“A Inspecção-Geral de Educação não tem meios para auditar as transferências de 160 milhões de euros do Estado para as escolas privadas, denuncia Mário Pereira, ex-director da DGAE.”
“Há uma desvalorização do ensino público, ao criar turmas de grande dimensão que têm dificuldade em responder aos problemas de formação dos alunos, e ao transferir muitos cursos profissionais para o sector privado.”
Entrevista ao antigo Diretor do DGAE, Mário Pereira.
(clicar na imagem para ler a noticia na integra)
Mas sobre isto não se fala. Anda tudo às escondidas…
Os filhos dos professores são as vitimas inocentes do sistema de concursos de docentes. São os danos colaterais…
Como se explica a um filho que só vai poder ver o pai ou a mãe ao fim de semana? É quase como se os pais se divorciassem (e este sistema já levou a muitos divórcios). Pode-se tentar de várias maneiras, mas as crianças, as nossas crianças, vão acabar sempre por sofrer, no silêncio, a falta de um dos progenitores no seu dia-a-dia.
O que responder a um filho quando este nos pergunta: “Porque é que tens de ir?”; “Porque não arranjas outro trabalho?”; “A minha escola ainda não começou. Porque é que a tua começa mais cedo?” Tenta-se explicar, com lágrimas nos olhos, que a vida de um professor não é justa, para eles, é muito mais injusta.
Quando as crianças são pequenas, é difícil entender porque é que os “bruxos maus” fazem com que os pais vão para longe durante a semana e só voltam à sexta-feira, cansados, exaustos. Quando crescem, a revolta é bem maior
Mas os nossos filhos não são contabilizáveis. Não são peças no tabuleiro. São um problema que não é do sistema. Porquê? Porque um professor não é um pai como qualquer outro, tem “outros filhos” que o sistema põe à frente do seu “legado genético”. Como se os nossos filhos, não fossem eles próprios, filhos de “outros pais” tão iguais a nós próprios…
Ver um professor com 59 anos concorrer à BCE pela primeira vez, caracteriza bem o país em que vivemos.
Uma pessoa que com 59 anos ainda não conseguiu, por muitas razões, estabilizar a sua vida profissional. É olhar para o retrato perfeito do professor em Portugal. Com esta idade ainda não se pode ter sonhos ou já não se tem sonhos? Já se anda só por andar, para ter um prato de comida em cima da mesa ao fim do dia? Este pai, este avô, não é daqueles que pode “ajudar” os filhos financeiramente quando eles necessitam. É daqueles, como muitos, mais jovens e mais velhos, que apenas tentam sobreviver e viver o dia seguinte. Quais são a perspectivas de futuro de um professor hoje em dia? O que é que um professor pode esperar do dia de amanhã? Que sonhos pode ter um professor neste país? O vínculo? Isso não deveria ser um sonho. Os sonhos são feitos de outras massas, são feitos de nuvens…
Será que por ser professor não se tem direito a sonhar? Parece que neste país a resposta é , NÃO…
Vou aqui relatar um exemplo que me saltou à vista.
No Concurso Interno, entraram no 02, 58 docentes, QZP, para juntar aos já existentes no 1º ciclo. Até aí tudo bem. A “surpresa” veio agora com as listas da Mobilidade Interna, 48 docentes QZP não colocados no 02. Eu não sei quem faz as contas às vagas, mas de certeza que usa uma formula “estranha”. Esta situação também pode advir de fatores não contabilizáveis à altura, a MPD é uma delas. Será que isso não foi tido em conta? E o que acontecerá, agora, a estes QZP’S? Serão colocados nas “cíclicas”? Vão andar a tapar buracos? Alguns, com mais de 20 anos de serviço, veem-se agora numa situação de precaridade laboral, como tantos outros por esse país fora… QZP’S do 02, do 03, do 04, do 05 e muitos QA deste grupo de ensino. Nos outros grupos, a situação é semelhante e igualmente lamentável…
Quando é que o MEC vai deixar de brincar aos “concursinhos” e deixar de complicar uma coisa tão simples?
Pelos vistos são mais 651 turmas. Já havia mais de 1000 a ser financiadas, que vão ter continuidade de financiamento.
Cada turma com contrato vai receber 80.500€ por ano. Ou seja, 52.405.500€ por ano. Durante os três anos 157.216.500€ para as 651 novas turmas. Os números apontam para 1700 turmas nos colégios. Os números são um pouco mais elevados do que tinha sido anunciado, são 136.850.00€ por ano, pelo menos este ano que aí vem.
136 milhões 850 mil euros… números redondos… por ano…
Continuem a usar os vossos computadores, as vossas canetas, as vossas resmas de papel… o MEC não tem dinheiro para financiar o ensino público!!!
O MEC vai financiar 651 turmas de colégios privados, durante os próximos três anos letivos.
Este ano a seleção foi feita através de um concurso que teve como critérios os resultados nas provas e exames nacionais. (Estamos a ver…) Neste processo foi excluído apenas um colégio por não se encontrar na freguesia pela qual se candidatou. (Enganaram-se!!! Mas vão reclamar…)
Cada turma com contrato vai receber 80.500€ por ano. Ou seja, 52.405.500€ por ano. Durante os três anos 157.216.500€.
PS: Se a reclamação for aceite os números sofrerão um “pequeno” aumento. Trocos!!!
Por Viseu muito se fala… muito se diz… tal como já se disse ou evidenciou em anos passados…
«É preciso perceber que nem os funcionários públicos, nem os trabalhadores das empresas públicas, têm nenhum tipo de defeito ou foram alvo de qualquer tipo de castigo. Aquilo que se passou foi uma necessidade de fazer um ajustamento forte, rápido e doloroso da despesa do estado»
(clicar na imagem para ler declarações na integra)
Um destes dias vamos começar o dia a cantar o hino. Não que eu julgue ser algo de todo despropositado, mas de certeza que logo atrás virá o rezar do terço…
Isto é só mais um exemplo do “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”…
Sou dos que diz que há falta de pessoal nas escolas, a todos os níveis, mas daí a deitar a mão a qualquer um que esteja ou se mostre disponível… Será que estes militares vão ter formação antes de exercer a função que lhes querem impor? Podem até ter qualidades para o cargo, mas saberão lidar com o mesmo, ou estarão disponíveis para o ocupar? Alguém lhes perguntou, ou vão ser voluntários à força? Há muitas questões por responder, o que me parece é que é mais uma medida para “inglês” ver…
Como disse noutro artigo (ontem), … todos “têm direito à Educação”. Mas, no nosso país parece que a Constituição é um monte de papeis sem qualquer significado e efeitos práticos.
… é referido que a escolaridade obrigatória é gratuita. Logo, o transporte, alimentação e livros deviam ser gratuitos. (sim, como naqueles países com quem tanto nos comparam)… (ou só servem para comparar resultados estatísticos)
Na Constituição da República Portuguesa também é referido que todos “têm direito à Educação” e que devem ser promovidas condições para que esta seja “realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades económicas, sociais …”. Que “todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”.
E que ao Estado incube de, “assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito” e “estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino”.
Descentralização ou desresponsabilização? Com a passagem de competências para os municípios o que estará o MEC a “tentar” fazer? Não tardará muito e teremos a educação entregue aos privados?
E anda por aí uma noticia… que explica muito do que se irá passar no próximo ano letivo… deixo por aqui excertos, só as declarações…
“Soubemos que, neste momento, há turmas que estão a ser constituídas com 24 e 25 alunos, tendo dois ou mais alunos necessidades educativas especiais. Isto é de uma ilegalidade tremenda, não pode acontecer”
…
“o que está a acontecer no agrupamento de escolas de XXXXX” deve verificar-se também noutros pontos do país.
…
“Isto está a ser feito tendo em conta os limites que o ministério está a impor em termos do número de turmas, independentemente da sua natureza. Neste momento, as instruções são para não abrirem mais turmas, por causa da contenção de custos”, lamentou.
…
“a querer desinvestir na escola pública, não olhando a meios para atingir os fins”.
…
…direção do agrupamento de escolas de XXXXX, admitiu o problema na constituição das turmas, mas frisou que “ainda estão em fase de preparação, não há nada definitivo”.
…
“Fizemos uma exposição para os serviços regionais no sentido de ver se há necessidade de criar uma quarta turma. Agora, teremos que aguardar”