Hoje, os alunos do 4º ano realizaram o exame da 1º chamada de Português.
Na minha opinião, e isso que fique bem vincado, o exame não foi acessível, foi fácil. Um exame como este serve unicamente para viabilizar politicas, para justificar a sua implementação. Um exame em que um dos textos foi, obrigatoriamente, trabalhado em sala de aula na Educação Literária e que consta de pelo menos num manual (Hans Christian Anderson, «Rouxinol», in Três Contos de Anderson, Texto Editores, 2013) (entre outros exemplos que se podem apontar), não me transmite o tal “rigor” e “exigência” que tanto tem sido “propagandeado”… Mas fica aqui o exame, cada um que tire as suas próprias conclusões, sejam elas quais forem…
PS: será que a febre das eleições já chegou a este ponto?…
clicar nas imagens para aceder às provas de português (prova 41) e aos critérios de classificação.
Os textos propostos na prova de Português “exigiam o reconhecimento do uso metafórico de certos conceitos que, nitidamente, não estão definidos/previstos nos programas ou nas metas curriculares”, indica a Associação Nacional de Professores de Português num parecer enviado ao PÚBLICO.
Não foi o único obstáculo identificado. A associação chama a atenção para o facto de existirem dois exercícios, nas perguntas de interpretação, que “implicavam a escolha de mais do que uma opção certa”, o que pode gerar “alguns constrangimentos”, uma vez que “algumas crianças estão habituadas a escolher apenas uma resposta”.
No geral a associação considera que o exame “não apresentou um grau de dificuldade muito elevado”, embora esta premissa não se aplique aos textos propostos. Socorrendo-se de uma tabela de análise da dificuldade ou facilidade da leitura/compreensão de textos elaborada pelo perito norte-americano Rudolf Flesch, a associação concluiu que os dois textos escolhidos para esta avaliação apresentam “um score de legibilidade que se situa entre os níveis difícil e muito difícil”.
Para a semana vai começar o trabalho voluntário. Terça feira cairão as sortes para Português e quinta feira para Matemática. As reuniões de informação e entrega dos exames serão na quarta feira para quem tiver a sorte de corrigir Português e sexta feira para aqueles que se entreterão com a Matemática.
Valha-nos o dinheiro de despesas de deslocação, uma fortuna, há colegas que até vão de férias à custa desse dinheirito…
No segundo ciclo está-se a preparar o mesmo cenário…
Por três vezes fui colocado em apoio educativo, foi assim que comecei a minha carreira. Das três vezes, três organizações diferentes. Da primeira vez, colocado numa escola a apoiar uma turma, a direção propôs a divisão da turma em duas, ficando eu a lecionar dois anos e o colega titular de turma, outros dois. Permaneci todo o ano letivo nesse modelo. Da segunda vez, prestava serviço em três escolas, chegaram a ser quatro durante algum tempo, mas o modelo era mais conhecido. Andava de escola em escola, dando apoio, substituindo colegas que faltavam e que usufruíam de horas de redução para amamentação, ou seja passava o dia a calcorrear as estradas do concelho. O caricato deste modelo, é que recebia telefonemas já depois das 9:00, estando eu já numa escola tinha de me deslocar novamente, no meu carro, para outra escola e o mais rapidamente possível. Contava-me, um destes dias, um colega que, quando lhe acontecia tal situação se deslocava de transportes públicos, chegando à escola por volta da hora de intervalo e pedia a restituição do dinheiro despendido no bilhete… Da terceira vez, o apoio educativo, foi exercido em apenas uma escola, onde prestava serviço em três turmas, as substituições, duas, foram organizadas com tempo, uma vez que foram por períodos prolongados. Mas isto foi o que se passou comigo… tenho ouvido relatos de colegas que nem sei como classificar!!!
Pois, temos um colega, colocado em vaga de apoio educativo, no 1º ciclo, lá para os lados da capital, que, tendo os filhos em duas das turmas onde presta serviço, vê os seus filhos retirados das turmas onde estão matriculados durante o período em que lá se encontra, sendo que nenhum dos seus “rebentos” seja ou necessite de ser apoiado. Isto, não me parece muito correto. Não seria mais profícuo retirar da turma os alunos que beneficiam de apoio? Estamos perante um atropelo dos direitos dos filhos do colega, também eles, alunos como qualquer outro, em benefício de outros. Estamos perante um modelo que embora seja o normal, é de todo anormal para aqueles a quem prejudica. O apoio educativo tem como função a descriminação?
Um dos objetivos do apoio educativo é: “Promover a integração e a igualdade de oportunidades para todos os alunos com dificuldades de aprendizagem,motivadas quer por necessidades educativas especiais, quer por serem originários de países estrangeiros com sistemas educativos diferentes.”, logo, quem não tem dificuldades educativas não tem direito a igualdade de oportunidades… é a tal equidade…
Também há muitos colegas que, em detrimento do apoio propriamente dito, são professores “enfeitadores”, enfeitam escolas com desenhos e cartazes, colam e constroem prendas e prendinhas, máscaras e mascarilhas, vestidos e vestimentas, tudo para agradar…
Falta ao apoio educativo, clarificação. Tem, de uma vez por todas, que se clarificar e organizar o apoio educativo, e as funções do professor de apoio no 1º ciclo. Não podemos continuar a ser “pau para toda a colher”. Ou somos professores de apoio, ou professores substitutos. Ou realizamos um trabalho com continuidade pedagógica, ou os resultados serão pouco significativos e essa figura não tem razão de ser.
Pergunto-me… Qual será o real objetivo do apoio educativo?…
Ontem num jornal nacional aqui, surgiu uma noticia interessante.
“840 alunos sem papel higiénico”, era o titulo da noticia. relatava como num agrupamento de escolas lá para os lados da capital, os pais tinham de contribuir com 1 “eurito” para a compra de papel higiénico e toalhetes… isto nas 3 estabelecimentos de 1º ciclo e pré escolar, que estão sob a alçada da autarquia no que diz respeito a manutenção técnica, a produtos de higiene e afins… Referia, também, que são os professores a comprar detergentes para que se possa manter a escola limpa e com condições mínimas de higiene. isto é um exemplo que saiu das paredes de uma escola, mas exemplos como este são mais frequentes do que se julga. Não me esqueço de que no inicio do ano letivo um colega se queixava que, a direção lhe tinha pedido que trouxesse uma resma de papel de casa para que pudesse tirar umas fotocópias…
Aqui temos um bom exemplo de Municipalização e o que vai começar a acontecer por esse país fora…
Este é um assunto que fará correr muita tinta, além da que já fez correr.
Andam por aí muitas entidades num corrupio, uns para receber o que julgam ser um “tesouro”, outros para se livrarem daquilo que consideram um peso excessivo para as finanças (este processo já está em marcha e com muitos exemplos). Mas, na perspetiva dos que recebem, e ainda não li ou ouvi ninguém falar sobre o assunto, já temos muitos e “bons” exemplos do que será o futuro das escolas a quem calhou e irá calhar a “sorte” de ter que encarar a municipalização como uma evidência. Sim, as escolas do 1º ciclo.
Pois… se olharmos para as escolas do 1º ciclo veremos parte do futuro das escolas municipalizadas. Até hoje as Câmaras Municipais têm a administração técnica dos edifícios do 1º ciclo a seu cargo. É olhar para este exemplo e termos a noção quase exata do que vai ser… Ainda não vale a pena falar dos novos Centros Escolares, recentes, que embora pareçam ter as condições ideais para o exercício do ensino, muito em breve se verificará que as suas deficiências virão ao de cima devido à fraca qualidade ao nível da construção, mas falemos do mais antigos, que são em muito maior número. Edifícios com idade superior a 20 anos, no mínimo, que oferecem condições de trabalho dignas dos tempos do outro senhor. Ele é, aquecimento deficiente e com ar condicionado natural(oriundo das janelas), é quadros pretos, velhinhos (os interativos nunca mais lá chegam, vêm a pé…), é material informático do século passado, que lá se vai arrastando, mas não suprimindo necessidades (as impressoras estão sempre operacionais, mas com os tinteiros a serem pedinchados a cada passo e que nunca mais chegam) e as fotocopiadoras sempre com os seus toners vazios, isto, as poucas que as têm, os espaços exteriores, é melhor nem falar deles…
Não se iluda ninguém, porque para além do que se tem falado e discutido nas redes sociais, meios de comunicação e pelo que tem chegado às escolas por “vias travessas”, uma vez, que o segredo parece ser a alma deste negócio, a municipalização não passa disso mesmo, um negócio.
Esperemos que depois do processo concluído, nenhum iluminado se lembre de privatizar a escola pública…
Aquele substantivo feminino, que carateriza um ser perfeito. Mulher que tem ou teve filhos, mulher carinhosa, protetora, que dá origem, um ser fantástico, uma espécie de sereia de água doce, uma pessoa que chora facilmente e ao mesmo tempo é a mais forte… considerada a principal entre outras do seu género. Aquela que nos empurra para a frente, que sempre lá esteve, está e estará…
Mãe, todos têm uma. É a única mulher da qual nunca nos poderemos separar e que nos acompanhará em todos os nossos momentos…
Trabalhador (adj., sub. masc.), palavra que carateriza a pessoa que trabalha, aquele que produz. Homem laborioso, labutador, aquele que trabalha de enxada, jornaleiro. Mas também conhecido como “mouro”, “burro de carga” e pagador de Impostos ou contribuinte…
O problema é que anda por aí muita gente que, sem nada fazer muito se cansa…
O dia do trabalhador é hoje. Tudo isto começou com a luta dos trabalhadores pela jornada de 8 horas, isto em 1889. Exato!!! Em 1889. Passados 126 anos continuamos na mesma…
Como dizia Paulo de Carvalho, Hoje não vou trabalhar porque faz anos que sou trabalhador…
“Nós encontramos naquele documento, no que se refere à Educação, muitas preocupações que são coincidentes com as nossas. Encontramos alguns textos mesmo em que é difícil distinguir aquilo que esse texto diz daquilo que já dissemos em textos anteriores. Isto é altamente positivo”,
Ou seja, “vira o disco e toca o mesmo”,venha lá quem vier…
Estamos com os exames aí à porta. Os exames do 4º ano estão aí à porta, os testes Intermédios do 2º ano, também. A ansiedade reina nas escolas entre alunos e professores. Pelo menos os professores já acusam essa ansiedade…
Este ano vão a exame as metas curriculares. Este novo modelo de “rigor” e “exigência” que este ministro quis implementar.
Neste momento o programa está “dado” as matérias foram e estão a ser trabalhadas, até ao ultimo dia, mas ninguém consegue prever o que se irá passar.
Não duvido, de forma alguma, que os professores e alunos estão a dar o seu melhor. Estão a trabalhar para que as aprendizagens se façam da melhor forma, mas as dificuldades têm sido muitas. A disciplina de Matemática é, mais uma vez, a que mais preocupações levanta. Os novos programas, em conjunto com as novas metas acresceram a sua complexidade e dificuldades por parte dos alunos. Matérias que costumavam ser ministradas no 5º e 6º anos, são hoje lecionadas durante o 1º ciclo. Não se teve em conta a maturidade dos nossos alunos, não se respeitou o tipo de sociedade existente neste país e está-se a tentar, através do “rigor” e “exigência”, convencer uma criança de 9 anos que na realidade tem 11… a antecipação de conteúdos sem ter em conta os níveis de abstração que as crianças têm, é a maior dificuldade a combater, mas não a única. O extenso programa é outro, os professores deixaram de ter tempo para consolidar aprendizagens, limitam-se aos manuais, não tendo tempo para que, com exercícios, se consolide a matéria. Para as crianças o problema é semelhante, é lhes debitada matéria para que depois, eles, em casa, a consolidem, muitas vezes sem o apoio desejado.
A Português o problema é o mesmo, embora se notem menos dificuldades, mas que tem vindo a fazer com que os resultados tenham baixado desde que as metas foram introduzidas.
Os últimos estudos referem que no 6º ano os alunos têm menos conhecimentos. Do 1º ciclo,… desculparam-se dizendo que dois anos não é suficiente para termo de comparação.
Esperemos para ver que exames aí vêm, se serão ou não exigentes. Todos nós sabemos muito bem como se pode provar que uma “política” é a mais acertada, mesmo que ela seja a maior das aberrações… veremos então a “exigência” ou o “rigor” a que nos têm habituado…
O Projeto de Iniciação à Programação no 1º ciclo do ensino básico teve uma adesão fenomenal…
600 Escolas aderiram ao projeto, um sucesso…
Não vamos ensinar as crianças a utilizar um processador de texto ou uma folha de cálculo, isso é irrelevante. Vamos ensiná-los a programar… qual escola lá do norte da Europa!!!
Em junho começa a formação express de 1800 professores… em apenas um mês vamos formar este pseudogrupo de docência…
Isto é uma Escola de Excelência… rigor…
Sempre quero ver onde as escolas vão arranjar os computadores necessários, vai ser um computador para cada 3 alunos… com alguns Pentium 386 e 486 à mistura e quem sabe, um ou outro Spectrum…
Quem estiver interessado em completar horário, tem agora uma boa oportunidade…
Como ideias há muitas e cada um é livre de defender as ideias que assim entender, vamos a mais uma. (vou tentar manter-me “inopinionico” durante este processo, não quero dar ideias a ninguém).
Com o fim da monodocência, como muitos desejam, à espreita, começam-se a procurar soluções para o 1º ciclo. Uma das soluções que se tem defendido, não sei bem quem, é a de transformar o horário deste ciclo numa versão do horário do 2º ciclo.
Tentemos analisar isto da melhor forma. Vejamos…
Dividir o horário dos alunos em períodos de 45, 50 ou 90 minutos, conforme os gostos, onde serão acompanhados por professores da área a lecionar. Isto vai obrigar a uma ginástica fenomenal, quem elaborar estes horários vai arrancar os cabelos. Mas analisemos um exemplo, não mexendo na organização de tempos letivos existente neste momento…
Horário Turma
2ª feira
3ª feira
4ª feira
5ª feira
6ª feira
9:00
Português
Matemática
Expressões
Matemática
Português
9:30
Português
Matemática
Inglês
Matemática
Português
10:00
Português
Matemática
Inglês
Matemática
Português
10:30
Intervalo
11:00
E. M.
Português
Matemática
Português
Matemática
11:30
E. M.
Português
Matemática
Português
Matemática
12:00
E. M.
Português
Matemática
Português
Matemática
Almoço
14:00
Matemática
E. M.
Português
A.E.
Matemática
14:30
Matemática
E. M.
Português
A.E.
Inglês
15:00
Matemática
Expressões
Português
Expressões
Inglês
15:30
Intervalo
16:00
O.C.
E.F
Musica
E.F.
Musica
16:30
O.C.
E.F.
Musica
E.F.
Musica
17:00
Expressões
E.F.
Musica
E.F.
Musica
Fica bem patente que esta organização até é possível, não traz nada de novo (falaremos disso mais à frente), novidade é a supressão de uns tempos às célebres 25 horas, se não contarmos os intervalos como tempo letivo e a redução de tempos reservados para as AEC’s.
Podemos também refletir sobre um horário organizado em tempos de 50 minutos.
Horário Turma
2ª feira
3ª feira
4ª feira
5ª feira
6ª feira
8:30
Português
Matemática
Inglês
Português
Português
9:30
Português
Matemática
E.M.
Português
Português
10:30
E.F.
Português
O.C
A.E.
Matemática
11:30
E.M
Português
Expressões
E.M.
Matemática
12:30
Almoço
13:30
Matemática
E.M
Matemática
Inglês
14:30
Matemática
E. F.
Matemática
E.M.
15:30
Expressões
Expressões
O.C.
E.F.
16:30
A.E.
Musica
E.F.
Musica
Este modelo é bastante interessante, no que diz respeito à sua análise, é claro. Com as aulas organizadas em tempos de 50 minutos, os intervalos das crianças serão de 10 minutos entre aulas. Está-se a ver no que vai dar, estamos a falar de crianças da faixa etária dos 6 aos 9 anos. Quando os encarregados de educação aparecerem na escola a pedir satisfações, porque o seu educando não lanchou, os diretores de turma ver-se-ão de mãos cheias. Algo que salta à vista é a tarde livre, algo que muitos defendem há muito tempo para este grupo de docência. Os encarregados de educação terão de encontrar soluções para esta tarde, uma vez que a escola deixa de ser a tempo inteiro, mas só neste dia. Verifiquem, também, que as AEC’s estão “misturadas” com os tempos letivos. Uma das soluções passaria por, transformar estas atividades em obrigatórias e de não letivas a letivas. Sempre serviria para colocar mais uns quantos professores. Mas que professores ministrariam este horário? Bem, há várias hipóteses. Podemos manter o professor do 1º ciclo em regime de monodocência, ministrando Português, Matemática, Estudo do Maio, A.E., O.C. e parte das Expressões, até perfazer as tais 25 horas letivas ou já agora, 23 horas, como até permitido, as restantes por outros docentes das áreas em causa (sempre dava para completar uns horários). Ou então, podíamos optar por especializar professores. Que será isto de especializar? Estes cabeças… cheios de ideias… O professor especializado é aquele que só leciona uma disciplina, no máximo duas. Então, alguém lecionaria Português e A.E., outro surgiria para lecionar Matemática e E.M., … Os alunos não sentiriam qualquer tédio em relação a terem de fixar caras de professores, já para não falar na sua organização durante todo este processo. E o que faríamos aos professores de 1º ciclo, aqueles que não têm “especialização”, aqueles que se licenciaram em 1º ciclo? Ora, também temos duas hipóteses em relação a isso. A primeira, democrática, passa por dar a escolher ao docentes que área é que desejariam lecionar, a segunda seria a de “sortear” as áreas pelos docentes. Os docentes do 1º ciclo que têm especialização poderiam escolher entra a hipótese referida atrás ou em lecionar a área de sua especialização. Estão a ver exequibilidade? É uma organização fácil de operacionalizar. Uma das “facilidades” desta organização seria a elaboração de horários. Imaginemos um agrupamento onde o 1º ciclo está descentralizado em pequenas escolas, 2,3 ou 4 lugares no máximo, os Centros Educativos não são para todos, como se fariam os horários? Os professores a acelerar entre escolas, nos seus próprios carros, seriam alvos fáceis para um qualquer radar… Está visto que…
Ainda podemos organizar o horário de uma terceira forma…
Horário Turma
2ª feira
3ª feira
4ª feira
5ª feira
6ª feira
8:30
Português
Matemática
Inglês
Português
Português
9:20
Português
Matemática
E.M.
Português
Português
10:10
Intervalo
10:40
E.F.
Português
O.C
A.E.
Matemática
11:30
E.M
Português
Expressões
E.M.
Matemática
12:20
Almoço
13:30
Matemática
E.M
Matemática
Inglês
14:20
Matemática
E. F.
Matemática
E.M.
15:10
Intervalo
15:40
Expressões
Expressões
O.C.
E.F.
16:30
A.E.
Musica
E.F.
Musica
Neste exemplo, colmataríamos a dificuldade das crianças em organizar-se, quer com a deglutição do seu lanche, quer com o entrar e sair continuamente da sala de aula. Mas em relação à gestão de recursos humanos, a realidade seria bem diferente. Os professores teriam de andar a saltar de sala em sala, o mais rápido que conseguissem, uma vez que não se deixa uma turma sozinha dentro da sala de aula, a presença de um adulto é essencial. Se os professores tivessem de transitar entre escolas, essa missão tornar-se ia um pouco mais elaborada, bastava não ter em conta que há períodos em que os intervalos são inexistentes.
As mudanças no 1º ciclo são urgentes, mas para isso há que conhecer o terreno, há que, pelo menos, ter trabalhado nas diversas realidades. As soluções podem ser muitas, mas temos que pensar em todos os fatores. Não podemos olhar para o umbigo de uns e deixar os outros a apanhar frio… Quando, e digo quando, porque virá, se reorganizar este ciclo de ensino, devemos analisar as propostas de forma imparcial, sem favoritismos ou agendas escondidas.
Para refletir, «No 1.º Ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade de um professor único, que pode ser coadjuvado em áreas especializadas».
Ao procurar o significado de algumas palavras no dicionário, ainda uso o “calhamaço” de papel de vez em quando, deparei-me com uma célebre palavra, em tempos tão utilizada, “burro”. O seu significado continua o mesmo. “burro” mamífero menos corpulento que o cavalo, mas com orelhas mais compridas • adj. (ofensivo) estupido; imbecil. Fiquei perplexo… como é possível que nos dias de hoje ainda se caraterize o animal como estupido e imbecil? Está mais que provado que o “bicho” é só de ideias fixas, teimoso, e se lhe dá para não se mexer, não mexe. De “burro” tem muito pouco, tal caraterização é um insulto ao pobre animal, hoje em vias de extinção (nem sei como ainda, nenhum “amigo” dos animais se revoltou contra isto). Com tantos bons exemplos do que é ser estupido e imbecil hoje em dia…
Pois venho aqui sugerir que se encontre uma outra palavra para os mesmos significados. Tiremos esta pesada carga ao animal…
O fim da monodocência aproxima-se a largos passos, será o fim de uma era que, no nosso país, dura desde sempre.
Fomos caminhando, com pequenos passos, para o estado em que nos encontramos hoje, fomos aceitando as mudanças, adaptando-nos às desventuras de um nível de ensino em constante mudança, qual tubo de ensaio…
Os “illuminatum” nunca tiveram em consideração os interesses de todos os intervenientes, nunca viram o 1º ciclo como um todo.
Na última década as mudanças têm-se agudizado, são constantes, todos os anos se enfrentam novos desafios novas arbitrariedades. Se se têm em conta os interesses dos alunos? A meu ver, eles, só têm servido de desculpa para tais mudanças.
No próximo ano letivo, o do 1º ciclo irá sofrer uma das mais drásticas mudanças dos últimos anos. Não pelo seu conteúdo, mas pelo número de mudanças impostas. Um novo programa de Português, depois de verem implementadas as metas e um novo programa de matemática, a introdução do Inglês como disciplina obrigatória, o que lhes aumentará a carga letiva e para alguns, a disciplina de Iniciação à programação virá sobrecarregar ainda mais o seu horário, já por si, pejado de horas fechados dentro de quatro paredes. E isto das 9h às 17h:30m. É o horário chamado normal… mas muitos ainda frequentam outras instituições, seja para a prática de desporto, seja para a ocupação de tempos livres, pois os pais não têm horários que coincidam com a vida académica dos seus educandos. Tudo isto vai tornar as vidas das crianças ainda mais complicadas.
Isto tudo para dizer o quê?
Para dizer que o sistema de ensino no 1º ciclo, tal como está, e tal como está a ser projetado para o próximo ano letivo, não vai beneficiar os interesses da “bandeira”, leia-se alunos, que alguns usam como desculpa para tentar deixar marca. O sistema de ensino necessita de ser totalmente revisto e não estou a falar em termos de conteúdo, de número de disciplinas, do que deve ser ou não lecionado, estou a falar na sua organização.
O horário do 1º ciclo encontra-se, na maior parte das escolas, no espaço temporal das 9h até às 17h:30m. Isto, porque se entendeu ser mais benéfico no que diz respeito, à ocupação do tempo das crianças e à necessidade dos encarregados de educação de terem de exercer uma profissão e de a conciliar com os horários escolares. Mas será que beneficia as aprendizagens? A meu ver, não. O período do dia em que o cérebro está mais apto a exercer qualquer tipo de atividade que envolva a aprendizagem, isso está mais do que provado, não sou eu que o afirmo, eu só o constato todos os dias, é a parte da manhã. Não cabe na cabeça de ninguém lecionar uma aula de matemática ou português das 16h:30m às 17h:30m. Então, porque não organizar as atividades letivas exclusivamente nessa parte do dia?
A organização do sistema de ensino no 1º ciclo, e em qualquer outro, deve ter em atenção todos os fatores e intervenientes no processo. Os alunos devem poder aproveitar, da forma mais eficaz, a sua estadia na escola para que o processo ensino/aprendizagem se realize. Aos encarregados de educação, deve ser assegurado que os seus educandos têm um ensino de qualidade e que explore todas as suas capacidades. Deve também ser assegurada a escola a tempo inteiro, uma vez que, nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, Assim o exige. Deve também garantir aos profissionais de educação, vulgo, professores, o exercício da profissão aproveitando os períodos de maior concentração para as crianças desta faixa etária. E nisto devemos estar todos de acordo. Se os níveis de aprendizagem subirem, todos os intervenientes ganharão.
Mas porque é que o sistema se mantém? Porque é que, os responsáveis e os políticos, não olham com mais atenção para os tais países que tantas vezes usam como termo de comparação para outras matérias e veem que somos dos poucos países a persistir com este sistema? Isso, como se diz, “cada um sabe de si”… Só sei que este sistema está dado por adquirido, mais vale não se discutir porque, mudar dá muito trabalho, nem que seja para melhor.
Pois, muitos de nós, professores de 1º ciclo, temos a nossa opinião de como o sistema podia mudar e melhorar, mas não temos palavra nos órgãos decisivos. Uma coisa é certa, quase todos sabemos que a mudança é possível. E isso, tem sido assunto de conversa ao longo de muitos destes anos. Pessoalmente, também tenho a minha opinião…
Uma organização possível seria a que já é utilizada em outros países, atividades letivas da parte da manhã e não letivas da parte da tarde, como na Alemanha (ver aqui). Mas como operacionalizar? Como faze-lo sem aumentar a despesa com a educação? E é claro, sem ferir os princípios de uma escola a tempo inteiro? Vou tentar explicar da melhor forma.
Da parte da manhã, que passaria a ter inicio às 8h, ou perto dessa hora, nunca antes. Os professores titulares de turma organizariam as áreas curriculares, Português, Matemática, Estudo do Meio e as Expressões, constantes no programa curricular deste ciclo, durante este período. Terminaria, esta importante parte do dia, pelas 13h.
A hora de almoço decorreria das 13h às 14h:30m.
O período da tarde situar-se-ia entre as 14h:30m e as 17h:30m. Neste espaço de tempo, os alunos beneficiariam de atividades complementares e de enriquecimento curricular. Seria durante a parte da tarde que disciplinas como, o Inglês, obrigatório para os alunos do 3º e 4º anos, a partir do próximo ano letivo, a nova disciplina de Introdução à programação para o 1º CEB, o projeto de educação para a saúde, PASSE, aulas PRESSE, EMRC, orientação do estudo, bem como outros projetos ao nível de escola (hora do conto) ou concelhio e as AEC’S já existentes.
Como já foi mencionado acima, o horário letivo da parte da manhã seria mais produtivo para os alunos, embora a mancha letiva tenha um início “vespertino”, as crianças teriam a vantagem de assimilarem melhor as matérias lecionadas. Os “números” a que tanta importância é dada pelas organizações “observadoras”, isso espelhariam.
Na parte da tarde, o horário seria composto de atividades “mais” lúdicas, mas de igual importância no desenvolvimento das crianças. Dariam aos encarregados de educação a segurança de uma escola a tempo inteiro sem interferir nas atividades letivas e na performance académica dos alunos.
De seguida apresento dois horários possíveis, um de uma turma e outro de um professor, para que se possa visualizar a possibilidade apresentada.
Horário Turma
2ª feira
3ª feira
4ª feira
5ª feira
6ª feira
8:00
Português
Matemática
Português
Matemática
Português
8:30
Português
Matemática
Português
Matemática
Português
9:00
Português
Matemática
Português
Matemática
Português
9:30
Português
Matemática
O.C.
A.E.
Expressões
10:00
E. M
E.M.
O.C.
A.E.
Expressões
10:30
Intervalo
11:00
E. M.
E. M.
E.M.
Português
Matemática
11:30
E.M.
Português
E.M.
Português
Matemática
12:00
Matemática
Português
Matemática
Português
Matemática
12:30
Matemática
Português
Matemática
E.M.
Inglês
13:00
Matemática
Expressões
Matemática
E. M
Inglês
Almoço
14:30
O. Estudo
In. Prog.
Inglês
PASSE/PRESSE
In. Prog.
14:50
O. Estudo
In. Prog.
Inglês
PASSE/PRESSE
In. Prog.
15:00
Proj. Escola
EMRC
Proj. Escola
O. Estudo
Expressões
15:50
Proj. Escola
EMRC
Proj. Escola
O. Estudo
Expressões
16:10
Ed. Física
Musica
Expressões
Ed. Física
Musica
17:00
Ed. Física
Musica
Expressões
Ed. Física
Musica
Horário Professor
2ª feira
3ª feira
4ª feira
5ª feira
6ª feira
8:00
Horário Letivo
8:30
9:00
9:30
10:00
10:30
11:00
11:30
12:00
12:30
13:00
Almoço
14:30
Reservado a reuniões
Trabalho individual
Atendimento Enc. Educ.
Trabalho individual
Trabalho individual
15:00
15:30
Hora de estabelecimento
16:00
16:30
Trabalho individual
Trabalho individual
17:00
Nota: sexta feira das12h:00m às 13h:00m o professor cumpre uma hora de estabelecimento (não consegui formatar a tabela)
Em termos económicos, não creio que o orçamento do ministério da educação sentisse muita diferença, é tudo uma questão de maximizar recursos. É claro que tal mudança vai envolver alterações na organização dos agrupamentos. Mas somos todos professores, não é por ser professor do 1º ciclo, que deixo de ser professor para os alunos dos outros ciclos. Se tiver que exercer a profissão com esses outros alunos, dentro das minhas competências, vou faze-lo. A colaboração dos professores de EVT, dos professores bibliotecários, dos professores de apoio e até dos professores de Matemática e Português em coadjuvação, em apoio educativo ou em orientação ao estudo, professores de Ciências em atividades experimentais… Isto seria uma quase revolução…
Revolução! Revolução, seria os professores do 1º ciclo, na sua totalidade ou quase, terem condições dignas de trabalho nas escolas para efetuarem todo o tipo de trabalho a que estão obrigados. Mas isso é uma utopia.
E agora puxando a corda, a escola a tempo inteiro podia ir além das 17h:30m. Quando possível ainda se poderia acrescentar uma hora ao horário dos alunos, que disso necessitassem ou por razões académicas ou por impossibilidade de coordenação de horários Pais /Alunos. Já me estou a “esticar” muito. Mas se a organização for a adequada, até se poderia colmatar a falta de apoio que as nossas crianças tê na realização dos famigerados TPC. Um professor de apoio, uma hora por dia, a alunos que necessitassem mesmo da tal hora, o que já acontece em alguns agrupamentos e sempre existiu nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo.
É claro que este modelo não é consensual, é claro que as crianças vão estar fechadas dentro de quatro paredes o dia inteiro, é claro que o tempo para brincadeiras individuais será reduzido, é claro que, fora as disciplinas de carater obrigatório, as outras serão de carater facultativo, caberá aos encarregados de educação, como até hoje, optar ou não, pela sua frequência.
As vozes começam a levantar-se. O certo é que o sistema, conforme está, deixou de funcionar, deixou de dar respostas às exigências da sociedade atual. Os responsáveis têm andado a tapar buracos ao longo dos anos sem resolverem o problema. Só o têm piorado. Chegamos ao ponto que, ou o sistema se modifica, ou o sistema cai. É urgente a mudança, resta-nos saber para onde nos levará…
Quando eu era criança, cada vez que os meus pais queriam que aprendesse algo de novo, foram muitas as vezes que ouvi a expressão, “de pequenino é que se torce o pepino”…
O MEC anda a levar essa expressão à letra. No próximo ano letivo, além da inovação que vai ser a introdução do Inglês no 1º ciclo, agora, lembrou-se de introduzir a disciplina de “Iniciação à programação no 1º Ciclo do Ensino Básico”.
Com a introdução do Inglês no 3º e 4º anos, as crianças vão sofrer um aumento da carga horária de 2 horas semanais, não tendo estas horas influência na carga letiva de 25 horas semanais já existente. Mas nesta nova “experiência”, é proposto que as 2 horas utilizadas para o efeito possam ser subtraídas às 25 horas letivas na área de Oferta Complementar ou então nas AEC. A primeira hipótese deixa em aberto o que farão os professores titulares nesse tempo. Aprenderão também eles a programar? Ou vamos assistir a uma dança entre salas onde ministrarão apoio educativo? Não se sabe, ficaremos atentos e expectantes em relação à organização do próximo ano letivo… mais um “pepino” para descascar…
A avaliação desta nova disciplina também não vem explicita. As crianças do 3º e 4º anos, não terão vida fácil nos próximos anos…
PS: A monodocência caminha a passos largos para a extinção. A organização do 1º ciclo, de forma camuflada e sem qualquer discussão, está a ser alterada nessa direção…
PS I: Há que referir que esta “medida” pode salvar alguns docentes da “mobilidade forçada”, quem tiver aptidões para esta nova área que aproveite…
Nas redes sociais, tem-se dado enfase a 33 colegas do 1º ciclo que estão a defender um principio ético, através do direito à greve. Até é com orgulho que leio tal noticia. Não é característico deste grupo de professores um tal “finca pé”. Mas é um exemplo de união. Entre os professores de 1º ciclo, este tipo de luta não tem muita aceitação, mas os tempos mudam e as ideias também. O principio de que os professores são todos iguais quando toca à luta tem que se fomentar, sejam de que grupo forem, sejam contratados ou do quadro, a luta de um tem de ser de todos. Não vou estar aqui a “roubar” o papel a nenhum sindicato. Mas como professor, do 1º ciclo, é com orgulho e admiração que olho para os 33, surpreenderam-me… e, também, é com regozijo, que ouço falar das centenas de outros que, decidiram optar pelo caminho da união e defender um direito que não lhes está a ser sonegado. Tomaram em suas mãos a defesa dos direitos daqueles que, por muitos motivos (sejam eles quais forem), não se conseguiram defender.
O 1º ciclo, em conjunto com o pré-escolar, sempre teve uma especificidade única, a monodocência.
Ao longo de décadas os professores do 1º ciclo lecionaram, em regime de professor único. Faziam-no a turmas com um número elevadíssimo de alunos e na maior parte das vezes com os quatro anos de escolaridade na mesma sala, uns heróis… hoje, não tenho relatos de que tal aconteça, mas não vai há muito tempo, há meia dúzia, ou menos anos, isto era frequente.
Mas a monodocência é um “bicho” em extinção. Desde 2007 que ouço rumores de que estão a decorrer estudos e experiências nesse sentido. Começou por se falar em alargar este ciclo de estudos para seis anos, como acontece noutros países da Europa. Mas nesse caso a mesma não se extinguiria, os professores passariam a lecionar todas as disciplinas, Português, Matemática, Geografia, História, Ciências da Natureza e tudo o que viesse. Seriam conhecidos como os “superdocentes”, o vencimento,… duvido se seria assim tão “super”.
As experiências têm sido muitas, mas o modelo mantém-se até hoje, na generalidade das escolas. Já se experimentou a “especialização” de professores, um dá matemática outro dá português… Experimenta-se introduzir docentes das áreas de Expressões lecionando Expressão plástica, Expressão Musical e Expressão Físico Motora enquanto o professor titular se desloca para outra sala de aula para dar apoio educativo. E, ainda há a monodocência coadjuvada, onde professores de áreas específicas apoiam o professor titular nessas áreas. Mas será isto o fim da monodocência?
Ela tem as suas vantagens, tem, mas são os professores que sofrem com a excessiva carga de trabalho a que são expostos. Elas são, a meu ver, para as crianças, começando pela relação afetiva entre alunos e professor que proporciona um melhor relacionamento e reconhecimento, por parte do mesmo, das suas dificuldades. Um professor consegue gerir o tempo de forma muito mais eficaz articulando mais facilmente os saberes entre disciplinas. E na sociedade atual, é cada vez mais importante, pois os alunos têm de ter um adulto de referência. As crianças estão a crescer, a desenvolverem-se afetivamente, e têm necessidade de um acompanhamento próximo.
É claro que as vozes que vão de encontro ao que é pretendido pelo MEC se têm levantado e feito ouvir, pelo Dr. Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Dr.ª Paula Carqueja, presidente da Associação Nacional dos Professores (ANP) e até o Dr. Mário Nogueira da Federação Nacional dos Professores (FENPROF). Onde estão as vozes que defendem a monodocência? Não têm direito a tempo de antena? Não interessa dar-lhes audiência…
Os professores do 1º ciclo estarão de certeza à altura, venha lá o que vier, ou até nem venha… mais uma vez.
Nos últimos anos tenho ouvido de muitos colegas o desabafo, “tudo cá vem parar”, e, às vezes, apetece-me dar-lhes razão.
Este “tudo cá vem parar” geralmente refere-se às muitas medidas governamentais que têm como ponto de partida o 1º ciclo e que o fazem uma espécie de tubo de ensaio. Mas nem sempre se fala, ou desabafa, por essa razão, também se fala porque ultimamente este ciclo tem sido bombardeado com professores de outros ciclos de ensino que na ausência de componente letiva têm sido “despejados” no apoio educativo e nas AEC’s como se o 1º ciclo fosse a salvação da “pátria”.
E isto digo-o de experiência própria, não foi há muito tempo vi atribuído a uma turma minha uma professora de apoio educativo originária do grupo de Geografia, calma, não culpo eu a colega por tal feito, o que não entendo é como enviam uma professora de Geografia apoiar o trabalho de 1º ciclo, a colega fez um excelente trabalho, quando sentia dificuldades nesta ou naquela matéria, pois não tinha formação na área, pedia esclarecimentos que prontamente lhe eram prestados, ou a outra colega que prestava o mesmo tipo de serviço nessa escola originária do grupo de Educação Tecnológica e já com mais de 25 anos de serviço que, segundo ela, tinha descoberto um novo amor, ou então as colegas do Ensino Especial originárias do secundário que não se sentem minimamente à vontade ao trabalhar com os alunos no 1º ciclo. Mas isso não me causa celeuma, pois considero a classe docente capaz de se adaptar a qualquer circunstância se a isso se propuser. No próximo ano letivo, o 1º ciclo vai receber uma nova disciplina, o Inglês, no 3º e 4º anos, como consequência disso vamos ter a entrada de novos colegas a lecionar neste ciclo.
Em relação a isso, o que me tem preocupado é que, afinal de contas, os professores que têm ministrado Inglês nas AEC’s não são detentores de competências básicas para o fazer. Não me crucifiquem já! Ora vejamos, foi criado o grupo 120, inglês para o 1º ciclo, mas nem todos o podem ministrar, para isso, é necessário frequentar uma formação, do tipo “expresso”, que ronda os 700/800€, às expensas dos docentes e até existem formações “online”, tal é a ânsia de “sacar” uns “cobres” a quem os tiver. É muito fácil explorar a necessidade de sobrevivência desta classe. Mas afinal o que têm andado a fazer os colegas que até hoje, e continuarão a fazer até ao final do ano letivo, lecionaram e lecionam Inglês no 1º ciclo? A brincar aos professores? Porque é que até agora os docentes que lecionam tal disciplina foram considerados “competentes” para tal e a partir do próximo ano letivo lhes é exigido nova formação? Será que é em 3 meses que ficam “capazes” de lecionar o que até hoje lecionavam? E já agora, os docentes do grupo 220 não têm já competência para lecionar no 1º ciclo como titulares de turma conferida pela sua licenciatura? Porque é que agora têm de se sujeitar a tal formação? E a pagar… Vivemos no país de uma tal “Alice”… E, já que se fala no assunto, para lecionar aos 3º e 4º anos será necessária a tal formação, e nas escolas onde se mantiver a disciplina para o 1º e 2º anos, os colegas continuarão a ter competências para lecionar a esse dois anos, ou terão de “usufruir” de formação especifica?…
A última piada são as 93 vagas de QA abertas para este grupo a nível nacional, ou será que irão aparecer como vagas de QZP…
A monodocência está a caminhar a passos largos para uma extinção em massa,.. qual meteorito a cair neste ciclo…
Os professores de 1º ciclo têm muitas funções, são multifuncionais, são autênticos canivetes suíços, uma das funções que podem exercer é a de professor de apoio educativo, a tempo inteiro.
São professores como os outros, mas não lhes é atribuída uma turma, é como no futebol há os jogadores titulares e os que ficam no banco, os suplentes… mas ao contrário dos jogadores de futebol eles não ficam sentados a ver o jogo e a torcer para que os companheiros marquem golo. Estes professores, que em poucas ocasiões têm a possibilidade de escolher se querem ou não exercer tal atividade, vão a jogo todos os dias e das mais diferentes maneiras.
Começamos pela substituição de outros docentes, essa substituição visa substituir um docente com turma atribuída por motivo de ausência imprevista e de curta duração. Sempre que se verifique a ausência de um docente com grupo ou turma atribuída, esta deve ser, de imediato, atribuída a um docente que exerça funções de substituição, tal como está previsto na alínea a), do ponto nº 10 do artigo 34º da Portaria n.º 60/2012, de 29 de maio. É claro que o docente é avisado em cima da hora, ou então a ausência não seria imprevista, o que leva a que na maior parte das vezes o docente tenha que se deslocar às suas expensas e em serviço, uma vez que já se encontra ao serviço, quase sempre noutra escola, mas sem direito a qualquer subsidio (um destes dias alguém vai ter um acidente e depois vai ser “bonito” de ver o que acontece e quem se responsabiliza). Por vezes a curta duração também não é assim tão curta, permanecendo o docente em substituição por períodos que podem, muito bem, chegar a um mês ou até mais, sendo que os alunos que deveriam ser apoiados, não o são. É por estas e por outras que o apoio no 1º ciclo não é funcional, pelo menos da forma como está a ser organizado. Na minha opinião, a figura do professor de apoio deveria existir unicamente para auxiliar os alunos com dificuldades de aprendizagem não abrangidas pelo 3/2008, dentro ou fora da sala de aula, promovendo a sua aprendizagem e focando-se nas suas dificuldades. Poderia também ser em coadjuvação, visando turmas em que o sucesso necessite de ser promovido mais intensamente, as tais turmas de nível de que se tem ouvido falar que mais tarde ou mais cedo vão aparecer por aí, generalizando o que alguns já andam a experimentar, sejam ou não discriminatórias. Mas tal não acontece e no fim do período chega-se ao ridículo de o professor de apoio apresentar relatórios mencionando que não tem dados sobre as crianças que supostamente apoiou, enfim, uma falácia…
Olhar para a lista de vagas publicada na ultima sexta-feira é um exercício de imaginação bastante árduo. Mais uma vez as necessidades das escolas não vêm impressas neste tipo de Portaria.
Os exemplos incompreensíveis ao olhar de um comum mortal são imensos, pelo menos no 1º ciclo, o meu grupo de recrutamento, logo, o que eu analisei ao pormenor passando agora a citar alguns exemplos que me têm vindo a chegar ou que me saltaram à vista. Como será possível que num determinado Agrupamento de Escolas depois de inseridos os dados para o cálculo das vagas a constar na tal lista tenha sido dada a indicação à direção de que abriria UMA vaga de QA, mas que nesse agrupamento estejam colocados 15 professores de QZP, sim 15, mais alguns contratados, não me conseguiram dar o número exato. Será que, e já só falo das vagas ocupadas por professores QZP, as outras 14 colocações são de vagas transitórias ou de professores colocados em Apoio Educativo? Segundo me foi dado a conhecer, não são. O mais caricato é que uma vez publicada a lista, esse Agrupamento de Escolas, aparece com um zero, redondinho, no que diz respeito às vagas para o grupo 110. Noutro Agrupamento de Escolas, segundo me foi relatado aconteceu o inverso, aquando o inserir de dados na plataforma foi dada a indicação de que, para o grupo 110, as vagas seriam negativas em -3, na sexta-feira constata-se que afinal de contas não é -3, mas sim -1.
Também fiquei, deveras, surpreso com um determinado Agrupamento de Escolas, lá para os lados da serra da Estrela, onde abriram, nada mais, nada menos, do que 27 vagas para o 1º ciclo, sim, também leram bem, 27. Será que nesse Agrupamento não havia professores de QA até agora, ou reformaram-se todos de uma só vez? Bem, poderá não ter sido nenhuma destas hipóteses, mas alguém que faça o favor de me explicar o que se passou por lá…
De facto esta lista não é algo que possamos usar como referência. Se não, analisemos os agrupamentos com 10 e mais vagas no 1º ciclo, sendo este grupo, aquele que neste e nos outros concursos têm sofrido a maior redução no número de vagas existentes, resultantes das politicas dos últimos governos e da baixa taxa de natalidade, como é que de repente, surgem vagas em zonas onde já não se viam há mais de uma década?
Na última semana, aqui no blog e por essas escolas a fora, tem-se discutido o Art.º 79, mas só no que diz respeito ao ponto 1. Vamos então falar daqueles pontos que dizem, especificamente, respeito ao 1º ciclo.
Em tempos idos, os docentes do 1º ciclo podiam usufruir daquele a que se referiam como o “296”, que lhes dava a possibilidade de dispensa da componente letiva em dois anos letivos. Com as alterações feitas a partir de 2007, o estatuto mudou. Os docentes do 1º ciclo têm ao seu dispor uma alteração significativa no que diz respeito à redução da componente letiva, toda ela a coberto do aumento da idade da reforma para estes docentes, o ponto 2, “Os docentes da educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico em regime de monodocência, que completarem 60 anos de idade, independentemente de outro requisito, podem requerer a redução de cinco horas da respetiva componente letiva semanal”. O ponto 2 é, de facto, algo de nove e inovador, não fosse ter os seus “Q’s”. Este ponto refere, “podem requer”, não diz “é reduzida”, como acontece no ponto 1 em relação aos docentes dos 2º e 3º ciclos do ensino básico, do ensino secundário e da educação especial, o que quer dizer que podem, não quer dizer que o façam nem que tenham o mencionado neste ponto como um dado adquirido.
No ponto 3 é referido, “Os docentes da educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico que atinjam 25 e 33 anos de serviço letivo efetivo em regime de monodocência podem ainda requerer a concessão de dispensa total da componente letiva, pelo período de um ano escolar”. Isto é um “espécie” de “296”, o tal de que se podia usufruir noutros tempos. Este artigo é complementado pelo ponto 5 em que se lê que essa dispensa “pode ser usufruída num dos cinco anos imediatos àquele em que se verificar o requisito exigido, ponderada a conveniência do serviço”. Mais uma vez os docentes vêm as suas pretensões condicionadas pela “conveniência de serviço”, ou seja se não for do interesse da escola o docente perde o direito de escolha do ano em que pode “desfrutar” de tal favor. Também estamos a assistir a discussões sobre o fim da monodocência…
Os docentes que efetivamente conseguirem passar por esta situação, dispensa total da componente letiva, pelo período de um ano, prevista pelo ponto 3, vêm no ponto 7 o esclarecimento de que “a componente não letiva de estabelecimento é limitada a vinte e cinco horas semanais e preenchida preferencialmente pelas atividades previstas nas alíneas d), f), g), i), j) e n) do n.º 3 do artigo 82.º”. Atenção, segundo este ponto só se deve permanecer na escola as 25 horas semanais.
Para que não restem duvidas sobre com que atividades essas 25 horas devem ser preenchidas, é referido no art.º 82.º que “o trabalho a nível do estabelecimento de educação ou de ensino deve ser desenvolvido sob orientação das respetivas estruturas pedagógicas intermédias com o objetivo de contribuir para a realização do projeto educativo da escola, podendo compreender, em função da categoria detida, as seguintes atividades:
d) A participação, devidamente autorizada, em ações de formação contínua que incidam sobre conteúdos de natureza científico -didática com ligação à matéria curricular lecionada, bem como as relacionadas com as necessidades de funcionamento da escola definidas no respetivo projeto educativo ou plano de atividades; (mas que sejam às expensas do docente)
f) A realização de estudos e de trabalhos de investigação que entre outros objetivos visem contribuir para a promoção do sucesso escolar e educativo; (também para isto não há subsidio)
g) A assessoria técnico -pedagógica de órgãos de administração; (em alguns agrupamentos as instalações da direção vão ter que ser aumentadas, dado o elevado número de docentes nos gabinetes)
i) O desempenho de outros cargos de coordenação pedagógica; (levas com o cargo tenhas ou não perfil)
j) O acompanhamento e a supervisão das atividades de enriquecimento e complemento curricular; (vais supervisionar colegas, coitados, devem ter “chumbado” na PACC)
n) A produção de materiais pedagógicos.” (fazes e colas cartazes ou tiras fotocópias…)
Tenho ouvido, de muitos colegas, que o apoio educativo é a atividade que os espera, mas o 82 não refere nada sobre isso, uma vez que isso é considerado componente letiva.
Tempos houve em que ser professor era considerado como uma profissão de desgaste rápido, e não era um caso único… hoje já não é assim!!!
Mas o que mudou desde esse tempo não tão longínquo até hoje?
Ainda convivi com essa realidade quando entrei para a profissão, em que um docente do 1º ciclo se reformava por volta dos 50 e tantos anos conforme o tempo de serviço tendo como relação a idade cronológica do mesmo. Essa luta foi na década de 80, comentava uma colega um dia destes, que por essa altura lutou pela aposentação aos 32 anos de serviço no 1º ciclo, enquanto os outros ciclos lutavam pela aposentação aos 36 anos de serviço. Essa colega acabou por se aposentar com 38 anos de serviço e mesmo assim foi penalizada.
Ao longo dos anos foi-se prolongando a idade de reforma dos professores de todos os ciclos até à uniformização que existe hoje. Como referi no último “post” vai chegar o tempo em que em vez de ser professor vou ter o papel de “avô substituto”.
No 1º ciclo e como referi, também no último post, os docentes têm uma carga letiva superior aos demais ciclos (já para não falar dos docentes do Pré-escolar, a quem, como presente, lhes foram dadas mais umas semanas por ano), lá no antigamente começavam a trabalhar muito mais cedo, ou seja o desgaste tende a ser superior ao longo dos anos. E aí está a explicação para que no passado algum “iluminado” se tenha lembrado de aposentar estes docentes mais cedo do que os demais, não quer isto dizer que tenham tido uma vida profissional mais curta, mas sim por uma questão de equidade, a tal palavra que hoje mudou de significado, como tantas outras na boca dos nossos governantes.
Hoje, a maioria dos professores no ativo só se irão aposentar aos 66 anos, isto se não quiserem ser penalizados, e isto se entretanto não decidirem que aos 70 anos ainda se tem paciência e energia para ter uma turma. No 1º ciclo, nos países desenvolvidos, a idade da reforma nunca é a mesma que nas outras profissões, em muitos, todos os professores se aposentam mais cedo. Se neste país se entende que estes profissionais sofrem o mesmo desgaste que a maior parte dos profissionais. Neste país não tardarão muitos anos para que vejamos alguns professores aposentarem-se depois de 45 anos ao serviço. É só imaginar como será, lecionar a partir de certa idade, para quem usufruir de imaginação suficientemente fértil para tal…