Se não é tudo, quase tudo se resume a dois documentos. O Calendário Escolar e o despacho onde estarão as diretrizes de Organização do Ano Letivo (OAL), como o número de alunos por turma, que só costumam sair em julho. Mas, ao contrário do que se prevê na transição do ano velho para o que há de vir, não têm tido grandes alterações nos últimos anos. Desta vez, porém, o ambiente que se vive à volta do tema é de tensão. As escolas e os professores acusam o Ministério da Educação de indisponibilidade para os ouvir. A tutela só deverá anunciar as novas medidas depois de o atual ano letivo acabar. Contudo, o véu tem sido levantado aqui e ali.
Perentoriamente, as aulas começarão em setembro e, no bolso, o Governo tem uma estratégia assente no ensino presencial, para o qual se esperam decisões relacionadas com o tamanho e o desdobramento das turmas e que implicam contratar profissionais. Ao Expresso, o Ministério assume que “em caso de necessidade haverá contratação de mais professores”. Não se sabe ao certo com que dinheiro. A ausência de referências à Educação nos sectores abrangidos pelo Orçamento suplementar (um balão de oxigénio com verbas adicionais para os principais serviços públicos) deixa guardado para este sector um acréscimo de 400 milhões de euros, mas destinados exclusivamente à escola digital.
O dinheiro anunciado por António Costa no início do junho provém de fundos comunitários — “razão pela qual não está inscrito no Orçamento suplementar”, explica a tutela — e faz parte de uma aposta do primeiro-ministro, prevista no Programa de Governo, já antes de o surto começar, para a “aceleração do processo de conectividade e de digitalização das escolas”. Agora, o Ministério da Educação assume que esta necessidade se “adensa” com a pandemia, porque é preciso “assegurar o ensino à distância acessível a todas as famílias e regiões”, como referiu o primeiro-ministro.
“O problema é se acham que este sistema é o futuro”, diz Mário Nogueira, uma das vozes mais críticas do silêncio do Governo quanto às diretrizes para o próximo ano letivo. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) assume faltar-lhe compreender se os 400 milhões de euros “são para substituir e renovar o parque tecnológico das escolas — e se for isso, é bem — ou para dar computadores a toda a gente, por forma a ter ensino à distância, que fica mais barato”. Tal como os professores, também os diretores de escolas públicas, representados por Filinto Lima, defendem o ensino à distância apenas “para uma situação de emergência, um remedeio”.
O Governo garante ao Expresso ser “o objetivo primário que o próximo ano letivo possa acontecer presencialmente, em todos os níveis de ensino”, mas “outros cenários” estão a ser desenhados, “para que seja possível dar uma resposta contundente a qualquer realidade que se afigure”, como a que aconteceu a 16 de março, quando houve necessidade de fechar as escolas.
Só que “é tarde”, aponta a Fenprof, que já se manifestou à frente do Ministério para ser ouvida, sem sucesso, e ameaça fazê-lo novamente para a semana. “As escolas têm de se organizar e é absolutamente irresponsável por parte do Ministério da Educação não estar a discutir com ninguém.” Também a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas, na voz do diretor Filinto Lima, considera “importante que os despachos saiam o mais depressa possível”, ou não estivessem previstas mudanças estruturais na organização das turmas e dos espaços escolares. “Se os alunos tiverem de estar a um metro e meio de distância, numa sala tipo, as turmas deixam de ter 25 a 30 alunos para ter 14”, antecipa Mário Nogueira, crente de que uma das alterações fundamentais é a redução do número de alunos por turma. E se “as escolas já estão superlotadas, onde terão espaço para colocar todos os alunos?”, questiona Filinto Lima.
CONTEÚDOS NÃO APREENDIDOS SERÃO PRIORITÁRIOS
O despacho para a Organização do Ano Letivo terá também, na opinião de Filinto, “de reforçar as horas de crédito para as escolas”, definidas e geridas dentro da sua autonomia para contratar professores que dão apoio aos alunos com mais dificuldades. E eles vão aumentar, garante Mário Nogueira, porque “há um conjunto não assim tão pequeno de défices de aprendizagem dos alunos, de conteúdos que não foram consolidados” durante o ensino à distância. O método aumenta o fosso das desigualdades entre alunos, defendeu Beatriz Imperatori, diretora executiva da UNICEF Portugal, e constataram 93,5% dos 3500 docentes que responderam a um inquérito promovido pela Fenprof, no qual também se confessaram exaustos. Mais de metade (54,8%) dos inquiridos admite não ter conseguido contactar os seus alunos através da internet.
O Governo sabe que o ensino presencial “é o que mais minimiza as desigualdades sociais existentes” e é por isso que, assegura, as estratégias estudadas terão como pilar a “recuperação de aprendizagens, para mitigar as assimetrias criadas durante este surto epidemiológico”. Mas mesmo que setembro presenteie o país com uma situação epidemiológica controlada, o próximo ano letivo não será igual aos outros e terá o Ministério da Educação sob uma constante prova.
“(…) desconfinar não é simplesmente voltar a ocupar o espaço comunitário, mas é poder, sim, habitá-lo plenamente; poder modelá-lo de forma criativa, com forças e intensidades novas, como um exercício deliberado e comprometido de cidadania. Desconfinar é sentir-se protagonista e participante de um projeto mais amplo e em construção, que a todos diz respeito. É não conformar-se com os limites da linguagem, das ideias, dos modelos e do próprio tempo.”
Cardeal José Tolentino de Mendonça, discurso proferido no 10 de Junho de 2020
Na altura em que escrevo este texto, a meio do mês de junho, ninguém tem uma previsão credível sobre o que é, o que foi e o que será esta pandemia. Vivemos num estado de incerteza e de pragmatismo situacional que desassossega as pessoas que gostam de atuar em função de previsões e estão convencidas da imprescindibilidade do planeamento. Já tínhamos vindo a ser alertados para a instabilidade e o risco do futuro das nossas sociedades através de, entre outros, Edgar Morin, Ulrich Beck, Robert Castel. A Educação manteve-se resguardada destas ameaças radicais. Salvo as reformas e a legislação, o campo da Educação tem-se de mudado de uma forma reformista em que as mudanças são graduais e previstas.
Chegou a pandemia e tivemos em todos os setores da sociedade de “rasgar os lençóis para fazer ligaduras”. Na Educação o que fizemos não foi adaptar o ensino presencial para o “Ensino à Distância” (EaD); foi talvez pôr em ação um “Ensino Doméstico Apoiado”. A ironia é que depois de tanto tempo a querer trazer a família para a escola, acabamos por levar a escola para a família… Milhares e milhares de professores disponibilizaram-se para enfrentar uma tarefa extraordinariamente generosa: aprender “em andamento” novas formas de chegar aos alunos utilizando todos os meios tecnológicos e não tecnológicos disponíveis para que nenhum aluno ficasse sem contacto com a escola. Os resultados deste ciclópico esforço são ainda mal avaliados, mas não é arriscado prever que se fez o melhor que era possível face às condições e recursos disponíveis.
Países com estruturas sociais consideradas bem mais sólidas que Portugal, não reponderam melhor. Não há dúvida que esta pandemia deixará assim mesmo cicatrizes visíveis. Citaria três delas: a) o agravamento da desigualdade ao circunscrever crianças a ambientes familiares carenciados de informação simbólica, de condições de trabalho e de apoio próximo, b) o empobrecimento das formas de comunicação educativa e, como ela, da motivação, da personalização e dos afetos, e, c) as percas na socialização e na aprendizagem, mais sensíveis ainda para os alunos com Necessidades Educativas Específicas que, por norma, estão mais dependentes do estímulo da socialização e de ambientes de interação e aprendizagem mais personalizados.
E agora coloca-se a questão: e setembro? Passada (esperemos…) esta pandemia, como irão as escolas retomar o seu trabalho? Diríamos que “ninguém sabe” exatamente, mas podemos formular votos… Temos usado a imagem do airbag para dizer que esta pandemia talvez o tenha feito sair e, por muito que se queira, não é possível voltar a fazê-lo caber no minúsculo espaço de onde saiu… Cinco áreas de atuação parecem prioritárias para que o próximo ano letivo decorra bem:
Acesso às Tecnologias Digitais O maior e mais imediato sobressalto desta pandemia foi a desigualdade provocada pelo não acesso de alunos mais carenciados a meios tecnológicos que lhes permitissem seguir o ensino. Vimos que esta foi, afinal, uma das dificuldades menos complexas de resolver. Um esforço notável de autarquias (p. ex. só a CM de Lisboa distribuiu 3400 computadores por alunos carenciados), junto com empresas, associações filantrópicas, etc., permitiram uma rápida evolução nesta matéria. De notar a resolução do Conselho de Ministros 41/2020 que atribui 400 M Euros à “Universalização da Escola Digital”. Uma medida essencial sobretudo se conceber (como realmente concebe) que não basta “despejar” tecnologias na escola que é preciso enquadramento pedagógico, formação para professores e alunos e ainda de um dispositivo de avaliação e monitorização para se saber da pertinência e utilidade do investimento. É acabar a viagem interrompida do “Magalhães”, mas certamente em bases novas alicerçadas no que, entretanto, aprendemos.
Autonomia das escolas Por muitas dificuldades que existam nas escolas (comunicação, colegialidade), elas continuam a ser o lugar onde está quem mais sabe sobre Educação na sua comunidade. É preciso uma confiança acrescida nas escolas que, dispondo de um grupo de profissionais com formação, especialização e experiência, serão o grupo em que mais se pode confiar para fazer tudo o melhor possível. Precisamos que, conhecendo como conhecem os seus recursos e onde estão, delineiem e desenvolvam planos para fazer chegar a todos os seus alunos o bem básico de uma educação de qualidade.
Reflexão das escolas Precisamos que se use em toda a sua plenitude a possibilidade de flexibilidade curricular. Isto significa que não deve existir uma obsessão com “dar todos os itens do programa”. Se estes já estavam bem sobrecarregados seria uma corrida obsessiva procurar “dar” o programa do respetivo ano mais os conteúdos que “ficaram por dar” do ano anterior. Esta visão de ourivesaria de currículo (valorizar cada micrograma do currículo) não é possível nem desejável. Aqui é muito importante serem avaliados e priorizados quais os conteúdos que têm implicações em aprendizagens posteriores. Pensar o currículo como indissociável e uno é uma ideia muito conservadora, porque esquece que o currículo está em permanente mutação e hipertrofia o “programa” esquecendo que existem outras aquisições para além dos conhecimentos (capacidades, atitudes e competências) que devem ser consideradas. Assim, precisamos de contar com quem ajude (pense com) os professores para a gestão de um currículo razoável, suscetível de ser cumprido e útil para o próximo ano letivo.
Trabalhar juntos Precisamos de cooperar para sabermos o quão importante é ensinar e aprender de outras formas. A escola tem mudado, mas não tem mudado o suficiente para colmatar o fosso que se foi cavando entre as formas de aprender na sociedade e na escola. Não se trata só do “admirável mundo novo” das tecnologias, trata-se de entender o valor da inclusão, da interação, do contacto com a comunidade, da investigação, do desenvolvimento de projetos, enfim de toda uma panóplia de modelos, de formas de interação que valorizem, responsabilizem e escutem o aluno.
Temos recebido várias preocupações de professores perguntando como e com que recursos se vão recuperar as aprendizagens. Lembramos que a aprendizagem não precisa de ser recuperada, pois podemos sempre contar com a capacidade de aprendizagem dos nossos alunos, pessoas que estão na fase mais fulgurante e proativa da sua vida. Mas que recursos teremos? Os melhores para nos levar daqui são os que nos trouxeram até aqui, isto é, toda a comunidade educativa e em particular os professores. Precisamos de recuperar do medo e apoiar toda a comunidade escolar no compromisso nesta recuperação da confiança, da serenidade. É desejável que exista um reforço de meios humanos e materiais nas escolas (vamos perguntar-lhes o que precisam?) mas não é sensato nem correto pensar noutras estruturas para vencer esta dificuldade.
Regressar à escola (à “escola presencial”) pode constituir uma oportunidade de reflexão e uma alegria. Quando dizemos “oportunidade de reflexão” não nos referimos a uma óbvia oportunidade de melhoria, mas sim a uma rutura que nos faça voltar a pensar sobre as finalidades da Educação, o que nos ajuda a aprender, como devemos ensinar, qual o papel das Tecnologias Digitais, o currículo, a organização da escola. Pensar também sobre como a escola é uma alavanca essencial para o cumprimento dos Direitos Humanos de todos os alunos. Pensar, ainda, como fortalecer a escola como a frente principal de combate à desigualdade, ao proporcionar às crianças e jovens acesso a uma cultura científica humanística e universal. Os professores, como todas as pessoas que trabalham em Educação (e todos os funcionários públicos) são agentes de Direitos Humanos.
Mas é também um regresso da alegria, do brincar, de correr, de dançar, do desporto, de conversar, de pregar partidas, de discutir, de debater, de concordar de não concordar, de se encontrar. Sabastian Naslund, um famoso navegador solitário norueguês, disse no fim de uma das suas longas viagens “Entendi agora o que a Humanidade sempre soube desde sempre: não há pior castigo do que ser afastado da nossa comunidade”.
Que seja “O setembro do nosso contentamento”!
Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 35.ª Reserva de Recrutamento 2019/2020.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira, dia 22 de junho, até às 23:59 horas de terça-feira, dia 23 de junho de 2020 (hora de Portugal continental).
Estão disponíveis para consulta as listas provisórias de admissão e de exclusão do Concurso Externo do ensino artístico especializado da música e da dança para o ano escolar 2020/2021.
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Meet@ua para esclarecer as dúvidas dos estudantes do Secundário
Universidade de Aveiro, de 22 a 26 de junho
É, provavelmente, o maior evento online alguma vez promovido por uma Universidade nacional. Chama-se meet@ua e, em tempos de distanciamento físico, é a resposta da Universidade de Aveiro (UA) às questões dos alunos do secundário que já estão com os olhos no Ensino Superior. O evento online, que decorre de 22 a 26 de junho, vai colocar milhares de jovens a conversarem com professores e estudantes da UA sobre as respetivas licenciaturas e mestrados integrados.
Porque nenhum sonho pode ser parado pela Covid-19, mas ciente da necessidade de se manterem as regras de distanciamento, a UA, à distância de um clique, quer dar a conhecer não só a oferta formativa – numa apresentação que será dada a cada interessado prelo próprio diretor de cada um dos cursos e por um estudante – como também a própria instituição.
Para além de todas as dúvidas que podem esclarecer com os responsáveis que cada curso, os alunos do secundário vão ficar a conhecer as condições de estudo, de investigação e de desenvolvimento pessoal e social proporcionadas pela UA aos seus estudantes.
Para participarem, os estudantes do 11.º e 12.º anos, entre 1 e 18 de junho, têm de fazer o registo aqui e indicarem qual ou quais os cursos em que estão interessados. Em https://www.ua.pt/pt/estudar os futuros estudantes da UA podem já descobrir tudo o que a universidade tem para lhes oferecer!
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A indefinição do futuro nunca foi tão notória como agora, programa-se a curto prazo dando pequenos passos no sentido que se julga como mais certo.
Na Educação os passos têm sido pequenos, experimentando e analisando os resultados na perspetiva de se ter uma visão do que poderá acontecer no início próximo ano letivo.
A hora do pânico e do não se saber o que fazer já passou, os professores estão a trabalhar com os seus alunos tendo adotado as estratégias que julgaram apropriadas e necessárias. Nem tudo correu bem, nem tudo corre bem, as contingências são inúmeras e enormes, mas cada um está a dar o seu melhor dadas as circunstâncias e a falta de preparação que todos tinham e ainda têm.
O final deste ano letivo, embora tivesse sido alargado, está a chegar a passos largos. Em relação ao próximo ano letivo não convém pôr a carroça à frente dos bois, mas convém estar preparado para todas as possibilidades.
O terceiro período foi caracterizado pelo Ensino Remoto de Emergência através do «E-learning», o processo de ensino-aprendizagem interativo e à distância que faz uso de plataformas web, cujos recursos didáticos são apresentados em diferentes suportes e em que, no caso de existir um formador, a comunicação com o formando se efetua de forma síncrona (em tempo real), ou assíncrona (com escolha flexível do horário de estudo), o próximo ano letivo não pode funcionar da mesma forma.
Tem-se falado muito do «B-learning», o processo de ensino-aprendizagem que combina métodos e práticas do ensino presencial com o ensino à distância, mas ainda não se pode dizer que vamos trabalhar com este método de ensino, o avançar ou não da pandemia ditará como se iniciará o próximo ano letivo. Mas convém traçar todos os cenários possíveis, convém estar preparado para tudo.
Nesse sentido temos que ter em conta as especificidades dos diversos ciclos de ensino, logo as soluções devem diferir de uns para os outros.
As Creches e o EPE deverão funcionar em pleno com as diretrizes que já foram emanadas pela tutela e pela DGS. Os outros ciclos terão de se adaptar aos novos tempos, ainda que temporariamente, de forma a garantir um ensino de qualidade e equitativo.
No 1.º Ciclo, as coisas complicam-se nos dois primeiros anos. As crianças do 1.º e 2.º anos não são suficientemente autónomas para que o «B-Learning» possa funcionar em pleno e sem constrangimentos.
Partindo do princípio que haverá abertura da tutela ao desdobramento de turmas e horário duplo, a solução poderá passar por aí. As turmas do 1.º e 2.º anos poderão ser desdobradas (metade dos alunos e metade dos alunos de tarde) para ser possível o ensino presencial na integra. Nestes anos torna-se impossível o «B-Learning» dadas as características da idade alvo destes alunos, da falta de autonomia e do facto de serem anos cruciais nas aprendizagens. Um aluno que não seja bem acompanhado num 1.º e 2.º ano poderá sofrer consequências no resto da sua vida académica.
Quanto ao 3.º e 4.º anos poder-se-á optar pelo ensino «B-Learning». A redução de concentrações de alunos dentro dos recintos escolares é uma das razões que podem sustentar esta opção. O desdobramento de turmas também é aconselhável, ficando as escolas a funcionar em regime duplo para todos os alunos. O sistema de ensino «B-Learning» pode ser dividido em 3 horas presenciais e 2 horas não presenciais através de momentos assíncronos e síncronos, dependendo o horário da decisão dos agrupamentos ao abrigo da autonomia dos agrupamentos. Para a disciplina de Inglês e visto no próximo ano o 3.º ano já estar abrangido pela nova matriz, propõe-se que se elabore uma portaria antecipando a entrada em vigor da mesma, também para o 4.º ano de forma a uniformizar os horários.
Relativamente ao 2º e 3º ciclo, partimos do pressuposto que o ensino presencial irá manter-se nos moldes atuais, ou seja, com um corte de 50% da carga letiva semanal. Não foi incluída a disciplina de Educação Moral e Religiosa por ser facultativa, bem como a Oferta de Escola que varia muito de escola para escola.
* Oferta de escola e Educação Moral e Religiosa não foram incluídas pois não são obrigatórias
* Os horários foram elaborado tendo como base as matrizes de 2º e 3º ciclo em blocos de 50 minutos
Sobre o Ensino Secundário e cursos de formação e profissional, o modelo é semelhante, podendo ser utilizado este formato como base de trabalho.
Será recomendável um aumento de recursos humanos a trabalhar nas escolas durante o vigor destas medidas, uma vez que o desdobramento das turmas assim o requer, tal como a recuperação de aprendizagens referentes ao ano letivo de 2019/2020, traduzindo-se almejada equidade de oportunidades e redução do fosso, produzido neste 3.º período, entre alunos.
Muito tem sido dito e escrito sobre as consequências que a pandemia do coronavírus poderá ter na evolução dos processos educativos, designadamente nas formas como se ensina e aprende nos diferentes níveis de educação desde a educação pré-escolar até ao ensino superior. Trata-se, a meu ver, de uma falsa questão, que deriva certamente de se terem encetado experiências de ensino não convencional designadas como “Ensino a Distância” mas que, como disse o Professor António Mendes numa reunião do Conselho Geral da Universidade de Aveiro, deveriam ser consideradas como “Ensino Remoto de Emergência”.
Vivem-se hoje tempos muito conturbados, mas é nestas alturas que se tem de manter a serenidade e não tratarmos questões de fundo utilizando argumentos de circunstância.
A situação vivida nas escolas portuguesas nos últimos meses constitui uma experiência interessante com mérito indiscutível desde que a consideremos apenas como uma solução provisória e temporária para atenuar e minimizar os graves danos introduzidos pelo aparecimento de um fenómeno externo às escolas, que obrigou ao seu encerramento e ao confinamento de alunos e professores nas suas respetivas casas. Foi nestas circunstâncias que os responsáveis políticos encontraram um conjunto de soluções alternativas que, em certa medida, criaram condições para que pelo menos alguns dos alunos pudessem manter-se minimamente ativos e envolvidos em processos de aprendizagem com alguma utilidade.
Em minha opinião e depois destas experiências que foram realizadas com recurso à televisão e aos meios tecnológicos mais avançados dos computadores, dos telefones celulares e dos tablets, importa que se proceda a uma avaliação séria do que correu bem e do que correu menos bem, sendo certo que haverá seguramente uma conclusão que eu tiro de imediato: o ensino presencial não tem uma verdadeira alternativa nas tecnologias do ensino a distância.
Note-se que, na avaliação que deve ser feita relativamente a todas estas experiências, importa que professores, alunos e pais identifiquem os aspetos negativos, que em minha opinião deverão ser certamente muitos, mas importa também que sejam analisados os pontos positivos, que os há seguramente, os quais podem constituir ensinamentos relevantes não apenas para a melhoria do ensino presencial, mas sobretudo para se colocarem as novas tecnologias ao serviço da educação de uma forma mais interessante e eficaz.
Assistentes Sociais na linha da frente nas Escolas. Sem Reposicionamento Remuneratório á vista (recebem cerca de 200€ a menos mensais) e sem Possibilidade de Acesso para Requererem a Mobilidade pelo Ministério da Educação!
Numa altura de calamidade, o trabalho dos A.S. quadruplicou, dispararam pedidos de ajuda ás famílias. Entre telefonemas aos alunos e famílias, refeições, distribuição de cabazes com comida e apoio psicossocial, não sobra tempo para quase mais nada. O trabalho dos A.S. é visível entre a comunidade escolar, mas invisível aos olhos de quem merece o reconhecimento, o Ministério da Educação!
Sem Reposicionamento Remuneratório até ao momento, os A.S. vincularam nas Escolas entre Março e Junho (outros ainda aguardam), enterrando assim na Carreira como Técnicos Superiores, quando o termo correto seria Assistentes Sociais, não somos técnicos! Retiram aos A.S. cerca de 200€ a menos e obrigaram muitos deles a meio de março, a mudar de Escola, onde vincularam. Estes não conseguem pagar casa, pagar contas e sustentar a própria família! Foi-lhes prometido o Reposicionamento Remuneratório, através da avaliação de desempenho ou na falta desta, porque as escolas não eram obrigadas a avaliar os A.S., ser contabilizado o tempo de exercício profissional prestado em escolas. Promessa que ficou na gaveta do Ministério da Educação! Já imaginaram, se fizerem as contas mensais, e retirarem a 1333 (Técnicos Especializados) cerca de 200€ a menos em cada um, quanto o Ministério da Educação arrecada mensalmente? E se alargarmos as contas para anualmente?
Quanto á Mobilidade, muitos dos os A.S. ficaram vinculados a cerca de 300 km de casa, e estão impossibilitados de pedir a sua mobilidade, porque o Ministério da Educação, alega a quem o faça que não terá autorização. Como pode um A.S. subsistir, apoiar alunos e famílias se ele próprio vê negado direitos que lhe são essenciais?
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Não quero aulas online para os meus filhos enquanto enfrentamos uma pandemia mundial. Quero que estejam seguros em casa sem outra preocupação de terem de realizar mil tarefas. Não me interessa se terminarem o ensino secundário aos 17 ou 18 anos. Na frente, isso não vai fazer a mínima diferença. A saúde mental e emocional importa mais do que o conteúdo.
Aceito, com carinho, sugestões de links para visitar museus e vídeos de desenhos educativos. Nem precisaria, mas entendo que as escolas privadas precisam de manter esta caução para justificar o pagamento das propinas.
Não quero que os professores dos meus filhos se tornem, de um dia para o outro, youtubers destreinados que fazem vídeos de qualidade duvidosa. Estes profissionais merecem respeito. Não quero que tenham as suas imagens expostas, que sejam cobradas por algo que não foram contratadas para fazer, e que se Encarreguem com gravações, edição e tudo o mais que envolva fazer vídeos.
Não quero que a minha família tenha mais preocupação além de passar o dia a cozinhar, a limpar, a desinfetar a casa e a passar álcool num saco de mercado. Estamos em modo de sobrevivência. Há uma diferença entre ajudar a fazer os trabalhos de casa e passar três horas por dia a ser responsável por uma obrigação que está na escola e que não consegue cumprir por razões óbvias. Por mais que faças um vídeo intrigante, não se chama Educação.
Não quero que os meus filhos estejam à frente do aluno da escola pública porque aqui há um computador para todos e espaço para eles estudarem. Se todas as crianças não podem seguir aulas online por falta de recursos, não quero que os meus filhos tenham esta “vantagem” porque podemos pagar. A pandemia não pode ser outra razão para alargar a divisão social.
Quero que a escola se reinvente e se reinvente não significa transformar um professor num youtuber, mas aprender a desistir de conteúdos, entender que a aprendizagem vai além do que é dado pela escola e aceitar que o ano letivo já não se enquadra em 2020.
O oposto disso é apenas pretensão. A escola finge estar a cumprir o seu papel e os alunos fingem que estão a aprender. Uma hipocrisia à distância.
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Sérgio António Moreira Afonso, o atual Diretor do Agrupamento de Escolas Gaia Nascente, foi nomeado como novo Delegado Regional do Norte da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares, face à saída do seu antecessor, João Gonçalves, para novo Diretor Geral da DGEstE.
Desde 2015 Diretor do Mega-Agrupamento de Escolas Gaia Nascente (1 Secundária, 2 Básicas EB23 e 8 Básicas 1.º Ciclo), Sérgio Afonso é ainda Membro do Conselho Municipal de Educação de Vila Nova de Gaia e Vice-presidente da Comissão Pedagógica do Centro de Formação de Associação de Escolas Gaia Nascente, sendo reconhecido entre os seus pares como um perito em legislação educativa.
Antes ainda conta com um percurso profissional intimamente ligado ao sistema educativo, onde foi Adjunto do Diretor do Agrupamento de Escolas Gaia Nascente, Subdiretor e Vice-presidente do Agrupamento de Escolas Adriano Correia de Oliveira, tendo exercido funções como Professor Cooperante da Prática Pedagógica do Curso de Professores do Ensino Básico, grupo de recrutamento (110) de onde é oriundo.
O Orçamento Suplementar apresentado ontem no Parlamento pelo novo ministro das Finanças foi anunciado como o balão de oxigénio de investimento público para responder à pandemia. A recuperação económica e o reforço dos serviços públicos foram objetivo anunciado – daí chamarem-lhe suplementar, e não retificativo.
Era legítima a expetativa de quem foi ao Orçamento à procura de verbas suplementares para serviços públicos essenciais que estiveram e estarão na linha da frente do combate à crise e aos seus efeitos, e é compreensível a indignação de quem não encontrou no documento uma única referência à escola pública e às necessidades do próximo ano letivo.
Pelo contrário, quem ler o Orçamento verá que o quadro plurianual de programação orçamental 2020-2023, acrescentado noutras rubricas, mantém inalterado o valor para o ensino básico e secundário e administração escolar em 5708 milhões, e nem mais um euro.
Segundo o Orçamento Suplementar, o próximo ano letivo será igual a todos os anteriores ou, pior, igual aos últimos meses. Ambas as ideias são trágicas. A primeira, porque não é concretizável face à pandemia e não fazer nada só agravará alguns problemas estruturais da escola pública. A segunda, porque se baseia na perigosa ilusão de que o sucesso do ensino à distância depende de equipar os alunos, os docentes e as escolas.
Sem equívocos, o programa de modernização digital é uma boa notícia que só peca por tardia, mas não resolve o problema essencial da educação em 2020/2021. As limitações do contacto educativo à distância não decorrem do acesso a computadores, mas do afastamento das crianças e jovens em relação à escola. Esse afastamento tem consequências pedagógicas e sociais e prejudica até direitos fundamentais das crianças e dos jovens.
É dado adquirido que o ensino à distância agrava as desigualdades. A Fenprof realizou um inquérito a 3500 docentes e 93,5% consideraram que o ensino à distância veio agravar as desigualdades entre os alunos. Particularmente preocupante é a ideia de que, em meados de maio, mais de metade (54,8%) dos professores continuava sem conseguir contactar os seus alunos, mas 70,5% estavam a lecionar novos conteúdos. Há dimensões da escola e da educação pré-escolar que não são substituíveis pelo ensino à distância, mesmo que ele se realizasse em condições pedagógicas perfeitas, o que está muito longe de se verificar. A socialização com os pares e com os docentes, dentro e fora das salas de aula, é um contributo insubstituível no percurso de desenvolvimento das crianças e dos jovens. O confinamento em casa impede essa socialização e prejudica de forma particular as crianças e os alunos com necessidades educativas especiais.
Os danos do afastamento serão tão mais permanentes quanto o tempo que ele durar. O que devia estar no centro do debate não são apenas os instrumentos do ensino à distância, mas as condições para o regresso às escolas em tempos de pandemia. Há muitos fatores que têm de ser tidos em conta, mas há um ao qual não é possível escapar: a diminuição do número de alunos por turma e o acompanhamento dos alunos que ficaram para trás durante este período. Vai ser preciso contratar mais professores, mais assistentes operacionais, mais técnicos especializados.
Sobre isto, nem uma palavra no Orçamento Suplementar. Devemos um agradecimento a todas as escolas que se empenharam na resposta de emergência à distância, mas desengane-se quem viu nela a panaceia para todos os males. O direito à educação desta geração vai jogar-se na possibilidade do seu regresso à escola.
Certamente que a adaptação das escolas à educação presencial em tempos de pandemia custa dinheiro. Mas quanto custará abdicar da igualdade social, da diminuição do abandono escolar, da elevação geral do povo pela educação, conquistas da escola pública? Tudo isto é demasiado importante para ficar resolvido por uma inexistência no Orçamento Suplementar.
Secretário de Estado Adjuto e da Educação, João Costa, reeleito por unanimidade presidente do TALIS por mais 3 anos. O Teacher Language International Survey é o único estudo internacional que reflete apenas a voz dos professores e diretores sobre o exercício da profissão.
Tudo vai depender do ritmo da pandemia por Covid-19. A Madeira pretende iniciar o próximo ano lectivo, em Setembro, como é hábito, mas deverá ter de conciliar as aulas presenciais com aquelas que são ministradas à distância, usando a Internet. A explicação é do presidente do Governo Regional, que a deu, na manhã de hoje, durante uma visita à Escola Francisco Franco.
Na deslocação àquele estabelecimento, que serviu para agradecer a funcionários e à direcção “o esforço realizado nos dias de pandemia e após”, Miguel Albuquerque admitiu que, independentemente do cenário que se vier a colocar, o mais provável é as escolas não abrirem com 100% de aulas presenciais.
Dentro de sensivelmente um mês e meio, em especial com a reabertura do aeroporto, o Governo fará nova avaliação da situação epidémica e tomará uma decisão sobre a reabertura das escolas. “Nós vamos aguardar mais um ou dois meses, para definir. Se houver, como nós esperamos, uma contenção da pandemia, teremos condições de reabrir as escolas com determinadas condições. Se surgir algum surto vamos reabrir, mas com outras condições.”
Num caso e noutro, haverá “sempre um regresso presencial. Mas se estivermos numa situação mais crítica, a ideia será assegurar uma rotatividade, até porque há escolas como esta, que tem cerca de dois mil alunos. Para manter distanciamento e regras de segurança no caso de evolução de pandemia (… implica adoptar) determinadas medidas.”
Para as definir, escola a escola, a Secretaria da Educação está a fazer um levantamento das condições de todas elas e as regras poderão ser diferentes consoante a realidade de cada uma. As maiores dificuldades vão para os estabelecimentos com mais alunos, de que Albuquerque deu os exemplos da própria Francisco Franco acrescentando a Levada – Dr. Augusto da Silva – e o Liceu de Jaime Moniz.
Sobre a rotatividade, a que se referiu, o presidente do Governo concretizou que consiste em “fazer uma parte via Internet, não presencial, e outra parte presencial. Será assim que se assegurará a rotatividade. Aquelas matérias que se podem fazer em termos não presenciais, com maior facilidade, vamos acentuar, e outras, que exigem, do ponto de vista pedagógico, a presença dos alunos e dos professores” serão assim.
“Não pode ser 100% presencial, mas é importante que os alunos ganhem o hábito de ir à escola (…). O ensino não é apenas uma questão racional, é também uma questão afectiva”.