas pedagógicas aplicadas por algumas escolas vivem sob a espada de uma inspeção, porque a legislação não legitima estas práticas.” que ” O ritmo a que sucedem as problemáticas sociais é cada vez mais acelerado e se não houver uma resposta rápida, eficaz, criativa e em colaboração é muito difícil nós resolvermos os problemas que a sociedade nos impõe” e remata dizendo que “A educação não serve para nada se não for aplicada à prática na resolução dos problemas sociais”. Muito aprendi nestas escolas, referências a nível nacional, com uma avaliação externa BOM/MUITO BOM nos vários domínios.

          • Isabel Ferreira on 18 de Maio de 2017 at 19:15

          Só agora li estes textos/comentários todos. Não tenho por hábito ler este tipo de coisas mas o texto “Hoje morreu um professor…” chamou-me a atenção. Veio do fundo do coração de quem o escreveu. É uma pena que a senhora Teresa Varela não tenha mais que fazer porque foi ela quem começou com comentários grosseiros e ofensivos para com o autor do texto. Quem publicou o texto não estaria com certeza à espera de comentários. E com isto tenho dito! Vou preparar as minhas aulas que me dão muito trabalho!

          • Teresa Varela on 18 de Maio de 2017 at 19:33

          Senhora Isabel Ferreira, os meus comentários não foram grosseiros, foram assertivos (ponto)
          Aquilo que pode acontecer é que não gosta ou não concorda com as minhas opiniões, mas a discordância nada tem a ver com grosseria ou falta de educação.
          Existem aqui comentários grosseiros, seguramente não são os meus
          Se quem publica uma crónica destas não quer ou espera comentários, então pura e simplesmente não os permite. Qualquer site ou blog permite que determinemos se são permitimos, ou não, comentários.
          O “cronista”, em causa, escreveu um texto sarcástico, se o reler perceberá que a situação não é real, mas sim propositadamente exagerada. Aliás, o cronista nem se encontra em Portugal, a lecionar, mas, sim, no estrangeiro.
          Não percebi muito bem o motivo pelo qual me informou que ia preparar as aulas, que lhe dão tanto trabalho.
          Aqui existe uma discussão de opiniões e ideias, não é seguramente, o local para nos informarmos uns aos outros se vamos preparar aulas, fazer o jantar ou para a discoteca.

    • Isabel Ferreira da Silva on 3 de Abril de 2017 at 19:06
    • Responder

    Peço- lhe imensa desculpa Sra. D. Teresa Varela, mas o seu texto é revelador de uma pessoa que nunca deu aulas e que desconhece por completo a realidade de algumas escolas do nosso país e o sofrimento por que muitos dos nossos docentes passam diariamente … Enfim, a ignorância no seu melhor !!!

  1. 12 de Março de 2010

    Professor suicida-se por não aguentar alunos

    Docente era vítima de bullying na escola onde leccionava. Ministério da Educação abre inquérito urgente

    Luís, professor de música, escolheu o silêncio no dia 9 de Fevereiro. Parou o carro na Ponte 25 de Abril e atirou-se ao Tejo. Atirou a vida e acabou, dessa maneira, com os problemas que o atormentavam. Luís pôs fim à vida porque era vítima de bullying na escola onde leccionava, a EB2,3 de Fitares, em Sintra.

    «Se o meu destino é sofrer dando aulas a alunos que não me respeitam e que me põem fora de mim, a única solução é o suicídio». Esta frase só foi encontrada no computador de Luís depois da morte. Tarde de mais. Mas os sinais do desespero estavam lá. Colegas e família reconhecem que ele era uma pessoa reservada e frágil. A história de Luís chocou a comunidade docente que fez circular a notícia por e-mail.

    http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/escola/professor-suicida-se-por-nao-aguentar-alunos

  2. 31 de Março de 2010

    Suicidou-se outro professor

    “Não consigo viver neste sofrimento, não suporto ouvir falar de escola. Não vou conseguir dar mais aulas.” Esta frase é extraída da carta que José António Fernandes Martins escreveu à mulher antes de se suicidar. Era professor de Matemática e Ciências da Natureza na Escola EB 2,3 de Vouzela e pôs termo à vida no início do presente ano lectivo. José António era um professor experiente, apaixonado pela sua profissão. Era estimado e respeitado pelos alunos e pelos colegas. Nos seus 19 anos de exercício docente, que um vórtice dramático de desespero interrompeu, José António foi director de turma, delegado de disciplina, coordenador de departamento e coordenador de projectos. Diz quem o conheceu e com ele privou que foi um lutador denodado em prol duma escola que não era a que lhe foi sendo imposta. Esgotou-se nessa luta inglória. Morreu numa espiral de sofrimento anónimo, apenas quebrado quando, depois de partir, lhe devassaram o computador. Referindo-se à anterior ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, José António escreveu durante o prolongado processo de assédio moral que o vitimou: “Não consigo mais continuar a ser um bom professor. Esta ministra conseguiu secar tudo o que havia de bom na profissão docente.”

    https://www.publico.pt/opiniao/jornal/suicidouse-outro-professor-19098985

      • Carla Sofia Queirós Alves on 3 de Abril de 2017 at 23:28
      • Responder

      “Os nossos filhos são a educação que lhes damos e a sociedade onde vivem! ”
      Sou encarregada de educação, sempre me preocupei e preocupo em transmitir valores ao meu filho. Não me revejo nunca, em pais que confrontam professores e considero ser “amiga” da escola.
      Numa destas quintas-feiras ( dia designado para atendimento aos pais) cheguei à escola do meu filho, entrei e fui falar com uma senhora que estava sentada numa secretaria, aparentemente ocupada. Disse-lhe boa tarde e que estava ali para falar com a Directora de Turma do meu educando, enquanto esperava,eis que sai de uma das salas um aluno que aparentava 14/15 anos, com as mãos nos bolsos e o capucho na cabeça( juro que pensei que se fosse meu filho lhe daria um bom para de estalos) merecido não?
      A tal funcionaria parou o que estava a fazer para lhe perguntar:O QUE VAIS FAZER? Sim…foi mesmo neste tom, ele respondeu com desprezo: beber água! Posso dizer-vos que aguardei uns 10/15 minutos pela minha vez de falar com a professora e aquele miúdo nunca mais voltou para a sala de aula!
      Pensei perguntar à senhora, mas ao olhar para a sua cara confesso, que mesmo tendo 40 anos não tive coragem. 😉
      Gosto de pensar que a senhora estaria num dia menos bom para não se ter preocupado mais com aquele assunto, assim como o dia em que um dos professores pediu a caderneta do meu filho sem dizer a palavra mágica! Então e os valores?
      Os problemas são ENORMES nas escolas. Pessoal docente e não docente descontente, alunos indisciplinados que recebem em casa ou mesmo no portão da escola o apoio de pais iluminados.
      Enfim…todos estão revoltados. Até eu!
      Entenda-se que generalizei, nem todas as escolas são assim e mesmo na escola do meu filho existem bons miúdos, bons pais e bons profissionais!
      É imperativo dar mais poder aos Bons Profissionais, para que possamos voltar a ter aquilo que há muito se perdeu…RESPEITO E VERGONHA!

      PS. Era perfeito que o nosso Presidente da República aparecesse nestas escolas, mas sem aviso prévio e de preferência disfarçado! No final e depois de ver o comportamento de certos alunos, professores e funcionários, tomava uma atitude (que não fosse só dar umas valentes beijocas!) 😉

      • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 23:22
      • Responder

      Aconselho-a a ler obras de Daniel Sampaio. Quantos alunos, para não citar trabalhadores de outras profissões, se suicidam sem que nós consigamos interpretar os seus avisos.

      1. Ninguém lhe pediu conselhos. Você deve ter a mania que é iluminada. Estou farta de ler parvoíces.

        Não diga a ninguém que é professora. Até sinto vergonha.

    • aurelio bogalho on 3 de Abril de 2017 at 21:12
    • Responder

    “…Sim, há pessoas que são bestas quadradas, em qualquer idade, aliás quanto mais envelhecem piores se tornam. Mas, obviamente, que todas estas pessoas, jovens ou adultas, são uma minoria.”
    Gostei da sua opinião.
    Felizmente a senhora faz parte da minoria.

    • M Cruz on 3 de Abril de 2017 at 21:25
    • Responder

    Esta senhora Teresa Varela, segundo o que a própria escreveu, não é professora, já o foi – agora é “formadora”. Portanto, é alguém que obviamente não aguentou continuar a fazer aquilo que se arroga agora ditar como se deve fazer, escudando-se na nova função que teve a “sorte” de arranjar (só que não – foi o “engenho” de escapar a algo que obviamente não gostava e não tinha coragem e competência para fazer). É como aquele pessoal que se escapa para destacamentos (nas dgestes, sindicatos, ministério, etc), ou vai para as direções da escola, cargos de bibliotecas,…, de preferência “eternos”, para não ter que dar aulas, ou dar o menos possível. É quase sempre pessoal que detesta dar aulas, é péssimo professor, mas adoram depois mandar “bitaites” deste tipo, do alto da sua cátedra imaginária. Haja paciência.

      • bibicas on 3 de Abril de 2017 at 23:06
      • Responder

      Excelente resposta. O facto de a ex. colega não dar aulas há
      muitos anos , é revelador da sua ignorância sobre a realidade atual das escolas.

      • Teresa Varela on 3 de Abril de 2017 at 23:15
      • Responder

      Agora, sou formadora e muitas outras coisas, mas não ser professora nada tem a ver com ter-me cansado, mas sim com a extinção de determinadas disciplinas, no ensino normal e outros fatores, como o facto de ser contratada pelas escolas, sem vínculo ao Ministério.
      O suicídio é um assunto demasiado complexo para ser abordado de forma tão leviana, como é feita aqui, nalguns comentários. Só muito raramente existe uma relação de causa e efeito no suicídio. A depressão, essa sim, é causadora de suicídio e dificilmente poderá ser atribuída apenas a uma causa e afeta, principalmente os homens, dessa forma particular.
      Quanto aos bitaites, cada um manda os que quer e entende, como o/a senhor(a), manda os seus.
      Talvez o facto de viver rodeada por uma população de 5000 alunos me dê algum conhecimento, tal como a pós-graduação específica nesse tema especifico, mas o/a senhor(a) pode achar o que bem entender acerca dos meus bitaites, pois isso de facto não tem qualquer tipo de relevância.
      Adicionalmente, se eu tivesse mudado de profissão por não aguentar, fosse lá o que fosse, só queria dizer que em vez de andar a choramingar pelos cantos, tinha tido a coragem de dar uma volta à minha vida, para fazer alguma coisa que me desse mais prazer.

        • Sónia on 4 de Abril de 2017 at 0:11
        • Responder

        Está explicado o ressabiamento desta comentarista!

          • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 0:42

          Ah, ah,ah, obrigada por me fazer rir. é das coisas que mais gosto de fazer na vida.
          Imagine, nas minhas aulas as pessoas riam-se e eu também, nas formações também e nunca isso as impediu de alcançar os objetivos, sem eu ter que gritar estejam calados, ou prestem atenção. Aliás, caso eu gritasse, penso que não só seria muito mau sinal, pois certamente, ninguém me estava a ouvir, como seria um enorme desgaste de voz, sem grandes resultados práticos.

        • Marta on 5 de Abril de 2017 at 13:24
        • Responder

        É interessante ver como alguns que deixaram a profissão porque não conseguiram vínculo e porque (sejamos sinceros) esta os desgastava como nenhuma outra (e têm familiares ricos que muitas vezes os sustentam) agora vêm relembrar apenas as partes boas e até muitas vezes dizer que os professores têm “boa vida”. Como é óbvio nem todas as escolas e todas as turmas são assim, trata-se de um texto literário e não de um diário. É urgente que nos unamos para mudar certas coisas que estão mal no funcionamento das escolas e no estatuto dos alunos que por não terem consequências (nem eles nem as famílias) que realmente os façam sofrer estão a transformar a escola publica (e privadas mesmo) num inferno. É preciso união em torno disto e não apenas de vinculações e concursos. Acho ridículo vir acusar alguém de falta de amor à profissão numa altura destas (e mais ainda quando não se trata de alguém que esteja realmente em função a tempo inteiro)

          • Teresa Varela on 5 de Abril de 2017 at 16:03

          As suposições espantosas que as pessoas fazem, acerca de pessoas que nunca viram, nem conheceram, são, de facto, extraordinárias.
          Agora diga-me, a que propósito é que eu teria familiares ricos que me sustentassem? Por que não poderia ser eu rica, sem ter que depender fosse de quem fosse?
          Depender de alguém|||| É esse o seu ideal de felicidade?
          Bem, adiante.
          Ninguém diz se tem ou não boa ou má vida. Cada profissão tem os seus problemas, exigências, dificuldades e, até, dramas. Mas a vitimização dos professores é, de facto, algo que me incomoda e aborrece.
          Se não gostam ou acham que estão mal pagos ou que é demasiado difícil mudem para outra profissão.
          Aliás, profissão de professor é das poucas em que não existe seleção. São licenciados e, desde há algum tempo, obrigatoriamente, têm que escolher na faculdade a via do ensino, logo, podem ser professores.Ponto
          Nas outras profissões não é bem assim, não é verdade?
          Como dizia o outro “ele” há os testes psicotécnicos, “ele” há as entrevistas, “ele” há o currículo, “ele” há a avaliação do psicólogo ou do entrevistador que se acha psicólogo e faz perguntas tão interessantes como “Quantos candeeiros de iluminação pública existem no lado esquerdo da Av. da Liberdade?”, “ele” há a avaliação dos aspeto físico e do que se veste, da idade, enfim, e “ele” há “sete cães a um osso, para trabalhos precários, com direito a salário mínimo, para os quais muitos licenciados, mestres, pós-graduados concorrem, para serem maltratados por chefias prepotentes, incompetentes e mal educadas. “Ele há tanta coisa no mundo real”.
          Cara Marta, a questão não era não ter vínculo, eu explico-lhe, embora não tenha nada a ver com isso. A questão era que, para além de não conseguir ter horários completos e de ser contratada diretamente pela Direção, na altura Conselho Diretivo, das Escolas, fiquei grávida e quando a minha filha nasceu não tinha quaisquer direitos, ou seja, com um novo contrato teria que ir trabalhar uma semana depois dela ter nascido, para além de que teria que encontrar outra escola, onde dar aulas, com horário compatível, para ter um horário minimamente aceitável que justificasse ir trabalhar. Pelo que optei ficar com a minha filha, até porque não tinha familiares que me pudessem apoiar, ficando com ela enquanto eu ia trabalhar.
          Mas isso é em grande parte culpa minha, porque não segui a decisão inicial e troquei a minha licenciatura por outra que só durante aquele período curto dos anos 80 me permitiu dar aulas, quando nos décimos anos havia certas disciplinas para as quais o meu curso era considerado como habilitação própria ou suficiente.
          Também acho muito bem que os professores se unam, para defender os seus direitos, mas deviam unir-se principalmente para modificar os modelos de ensino obsoletos que existem na maior parte das escolas.
          Ainda que concorde que devam haver testes e exames, penso que isso não é o mais importante. O mais importante, é os professores serem capazes de despertar em cada aluno a motivação para aprender e para estudar. E isso não se consegue fazer apenas porque se é licenciado ou mestre, apenas porque se escolheu a vertente ensino. Isso consegue-se fazer quando profissão é encarada como missão, como desafio, como prazer
          O professores, tal como os médicos, só serão bons se encararem a profissão como missão e se gostarem de pessoas. Caso contrário são apenas técnicos melhores ou piores, mas que não conseguem estabelecer os elos necessários com os alunos, ou com os pacientes que lhes permitam alcançar os objetivos.
          Há muitas crianças, adolescentes e jovens mal educados. É um facto, A maior parte deles.foram educados pelas gerações posteriores à minha.
          Há também muitas crianças, adolescentes e jovens que vivem em lares desestruturados, têm pais com comportamentos desviantes, estão subalimentados e no geral a vida não lhes sorriu. Não é fácil lidar com eles, não é fácil chegar a eles, nem aos progenitores, Principalmente, não é fácil se o professor é apenas um licenciado/mestre, com ou sem a vertente ensino, sem qualquer vocação para essa profissão.
          Também há menos vagas para professores. Pois, é natural, nascem cada vez menos crianças,. Logo as entidades competentes não devem permitir que haja mais candidatos a docentes, nas faculdades, do que aquilo que o país pode comportar.
          Além disso, eu nem percebo bem como é que os professores esperam que os alunos atuais aprendam alguma coisa de jeito, só porque debitam matéria como papagaios. As gerações atuais são as gerações do virtual, dos telemóveis, iphones, das playstations. Ou seja, para chegar a eles terão que perceber o que lhes desperta a atenção.
          E, no caso dos alunos menos interessados ou problemáticos, eles precisam de sentir que os professores gostam deles, que lutam por eles, que se unem por eles, que apostam na sua formação e no seu sucesso.
          Por essas razões, tenho tantas saudades dos meus tempos de professora e dos meus alunos, de que ainda guardo a maioria dos trabalhos.
          Não tenho nenhum ressabiamento (palavra que odeio particularmente) como dizia outra comentarista, tenho sim saudades e pena de não ter optado por me ter licenciado no curso que era a primeira escolha e o ter trocado por outro.
          Mas, quem sabe, isso foi bom. Podia ser que nesta altura me tivesse transformado em mais uma “vitima” . Assim, sou apenas uma mulher que vai à luta sempre e em qualquer circunstância que a vida me desafie, e darei sempre o meu melhor, mesmo no pior dos trabalhos e porei sempre as pessoas como principal prioridade, principalmente os mais indefesos e os mais maltratados pela vida.
          Uma boa tarde para si

      • Madalena Tavares on 4 de Abril de 2017 at 1:53
      • Responder

      Creio que desconhece o que fala quando se refere a “direções da escola, cargos de bibliotecas”. Nunca trabalhou (assim, a sério: TRABALHOU!!!) num desses cargos, pois não?! Nunca procurou as melhores soluções para um conjunto de docentes e de alunos; nunca encontrou nada de mais profundo além da “sua” sala de aula?! Adoro dar aulas! Agora, que o cargo que ocupo me diificulta a manutenção de uma turma, vou fazendo “o gosto ao dedo” em voluntariado, dando aulas a adultos, gratuitamente. Mas creia que há muito mais trabalho por trás de proporcionar boas condições de trabalho e aprendizagem do que o que imagina. Para mim, são 25 anos de trabalho em que não se regateia o tempo, o investimento na formação (do próprio bolso, a propósito), a preparação cuidada de aulas e atividades, a aposta renovada na mudança! Não tenho cátedra, nem tempo para a imaginar; a realidade bate-me à porta todos os dias. Pena é que a inveja impeça muitos de ver o sacrifício de quem vai mais longe que a sala de aulas… Os bons professores nunca se acham nada de extraordinário: limitam-se a fazer o seu trabalho e a questionar-se sempre como melhorar e em quê. Depois, há os outros, os que se arrogam o direito de fazer um comentário desconhecedor a cada “pontapé” nas redes sociais. A propósito, discordo de muitas das posições da Dr.ª Teresa Varela, mas reconheço-lhe a coerência e a persistência que, em si mesmas, são bem válidas de respeito – que tem faltado nestes comentários.

      • Antonio Pinto on 4 de Abril de 2017 at 12:04
      • Responder

      Excelente resposta. Estas “criaturas” são como os opinadores nos programas de futebol … sabem tudo fora do “relvado”.
      Não dou para este peditório!
      A Escola foi o meu local de trabalho, 36A , a aposentação c/ penalização foi o escape para a minha saúde mental.

    • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 1:10
    • Responder

    Aconselho o visionamento desta curta metragem, adequada aos que gostam de refletir acerca dos problemas, ao invés de ficarem agarrados às suas verdades redutoras .
    Peço desculpa pela má qualidade do filme, mas não tenho conhecimento da existência de outra cópia do mesmo. Provavelmente, ninguém o preservou por ser considerado material de pouco interesse, por ir de encontro (não ao encontro) ao status quo “protecionista”
    https://www.youtube.com/watch?v=HAzpXMjm984&index=2&list=LLPTEKiya8aktiAw4qXSeVfw

      • Rambo on 4 de Abril de 2017 at 12:54
      • Responder

      Se o lirismo e a estupidez fossem música V. Ex. era uma orquestra.

      A generalidade das Escolas vive hoje em clima de indisciplina generalizada sendo que os docentes e os auxiliares de acção educativa são as principais vitimas.

      Actualmente a crise de PRINCÍPIOS e de VALORES que se faz sentir a todos os níveis é transportada para dentro das Escolas.

      A maior parte dos problemas de indisciplina não sai para fora das portas das Escolas, isto é, não vem para a Comunicação Social. A indisciplina no espaço escolar é abafada pelas direcções dos agrupamentos numa politica do faz de conta (que está tudo bem).

      Em Escolas TEIP a situação ainda é pior, ou seja, reina a bagunçada dentro da Escola. Professoras agredidas psicologicamente e fisicamente é o pão nosso de cada dia.

      Não sei se recorda do “dá-me o telemóvel já!” …..ISTO É O DIA-A-DIA DAS ESCOLAS

      https://www.youtube.com/watch?v=Z2UKBSVol_c

        • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 13:14
        • Responder

        “Se o lirismo e a estupidez fossem música V. Ex. era uma orquestra.”
        É com este tipo de argumento e atitude que espera alterar o comportamento indisciplinado dos seus alunos?
        Claro que não espera, nem quer saber disso para nada, caso contrário as suas atitudes não seriam exatamente iguais às deles, os tais de quem tanto se queixa.

          • Fátima Graça Ventura on 4 de Abril de 2017 at 14:20

          São as vivências de cada um que lhes permitem acreditar ou duvidar, saber ou ignorar. Não as vossas discussões estéreis, porque agressivas, inúteis, porque continuadas.
          Não chega?
          Não pretendo resposta, claro! Não contem comigo para despejarem frustrações. Já não aguento as minhas!! 😉

          • Rambo on 4 de Abril de 2017 at 16:55

          Cara Teresa Varela eu sei muito bem o que fazer para contornar problemas de disciplina. Comigo lhe garanto que nenhum aluno(a) se fica a rir, bem pelo contrário. Já tenho muito calo como o macaco.

          O que me custa é num qualquer intervalo chegar a uma “Sala de Professores” e ver colegas (mulheres) a chorarem porque o aluno A ou B gozou com a cara delas ou as insultou. Custa-me ver (dá-me volta ao estômago) “umas líricas” que nem capacidade de reacção possuem.

          Sobre este assunto, devo dizer-lhe que a Escola não é um espaço Sem Lei. No País existem mecanismos legais para tratar destes assuntos e para agir civil e criminalmente responsabilizando os Encarregados de Educação, no caso dos educandos serem menores. A esmagadora maioria dos professores não utiliza estes mecanismos e as direcções dos agrupamentos agradecem porque quanto menos ondas, melhor.

          • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 17:28

          Caro Rambo, poderíamos continuar aqui eternamente, com estas simpáticas trocas de galhardetes. Mas não me apetece mais tentar explicar-lhe o que quer que seja,uma vez que apenas demonstra ter capacidade para se ouvir a si mesmo.
          Ainda não percebi bem, donde acha que me conhece para saber se sou ou deixo de ser lírica, se tenho, ou não, capacidade de resposta.
          Garantidamente, tenho capacidade para fazer os meus comentários e emitir as minhas opiniões dando a cara, ao contrário de si que se refugia no anonimato.
          Mas, para terminar, sempre o convido a ler de novo a crónica que deu azo a todos estes comentários.
          Inicialmente, também a interpretei mal. Mas, depois de perceber quem era a pessoa que a escrevia, Rui Gualdino Cardoso,voltei a ler o texto, já sem pré-conceitos ou preconceitos.
          Aí entendi que esta crónica é uma sátira que caricatura professores, alunos e pais.
          Julgo entender que o objetivo do autor era pôr as pessoas a pensar. Incentivando-as a encontrar respostas alternativas, as quais pudessem inverter ou minorar a violência, insucesso e abandono escolar. Mas, infelizmente, como era de esperar, não deu grande resultado.
          O Rambo tem a sua verdade fundamentalista e inabalável e não se encontra aberto a olhar a realidade noutras perspetivas, nem a contribuir para a alteração das mentalidades, dos modelos, dos comportamentos de repetição, os quais, obviamente, perante os factos, não conduzem a lugar nenhum.
          Enquanto seres humanos e, acima de tudo. enquanto professores, todos deveriam estar abertos ao conhecimento e a explorar novas perspetivas, modelos, formas alternativas ou, no mínimo, deveriam estar abertos a ter diálogos e discussões civilizadas, sem adjetivar negativamente os interlocutores que discordam das vossas opiniões ou forma de estar, no todo ou em parte.
          Fim de papo. Tenha uma vida feliz.

          • Rambo on 4 de Abril de 2017 at 19:16

          Cara Teresa Varela vivemos tempos conturbados.

          As escolas foram invadidas por diplomados de bolonha, paridos precocemente nas “esses” e em “tascos privados” de duvidosa qualidade vinícola. É esta mescla composta maioritariamente de “ignorantes” e/ou “pseudo-intelectuais” que foram investidos nos papéis de “formadores”. São eles o grupo maioritário na “Escola” actual.
          É o que há!…

          A Escola (pública) é hoje um território de impunidade onde reina a massificação e a indisciplina.
          Tenho para mim que “a aprendizagem só ocorre em clima de disciplina”. Tudo o mais é ”conversa da treta” ou, por outras palavras, do “eduquês” e das “ciências ocultas” afins.
          Face a esta realidade, os pais conscientes e que possuem maior nível socioeconómico colocam os seus rebentos em colégios privados onde existe selecção de alunos e disciplina. E fazem muito bem.

          Aos que não possuem meios económicos que lhes permitam optar, resta-lhes a “selva” e/ou “armazéns” composta por escolas de ensino regular ou profissional. Aqui se formam ou se DEFORMAM as futuras gerações (geração smartphone, geração ifone…).

          Pragmatismo precisa-se…

          Lirismo! Não Obrigado.

          Senhora Formadora Teresa Varela desejo-lhe os maiores êxitos. Seja Feliz.

          • Fátima Carvalho on 4 de Abril de 2017 at 23:42

          N’ importe quoi!!! O sr está atrasado 30 anos. Agora sim, percebi que foi formado num “tasco privado”. Sem mais comentários.

          • Rambo on 5 de Abril de 2017 at 21:57

          Ó Fatinha! Tens uma língua porquita e deves ter-me confundido com o teu pai.
          “Atrasado” é o teu paizinho.
          Vê lá o que andas a fazer com a boca.

          • Fátima Carvalho on 8 de Abril de 2017 at 18:41

          Verborreia dessa não merece resposta. Falta-lhe a humildade para poder educar jovens.

    • Gervásio on 4 de Abril de 2017 at 2:50
    • Responder

    Esta é a triste realidade. Lamento profundamente…

    • Maria Zita on 4 de Abril de 2017 at 12:16
    • Responder

    Esta do aluno ser “cliente” se não fosse triste daria uma valente gargalhada. Não esqueçamos que no dizer do povo o “cliente” tem sempre razão. E atendemos os verdadeiros ” clientes” na sua vez. Há lugares que tiramos uma senha para sermos atendidos. Se os nossos alunos “clientes” ao menos respeitassem o próximo, seja colega, funcionário, professor… já eu estaria muitíssimo satisfeita. Só que os ditos nossos “clientes” não sabem nem querem saber o que são regras de boa convivência na sala de aula nem fora dela.

    • Fátima Graça Ventura on 4 de Abril de 2017 at 14:06
    • Responder

    Li. Vi o vídeo da Sr.ª Formadora Teresa Varela, que datará talvez dos anos 80, mas… o conteúdo desenrola-se em meio rural.
    Segundo me parece, o professor que “morreu” leciona na Escola Básica de Lóios, em Chelas, já que foi na dita Escola que a equipa da RTP foi agredida em 31 de Março p.p. por tentar recolher informação acerca de uma alegada violação.

    https://www.rtp.pt/noticias/pais/violencia-a-porta-de-escola-apos-denuncia-de-agressoes-sexuais_v992238

    Que o autor do texto tenha acrescentado pormenores, talvez um pouco dramatizados, que tenha intencionalmente tentado elevar a gravidade da situação… Acredito.
    Que há muito de real, quase tudo de real, naquilo que é relatado…Não tenho qualquer dúvida.
    Em Maio de 1981, meu primeiro ano de serviço, fui substituir uma colega num bairro problemático dos arredores de Lisboa(não foi Chelas). Esperava-me uma turma de 16 alunos, repetentes do 4.º ano-todos- com 14/15 anos de idade. Ninguém antes de mim aceitara o lugar. A professora titular de turma ausentara-se porque, como aguardava uma cirurgia durante o ano letivo, concordara com a constituição da turma da forma como fora efetuada. Para seu desespero, a cirurgia tardou e, não conseguindo mais aguentar a indisciplina e a falta de civismo dos alunos, lá foi embora doente.
    Contaram-me eles, que me viam como uma “colega”, já que eu tinha 20 anos, as partidas que fizeram à “velha”, entre as quais “aquela vez em que o Salgado tinha ficado sem intervalo e resolvera urinar na marmita da sopa da professora”
    Depois de muito debate e reflexão, de umas tantas vezes que a PSP me foi levar alunos à sala de aula por terem roubado gelados na mercearia ou por terem sido apanhados a mendigar, de outras tantas chamadas à sala da Diretora que não era meiga (e eu também não), de ter chamado encarregados de educação que caíam de bêbados à porta da sala de aula…houve sucesso para 11 deles, no final do ano letivo.
    Aos outros não consegui ajudar com muita pena- o 4.º ano era a escolaridade obrigatória e o Diploma ir-lhes-ia fazer muita falta.
    Recordo-me perfeitamente de chegar a casa e me atirar para a cama a chorar, esgotada, por achar nos primeiros dias que não iria conseguir aguentar. As minhas colegas mais velhas(todas eram mais velhas)consolavam-me aos intervalos, dizendo que “eles tinham estado distribuídos e não deixavam fazer nada nas salas”…
    Enfim. Como se pode ter vivido isto- e muito mais- no início dos anos 80 e duvidar que hoje se passem as situações relatadas no texto??

      • Teresa Varela on 4 de Abril de 2017 at 15:00
      • Responder

      Percebo bem o que está a dizer, nesses mesmo anos 80 dei aulas no Cacém, na Ferreira Dias. Em apenas um ano letivo tivemos 4 ameaças de bomba.
      As reuniões de turma eram constantes, pela insubordinação nas salas de aula
      E mesmo as reuniões gerais de professores eram comuns, pois muitos professores tinham sérias dificuldades em dar aulas. Havia alunos extremamente problemáticos e agressivos.
      Infelizmente, em algumas dessas reuniões pude constatar que o comportamento de alguns professores era muito idêntico, até certo ponto, ao dos próprios alunos, até mesmo pela falta de respeito que demonstravam, pois não se calavam para ouvir os colegas.
      Também eu era muito nova na altura e, a certa altura , estive grávida. Às vezes, tinha dificuldade em atravessar a escola, no intervalo, para chegar ao pavilhão onde ia dar aulas. No entanto, mesmo que eu chegasse em cima do toque, nunca deixei de dar uma aula. Alguns alunos ficavam à espera e quando eu chegava iam chamar os outros
      Que posso dizer-lhe, eu adorava os meus alunos e eles gostavam de mim. Nunca, em todo o tempo que dei aulas, tive que pôr um aluno na rua.
      Provavelmente se tivesse dado aulas mais tempo isso teria acontecido, mas nos pequenos conflitos que tive, avaliava o meu “antagonista”, se uma estratégia não resultava, mudava rapidamente para outra
      Eu não sou especial, nem tenho nenhum dom particular, pelo que a resposta positiva dos meus alunos só pode ter ficado a dever-se à forma como eu os tratava
      Passados todos estes anos ainda tenho saudades deles todos. Tanto os da Ferreira Dias, como os da Patrício Prazeres, que foi a outra escola em que dei aulas.

      Esta crónica,inicialmente não me apercebi, é uma sátira. Os personagens são caricaturas. Penso que a ideia seria “abanar” as pessoas, para que encontrassem novas fórmulas e alternativas de combate à violência, insucesso e abandono escolar. Infelizmente, a maior parte das pessoas não a leu com esse espírito, nem mesmo conseguiu manter uma discussão civilizada e ainda menos construtiva.

      P.S. O Filme passa-se aqui nos arredores de Lisboa, salvo erro em Caselas, não propriamente em contexto rural.
      De qualquer forma, pessoas são pessoas, seja qual for o contexto em que se encontram e o filme é apenas um exemplo, cada um pode adaptar a ideia principal do filme, valorizar o aluno, os seus conhecimentos, vivências, experiências, etc., à sua realidade.

      • Fátima Carvalho on 5 de Abril de 2017 at 0:00
      • Responder

      Há pouco tempo um jovem de uma escola do Norte suicidou-se porque a Direção desvalorizou as queixas do aluno.
      O seu comentário prova o que gera indisciplina: “repetentes de 14/15 anos no 4º ano”. Nas escolas onde praticamente ninguém chumba , onde os alunos têm apoios desde muito cedo, onde o currículo é adaptado ao perfil dos alunos devido à sabedoria dos docentes que constituem os conselhos de turma, que percebem que os alunos são todos diferentes ( sem estarem inseridos nas NEE), não existe a indisciplina de que muitos comentaristas falam,

        • Fátima Graça Ventura on 5 de Abril de 2017 at 13:31
        • Responder

        Colega:
        Na altura, o 1.º ciclo era o Ensino Básico Obrigatório. Só por isso existia aquele nível etário.
        Mas concordo consigo. E como concordo!!
        É preciso muito profissionalismo na constituição das turmas, para o bem dos alunos, para o bem de quem está na Escola e para quem para lá for lecionar. É triste e eticamente inqualificável haver “escolhas” de alunos…

    • Rambo on 4 de Abril de 2017 at 15:34
    • Responder

    A Escola Actual

    https://www.youtube.com/watch?v=Z2UKBSVol_c

    • Luísa Castanheira on 5 de Abril de 2017 at 18:28
    • Responder

    Estou farta da má educação dos alunos e do proteccionismo dos pais

    “Estou farta da má educação de uma percentagem cada vez maior de alunos e do protecionismo dos pais”, escreveu a professora Eva Valderas, numa intervenção divulgada por um jornal espanhol. “A mim pagam-me para ensinar, não para aguentar”, diz ela, farta da crescente má educação.

    É uma intervenção cheia de verdades, não só para os pais e alunos do país vizinho, mas também para os pais e alunos portugueses. Mas, não são só os pais ou os alunos os alvos visados por esta docente, que não poupa a administração, “que muda as leis que regem o trabalho dos professores sem fornecer o tipo de formação mais adequado”. E também por lá se costuma dizer, “Que bem vivem os professores”.

    Fica a intervenção para que todos possam ler. Se alguém não o conseguir fazer por não compreender espanhol, traduza no “Google translate“, porque, hoje, já esgotei a paciência disponível.

    http://www.arlindovsky.net/2017/01/estou-farta-da-ma-educacao-dos-alunos-e-do-protecionismo-dos-pais/

    • José Bernardo on 5 de Abril de 2017 at 20:42
    • Responder

    …ora, se não podes vence-los junta-te a eles! vais ver que até gostas!

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