O Ministro Fernando Alexandre começou bem o seu mandato, mas rapidamente se deixou aprisionar num labirinto de contradições e de incoerências…
O Ministro Fernando Alexandre parece ter-se perdido e deixado enlear numa teia de efabulações, sem correspondência com a realidade vivenciada diariamente em muitas escolas…
O Ministro Fernando Alexandre parece ter cedido à fantasia e à imaginação, através das quais se criam argumentos ficcionados, não baseados em factos reais…
À semelhança do seu antecessor, o actual Ministro da Educação aparenta ter dificuldades para conseguir percepcionar e aceitar a realidade existente nas escolas, talvez enredado numa espiral de dogmatismo e de afastamento das vivências tangíveis…
Afinal, o que mudou no quotidiano das escolas desde que o actual Ministro iniciou funções, há cerca de um ano e meio?
Falta de Professores? Mantém-se…
Falta de Técnicos Especializados? Mantém-se…
Burocracia? Mantém-se…
Plataformas institucionais de utilidade muito duvidosa, que não comunicam entre si, incapazes de cruzar dados de Alunos e de Professores? Mantêm-se…
Deficiente apetrechamento tecnológico? Mantém-se…
Más condições físicas e materiais? Mantêm-se…
Estatuto da Carreira Docente? Mantém-se…
Estatuto do Aluno? Mantém-se…
Modelo de Avaliação do Desempenho Docente? Mantém-se…
Modelo de Gestão e Administração Escolar? Mantém-se…
Modelo de “Inclusão”? Mantém-se…
Muitos Alunos com acentuadas lacunas em tarefas como ler, interpretar e escrever? Mantêm-se…
Na realidade, mantêm-se todos os constrangimentos existentes há já demasiados anos, em particular certos enquadramentos legais claramente ineficazes ou até iníquos e pouco transparentes…
O que mudou?
Permitiu-se a recuperação faseada do tempo de serviço dos Professores…
Descontinuou-se o Projecto MAIA…
Proibiu-se o uso de smartphones em espaços escolares, para os Alunos até ao 6º Ano de Escolaridade…
Extinguiram-se muitas estruturas do Ministério da Educação, mas na verdade foram criadas outras tantas, com novas nomenclaturas, nalguns casos, substituíram-se protagonistas, noutros mantiveram-se os anteriores…
Transferiram-se algumas competências da área da Educação para as CCDR…
O que se pretende implementar?
Com grande alarido mediático, no futuro próximo, pretender-se-á:
“De acordo com Fernando Alexandre, o grupo de trabalho que está a desenvolver a estratégia para a digitalização deverá divulgar as conclusões em maio, altura em que o Governo apresentará o programa anunciado pelo ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, e que passa por “dar a cada aluno um tutor de inteligência artificial, que ouve, orienta e inspira a aprendizagem”. (Jornal de Notícias, em 13 de Novembro de 2025)…
Em resumo, mantém-se, na Escola Pública, uma epidemia de enfermidades e de constrangimentos, mas apresenta-se com grande aparato, como se de uma panaceia se tratasse:
“…dar a cada aluno um tutor de inteligência artificial, que ouve, orienta e inspira a aprendizagem.”
Fantástico “mundo encantado”, o de alguns Governantes!
Fica-se, no mínimo, incrédulo e perplexo perante esta clara inversão de prioridades, que acaba por subliminarmente passar esta mensagem:
O que realmente importa é parecer aquilo que não se é… O que importa é salvar as aparências e continuar a fazer de conta que na Escola Pública tudo funciona bem…
Funciona tudo tão bem que a prioridade passará a ser algo que, por comparação com outras necessidades prementes que afectam negativamente o seu dia-a-dia, não apresenta qualquer relevância…
Avançar para uma digitalização como a que agora é pretendida sem que a mais elementar esteja plenamente concretizada em todas as escolas públicas, não tem qualquer lógica, nem coerência… Será como construir uma casa ignorando a necessidade da sua fundação…
Há “mundos encantados” que só existem na cabeça de alguns Governantes…
Perdeu-se um Ministro, ganhou-se um ficcionista?
A Escola Pública não precisa de mais ficção, já lhe basta a que a vitimou nos últimos anos…
A Escola Pública precisa de quem a enfrente de forma séria, olhos nos olhos, sem subterfúgios e sem fantasias delirantes…
Os problemas que a afectam nunca se resolverão com medidas meramente ficcionais…
E os Profissionais de Educação estão cansados de serem obrigados a desempenhar papéis, a serem actores, em argumentos ficcionados, não baseados em factos reais…
Paula Dias

14 comentários
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CHEGA
comes o que cagas?
Excelente artigo! Plenamente de acordo! Mais uma montanha que irá parir um ratito moribundo!
Este ministro tem feito um excelente trabalho e as boas obras ainda não ficam por aqui! Mas para esta senhora nunca nada está bem… não passa disto, só fala mal de tudo e todos e nunca apresenta alternativas / soluções, nunca aponta caminhos..
Este ministro anda a estudar forte e feio para poder desempenhar, sem dar um trambolhão, o cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Braga …
Alternativas, soluções e caminhos quem os deve apontar é o Ministro, ele é que tem essa competência. É para isso que ele é Ministro. Ele é que é pago para apontar alternativas, soluções e caminhos. E se tem feito um trabalho tão excelente, será com certeza muito fácil para ele encontrar as soluções que o Fantasma pretende imputar a outros.
Começou bem??Pois para mim começou muiiiiiito mal, quando me deixou fora de um pseudoacordo para RTS! Castigo por estar no topo da carreira??
Era tão , tão bom, que até não presta!!
O maior problema não está no topo da carreira,mas no seu início.
Não será possível agradar a todos
“Descontinuou-se o Projecto MAIA…”?
Onde? Quando é que as direções foram informadas disso e obrigadas a acabar com as grelhas, planos e formações internas obrigatórias dessa coisa do MAIA que continuam a massacrar os professores?
O MECI que envie essa informação a todos os professores!
Tudo verdade o que a Paula Dias disse !
Aguentem as verdades.
O artigo posiciona-se num plano de pura negação, sem nunca se comprometer com uma alternativa. Ao descrever a realidade de forma tão catastrofista e absoluta, e ao desqualificar uma medida futura como delirante, a Sra. Dias não deixa espaço para qualquer solução que não seja uma mudança de paradigma total e vaga. A sua conclusão – “a Escola Pública precisa de quem a enfrente de forma séria” – é um cliché que não significa nada em concreto. Aliás as pessoas vão à escola porque o poder assim o decide desde a revolução industrial. O artigo, portanto, limita-se a apontar o dedo, partindo do princípio que a sua descrição da realidade é a única possível e que as suas premissas são auto-evidentes.
És uma parola Paulinha !
Gentes que sempre criticam…. dão poucas aulinhas…. eu sei…
Vejo todos os dias e com dia livre…
Mas se um dia te obrigam a malhar 35h é que vais chorar.
Nos últimos 20 anos não tivemos nenhum Ministro da educação que tivesse dado mais atenção à Educação do que este. Por mim é até agora o melhor. Sim o melhor.
A RTS foi com ele concretizada, todos os outros roubaram e continuaram a roubar.
Pelo menos minimizou as injustiças. Falta muito para se fazer? Sim,
Vamos dar tempo ao tempo.